PVT Deia

  O mês passou rápido com todo mundo em harmonia, sem grandes mudanças e sem muitas novidades. Eu só conseguia pensar em uma coisa aquela manhã enquanto me arrumava para o colégio semana de prova. Passei o domingo todo estudando com o Niall e o Josh, tínhamos ficado bem próximos e eu estava bem feliz por Nini finalmente ter um amigo homem, Niall sempre foi muito amável com todos mas ainda assim ele não tinha nenhum amigo, tinha muitos colegas que conversava no colégio apenas, Josh poderia ser considerado um amigo, com toda a certeza. Terminei de me arrumar e desci pra tomar o café, antes mesmo que eu pudesse me sentar a campainha toca.

   – Aconteceu alguma coisa? Entra. – Josh estava com a cara péssima como se não dormisse a quase 1 ano.

  – Não consegui dormir nem um pouquinho, fiquei só pensando nas provas e em como eu vou me dar mal, eu não consegui entender nada ontem, é como se eu não tivesse estudado. Cadê o Niall? – Ele sentou-se à mesa e eu comecei arrumar o café.

  – Se acalma Josh, você vai se sair bem, você é inteligente não tem como que se preocupar, quer dizer se você conseguir ficar acordado não terá com o que se preocupar. O Niall ainda não acordou eu acho.

  – Tem certeza de que eu não vou me dar mal?

  – É claro, você acha que não entendeu nada ontem porque está muito preocupado, relaxa.

  – Ta bom, vou confiar em você. Vou precisar de muita cafeína pra conseguir ficar acordado.

  – Eu te ajudo com isso. – De repente o Niall apareceu na cozinha.

  – Ela tem porta em casa sabia? – Eu tive que rir.

  – E quem disse que eu não entrei pela porta?

  – Eu quis dizer a porta da frente e não a da sacada. O dia em que vocês dois caírem de lá, vocês param né?

  – Vocês vírgula, eu não fiz nada.

  – Meninos tomem logo o café, se não vamos nos atrasar pro colégio.

  – Tomara que eu seja atropelado no caminho né?

  – JOSH!!! – Eu e Niall gritamos junto.

  – Que foi? – Dei um tapa em sua testa e fui tomar meu café.

  Fomos nos encontrar com as meninas no lugar de sempre, e nos encontramos com a Camila na porta do colégio ela e a Bruna acabaram se tornando grandes amigas.

  – To nervosa, porque aqui é bem diferente do Brasil e com diferente eu quero dizer difícil.

  – Se acalma Mila, você estudou não estudou? – A Bruna disse dando tapinhas nas costas dela pra tentar conforta-la.

  – Estudei Bru, mas não entendi nadinha de nada.

  – Mila vou te dizer a mesma coisa que disse pro Josh hoje de manhã, você acha que não entendeu porque ta nervosa, se acalma que vai se sair bem.

  – Okay Deia vou tentar.

  – Tentar n+ão, conseguir. – Gabi deu uma batidinha com o dedo na cabeça da Camila e nós entramos.

  Confesso que também estava bem nervosa, sempre ficava com muito medo em provas, mas tentava parecer o mais calma possível e ajudar os outros a se manterem calmos, o engraçado é que tudo o que eu dizia eu “não ouvia”. Na semana de prova nós éramos dispensados mais cedo, encontrei a Gabi e a Malu sentadas na arquibancada do ginásio, nós sempre combinávamos de nos encontrar ali na semana de prova, ficamos esperando os outros e conversando até que elas chegaram, Danielle a rainha da superficialidade e suas fieis seguidoras Franciellen e Adrielle aprendizes de vaca.

  – Olá meninas, eu gostaria que vocês fossem à minha festa no sábado pra comemorar o fim das provas, vocês vão? – Ela devia estar louca.

  – Qual é a pegadinha?

  – Nenhuma, eu queria muito que vocês estivessem lá, todos vocês. – Fiz uma cara de desconfiada. – Ah que isso Andrea, vamos esquecer os nossos desentendimentos do passado, eu já superei e você?

  – Grava isso Gabi.

  – Pera ai Dani tem como você repetir? – Nós começamos a rir. Era uma festa né, a gente tinha que ir.

  – Okay, nós vamos, mas se for alguma brincadeira de mau gosto, você vai se arrepender.

  – Te dou minha palavra, sábado tudo o que já vivemos será esquecido e iremos só nos divertir.

  – Estaremos lá. – Ela nos entregou o folheto e saiu. – Ela deve estar doente.

