As Súplicas De Um Vagabundo escrita por Maria Chinikoski


Capítulo 16
Minha alma... Minha menina... Minha vida...


Notas iniciais do capítulo

Lembrem sempre de comentar o/
Obs.: Ouçam uma música beeem triste kkk



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/268648/chapter/16

Minha alma...

Medo...

Escuro...

Morte?

Não, não posso...

Christin? Yuuri?

Me salvem...

(...)

- Rápido, tragam a máquinha de oxigênio!

Um montre de médicos corriam contra o tempo.

Todo segundo era precioso...

Uma mãe desesperada chorava sem parar, colada em um homem sério, de terno.

Um garoto ficava olhando para os pés, sem saber o que fazer e uma garota trouxe flores brancas.

O ódio entre os olhares dos jovens era certo.

- Acho melhor vocês irem para casa descançar - falou o homem.

- Eu quero ficar - disse a mulher.

- Eu també- iam dizendo os dois adolescentes junto quando se olharam mortalmente.

- Vão para a escola, meninos. Nós cuidaremos dele.

Já haviam perdido a hora e a chuva caía firmemente lá fora.

Eles pegaram suas sombrinhas e foram lentamente pela porta.

Já era o segundo dia do garoto lá, preso nas máquinas para sobreviver.

Por sorte não houve nenhum coágulo em seu cérebro pelo tombo, mas seus orgãos foram esmagados pelo impacto e suas costelas quebradas. A cirurgia havia retirado uma das pontas que cortava seu rim e seu braço estava engessado.

Com todo carinho de mãe, a mulher entrou assim que o médico liberou o quarto e secou pacientemente a testa do filho que queimava em febre.

De repente seu coração disparou.

- M... Mãe?

- PEDRO!

A mulher abraçou e beijou o jovem entubado.

- I... Isso... Dói...

- Como se sente? - perguntava desesperada - Vou chamar o médico!

O médico já estava no quinto ou sexto andar, mas a mulher, chorando muito, correu desesperada e deixou o garoto.

Com toda sua força, sentindo-se fraco, Pedro virou um pouco o rosto para a janela e conseguiu enxergar, lá no jardim, Christin e Yuuri se encarando.

- Y... Yuu.. ri... Chris...

Mas sua voz sumiu e, com todas suas forças, Pedro terminou de quebrar uma costela, sentando-se na cama. Os fios o prendiam, então ele pegou o do sangue e arrancou do braço com força, desesperado para conseguir chegar aos dois antes que suas forças acabassem.

Levantou-se, apoiado ao soro e retirou os marcares e aparelhos. Deu uma respirada rápida e arrancou o aparelho.

Se apoiou no soro e foi se arrastando lentamente até fora da sala.

Cada passo era como se todos seus ossos se esfarelassem.

Sua dor era explícita em seus gritos mudos e sua expressão.

Entrou no elevador ao lado do quarto e desceu, cambaleando e escorregando até a saída do hospital.

Uma enfermeira correu ao seu encontro, mas ele girou o suporte do soro na mão e apontou à enfermeira.

- NÃO! - conseguiu gritar, mas logo sua garganta ardeu, seus pés escorregaram no suor que pingava e os joelhos cederam, jogando-o no chão com tudo.

A enfermeira gritou e correu até ele, mas Pedro começou a se levantar e disse, com olhar mortal:

- Não.. Me... Impessa... de... FAZER A ÚLTIMA COISA QUE QUERO!

Ela recuou e ele se levantou, quase caindo e escorregando à cada passo, sem enxergar direito.

--- Lá fora, pouco antes.

Christim e Yuuri se encaravam.

- Sua idiota! SE ELE MORRER A CULPA É SUA!

Yuuri pegou, com toda sua raiva, um pedaço de madeira e ia bater nela, sem pensar na sua atitude, quando ela desviou e sorriu.

- Melhor não fazer isso!

Quando ele olhou, percebeu que havia uma faca rente ao seu pescoço. Os dois se encaravam mortalmente, proferindo em suas mentes todos palavrões possíveis, quando uma voz fraca os interrompeu.

