Lily...

Havia acabado de acordar, mas as meninas ainda dormiam. Preferi não acorda-lás ou então me mataria. Não entendo porque acordei tão cedo... mas o sono literalmente fugiu de mim. Já não estava mais aguentando ficar deitada ali, estava ficando intediada. Decidi então me levantar.

Vesti minhas calças jeans pretas desfiadas, uma blusa de coruja cinza de mangas compridas e um moletom que Louis havia deixado comigo. Vesti meu coturno e desci pelo elevador. O corredor estava vazio, e o unico barulho possível de se ouvir era da neve que caia lenta do lado de fora do hotel.

Andei até uma grande janela que havia ali perto da recepção, fiquei a olhar a neve cair lentamente deixando tudo onde tocava branca. Era lindo de se ver. Fiquei a pensar em Jo, e o quanto ela queria estar ali naquele momento. Assim como eu, ela sempre quis tocar na neve.. mas já não era mais possível.

Resolvi explorar aquele hotel, não havia nada a ser feito em quanto os meninos dormiam. Havia muitos andares naquele hotel, resolvi então conhecer todos. Claro que eu não desceria em todos, apenas iria passar dar uma olhada e subir. Adentrei o elevador e comecei a subir um por um.

Parece que todos os hospedes daquele lugar opitaram por ficar de baixo das cobertas em um dia frio como aquele. Uma ótima escolha, devo dizer. O elevador chegou até o ultimo andar o mais rápido que eu imaginei. Ao abrir a porta fiquei encantada. Era o terraço, e estava todo coberto de neve. Caminhei até perto do para-peito, e fiquei a admirar a bela vista que aquele terraço me proporcionava.

Respirei fundo e soprei todo o ar que havia em meu peito, me lembrando de quando era pequena e ia a casa de Jo depois do colégio em dias frios. Brincávamos que fumavamos, mas mal sabiamos o mal que aquela droga fazia a uma pessoa. Cresci mais um pouco e experimentei, viciei no primeiro trago e só Deus sabe o quanto eu me arrependo disso. Embora, eu tenha conseguido parar de fumar o mais rápido que imaginei, foi uma promessa e promessas devem ser cumpridas certo? Não minto quando digo, que quando estou nervosa demais acabo quebrando a promessa... mas isso vem acontecido bem pouco.

Ouvi o barulho da porta ser aberta, mas não me virei para verificar de quem era. Continuei a encarar as pessoas andando na rua com guarda-chuvas e casacos enormes.

- Caiu da cama? - Zayn apareceu ao meu lado encarando o nada. Franzi o cenho e tentei o máximo ser educada, não estava afim de brigas. Pelo menos não agora.

- Perdi meu sono. - falei dando de ombros. 

- Entendo. - sorriu ele nos deixando em um silêncio nada incômodo.. já que eu não estava afim de conversar. - Gosto daqui.

Respirei fundo pedindo a mim mesma para não manda-lo calar a boca, odiava quando era eu quem começa uma briga qualquer.

- É um ótimo lugar para colocar os pensamentos no lugar.

- É, e a vista é linda.

- Nossa, mas que milagre você não me agredir com pedras. - falou ele rindo pelo nariz. O encarei revirando os olhos.

- Não sou eu quem começa as brigas. - rebati. 

- Não? Eu venho conversar com você, e você finge que não há ninguém ao seu lado.

- Exatamente Zayn. - falei o encarando. - Faço isso porque cansei de brigar com você, você pediu para me afastar. É o que eu fiz.

- Custa ao menos me responder? É falta de educação ignorar os outros. - bufou voltando a encarar o nada. - Não queria que você tivesse se afastado.

Não conseguia entender qual o problema desse garoto, ele era bipolar ou algo do tipo? Uma hora me queria longe e outra hora por perto.. quem foi que sequestrou o verdadeiro Malik?

- Se não queria, então porque diabos gritou comigo naquele dia desejando que eu fosse embora? - falei franzindo o cenho. Eu realmente não conseguia entender.

- Eu fiquei nervoso. - falou passando as mãos sobre o cabelo bagunçado com alguns flocos de neve.

- Sinceramente? Problema seu, isso não era motivo para descontar em mim. Não tenho culpa de seus problemas.

- Eu sei, por este motivo mesmo eu estou arrepedindo. 

- E eu finjo que acredito. - ri pelo nariz.

- Porque você é tão cabeça dura e não consegue me entender?

- Porque você é tão ridículo e idiota?

- Porque você é tão criança? - bufou ele irritado.

- Cansei de porques. Adeus. - falei revirando os olhos e me virando. Coloquei minhas mãos frias sobre o bolso do moletom, e comecei a andar até a porta. Coloquei minhas mãos sobre as massanetas frias e pude ouvi-lo gritar.

- Lily, espere. - falou dando passos rápidos até mim. Virei rapidamente e comecei a encara-lo. Ele se aproximou mais, encarando o chão.

- O que foi? - falei secamente voltando a colocar as mãos sobre o bolso. 

Ele voltou a me encarar mas desceu seu olhar até o chão, passou as mãos sobre o cabelo e as deixou sobre a nuca. Ela parecia tenso, e respirava fundo várias vezes. Cheguei a pensar que ele iria vomitar em meus pés propositalmente. Franzi o cenho o encarando, e ele então sorriu e me encarou.

- Me desculpa? - falou baixo. - Você é tão importante para mim. Não posso te perder agora.

Era impossível não sorrir, tentei segurar e me fingir de brava mas o sorriso saiu sem ao menos pedir permissão. Em outros casos, eu com certeza viraria as costas e sairia andando deixando a pessoa no vacuo. Mas é impossível você não desculpar uma pessoa que fica a te olhar com cara de cachorro abandonado. Principalmente se essa pessoa fosse, Zayn Malik.

- Tá legal. - falei rindo baixo. - Eu te perdoo, mas prometa que não vai dizer essas coisas horríveis a mim novamente? Dói muito.

- Obrigado, obrigado. - falou sorrindo e me abraçando forte. - Eu prometo não magoar mais. Não posso perder você, não agora.

- Você não vai me perder tá bem? - falei brincando com seus cabelos em quanto o abraçava forte. - Vou estar sempre aqui, independente se estivermos brigados ou não.

Zayn sorriu e me puxou pelo pulso até o para-peito. Nos sentamos ali perto encostando sobre o muro e ficamos conversando e rindo desesperadamente. Até o silêncio ficar entre nós.

- Lily.

- Hum?

- Acha que um dia Jo me perdoaria?

- Acho que sim. - falei deitando minha cabeça sobre seu ombro. - Ela sempre gostou de você, nunca deixaria de perdoar alguém se ela realmente amasse.

- Legal. - sorriu ele. Franzi o cenho e comecei a encara-lo.

- Porque a pergunta?

- Nada.. - falou baixo.

Continuava a estranhar aquela pergunta repentina, mas deixei de lado. Não queria força-lo a me dizer nada, no momento certo sei que ele me diria a verdade.