64 Hunger Games: Abatedouro escrita por Number Nine


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Bom pessoal espero que gostem da fic então aproveitem, eu sei que o anão vai ler kkkkkkkkkkkkkkkk ele sempre lê as minhas fics



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Quando eu olho pela janela percebo que o dia já tinha clareado. Eu não consegui dormir praticamente nada essa noite, mas o que eu posso fazer? Esse com certeza é um dos dias mais aterrorizantes para todas as crianças que tem 12 à 18 anos, o dia da Colheita. Dois tributos, um só sexo masculino e o outro do feminino serão selecionados hoje no meu distrito para serem mandados para os Jogos Vorazes, ou como nós gostamos de falar aqui, o “abatedouro”. Mas é claro, isso não falamos na frente dos pacificadores, porque se eles souberem que alguém debocha desse jeito da maior arma de opressão da Capital, provavelmente quem proferisse esse termo iria acabar sendo condenado e talvez até morto por isso.

Eu moro no distrito 10, um dos doze distritos que somando com a Capital formam a nação de Panem. Cada distrito é responsabilizado por alguma atividade específica, a do meu é pecuária. Embora sejamos responsáveis pelo abastecimento de carne da Capital, o meu distrito é muito pobre, sem falar que nós nem vemos a sombra dos melhores cortes de carne. Esses ai são cortados e transportados direto para fora daqui, enquanto ficamos com as partes mais ossudas e gordurentas para nos alimentarmos, isso é se tivermos dinheiro para comprar. O que quase nunca temos.

Enquanto eu penso nessas coisas eu percebo que tem alguém que deitou do meu lado na minha cama. Olho para o lado já sabendo quem possivelmente era.

- Não consegue dormir também? - eu pergunto para a minha irmã mais nova.

Ela balança cabeça como sinal de negação e começa a quase chorar. Era a segunda vez que o nome dela estaria na colheita, mas Marry ainda não tinha se acostumado com isso. Para falar a verdade nem eu.

- E se eu for chamada? - ela pergunta começando a chorar. - Estou com medo...

Eu me sentia mal, ela era minha irmã mais nova, mas eu não podia fazer nada para protegê-la. Caso ela fosse homem e fosse selecionada, eu poderia me voluntariar para ir no lugar dela, embora eu esteja com muito medo também de ser selecionado para os jogos, esse era o meu penúltimo ano, e começo realmente a acreditar que “a sorte esteja a meu favor”.

- Ei fica tranquila. - eu falo me sentando na cama e abraçando ela. - Você não será chamada, ok? É só a sua segunda vez e o nosso distrito tem bastante gente, a probabilidade você ir é mínima. - eu sorrio para ela.

Marry começa a enxugar os olhos e sorri para mim.

- Você tem razão, mas e você? - ela pergunta agora voltando sua preocupação para mim.

- Bom... Eu tive sorte até agora. - eu falo e começo a ficar cutucando a barriga dela com meus dedos fazendo ela cair na gargalhada.

- Para... - lágrimas escorriam dos olhos dela em súplica, mas ela não parava de gargalhar.

A porta do meu quarto se abre e meu pai aparece com uma cara de quem acabou de acordar. E lá estava ele, parado com a sua roupa normal de ficar em casa, com seus olhos negros e cabelo castanho que eram característica principal de todos da nossa família e de grande parte da população daqui.

- Para que essa barulheira? - ele perguntou bocejando.

Marry fica sem graça por tê-lo acordado com sua gargalhada histérica, mas eu sabia que tinha grande parte de culpa nisso.

- A pai foi culpa minha. - eu respondo rindo. - Estava treinando uma tortura psicológica na Marry para o caso de algum de nós ser selecionado para os Jogos, sabe para já termos uma arma contra os outros tributos.

Minha irmã da uma leve risada. Mas nosso pai não pareceu gostar muito da ideia. Pelo contrário, sua expressão mostrava o medo que ele sentia, o terror de imaginar um dos seus filhos indo para o “abatedouro”.

- Nunca mais brinque com isso! - ele gritou para mim e depois saiu do quarto.

Marry me olhou com uma cara de quem não entendia nada, mas eu já sabia o porque dele ter ficado desse jeito. Quando ele tinha mais ou menos a minha idade, o irmão mais novo dele foi selecionado para a colheita e é essa foi a última vez que eles se viram.

- O que foi isso? - ela me perguntou.