- Não!

Quando as armas cairam, amboa se assustaram com a presença de Pedro, ali, na chuva, tentando caminhar.

---

Pedro estava saindo quando viu a cena e usou o resto de suas forças:

- Não!

Ele tentou se mecher, mas a chuva o resfriava rapidamente e a febre o consumia por dentro. Seus pés adormeciam e o oxigênio faltava.

Seu sangue pingava em todo trajeto e sua face estava pálida.

- PEDROOOO!

Ele podia ouvir o grito de sua mãe lá do terceiro andar do hospital, pela janela, mas ele não virou. Sabia o que queria...

Arrancou com um último movimento o soro e caminhou lentamente, cambaleando...

- Yuuri... Christin...

- PEDRO! - gritaram quando ele fechou os olhos e caiu de cara na grama.

Viraram-no para cima e se desesperaram, segurando-o.

Christin lhe dava colo e Yuuri segurava suas mãos.

- TEM QUE VOLTAR PRA LÁ, PEDRO!

- É A ÚNICA CHANCE, RETARDADO!

Ele riu enquanto os dois choravam desesperados.

- Idiotas, vocês são tudo pra mim!

- AINDA DÁ TEMPO! - gritou Yuuri, mas Pedro não o deixou levantar.

- Não há mais tempo...

Yuuri caiu contra seu peito, agarrando sua mão.

- Vai.. Terminar de me quebrar...

- ME DESCULPE, ELE QUIS, EU NÃO, NÃO TEVE NADA!

Pedro demorou para entender, então sorriu e acariciou os cabelos enxarcados.

- EU SOU SÓ TEU, PEDRO, NÃO ME DEIXE, POR FAVOR!!!

- Yuuri...

Pedro fechou os olhos, saboreando aquele som, aquelas palavras...

- Pedro... - sussurrou Christin.

- Me perdoe, Christin, por não te proteher sempre e... - Pedro cuspiu sangue e virou de lado a cabeça, pra não se afogar - Você é tudo pra mim... Minha menina, minha irmã...

- Que?

- Yuuri... Eu... Sou meia irmã do Pedro, de outra mãe - chorou ela - Não temos nada além de...

Mas Pedro se sentou com muita dificuldade e calou-a com um selinho de sangue.

- Minha irmã... Me perdoe descobrir isso depois de tanto tempo... Eu... Te amo...

Yuuri se chocou... Então, nesse tempo junto eles... Descobriram ser... Irmãos?

Pedro virou para Yuuri e caiu em seus braços enquanto Christin o olhava e tocava o lábio, com o desenho em sangue dos lábios de Pedro.

- Yuuri...

Yuuri viu que ele ia cair e o agarrou contra o peito, deitando-o contra si.

- Você sempre... – ele cuspiu outro tanto de sangue.

- PEDRO!

- FOI MEU AMOR VERDADEIRO E PURO! – completou ele de uma vez, agarrando-se ao garotinho e mostrando sua febre e falta de sangue lhe afetarem.

- Pedro...

- Yuuri... Eu te amo ainda mais...

Yuuri aceitou o beijo demorado e quente de Pedro... Com gosto de remédio e sangue...

Quente... Doloroso... Mortal...

A língua do loiro parou de mexer e sua boca se fechou lentamente, junto com os olhos e Yuuri sentiu sobre si o peso do corpo de Pedro.

- PEDROOOO!!! – gritava a mãe de Pedro, correndo pelo jardim.

- Pedro? – perguntou ele ao sentir o loiro escorregar de seus braços e ver Christin de olhos arregalados chorando muda – PEDRO?! NÃO ME DEIXE! PEDROOO!!

- NÃÃÃÃÃOOOO!!!! – gritava a mulher desesperada, pegando o jovem em seus braços enquanto Christin e Yuuri olhavam para a grama, de joelhos, chorando silenciosamente.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Sempre comentem!Por favooor!