~ Ashley ~

Acordei exausta, essa foi a pior noite. Sonhei ou relembrei aquilo que foi a pior coisa que já aconteceu na minha vida, mas tentei fazer com que o humor subisse à minha cabeça.

– Bom dia – dei um beijo no rosto do Carl – marido da minha mãe, mas eu gosto de chama-lo de pai, já que eu não conheci o meu - e me sentei.

– Bom dia filha – minha mãe sorriu enquanto arrumava nossos lanches da escola.

– Mãe, vai ter uma festa no sábado na casa da Ellen, posso ir? – mordisquei minha panqueca.

– Acho melhor não – Carl logo se apressou em responder

– Mas... Por quê?

– Filha, iriamos te contar amanhã, mas como você tocou nesse assunto, acho melhor esclarecer as coisas. Vamos voltar para Stanford no sábado pela tarde... Jeffrey ligou aqui pra casa no mês passado me oferecendo uma oportunidade de emprego, e eu aceitei – deu um gole no seu café.

– Mas, isso é uma falta de consideração comigo! Como assim? – fiquei furiosa.

– Lá eu vou receber mais minha filha – ele pegou na minha mão – Vai ser melhor pra todos nós!

– Não, não vai! – gritei, levantei da mesa, subi, escovei meus dentes e sai.

**

Não era possível, tudo isso que estava acontecendo, aquilo não podia ser verdade. Mas eu ainda tinha um tempo pra reverter aquilo, nós estávamos apenas na segunda-feira. Faltavam 6 dias pro inferno recomeçar e eu tinha que fazer alguma coisa. Infelizmente as notícias ruins sempre se espalham bem mais rápido, então toda a escola praticamente já sabia o que estava acontecendo.

– Sabe, foi tão difícil me adaptar aqui, e quando isso acontece eu tenho que voltar pra aquele lugar. Eu não acredito – abaixei minha cabeça

– Calma amiga, nós vamos fazer tudo pra irmos lá, tudo bem? – Lizzy passou a mão no meu cabelo, ela e Kris tentavam realmente me acalmar.

– Tudo bem – sequei a última maldita lágrima que jorrou sobre minha bochecha.

**

Acordei. Já era sábado, eram 10 a.m e eu não consegui fazer nada pra mudar o rumo da minha vida. Abri meus olhos lentamente e lá estava Ryan, encostado no batente da porta.

– Bom dia flor – sorriu e foi se aproximando.

– SAI DAQUI RYAN! – disse pausadamente.

– Por quê? Fala sério, estava tão bem te vendo dormir. Realmente você é como um anjo! – sorriu.

– Você não tem o mínimo de nojo? – me sentei na cama.

– Por que eu teria? Você é uma menina linda, com uma ótima higiene! – sentou ao meu lado.

– E simplesmente sua meia irmã! – me levantei – Agora sai!

– Ah, tudo bem, só vou sair porque agora você pediu com a educação que o nosso pai nos deu! – se aproximou e sem que eu percebesse, lançou seu rosto sobe mim e deu-me um beijo no canto da boca.

Eu não podia acreditar, esse menino é um nojo, como ele pode? Depois de escovar os dentes, peguei uma roupa e fui tomar banho. Coloquei um vestido azul claro, uma rasteirinha e uma fitinha no cabelo. Fui passear com as meninas no shopping, nos despedimos e fizemos planos para quando elas forem

lá em Stanford. Mas, infelizmente já estava na minha hora, Carl me pegaria no shopping pra irmos direto pro aeroporto. Eram 5 p.m quando ele chegou. Estavam todos lá dentro do carro.

**

Voamos umas 3 horas. Chegando lá, fomos direto para nosso novo lar. A cidade em si, não estava totalmente mudada, porém o caminho para onde nós fomos, era totalmente o inverso do qual eu fazia todos os dias, nós estávamos indo em direção ao Residencial Village, um dos melhores condomínios daqui, era lá que praticamente toda parte “privilegiada” da escola morava. Entramos e fomos em direção a nossa casa, ela era totalmente hipnótico, perfeito, cada casa tinha suas linhas perfeitamente desenhadas e elas se encaixavam muito bem. Nossa casa é a quarta da sexta rua. Ela é enorme, o meu quarto, perfeito, sacada pra frente da casa, eu vejo minha rua toda daqui e outra sacada menor que dá pra parte de trás da casa. Tem tudo, tudo mesmo na casa. Joguei minhas malas em um canto e me joguei na cama. É tudo tão lindo que por alguns instantes me fez esquecer onde eu estava. Mas, logo me levantei, peguei a enorme caixa com algumas coisas da decoração do meu outro quarto e comecei a arrumar. Estava ficando quente, então resolvi tomar um banho. Troquei minha roupa, coloquei um short curto, uma regata vermelha e um chinelo branco.