  – NÉ?! Mas é uma festa não podemos perder.

  Danielle sempre foi apaixonada por Niall e ele era o único garoto que não a queria, uma vez ela pediu pra ficar com ele, mas ele não aceitou, e como eu e Niall somos um só, ela sempre disse que eu fazia a cabeça dele contra ela, então eu sempre fui sua pior inimiga enquanto pra mim ela não fazia diferença nenhuma. O resto do pessoal chegou e nós contamos da festa, Niall não parecia muito animado então enquanto íamos pra casa eu fui conversar com ele.

  – Niall se anima é só uma festa.

  – Não é só uma festa, é a festa da Dani, e você sabe o que isso quer dizer.

  – Ela não vai tentar nada com você, eu vou estar lá, não vou deixar nada acontecer, eu te protejo, prometo.

  – Okay, vou tentar me animar.

  – Vai ser legal, confia em mim.

  O resto da semana passou rápido até por ser semana de prova, a noticia da festa deixou todo mundo mais calmo. As provas terminavam na quinta e as notas saiam na sexta, então sexta o pessoal só ia pra escola mesmo pra ver o resultado das provas e pra jogar, era um ritual toda sexta da semana de prova os meninos ficavam jogando futebol, as vezes basquete até o resultado ser liberado, e as meninas ficavam assistindo ou espalhadas pela escola. Como o Niall fazia parte do time de futebol ele sempre jogava e nós sempre assistíamos, Josh também jogou, então como ficamos só entre meninas os comentários rolavam soltos.

  – Desculpa Deia, eu sei que ele é seu melhor amigo e tudo, mas Jesus como esse Niall é gostoso. – Eu já estava acostumada com esses comentários vindos da Malu, e não conseguia segurar o riso.

  – Eu sei, ele é uma delicia mesmo. Ai meu amigo né gente. – Fiz cara de metida e nós começamos a rir.

  O jogo acabou e quando nós saímos da quadra as notas já tinha sido divulgadas, fui correndo ver se tinha passado, e ufa eu não precisava mais me preocupar. Todos nós fomos bem o que indicava que teríamos muito o que comemorar. Cheguei em casa e subi pro quarto.

  – FILHA DESCE AQUI, PRECISAMOS CONVERSAR COM VOCÊ.

  – Que foi? – Eu fiquei um pouco assustada quando cheguei na sala e vi minha mãe e o Tio Gil sentados no sofá a minha espera.

  – Nós temos uma noticia pra te dar.

  – Boa ou ruim?

  – Isso depende de você.

  – Meu Deus lá vem bomba, fala ai. – Me sentei no sofá.

  – Nós vamos ao Brasil.

  – SÉRIO???? UAUUUUU, TO COM TANTA SAUDADE DE LÁ!!!

  – Só que tem uma coisa...

  – O que? – Meu sorriso sumiu na hora.

  – Nós não sabemos quando nem se vamos voltar.

  – O QUE???? NÃO....NÃO PODEMOS...

  – Filha o Tio Gil foi transferido pro Brasil, por enquanto é temporário mas ainda não sabemos...

  – EU NÃO VOU!!! –Subi as escadas e me tranquei no quarto, ouvi minha mãe bater na porta mas eu não queria falar com ela.

  Não era justo, ela me tirou de tudo aquilo quando eu ainda era uma criança, me fez criar uma vida aqui e agora quer me tirar daqui de novo como se nada tivesse acontecido, ela não podia, não tinha esse direito, como eu viveria sem o Niall, sem as meninas. As lagrimas iam escorando por meu rosto, mas não eram lagrimas de tristeza eram lagrimas de ódio. Fui até a casa do Niall pelo telhado pra não ter que ver minha mãe.

  – Niall...

  – Porque ta chorando pequena? O que aconteceu?

  – Eu vou ter que voltar pro Brasil?

  – E porque ta chorando? Não foi você mesma quem disse que estava com saudade de lá?

  – Você não ta entendendo, eu não sei quando e nem se vou voltar pra cá. Niall minha mãe não pode fazer isso comigo, não pode. – Ele não tinha palavras, não tinha nem forças pra ficar de pé, ele simplesmente desabou no chão, fiquei muito preocupada tentei falar com ele mas ele não respondia, eu o chacoalhava e nada cheguei até a bater na cara dele mas ele não respondeu, e de repente ele levantou sem dizer nada e desceu, eu fui atrás dele super assustada e chorando muito.

