Char

Fiquei surpresa quando Niall passou as mãos pela minha cintura, mas não me importei muito já que estávamos em uma festa. Estávamos nós divertindo, ele não era o melhor dançarino, mas tinha um gingado muito fofo. Em alguma hora da dança ele pisou no meu pé e disse “ai Charlotte, cuidado aonde pisa” o que me faz cair na risada. Ele era uma criança no corpo de um garoto de dezoito anos. Revirei os olhos ao me lembrar disso. Niall me deixou sozinha em uma parte alta da noite, foi até o bar pegar algo para comer ou beber, eu não me importo e, portanto não lembro. Eu estava contente em apenas estar naquele lugar maravilhoso ao som de uma música incrível que era Swagger Jagger mix do DJ presente naquela noite. Lembro de ter me vestido como eu me vestiria em uma festa qualquer no Brasil, um vestido preto apertado, uma jaqueta de couro preto, salto alto e meu cabelo estava como sempre bagunçado. Eu não mudaria meu jeito só pra agradar aos britânicos, por favor, né meu bem.
— Ei gata. — um cara, alto, olhos escuros, cabelos escuros e um tom de pele assustadoramente branco, sussurrou me pegando pela cintura. Revirei os olhos.
— Olá. Como vai? — tentei não parecer irritada, mas por mais que eu tentasse não conseguia. Odeio esses homens que acham que devem chegar à garota em uma festa, se eu quisesse ficar com ele tinha ido lá e tinha dito “olha aqui, vamos ficar ou o que?”, mas não ele tinha que ter vindo me agarrar como se fosse meu dono.
— Meu nome é Phillip — seus lábios exalavam um cheiro de álcool assustador. — qual seu nome?
— C-Catharina. — menti descaradamente. Ele manteve aquele papo chato de boate e tentou a todo tempo me beijar, o empurrei saindo entre aquelas pessoas quando senti alguém tocar na minha nuca e me beijar. Foi tudo muito rápido, um instante eu estava fugindo do cara bêbado e irritante e no outro eu estava sendo beijada por outro moreno ainda mais bonito. Os britânicos estão atacados ou o que? Eu o empurre com força.

— Idiota! — suspirei. Afastei-me de todos, saindo pela porta de incêndio. Procurei a carteira de cigarros que eu guardava sempre comigo, coloquei-o entre os lábios e estremeci ao lembrar que havia prometido a Juliet que pararia de fumar. Mas eu fumava não porque era viciada, mas porque era bom o suficiente para me deixar longe de comida quando estava chateada. Odeio comida, mas vivia com fome.
“Balofa! Você é uma balofa, Charlotte. Vai chorar é? Vai sair correndo atrás de um bolo? Sua gorda, orca fora d’água”, minha mente fez o favor de fabricar aquele dia novamente. Mariana era a pessoa mais sem coração que eu conhecia e...
— Você fuma? — a voz de Niall me fez tropeçar. O encarei assustada. — Desculpa. O que faz aqui fora enquanto os caras lá dentro me perguntam sobre você? — ele tentou rir como se estivesse dizendo “eles te acham linda, vai lá” e eu revirei os olhos. Acendi o cigarro, escondendo o resto do maço no bolso da jaqueta, encostei-me à parede ignorando o fato dele estar ali. — Você pode falar mais alto? Ainda não consigo ouvir. — gargalhou, encostando-se na parede ao meu lado.
— Porque você é tão irritante? — soltei a fumaça pelos lábios aos poucos. Niall ergueu as sobrancelhas, afastou a fumaça dele e tossiu. Revirei os olhos, apaguei o cigarro, pois não queria ser a causadora de uma polemica do tipo “Niall Horan fica doente depois de ser exposto à fumaça de cigarro”.
— Você é legal Charlotte, só tem que parar de afastar as pessoas. — ele disse caminhando pra longe.
— Não me chame de Charlotte. — resmunguei.
— Está bem, Charlotte!

Ella

Eu os vi se beijando como dói bombinhos apaixonada e desejei secretamente que Louis me beijasse naquele instante. Estávamos dançando, ele brincava com os meus cabelos colocando-os em meu rosto para que eu não pudesse ver o desastre que ele era dançando. Teve uma hora, que uma garota chegou perto e disse “será que você pode fazer o PAC MAN?” e eu não entendi até ele imitar aquele passo que ele vivia fazendo nos shows e que no Brasil era chamado de crew. E depois disso todo mundo ficou olhando pra gente, não todos em geral, as meninas que não tiravam os olhos da bunda do Louis, então eu o virei para o outro lado e a encarei sobre o ombro. Ele deve ter notado, afinal sorriu e alisou meu rosto. Senti minhas bochechas queimarem. Como eu havia sido uma idiota, meu deus do céu!
— Boba. — ele sussurrou. Mordi o lábio, tentando ignorar aquela sensação de formigamento que eu sentia nos lábios.
— Me desculpe — eu o abracei com força porque o DJ disse que a próxima música era pros casais apaixonados. Ou seja, estávamos dançando uma música romântica. — eu sei que sou uma boba.
— A boba mais linda que eu já vi.
— Mais do que o Harry? — gargalhei.

— Ei, não exagera não que o Harry é uma chuchu de tão bobo. — ele riu e me fez rodar no salão. Eu senti um vulto de pessoas passando por mim até notar que estávamos andando em direção a porta da frente. Louis e eu fomos até uma praça que ficava no outro lado da rua, ela estava vazia já que a maioria das pessoas estavam naquela boate quente e apertada. Estremeci ao sentir aquele frio.
— O que estamos fazendo aqui? Está um gelo. — gemi. Ele colocou sua jaqueta sobre meus ombros, me puxou para mais perto e me abraçou. Tentei me aninhar ao máximo em seus braços para me manter aquecida. Londres é um gelo àquela hora, foi nesse momento que olhei no relógio e notei que eram quase uma hora da manhã.
— Quer mesmo saber o porquê estamos aqui? — sua voz saiu tão baixinha, mas me fez estremecer. Senti seus dedos vasculhando meus pulsos, subindo pelos meus braços, brincando com minha nuca, preenchendo toda a maçã do rosto e passando delicadamente sobre meus lábios. Aquilo me causou uma tremedeira assustadora e involuntariamente fechei os olhos. Fechei os olhos porque sabia o que vinha depois, porque eu queria o que vinha depois como quem quer viver livremente depois de muito tempo preso. Sentia seu hálito quente vindo de encontra ao meu aos poucos, seus lábios preenchendo os meus delicadamente e logo o gosto de sua boca estava por todo o canto da minha. Agarrei sua nuca como uma daquelas crianças que segura seu brinquedo mais importante, aproveitando cada instante daquele beijo intenso e tão amoroso. Não era só um beijo, era o decreto para ele ser meu e eu ser dele. Era como se fosse oficial agora, estávamos lado a lado e até parecia que eu havia morrido, pois não conseguia respirar. Se morrer é assim eu quero morrer todos os dias ao lado dele.