De repente eu me dei conta de quão idiota eu fui. Imaginei por um segundo ouvindo falarem o nome da minha irmanzinha ser chamada. Ver ela nervosa numa arena cheia de crianças que deveriam se digladiar até a morte e ser obrigado a assistir a possível morte dela na mão de algum tributo louco.

- Nada, isso é uma longa história... - eu falo tentando forçar um sorriso. Contar essa história para ela agora sobre o meu pai e seu irmão mais novo só iria deixá-la nervosa de novo. - Ei vamos levantar e tomar café da manhã, afinal hoje temos o dia de “folga” - eu falo fazendo aspas com os dedos.

Em dias normais Marry e eu teríamos que estudar pela manhã e de tarde eu iria trabalhar no açougue do meu pai, trabalho lá desde que tinha 13 anos e modéstia parte, meus cortes sempre eram bons, as pessoas sempre diziam que eu conseguia fatiar os piores pedaços de carne, até mesmo que os mais enervados e gordurosos e deixá-los sem nenhuma dessas partes.

- Cortar assim está no sangue Dawnson! - meu pai dizia cheio de orgulho para os cidadãos mais ricos do distrito que iam ao açougue.

Duvido.Você corta pedaços mal pra caramba...

Claro que eu nunca disse isso para o meu velho, porque ele iria acabar ficando meio deprimido com isso. Sem falar que a modéstia não é uma das qualidades da minha família, então quem sou eu para julgá-lo.

Quando saio do meu quarto, vejo a mesa do café toda posta. O dia da Colheita era o dia que tínhamos digamos mais “fartura” de comida. Afinal no dia anterior dela as pessoas da cidade sempre gastam suas economias para comprar os melhores pedaços de carne que podemos vender para eles, isso porque é claro que se os seus filhos não forem selecionados, elas tem motivo de sobre para comemorar com isso. E a minha mãe trabalha nos “criadores de gado”. São locais fechados onde os animais passam a vida toda comendo até que sejam abatidos. Só que a função dela é outra, minha mãe opera as maquinas extratoras de leite , e ela sempre consegue trazer umas “amostras” para casa, e quando digo isso, me refiro há um galão de 2 litros.

E lá estava a mesa posta na nossa cozinha. Nos pratos tínhamos fatias finas de bacon, pão e até mesmo um ovo para cada um de nós. Sentamos na mesa enquanto minha mãe pegava o galão de leite que havia ganho e começou a servir os copos onde estávamos sentados, em seguida ela se sentou para podermos dar início a refeição. Comparado aos outros dia, hoje tínhamos um banquete, até mesmo maçãs e uvas para comermos depois que eu comprei com uns amigos que cultivam essas frutas perto de suas casas.

A conversa fluia normalmente enquanto comíamos. Meu pai pediu desculpas a mim e Marry pelo modo que ele agiu por causa da minha brincadeira.Nós dissemos que tudo bem e depois começamos a conversar sobre outros assuntos, qualquer coisa que não tenha haver com a Colheita ou os Jogos.

- E então Marry, ano que vem você gostaria de ir trabalhar comigo? - minha mãe perguntava.

Os olhos da minha irmã brilharam ao ouvir isso. Ela sempre se sentia sozinha em casa já que era a única que não tinha alguma obrigação além de estudar pela parte da manhã.

- Claro que sim mamãe! - ela dizia toda entusiasmada.

- Ótimo! Você poderá vir comigo, mas tem uma coisa, terá que fazer as suas lições de casa assim que chegar do trabalho. - minha mãe dizia sorrindo, mas o seu tom era sério.

Depois de terminarmos nossas refeições eu me arrumei para o evento da colheita. Peguei uma das camisas sócias do meu pai da cor branca e vesti uma calça.

- Mãe, vou dar uma volta para espairecer antes da colheita, tudo bem? - eu avisei já na porta da sala para sair de casa.

- Não tem problema querido, mas vá a praça central em frente ao Prédio da Justiça as 2 horas, você sabe que não pode se atrasar! - minha mãe respondeu de dentro da cozinha.

- Tudo bem, vou voltar a tempo. - eu respondi.

Calcei os sapatos para poder sair casa quando minha irmã aparece. Ela sabia aonde eu estava indo.

- Você tá indo lá vê-lo né? - ela me perguntou.

Olhei para os lados um pouco nervoso para ver se algum dos meus pais tinha ouvido.

