Wake Me Up When September Ends escrita por AnnySama


Capítulo 16
15º dia - Parte 1


Notas iniciais do capítulo

Tentei poostar tudo em um capítulo só, mas ia ficar muito, muito grande! Mas juro que só vai haver 2 ou 3 partes. Boa leitura!



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Tínhamos acabado de nos acomodar em um ônibus que estava levando as três classes do terceiro ano. Apesar de parecer muitos alunos, poucos puderam ir. Sorte deles.

      Me acomodei no banco do lado da janela. Estava um lindo dia ensolarado e colorido. Brend jogou sua mochila por baixo das pernas e sentou ao meu lado, me dando um sorrisinho de excitação.

      Mich não pudera ir por ter uma grande festa de 16 anos a planejar. Não vira Sutton nem Caroline também. Encostei minha cabeça no ombro de Brendon e por alguns minutos permaneci assim.

      -O ônibus parou de ter graça depois da 8ª série. – Ele disse. Eu o olhei por alguns segundos e voltei a me recostar. – Não acha?

      -Nunca teve graça. – Respondi bufando. Eu sempre fora a garota que ficava num canto e o assento ao seu lado era utilizado ou por professores ou alunos que se aglomeravam no corredor e não a notavam. – Por isso acho que posso aproveitar para tirar um cochilo. – E pressionei a cabeça em seu ombro lentamente fechando os olhos.

      -Nada disso. Vamos fazer ter um pouco de graça. – Ele mexeu os ombros para chamar minha atenção irritantemente. Ergui o rosto com uma mescla de raiva e ansiedade.

      -O que você está planejando? – Perguntei cerrando os olhos em uma expressão de acusação. Ele se retesou e levantou as mãos para o alto como se estivesse se rendendo.

      -Nada demais. Vamos conversar, só. – Mas algo em seu olhar me perturbava intensamente. Era algo como uma frustração em seu jeito de falar, como se ocultasse uma vontade. – Você já escreveu um livro... Alguma coisa do tipo?

      -Quando era criança... Eu escrevia pequenos contos de fadas, sabe...  – Meu rosto se iluminou ao lembrar das pequenas histórias. Eu me colocava em cada uma delas, desejando ardentemente que aquilo que eu escrevia acontecesse comigo. Contava sobre príncipes encontrados, amigos de verdade... Uma vida cheia de fantasias onde o único problema da personagem era ter perdido seu colar preferido. E quando a gente se perde?

      -E depois?

      Algumas lágrimas se acumularam em meus olhos, mas eu as engoli para dentro com um suspiro seco e continuei a falar, com a voz embargada.

      -Depois eu apenas relatava o que vivia. E sinceramente eu podia ser muito bem descendente de Edgar Allan Poe. – Respondi. Era uma piada besta e sem graça, mas para mim era um drama pessoal. As garotas comparam suas vidas com livros de Nicholas Sparks enquanto eu com Edgar... Não parecia normal.

      -Adoraria ler alguma coisa sua. – Comentou pensativo. Me alegrei com seu elogio de forma sutil.

      O silêncio tomou conta da conversa. Era constrangedor, mas acolhedor. Eu queria desesperadamente o interromper, mas não havia nada a ser falado além de ficar lá, sorrindo pelo seu comentário.

      -Alguma coisa está errada com você. – Falei por fim. Ele arregalou os olhos na minha direção. Minha testa estava enrugada e preocupada. Eu não o olhava. De certa forma estava brava com Brend por novamente parecer esconder algo de mim.

      Brendon balançou a cabeça baixa e parecia em transe. Não respondeu. Eu suspirei, decepcionada.

      -A gente contava tudo um para o outro... – Murmurei, com a voz carregada de lembranças boas de uma época mais fácil. – Quando que isso ficou tão complicado?

      -Desde que... – Brendon começou a falar, mas se sufocou no final. Nada saiu, apenas uma pequena mordida nos lábios.

      Por fim, em um ato ele tirou seu cinto de segurança e se postou á minha frente. O olhei surpresa enquanto Brend se ajoelhava com uma pose de cavalheirismo.

      -O que você...? – Tentei questioná-lo, mas Brend me interrompera firmemente:

      -Desde que eu não consigo te encarar como amiga. – Falara de uma vez só. Soltando o ar todo que prendera. Eu não acreditava em suas palavras dóceis. Ameacei abrir um sorriso, até perceber que talvez estivesse confusa. – Não posso viver assim. Rachel... Mesmo sendo brega e nada a ver com o nosso estilo... Você quer ser minha namorada?

     Me perdi em pensamentos. Do mesmo jeito que estava feliz e completa, me sentia perdida e responsável por uma decisão que podia estragar nossa amizade por inteiro.

      Mas antes que eu pudesse concluir meu pensamento, houve uma gritaria.

      Houve pânico.

      Houve alvoroço.

      Até que houve uma pancada. Algo que fez meu corpo ir para frente como um extinto. Olhei para o lugar onde Brend estava há segundos, mas não havia ninguém a minha frente. Por um segundo eu senti o cinto apertar meu corpo e me puxar para trás. Depois apenas senti minha testa se chocar com algo duro e arredondado. Uma dor profunda e dormente se atenuou em meu rosto e eu comecei a ficar zonza. Perdi os sentidos, mas ainda tive tempo para captar uma cena. Os vidros do ônibus se estouraram enquanto os estudantes gritavam e eram arremessados de um lado para o outro. Não aguentei a pressão que sentia sobre a testa e fui levada á inconsciência. Tudo fora só escuridão.


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