Runaways escrita por Runaways


Capítulo 26
O bom filho a casa retorna




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POV’ s Nina

Quando cai no buraco fiquei com medo e com aquele friozinho na barriga, mas depois de alguns minutos caindo começamos a desacelerar, como se a gravidade estivesse perdendo o efeito, e aterrissamos suavemente. Olhei em volta e senti uma conecção  com o lugar, como se eu o conhecesse, apesar de nunca ter estado lá. Estávamos no submundo,  disso eu tinha certeza. Abri a mochila e peguei o livro que Quíron me dera. Era um livro-diário escrito à mão por vários semideuses que tinham ido até o mundo inferior e sobrevivido para contar a história. Dei uma folheada até achar a página que eu queria, e o meu temor se confirmou, estávamos nos Campos de Punição.

-O que foi? – perguntou-me Ed.

-Bom... Eu sei onde nós estamos, era o que eu temia...

-Onde?! – gritou Manu entrando em pânico.

-Estamos nos domínios do meu pai – respondi lentamente.

Eles se entreolharam.

-Mundo Inferior? – perguntou Desiree, encarando as almas que estavam sendo torturadas.

-Sim, e caímos justamente nos Campos de Punição, é para onde vão as pessoas que não fizeram o bem – eu disse, tentando parecer calma.

-E como saímos? – perguntou Zain.

-E-eu... – eu disse gaguejando – não faço ideia.

-Como assim não faz ideia?  – disse Zain, e pude notar um tom de pânico em sua voz.

-Só por que ela é filha de Hades não quer dizer que ela saiba o mapa do submundo de cabeça, Zain – disse Ed.

-Ok, desculpe

-Pode ter algo aqui – eu disse abrindo o livro novamente. O folheei e graças aos Deuses havia um mapa. Bom, na verdade estava mais para um rabisco. Havia quatro círculos na folha, e dentro de cada um havia algo escrito. O mais da direita dizia “Campos de punição” , o do lado deste era o maior circulo “Campos Asfódelos” ,  o próximo era o “Castelo de Hades”  e o menor circulo era “Campos Elísios”. Os quatro círculos formavam um semi circulo, também havia uma grande seta que apontava para o lado oposto dos círculos. Presumi que a flecha indicava a saída.

-Pessoal, chega aqui – eu disse e todos fizeram uma roda envolta de mim – nós estamos aqui – e apontei para o circulo – temos que chegar aqui – e apontei para a ponta da seta.

-Ok, então vamos logo ou irei acabar ficando surda – disse Desi tapando os ouvidos. Ela estava certa, quem diria que almas conseguiam fazer tanto barulho?

-E mais uma coisa – eu disse seriamente – não olhem para os rostos das almas, não tentem reconhece-las e não deem ouvidos a elas. Não há nada que possamos fazer por qualquer um que esteja aqui.

Todos assentiram. Começamos a caminhar em direção à saída e quando passávamos pelas almas torturadas elas pediam ajuda. Era obvio que estava sendo difícil não atender ao pedido, mas elas estavam ali por algum motivo.

Estávamos chegando perto da saída dos Campos de Punição, eu já podia até ver os Campos Asfódelos quando fomos obrigados a parar. Havia vinte ghouls de mantos negros guardando a saída. Por sorte eles não nos viram e nós nos agachamos em baixo de uma mesa de tortura que não estava sendo utilizada.

-O que eles são? – perguntou Manu.

-São ghouls – expliquei – são como os seguranças do submundo.

-Você não pode passar por eles? – perguntou Ed – o seu comando deve estar logo abaixo do de Perséfone.

-Não sei – respondi – não tem nada sobre isso no livro.

-Bom, temos que tentar, não temos outro jeito de passar por eles, são muitos – disse Zain coçando a cabeça.

-Tudo bem – eu disse nervosa – vamos tentar.