– Ash! – gritou Ryan – Desce ai!

– Oi – sorri, aparecendo na outra ponta da escada.

– Nossa, menina, pra que isso tudo? Assim você vai acabar me matando – riu.

– Seu idiota, para com isso, quantas vezes já te falei pra parar? – dei um soco em seu ombro.

– Enfim... – sacudiu a cabeça e voltou a olhar pra mim – O pai saiu com a sua mãe pra fazer algumas compras e pediu pra gente olhar a pequena aqui – apontou pra nossa irmã mais nova, Sara, que brincava na sala.

– Eu? Ahh tá de sacanagem né? A minha cara de babá! – fingi um sorriso e apontei pro meu próprio rosto.

– Não, agora anda, eu também tenho que ficar de olho em você! – me puxou pelo braço – Vem Sarinha, vamos ao parque! – Pegou ela pelo braço também, só que bem mais fraco.

Saímos. Aquele lugar conseguiu me impressionar mais uma vez. Era tudo muito lindo. Chegamos no parquinho que fica dentro do condomínio mesmo, e debaixo de uma árvore enorme tinha uns meninos, que o Ryan fez questão de ir falar com eles, eu fiquei bem parada na minha encostada do outro lado da árvore, olhando a Sara.

– Sou Chaz, esse é Chris e Josh.

– Ahh, eu sou Ryan – pude perceber que ele sorriu depois disso.

– E quem são elas? – um deles perguntou.

– Hm... Minhas irmãs, bem... elas não são filhas da mesma mãe, mas enfim...

Resolvi sair de trás da árvore, talvez um deles fosse de bom proveito, ri comigo mesma, isso era totalmente inútil, esse tipo sempre me fazia lembrar de Kris. Foi quando eu bati o olho naqueles três meninos, não podia ser. Não podia ser mesmo!

– Rayan! Eu vou, pra casa tudo bem? Vou levar a Sara comigo! – fui até o parquinho e levei-a comigo.

Ele apenas consentiu com a cabeça, realmente ele já estava envolvido com aquela conversa toda. Cheguei em casa, Sara tomou um banho e foi dormir. Eu peguei meu biquíni roxo e fui tomar um banho de piscina. Ouvi uma vozes vindo da cozinha e pude reconhecer a do Ryan, então saí correndo, porque na sala é que tem a porta de vidro que dá pro quintal, e eu não queria que ninguém me visse de biquíni. Subi as escadas correndo, me tranquei no quarto, tomei outro banho e troquei de roupa. Resolvi descer e sentar um pouco no sofá, junto com os meninos, sentei bem na frente de Josh, ele, assim como os outros, estava totalmente entregue ao jogo, mas eu pude olhar bem lá dentro daqueles olhos verdes, com toda certeza do mundo, esse era o mesmo Josh que me fez de idiota no baile da escola há 5 anos.

~ Josh ~

Acordei exausto das filmagens que fiz ontem a noite. E hoje o primeiro dia de aula, de novo.

–Josh, acorda! – uma voz familiar soou

– Perai – resmunguei dando uma rodada na cama

– Nem mais um minuto, Srº Joshua Ryan Hutcherson – claro, era minha mãe

– Ok, então eu levanto – abri meus olhos lentamente, por causa da claridade do sol

– Chaz e Chris estão lá em baixo te esperando – ela disse acariciando meus cabelos – Levanta logo! – deu um tapa de leve e riu

– Fala pra eles... – ela já estava longe – esquece – disse baixinho.

Tomei banho e vesti uma calça jeans, uma blusa azul e um tênis branco com detalhes em preto. Desci as escadas correndo, tomei meu café e fui pra escola. Chegamos e digamos que foi meio que estranho tudo parou, era bom, mas diferente. É, era pra eu ter esperado isso mesmo, virei ator, fazer o que né!

Depois fui direto pra casa e revirando o armário achei uma caixinha que tinha alguns bilhetes, mas tinha uma carta enorme lá, é de alguma menina chamada Ashley, ou algo assim, ela saiu daqui uns 5 anos atrás, mas eu ainda guardo essa tragédia, só pra rir. Olhei no relógio e já eram 8:15 p.m. Guardei aquelas coisas e desci, decidi sair um pouco, fui para a “praça” que tem lá no condomínio, encontrei com os meninos no caminho. Estávamos sentados de baixo de uma grande árvore quando chegou um menino, o nome dele é Ryan e ele estava com as duas irmãs, mas eu ainda não tinha as visto, quando a mais velha saiu de trás da árvore, realmente ela é linda. Ryan nos chamou para irmos a sua casa, dava pra perceber em seu rosto que estava desesperado para arrumar amigos, ri comigo mesmo ao pensar isso. Jogamos um pouco de PS, mas logo depois subimos para seu quarto.