Reflexos Oblíquos escrita por Nami Otohime, Lady Salieri
A mão larga a caneta que cai,
ela bate no chão e quebra num ruído surdo,
espalha sua tinta, um vermelho bastante escuro.
Não sei se a tinta é da caneta ou da mão que balança,
só sei que escorre, pingando naquele chão turvo.
E conforme a tinta vai evaporando
leva consigo a luz que entrava oblíqua no quarto
através de pequenos buracos feitos a próprio punho,
única luz que aquecia o lugarejo úmido.
Tão devagar quanto sutilmente
o corpo vai esfriando e ficando cada vez mais pesado,
os olhos que antes pediam por piedade são apenas duas janelas opacas,
janelas que dão vista a uma paisagem seca e descorada.
Nenhum príncipe no cavalo branco,
nenhum nobre disfarçado de mendigo,
nenhuma companhia desaforada,
ninguém... ninguém... ninguém...
Enfim, a tinta evaporou e levou todas as folhas da árvore,
levou todo o sangue que corria nas minhas veias...
Me entrego à inércia de uma alma absolutamente cansada,
me entrego... Estou machucada demais pra tentar me arrastar.
(?/?/2005)
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