Sai de baixo da mesa, saquei a espada e andei até os ghouls, com os outros atrás de mim. Tentei parecer confiante, mas não tenho certeza se consegui. Quando cheguei até eles, parei.

-Deixem-me passar – eu disse.

-Infelizmente não podemos senhorita – um deles disse. Me surpreendi por ele me chamar de senhorita. Fiquei sem reação. “Que droga, o que eu faço agora?” pensei.

Ed avançou para ficar do meu lado e me deu a mão. “Awn, que fofo” pensei e imediatamente me repreendi, eu tinha coisas mais importantes para fazer agora. Tomei coragem e disse:

-Como assim não podem? – eu disse em um tom desafiador e ergui a espada levemente.

Agora foi a vez de ele ficar sem reação. Ele estava quase cedendo quando outro ghoul chegou. Ele era obviamente mais importante, pois quando passou os outros se curvaram.

-Não podemos – disse ele, grosso.

Esforcei-me para manter a aparência confiante.

-E por que não podem? – perguntei.

-Porque meu senhor me deu ordens para leva-la até ele – o ghoul disse, pegando meu braço e me puxando violentamente, me fazendo cair. Desi e Ed avançaram para me ajudar, Desi deu um soco na cabeça do ghoul e logo depois Ed fez o mesmo. O ghoul ficou desnorteado e me soltou. Eu me levantei, nós três recuamos e ficamos ao lado de Manu e Zain que já estavam armados. Desi pegou o arco e flecha e Ed sacou a espada.

Estava pronta para lutar quando ouvi gritos estridentes vindos de cima. Levantei a cabeça e vi três criaturas vindo em nossa direção.

-Merda – disse Zain.

-O que são? – eu perguntei

-Benevolentes, criadas pessoais de Hades – ele respondeu.

Elas pousaram na nossa frente e eu estremeci. Elas pareciam três morcegos gigantes, enrugados e eram extremamente feias.

-Que horror – sussurrou Manu bem baixinho.

E como se não bastassem vinte ghouls e três benevolentes, mais dez ghouls haviam chegado cada um trazendo dois cães infernais na coleira. Olhei para meus amigos e vi que todos nós havíamos chegado à mesma conclusão: não tinha como sair ganhando, a vantagem deles era absurdamente grande.

-Tudo bem – disse Manu – nós vamos com vocês.

-Soltem as armas – uma das Benevolentes disse.

Soltamos nossas armas no chão e levantamos as mãos relutantemente. Os ghouls avançaram e se posicionaram a nossa volta. Vi que o ghoul que tinha recolhido nossas armas andava na minha frente e fiquei tentando pensar em um jeito de recupera-las. Depois de alguns minutos caminhando com a nossa escolta chegamos a um grande portão preto que se abriu para passarmos. Quando o atravessamos senti um cheiro delicioso, e percebi que fazia tempo que eu não comia algo. Entramos no jardim mais lindo que eu já vira, cheio de flores multicoloridas, várias arvores frutíferas, algumas estatuas de pedra em tamanho real e várias pedras preciosas do tamanho de bolas de basquete que formavam uma trilha até a porta do castelo de Hades. O cheiro das frutas era muito bom, comecei a ficar com água na boca. Zain me cutucou e disse:

-Não deixe o cheiro te influenciar, se você comer uma dessas frutas você nunca mais vai sair daqui.

Eu assenti e prendi a respiração. Agora que eu tinha parado de pensar em comida, comecei a ficar nervosa. Eu ia encontrar meu pai, aquele que tinha me deixado sete anos em orfanato sem dar nenhum sinal. Senti um frio na barriga e agarrei a mão de Ed. Ele me olhou pelo canto do olho e apertou minha mão. Continuamos a andar pelo jardim e eu tentava desesperadamente achar um jeito de escapar, mas não conseguia pensar em nada. Chegamos ao final da trilha de pedras preciosas e a porta do castelo se abriu.

-Olha só quem está aqui! – uma voz masculina disse – é como dizem não é? O bom filho a casa retorna.


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