Folhas De Outono escrita por Sheeranator Mafia


Capítulo 130
Caderno




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/267862/chapter/130

Acordei com o som do violão vindo da sala. O aquecedor já estava funcionando e já era quase meio dia. Ao chegar na sala, vi Teddy sentado no sofá e Matt sentado no braço do mesmo. Os dois estavam cantando uma música que não era de Teddy, ou pelo menos eu nunca a tinha ouvido. Me aproximei deles e me sentei ao lado de Teddy, eles não pararam, mas ao meio a cantoria, Teddy sorriu pra mim. O celular dele tocou e teve que parar com sua melodia. Pude ouvir o nome de Briony e ele a convidou para o almoço. Ele insistiu duas vezes e pude notar, pelo seu sorriso, que ela havia aceitado. Eles voltaram a cantar e Imogen entrou na sala com uma cliente e durante o caminho, foi mostrando algumas de suas pulseiras, que estavam em seu pulso direito.

A campainha tocou e Imogen atendeu. Briony entrou na sala, após o abraço de Imogen. Teddy se levantou e a abraçou, assim como Matt, que bagunçou seu cabelo, que estava preso por baixo da touca. Brinoy veio em minha direção e forçou um sorriso simpático. Apertei sua mão, que ainda estava protegida pela luva cinza e perguntei como ela estava.

“Bem.” –Ela respondeu.

Imogen a levou para o escritório para ajudá-la a escolher um novo design para os colares. Voltamos a nos sentar no sofá.

“Vocês tem que se tornar amigas.” –Disse Matt, saindo da sala.

“Devo concordar.” –Teddy comentou.

Não falei nada sobre o assunto. Eu não queria causar problemas, na verdade, eu não via problema algum em Teddy e Briony serem amigos. Já aturei amizades piores. Deixei Teddy na sala e fui até o escritório de Imogen. Bati na porta por três vezes, até ela permitir minha entrar. Briony estava em pé ao seu lado, apontando para alguns desenhos depositados sobre a mesa.

“Posso ajudar vocês?” –Perguntei.

Durante o caminho, pensei cinco vezes se eu teria coragem para perguntar isso a ela. Mas com um lindo sorriso no rosto, Imogen disse que eu poderia ajudar quando eu quisesse. Fiquei ao lado de Briony e ela mostrou o desenho que mais tinha gostado. Era o pior de lá. Mas concordei e Briony e Imogen começaram a olhar uma para a outra e começaram a rir.

“Muito bem, Yolanda. Sabemos que esse é o pior desenho, mas quis ser legal comigo.” –Disse Briony, passando seu braço esquerdo por trás da minha nuca.

Sorri sem graça e confesso que demorei para entender. Nós passamos meia hora presas no escritório produzindo algumas pulseiras, colares. O silêncio foi perturbado pelo toque do meu celular. Me retirei de lá e atendi a chamada de Camilla.

“Yolanda? Alô? Yolanda?” –Ela toda hora repetia.

“Estou lhe ouvindo, Camilla.”

“Seu pai morreu.” –Ela disse.

“E por que está tão nervosa com isso?”

“Ele foi assassinado na cadeia. Se descuidaram e ele acabou encontrando com outros presos. Tu sabe, aqui, quando alguém é preso por pedofilia ou violência contra idosos, apanha até a morte.” –Ela disse. –“E foi o que aconteceu.”

Fiquei em silêncio e Camilla achou que a ligação havia caído.

“Passa pra Marcela, por favor.”

“Ela não está, foi reconhecer o corpo.”

Camilla contou oquão abalada Marcela estava e Joana a acompanhou até o hospital, o qual ele morreu no caminho. Confesso que eu não sabia se eu deveria ficar feliz com isso. No auge da minha fúria e medo, nunca desejei sua morte. Talvez, no fundo eu sempre quisesse isso, mas não é o certo a se desejar a alguém. Desliguei o telefone, mas antes, Camilla se despediu dizendo que seu filho nasceria no próximo mês e que ia marcar uma data para tirá-lo, pois não o agüenta mais chutando sua costela. Teddy ainda estava na sala, desenhando um mais laranja em um violão sem nome. Segundo ele, irá presentear alguém.

Fui até o quarto e tirei o caderno da mochila. Voltei a sala e me sentei ao lado de Teddy, curioso, ele tentou três vezes ler, mas não deixei.

“Meu coração é um poço de indecisão. Vi em constante conflito com cada parte do meu corpo. Posso parecer feliz e não estar. Ou ao contrário, raramente serve também. Hoje vejo felicidade em cada canto da minha nova vida. Lutei para conseguir construir algo concreto apenas com areia e água. Consegui. Me vejo em uma posição estável e confortável. Daqui de cima posso ver todos que me fizeram cair e que hoje, rastejam para se levantar. O pouco de frio que sinto, é para me lembrar de que estou viva e que tenho um sangue ainda quente. Sabe que o sorriso dele ainda me dá calafrios? No bom sentido, devo informar. É algo diferente que percorre meu corpo como um choque. Talvez servisse também para me lembrar que ainda há vida dentro deste corpo supostamente vazio. As vezes eu posso sentir meu coração bater em outras parte do corpo, as vezes na barriga, no polegar... “lembre-se de que há vida”.

Seus olhos azuis da cor do céu me fazem viajar em pensamentos e devaneios cruéis. No pior deles, penso em nunca mais vê-los, como um dia passei a acreditar. Tento guardar cada momento como se o amanhã não existisse mais. Talvez, não exista o amanhã que eu imagino...”

“Quer escrever um pouco?” –Perguntei.

Admirado com minha pergunta, Teddy sorriu e largou seu violão de lado.

“O que quer que eu escreva?”

Dei de ombros e fiquei encarando Teddy, que pegou o caderno e a caneta da minha mão. Ele começou a escrever. As vezes, apenas olhava para a página com poucas palavras e voltava a escrever. Ele fechou o caderno e me entregou. Sorriu. Se levantou. Eu estava perdida no meio de tanta página, demorei para encontrar suas palavras. Finalmente encontrei. Sua letra torta e despojada. A caneta falhando, pois o caderno estava quase em vertical quando ele escrevera. Palavras escondidas sob um rabisco, o qual não me deixava as ler. Decidi esperar Teddy sair da sala e comecei a ler seu pequeno texto.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

DESCULPEM A DEMORA, tive muitos problemas e trabalhos para resolver. Me perdoem, vou tentar não demorar tanto, me desculpem mesmo.
Jenny, thewalkingteddy



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Folhas De Outono" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.