- Marry, eu disse para não tocar nesse assunto aqui em casa. - eu a repreendi, mas sem muita raiva.

- Opa desculpa. - minha irmã disse fazendo uma careta para mim. - Eu queria ir com você...

Era difícil isso, eu queria levá-la para vê-lo, mas ao mesmo tempo não podia. Seria muito arriscado nós dois irmos onde ele ficava.

- Sinto muito, mas hoje está cheio de Pacificadores no Distrito, seria arriscado se nós dois fôssemos para lá... Eles poderiam suspeitar. - eu tente explicar.

Marry pareceu aceitar mais ou menos a minha explicação, mas não tento ponderar ou contestar mais nada sobre isso. Então eu finalmente sai.

Eu morava na parte digamos classe média no meu distrito. Bom ele é um dos mais pobres, mas as pessoas podem ser divididas em três classes aqui. Baixa são as pessoas que trabalham como operárias nas fábricas e fazendas de alimento que temos, as Médias que são geralmente os donos das lojas como o açougue de meu pai, dentre outras e claro Alta, esses são compostos pelos donos das fazendas e fábricas responsáveis pela criação, alimentação e abate dos animais, a maioria desses donos são cidadãos da Capital que não eram muito... “bem vistos “ por lá, então vieram para o Distrito 10 sabendo que seriam pessoas de alto escalão aqui. E claro os Pacificadores podem ser considerados média também, só que nada os impede espancar qualquer um que faça algo errado.

Foi uma caminhada de mais ou menos vinte minutos até eu chegar numa espécie de casebre todo de madeira que ficava numa pequena fazenda abandonada. O dono morrera e não tinha herdeiros, então o local ficou abandonado. Os animais que tinham ali foram roubados, mortos para serem feitos de comida, a casa pelo que eu saiba continua intacta, mas há quem garanta que ela foi saqueada pelos próprios Pacificadores.

Eu me aproximo do casebre sorrateiramente para ver se ninguém estava perto me observando. A porta de madeira estava com maçaneta amarrada com uma corrente do mesmo modo que eu havia deixado da última vez, o que significava que ninguém tinha descoberto sobre ele.

Abro a porta e entro. E lá estava ele, um cavalo de pelo marrom e crina negra, eu me lembro do modo que o dono dele gostava de desfilar montado no animal pela cidade como se ele fosse o maioral, lembro também que naquela época aquele cavalo era forte e robusto, parecia que poderia correr quilômetros antes de se cansar, mas o que vejo agora e o fantasma dele. O pobre animal agora está magricelo com as costelas à amostra, sua pata direita frontal estava quebrada de modo que ele estava com ela dobrada.

Ao me ver o animal relinchou feliz.

- E ai amigão! - falei mexendo na crina negra dele.

O local era uma espécie de estábulo e ao julgar pelo tamanho ele deveria ter tido outrora no máximo uns 6 a 8 cavalos, mas agora o que resta é o Zip. O único dos animais que não fugiu por não conseguir andar muito com aquela pata e também o mais inteligente que ficou porque até hoje nunca foi descoberto, exceto por mim é claro.

- Trouxe um presente pra você. - falei estendendo para ele a metade da minha maçã.

Eu sei que não era muito, mas no momento era tudo que dispunha.

Em seguida fui verificar como andava o bebedouro dele, estava vazio. Por sorte ele construíram aquele bebedouro de modo que ficasse exatamente debaixo de uma torneira que eu abro e deixou encher até quase transbordar.

Zip relincha feliz e começa a andar com as suas três patas boas até chegar ao bebedouro e em seguida enfiou o focinho e começou a sugar toda a água como se ele não visse aquele líquido à meses.

- Nossa. Você tava com sede mesmo. - eu disse batendo de leve no corpo do cavalo.

Esperei ele beber praticamente toda a água para encher novamente o bebedouro para deixá-lo seguro sem ficar nesse desespero por água novamente. Em seguida dei um olhada no torniquete improvisado que eu fiz com um pedaço de madeira que encontrei ali, ele estava perfeito como eu tinha deixado.

- Um dia você vai melhorar cara, e nós vamos cavalgar por todo o esse local. - eu digo me imaginando.

