Jonathan Davis escrita por 09041977


Capítulo 9
9th.




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   Saímos do cubículo. Ia encolhido descendo as intermináveis escadas. Chegando ao patamar inferior, senti a pressão de dezenas de olhares fixados sobre mim.
   Saímos finalmente para o exterior. Senti-me mais solto e destemido. O ar frio e corrente batia-me na face, à medida que íamos descendo uma estrada velha e isolada.
  
   Assim que nos deparámos com o parque, fomo-nos sentar num banco, já escrevinhado e danificado, talvez por adolescentes da minha idade, com a vida talvez mais leve e despreocupada.
  

   Reparámos que ali estava uma criança, alegre, correndo de um lado para o outro, de flores na mão, explorando o seu próprio mundo, feito de brincadeiras e afecto. O encarregado por essa mesma criança, olhava-nos de soslaio, deixando transparecer uma desconfiança bruta e arrebatedora. Chamou a pequena criança, que contrariada foi a seu encontro e, foi embora, talvez por motivos de segurança.

- Quer falar agora? - perguntou Gerard, de mãos agarradas a uma ripa na qual estávamos sentados, já meio solta. Creio que se estava entreter com farpas.


   Brian suspirou. Creio que ele não seja uma pessoa que gosta muito de saber da vida dos outros. Ou pelo menos, dos seus problemas. Acho que preferia ser como ele. Mas, aí, iníciei o meu relato.

- Não tenho mãe. Tenho uma madrasta. É uma cabra. O meu pai expulsou-me, porque ela arma ciladas, para tentar fazer com que o meu pai se vire contra mim. Finalmente conseguiu. E, como se não bastasse, há um vizinho estranho, no meio de tudo isto. Tentou violar-me. - as lágrimas já estavam a brotar livremente de novo. - Sou um idiota sensível demais. Desculpem. - sequei, em vão, as lágrims que iam deslizando.

Brian permaneceu indiferente à minha conversa, e, Gerard, sem saber o que fazer, apenas me observava embasbacado.

- Mas... o que te disseram há pouco? Quem era? - perguntou, curioso, Gerard.

- Era ela e o vizinho. Eles estavam... Creio que estavam... Você sabe.

   Repentinamente, senti um puxão no meu braço.

- Diga. - ordenou Brian, firme.

Gerard ficou em estado de alerta, me deixando assutado com esta atitude.

- Digo o quê? - perguntei.

- Diga o que eles estavam fazendo.

- Estavam a ter relações sexuais, acho.

Brian me largou e passou a explicar a sua atitude autoritária espontânea.


- Não gosto de meninos assim, mimados. Que não são capazes de enfretar a realidade e de muito menos revelar o que ouvem ou o que vêem. É coisa de fraco. Você é um fraco?

Eu não respondi, admirado com aquela personalidade firme e ceio que um pouco vil, até.

- Você é um fraco? - perguntou, aumentando o tom de voz.

- Sou um fraco. Admito. - respondi, sem hesitar.

Brian levantou-se e afirmou:

- Você só é fraco, se assim quiser ser. Esse tipo de situações fazem de você fraco? Isso não é nada! - berrou, furioso. - Fraco. - e acabou o seu "discurso" com um tom de voz calmo, deixando ali um ambiente puro de estranheza.

E, saindo do parque, deixou-nos sozinhos.


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