Escoltado pelo homem de cabelos loiros, Artemis subiu uma pequena escada de ferro, depois seguiu por um corredor bem estreito que resultava no grande salão.

Era uma mansão admirável. Duas imensas escadas em forma circular. Entre elas, no salão, uma lareira.  Poltronas com aspecto confortável, e uma varanda com entrada de belas portas de vidro, por onde dava pra ver o litoral ensolarado da Califórnia.

Subiu a escada da direita e seguiu até a maior porta. O segurança fez sinal para que ele batesse. Hesitante, Artemis o fez.

Minerva abriu a porta e fez sinal para que Artemis entrasse. O quarto da garota era imenso, uma cama enorme, espelhos por toda a parte, estante com muitos livros, uma mini geladeira, alguns projetos jogados em uma mesa, janelas grandes. Um quarto comum.  Minerva estava de camisola.

– Então, Minerva... – começou Artemis – que tal você me contar o que de fato você planeja com aquele portal?

–Perdão?

– Veja bem, aquilo sem duvidas é um portal. De espaço ou tempo, ou os dois. Evidente os ecos de magia vinda daquela máquina. E você não iria permitir que eu entrasse no seu quarto se não quisesse que eu compreendesse algo. Agora só preciso entender o que.

– Você é esperto Artemis. Mas eu não preciso que você compreenda nada, eu preciso de um favor seu.

Artemis levantou uma sobrancelha.

 – Explique.

– É um portal sim, na verdade, é uma maquina do tempo. Eu ia canalizar a magia das armas dos meus fornecedores, veja bem. Porem você e a sua amiguinha ignóbil apareceram e tornaram as coisas bem mais fáceis. É o seguinte: eu preciso de magia pra fazer aquilo funcionar, todas as armas das fadas tem uma pequena porcentagem, mas com muitas eu conseguiria. Porem agora, você Artemis, me trouxe a capitã. E a magia dela é suficiente.

– O que você pretende com uma máquina do tempo?

– Obviamente, não é da sua conta. Mas eu agradeço por ter me trazido a fada, bastante gentil da sua parte.

– Como?

– Artemis... Você pensa que eu não sei que você me monitora?

Artemis corou. Por a garota ser tão inteligente quanto ele, ele dava uma espiada de vez em quanto, só por garantia.

– Eu sei que você descobriu sobre a minha máquina do tempo. –Continuou Minerva– E você me trouxe a criatura, por que está interessado em me ajudar, e fazer uso da máquina.

Artemis estava atônito. Minerva achava que Artemis estava do lado dela, ela não sabia sobre o complexo de Atlântida, e não sabia que ele já havia viajado no tempo, e que não tinha a menor vontade de repetir a experiência.

– E por que – Perguntou Artemis – Você acha que eu te ajudaria?

– Simples. Você nutre sentimentos por mim.

Artemis estava completamente abismado. Minerva não podia estar lúcida.

Porem Artemis Fowl é Artemis Fowl e não deixa nada passar despercebido, resolveu se aproveitar da situação. Isso era mais do que necessário.

– Minerva... – Artemis tentou fazer a melhor cara de inocente possível – Como você descobriu isso tudo?

–Você acha que é o único cérebro por aqui?

– Realmente... – Artemis se aproximou – O que você precisa que eu faça?

– Eu preciso que você aplique um sedativo naquela criatura nojenta. Simplesmente a faça engolir algumas gotas disso. Só algumas gotas.  Coloque em um copo, sei lá. Preciso dela desacordada para a transição.

– Você confia em mim?

– Não. Mas se você não a sedar, amanha de manha, quando eu for fazer a transição, a falta de magia vai mata-lá de exaustão. Embora eu não me importe nem um pouco, só estou fazendo isso por você.

“Você é completamente louca” pensou Artemis “Eu tenho nojo de você”

– Você acha que eu te decepcionaria, Minerva? – Artemis chegou bem perto e acariciou o rosto de Minerva.

– Só por precaução.

– Certamente, você tem razão. – Artemis abriu a mini geladeira. Era agora ou nunca. Pegou uma garrafa de vinho. – Um brinde?

– Quer me embebedar Artemis? Pensa que sou idiota?

– Ei, calma. Só um brinde ok? Você pode beber água.

Artemis colocou vinho em um copo, água em outro.

– Um brinde – pegou Minerva pela cintura e a trouxe pra perto, sussurrando. – Á nós.

Minerva sorriu maliciosamente e bebeu sua água. Artemis deu um gole em seu vinho.

O sorriso de Minerva se transformou em um misto de confusão e desentendimento. Depois caiu no chão desacordada, derramando o restinho da água no carpete.

Artemis olhou sério, e até um pouco indiferente para a garota no chão. E depois para o frasco completamente vazio em suas mãos. Bom, ela ainda vai dormir muito.

“Estou em forma” pensou, deliciando-se com o seu vinho. Deixou a taça de lado e acessou o computador de Minerva. Em um segundo já havia aberto todas as portas eletrônicas, passou todo o conteúdo para o seu celular e dispensou os seguranças.

“Saiam todos da casa, quero ficar sozinha com o prisioneiro, não se preocupem com a criatura, já tomei devidas providencias”.

Artemis achou coerente. Afinal de contar, ele era irresistível.

Abriu a o ícone de vigilância, e buscou a câmera do porão. Depois de encontrar, viu Holly, e ficou admirando a amiga por algum tempo.

Ela estava sentada de pernas cruzadas na cama, tamborilando os dedos na perna. Parou de se inquietar e fez uma prece rápida, em sussurros. Artemis conseguiu ler seus lábios. “Frond, proteja esse garoto da lama estúpido. Eu não poderia viver sem ele.” Artemis riu. E por um segundo, se perdeu nos lábios de Holly. Lembrando-se da ultima vez que ela tinha dito que não poderia viver sem ele. Logo antes de beijá-lo com seus lábios macios e língua quente. Um beijo completamente surpreso, desesperado e duradouro.

– Eu também não vivo sem você, Holly... – sussurrou Artemis, fechando o ícone da câmera, e indo em direção ao porão.