–Meus parabéns, Louis... A criança vai ser tão linda quanto os pais!

–O quê? –digo, surpreso e um pouco tonto.

–Vai me dizer que Luiza não lhe contou? –ele parece surpreso. –Ela está grávida há quase um mês... Não deve fazer muito tempo, mas ela, com toda a certeza, já sabia! –diz.

–Mas... –eu cambaleio até o sofá e me sento. Apoio a cabeça pesada pelo turbilhão de pensamentos que ecoam por ela em minhas mãos trêmulas.

–Eu achei que já soubesse... Perdão, deveria ter falado isso...

–Não... Está tudo bem... Eu só não esperava! –minto. A verdade é que eu não sei se quero isso... Não agora... Não depois de tudo o que dissemos um ao outro.

Luiza me odeia e não pode ficar ao meu lado para sempre. Ela precisa voltar para o Brasil, terminar sua faculdade... Realizar seu sonho!

O barulho da porta se abrindo me desperta e vejo Marcos sair do quarto e dar lugar a Zayn, que está acompanhado de outro homem que penso ser o pai de Luiza.

Luiza POV

Eu consigo ouvir tudo, sentir tudo... A dor, o silêncio presente na voz deles, o olhar que eles trocam... TUDO, mas meus olhos insistem em não se abrir.

–Ah, meu Deus... Luiza! –ele diz e se senta ao meu lado. Posso sentir que ele me fita com um olhar preocupado e triste.

–Senhor, calma... Ela já está bem melhor do que quando chegou aqui! –Louis diz, tentando acalmá-lo, mas não adianta.

–Você... Você é o cara que a fez sofrer! –ele diz. –Você a fez chorar, a fez implorar para voltar para casa, a fez desistir de tudo...

–Do que o senhor está falando?

–Eu a liguei há alguns dias atrás e ela estava chorando... Ela me implorou para voltar para casa! Ela nunca faria isso sem um motivo! –ela quase gritava.

–Pai... –sua voz doce, dolorida e baixa toma conta do quarto e nos faz silenciar. –Não fala assim com ele... Por favor! –eu sussurro, botando toda minha força naquelas palavras.

–Eu fiquei preocupado com você, minha filha! –ele se aproxima e meus olhos finalmente se abrem.

–E porque não se preocupou quando a mamãe estava no hospital? –pergunto. –E porque não se preocupou quando eu era uma criança? Porque não se preocupou quando eu precisava do seu amor e carinho? –aquilo sai da minha boca como um raio: silencioso e calmo, mas capaz de fazer terríveis danos.  –Você devia ter se preocupado antes, pai, e não agora que eu estou aqui!

–Minha filha... –ele diz como se pedisse algo.

–Eu posso conversar com ele por um momento? –pergunto a Louis e Zayn.

Eles concordam e saem da sala.

–Então, o que faz aqui? Em Londres... –pergunto.

–O seu amigo me ligou dizendo que estava no hospital...

–A verdade! –digo.

–Sua mãe... Ela pediu para que eu lhe entregasse algo quando fosse necessário.

–E o que é?

–Você sabe que Lúcia vendeu seu negócio alguns meses antes de morrer, certo? –pergunta e eu concordo. –Ela me pediu para que eu lhe entregasse isso... –ele estende para mim um envelope e eu estico a mão para pegá-lo. –Abra. –diz e assim o faço.

Dentro do envelope existem dois papéis. Eu pego o primeiro e o mesmo aparenta ser uma carta.

Minha filha,

Lembra-se de todas as vezes que reclamou que eu só trabalhava e que eu não lhe dava atenção? Hoje eu peço seu perdão e lhe entrego tudo o que eu consegui com a falta de atenção.

Perdoe-me por ter dito que não era capaz de tudo o que é e digo mais: Estou orgulhosa de como batalhou, me enfrentou e seguiu em frente com seus sonhos.

Espero que um dia possa ter lindos filhos e criá-los do modo como eu não criei você: Com amor e carinho.

Minhas sinceras desculpas,

 Lúcia.

Eu sinto uma lágrima quente escorrer pelo meu rosto frio. A enxugo e pego o outro papel.

–Todos esses anos em que eu sofri sentindo a falta dela e ela achou que podia concertar com um cheque? –pergunto, irritada. –Lembra-se das aulas de música que eu fazia... Das quais eu desisti depois que os dois faltaram todas as minhas apresentações da 7ª série?

–Lulu...

–Não me chama mais de Lulu, pai! Eu era a Lulu, quando era só uma criancinha idiota... Eu não sou mais assim! –digo.

–Você sempre vai ser minha criancinha...

–Eu to cansada... Preciso dormir! –minto, deito novamente e me viro. Encaro a parede até pegar no sono.

Quando acordo novamente, Louis está com um olhar furioso no rosto e meu pai tenta acalmá-lo, mas tudo se passa em vão. A fim de entender o que aconteceu, continuo imóvel, apenas escutando.

–Você não está entendendo! Ela me traiu...

–Você não pode deixar ela agora... -meu pai diz em tom de voz suplicante.

–Depois do que ela fez eu...

–Você não vai acreditar naquilo, vai? É a imprensa!

–Eu não sei no que acreditar! -Louis grita e se põe de pé. –Se ela mentiu para mim sobre um beijo, como vou saber se não mentiu para mim sobre o filho também... Esse filho pode muito bem ser do Justin também... -ele diz e vai até a porta.

–Louis, se acal...

–Diz pra ela que dessa vez eu não volto! -ele sussurra e sai do quarto.

De repente estou derramada em lágrimas, gritando por seu nome e implorando para que volte, mas nada adianta. Eu tento correr atrás dele, mas meu pai me pede para voltar para a cama e, comigo tentando resistir, ele chama a enfermeiras, que me prendem à cama e me dão um remédio até que eu adormeça.

Eu abro os olhos novamente e os sinto inchados e doloridos, minha cabeça lateja, Leticia, Niall e Harry estão no quarto, Harry deitado ao meu lado, com minha cabeça em seu colo, Niall e Leticia estão abraçados.

–Cadê ele? –é tudo o que consigo dizer.

–Finalmente acordou! –Harry diz, desviando do assunto.

–Cadê o Lou? –pergunto, sentindo meus olhos marejarem.

–Como ele disse... Dessa vez ele não volta!

Lágrimas, automaticamente, começam a escorrer pelo meu rosto e eu não sei o que fazer, então simplesmente enterro minha cabeça no peitoral de Harry e deixo que as lágrimas escorram. É como se uma represa tivesse estourado.

O telefone de Harry toca e ele se afasta um pouco para pegá-lo.

–Alô! –atende. –O encontrou? Não? Como assim não? Você não faz ideia de onde ele possa estar? Então tá... Se ele não aparecer até o anoitecer a gente avisa a polícia...

–O que está acontecendo? –sussurro para Leticia.

–O Louis sumiu... Ninguém o vê desde ontem.