Embora eu não saiba como fazer isso direito, já vi muitos donos de fazenda montando em seus cavalos e desfilando com eles pelo centro comercial, então eu acho que já aprendi mais ou menos o esquema os observando. Mas eu sei que isso é um sonho quase impossível de se realizar. Primeiro, só cidadãos de muita importância podem andar de cavalo pela cidade, Segundo porque não teria onde colocá-lo na minha casa e Terceiro, eu conheço bastante de animais para saber que a pata de Zip possivelmente nunca iria sarar. Era triste e eu sabia o que talvez tivesse que fazer por piedade dele.

- Não posso te sacrificar né amigão? - eu disse enquanto o cavalo me olhava e lambia a minha mão. - Eu vou conseguir curar a sua perna.

Poderia procurar um veterinário, com certeza ele conseguiria ajeitar a perna do Zip, mas fazer isso seria revelar que eu estou invadindo esse lugar, e os Pacificadores não seriam muito generosos comigo.

Se eu vencesse os Jogos tudo seria diferente

Os pelos da minha nunca se eriçaram só de pensar nisso. Devo estar enlouquecendo, embora essa seja a melhor solução para tudo. Os vencedores são os cidadãos de mais alto escalão. Cada um deles tem o direito de viver numa das Casas do Vitoriosos que eram praticamente pequenas fazendas assim como essas, mas eu teria muito dinheiro para poder pagar o tratamento do meu amigo equino sem falar que poderia sustentar a minha família inteira enquanto eu vivesse.

- Só posso estar delirando. - murmuro para mim mesmo – Caramba a hora! - dessa vez eu grito de espanto ao perceber que já deveria estar em cima hora para chegar na hora da Colheita.

Saio sem nem me despedir direito de Zip e tranco a porta do estábulo enrolando com a corrente novamente e começo a correr em direção a praça principal.

Corro o mais rápido que eu posso, as ruas já estavam sem ninguém, logo os Pacificadores estariam dando uma pequena ronda para ver quem possivelmente estava fugindo do do evento obrigatório.

Devo ter demorado uns 10 minutos para conseguir chegar até a praça central. Olho para fila onde estavam os garotos do meu distrito e entro nela. Sou o último a chegar, pelo menos cheguei a tempo, pois só tinham 10 pessoas na minha frente. Depois de provar que eu estava presente, eu caminhei até onde estavam os garotos da minha idade. Cumprimentei os meus colegas de escola enquanto aguardávamos o começo da seleção.

Em frente ao Edifício da Justiça estavam o prefeito, sua mulher e três dos vencedores dos Jogos na minha sentados em cadeiras simples um do lado do outro. Os vencedores eram dois homens e uma mulher. Um deles já parecia ter uns 60 e poucos anos o que me faz pensar que ele deve ter sido um dos primeiros vencedores, o segundo era um cara de meia idade, mas com uma expressão vazia, e a mulher parecia estar na faixa dos 30 anos, mas tinha um expressão de tristeza como se fosse chorar por estar ali. Eu já os vira antes, e eu acho que me lembro do dia em que a mulher fora selecionada, mas era muito pequeno na época para me lembrar como foram seus jogos e como foi a sua readaptação.

- Aquela é Selina Dincker, dizem que ela sempre tem essa expressão porque todos os que ela foi mentora morreram. - disse o garoto do meu lado olhando para a mulher.

- Isso deve ser muito triste. - eu comento.

Ele olha para mim.

- A claro, mas deve ser pior pras garotas que são esfaqueadas porque ela não faz o trabalho direito.

Prefiro ignorar esse tipo de comentário idiota. Mesmo que o mentor se esforce, nós não somos comparados há outros tributos que são treinados a vida toda para isso. Nesses lugares os jogos são comemorado como se fossem realmente algo divertido. Esses distritos me dão raiva por apoiarem a ida das suas crianças para o abatedouro desse jeito.

Paro de pensar nessas coisas quando ela entra. A mulher da Capital que vem fazer o sorteio dos tributos. Todos os anos que eu participo dos sorteios pelo que me lembro é ela, ou pelo menos eu acho. Afinal duvido que muitas pessoas andem por ai como se fossem um arco-íris humano ambulante. Quer dizer até mesmo na Capital acho que isso deve ser esdrúxulo.

- Bem Vindos! - ela disse cheia entusiasmada. - Que a sorte esteja sempre há seu favor.

Claro, temos tanta sorte que você tá vindo levar dois de nós para serem mortos para divertir vocês.


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Notas finais do capítulo

E ai curtiram? bom deixem comentários sobre o que acharam?



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