  – O que aconteceu? – A Tia Maura perguntou preocupada, mas Niall não falava nada e eu não conseguia falar nada, pois estava chorando muito. Ele tocou a campainha da minha casa e minha mãe atendeu.

  – Tia você não pode...

  – Niall eu sinto muito, mas não tenho escolha.

  – Ela pode morar comigo.

  – Não Niall eu sinto muito mas isso não vai acontecer, ela vai ter de ir comigo e já está decidido.

  – VOCÊ NÃO PODE ISSO É MUITO INJUSTO, VOCÊ QUER DESTRUIR A MINHA VIDA? JÁ NÃO BASTA O QUE FEZ QUANDO EU ERA APENAS UMA CRIANÇA? VAI FAZER DE NOVO? EU NÃO VOU TA OUVINDO? N-Ã-O-V-O-U!!!

  – Lógico que vai, e para de gritar na rua, os vizinhos já estão começando a sair, entra e para de escândalo.

  –TO NEM AI PROS VIZINHOS, ASSIM É BOM QUE ELES DESCUBRAM O MONSTRO QUE VOCÊ É!!! – Niall não dizia nada, mas eu percebi que ele estava chorando. – Mãe pelo amor de Deus não faz isso comigo, por favor.

  – Desculpa filha, mas já está decidido. – Sai correndo, não fazia ideia de pra onde iria, mas eu não queria ficar ali, talvez não voltasse nunca mais, sei lá.

  Fiquei fora o dia todo, já estava começando a escurecer quando resolvi voltar pra casa. Entrei pela casa do Niall porque eu tinha deixado o quarto trancado, ele não estava lá, a Tia Maura disse que ele tinha saído um pouco depois de mim, pedi a ela que dissesse a ele pra ir lá em casa quando chegasse e ela concordou. Entrei no meu quarto e destranquei a porta, parece que minha mãe estava esperando por isso, porque ela entrou.

  – Arrume suas malas, nós iremos amanhã de manhã. – Comecei a chorar de novo, e minha mãe me abraçou. – Me desculpa filha, mas eu não posso fazer nada.

  – É claro que pode você só não quer. – Ela saiu do quarto e eu fui arrumar minhas malas. Algum tempo depois Niall apareceu no meu quarto.

  – Ta tudo bem Niall?

  – Não posso viver sem você, não consigo, não quero viver sem você.

  – Também não posso viver sem você Nini, eu vou dar um jeito de voltar tá?

  – Promete? Promete que não vai demorar muito?

  – Prometo Niall, por nós ta? – Nos abraçamos e ficamos chorando ali por um bom tempo, depois ele me ajudou a arrumar as malas e nós fomos nos sentar no telhado.

  – Nossa ultima noite aqui, quem diria que esse dia chegaria.

  – Ainda parece mentira, me belisca pra eu ter certeza de que não é apenas um pesadelo. – Ele me deu um beijo na testa.

  – Se eu te beliscar vou te machucar. Eu te amo pequena, te amo muito.

  – Também te amo muito Niall, muito mesmo, não sei como... – E o que eu menos esperava aconteceu, Niall me beijou em meio a lagrimas, eu não reclamei não tentei sair, acho que eu precisava daquele beijo, não sei bem o que aconteceu, só sei que queria aquilo mais do que imaginei. Depois de um tempo nos beijando ele me soltou.

  – Me perdoa, não sei bem porque fiz isso.

  – Seja lá pelo que tenha sido e eu gostei. – Sorri pra ele, e ele retribuiu meu sorriso. Ele colocou a mão na minha cintura e me puxou pra mais perto, ficou olhando fixamente nos meu olhos acho que esperando alguma forma de protesto, quando viu que eu não ia dizer nada me beijou de novo. Niall tinha um beijo macio, calmo e ao mesmo tempo quente, ele sempre me deixou com arrepios quando me beijava. Ficamos naquele beijo até perdermos o fôlego, então ele separou nos lábios e me deu um beijo na testa, ele ficou olhando nos meus olhos por um longo tempo até que decidiu dizer alguma coisa.

  – Faz tanto tempo, que tinha me esquecido de como seu beijo é mágico.

  – E eu tinha me esquecido da sensação.

  – E qual é a sensação?

  – Inexplicável.

  – Te amo pequena. – Ele disse me abraçando.

  – Também te amo duende.

  Já estava tarde e eu não aguentava mais de sono, Niall não queria me deixar nem um segundo então ele foi dormir comigo, e cantou até eu pegar no sono.