Eu dirigi até a casa de Liam, enquanto escutávamos algumas músicas e cantávamos.

–Lembra-se da festa de despedida de vocês? Pra qual só nós três fomos? –pergunto, rindo.

–Aquela foi demais!

–Era essa música que tocava naquele dia!

–Eu não acredito que você tenha músicas da Xuxa em seu telefone.

–Mas é claro que tenho, ela era nossa musa inspiradora! –digo, tentando recuperar o fôlego.

O telefone toca mais duas vezes, mas não faço questão de atender. Só olho de quem é a ligação quando estaciono de frente para a casa de Liam.

–Vem! –digo para Laís, ignorando o fato de que as duas ligações são de Louis.

–Ah... Sim...

–Não precisa ficar com vergonha! –digo e a abraço.

Nós vamos abraçadas até a porta e eu a chuto para abri-la.

–Meninos, eu quero que conheçam alguém! –digo.

–Olá! –eles dizem em coro, mas eu vejo que Harry está um pouco distraído... Ele está... CORANDO? HARRY STYLES, O MEU HARRY ESTÁ CORANDO?

–Meninos, essa é Laís! Laís, esses são Liam, Zayn eu não dividiria se não tivesse porque ele é meu bebê, né? –digo. –E esse é o Harry... Que também é meu bebê, mas ele eu posso dividir! –digo, mas calo a boca quando ele me lança um olhar assassino.

–Vocês perceberam que eu sou o único que não é nada, nem tem nada, né?

–Você sabe que você é meu bebê também... Só que...

–Vamos comer? –Zayn perguntou. –Eu to com fome!

–Esse não é o bordão do Niall? –brinco.

–Tadinho!

Um cheiro forte e um tanto enjoativo me prende a uma realidade submersa em meus pesadelos.

Eu começo a bambear e tateio todos os lugares do cômodo até achar algo em que me apoiar.

–Luh, você tá bem? –ouço Harry sussurrar em meu ouvido.

Estou submersa em meus pensamentos, pesadelos.

Estou presa em um circo de horrores.

Estou a milhões de quilômetros da superfície, sem ar para respirar. Eu nado afobada para a superfície na esperança de encontrar conforto.

–Que... –eu começo, mas minha garganta se fecha.

Tento não respirar pelo nariz.

–Que cheiro é esse?

–Acho que é uma sobremesa que Liam disse que faria.

–É... De que?

Estou lutando com todas as minhas forças contra minhas náuseas.

–Acho que de framboesa. –diz.

–Ah, não...

Paro de respirar, convicta de que isso funcionará contra as náuseas, mas de nada adianta.

–Vem cá! Vamos tomar um ar lá fora!

Harry me leva para fora por uns minutos e o ar fresco e livre do aroma das framboesas me liberta das náuseas.

O dia passa voando.

Ao menos conseguimos aproveitar.

Niall e Leticia deram uma passadinha rápida, mas já foi há muito tempo, levando consigo seu carro.

Zayn teve de ir embora, mas aproveitou para dar uma carona para Laís.

Estamos apenas eu, Liam e Harry assistindo Atividade Paranormal 2.

O filme acaba e já está tarde.

–Harry, você vai para casa? –pergunto.

–Vou, quer uma carona?

–Claro! Tenho que buscar minhas coisas...

–Como assim?

–Você acha mesmo que eu vou dormir na mesma cama que aquele idiota?

–Dorme na minha... –ele sugere e, de repente, não me parece uma ideia tão ruim assim. Eu acho que gostaria de ver a cara de taxo de Louis a me ver sair do quarto com... AH, MEU DEUS! O QUE EU ESTOU FALANDO?

–E você? –pergunto.

–A gente já dividiu um sofá, já dividiu uma cama de hospital, então eu acho que conseguimos dividir uma cama de casal! –ele disse.

TÁ, TALVEZ EU ESTEJA EXAGERANDO... O HARRY PODE TER MUDADO, NÉ? TO ERRADA?

Ele dirigiu até sua casa e quando chegamos lá, um choque me atingiu a espinha, ao ver que Louis estava saindo... Acompanhado...

Era uma menina um pouco mais baixa que ele, mas que usava um salto que a deixava quase do mesmo tamanho, cabelos castanhos e longos, partidos ao meio que pendiam até um pouco abaixo dos seios. Ela usava uma camiseta branca, uma blusa verde aberta por cima e uma calça jeans clara.

Uma repugnante vontade de sair daquele carro e ir até aquela vadia e arrebentar ela me dominou, mas quando uma de minhas mãos alcançou a maçaneta do quarto, Harry me puxou pela outra.

A porta se abriu e ele me puxou de volta, selando nossos lábios num beijo.

Eu demorei alguns longos minutos para processar o que acabara de acontecer e me afastei.

–O que você está fazendo? –digo e sinto suas mãos em meu rosto enxugarem uma lágrima que escorreu.

–Evitando que você veja o que aconteceu! –ele sussurra.

Nossos lábios, ainda próximos, se movem algumas vezes na tentativa de dizer algo, mas nada sai pela minha boca e um zumbido em minha mente não me permite dizer se algo saiu pela de Harry.

Ele se afastou e saiu do carro, lançando um olhar decepcionado para Louis, que retribuiu o mesmo e veio abrir a porta para mim.

–Você está bem? –sussurra, me abraçando.

–Não exatamente... –suspiro e deixo que ele me guie para a soleira, onde Louis e Eleanor estavam de mãos dadas.

Eu fechei os olhos com força, evitando que a lágrima cedesse e caísse. Quando abri novamente, esbocei um falso sorriso em meu rosto e entrei.

–Boa noite, lindinhos! –digo e deixo que Harry feche a porta.

Eu vou até o sofá, onde me sento e espero por Harry, que está trancando a porta.

–Você está bem? –pergunta novamente, num baixíssimo e quase inaudível sussurro.

–Aham! –murmuro, fechando minhas mãos com força para conter a tremedeira.

Ele me estende um copo d’água e se senta ao meu lado, puxando meu corpo para seu peitoral, onde deposito minha cabeça e recebo um beijo leve.

Lágrimas de desespero e dor escorrem quentes pelo meu rosto, enquanto Harry acaricia minha cabeça.

–Pelo amor, não fica assim! –ele diz, afagando meu rosto.

–Você viu o modo como ele nos olhou... Ele queria que eu visse aquilo! –disse, enxugando minhas lágrimas.

–Ele é um idiota e não sabe dar valor ao que tem! –Harry disse. Seu tom sério e consolador.

Ele continuou me consolando o resto da noite, já estava quase amanhecendo quando finalmente adormeci, infeliz como nunca, mas confortável.

Isso era o mais engraçado! Nos braços de Harry, minha dor fluía e eu me sentia calma... Eu me sentia acolhida e confortável como nos de ninguém!