POV’s Nina

Tenho que admitir que fiquei nervosa quando Ed se machucou, o corte era grande e quando Zain disse que não conseguia cura-lo me segurei para não começar a chorar. Felizmente conseguimos falar com Quiron e quando chegamos ao acampamento à primeira coisa que fizemos foi levar Ed até a enfermaria. As meninas queriam fazer um tour pelo acampamento, mas me senti mal pelo Ed. Claro que ele estava em boas mãos com os irmãos de Zain, mas eles estavam tão ocupados cuidando da sua perna que não tinham tempo para tranquiliza-lo. Então sentei ao seu lado e conversei com ele sobre várias coisas, desde a poluição de NY até nossas cores preferidas e quando já tinham terminado de costurar o ferimento fui embora para deixa-lo descansar.

Passamos uma semana inteira treinando enquanto Ed se recuperava e não posso negar que gostei. Eu e Manu fazíamos tudo juntas, pois ambas estávamos alojadas no chalé de Hermes e nas horas livres nos juntávamos com Desi e ocasionalmente com Zain. Na sexta-feira Ed já conseguia lutar, e apesar de ainda estar fraco, insistiu tanto em participar da caça a bandeira que Quiron acabou cedendo. Eu, Desi e Manu ficamos em um time e Ed e Zain ficaram em outro. Depois da nossa derrota Manu foi dar uma volta com Katy e eu e Desi fomos até os campos de morangos para relaxar.

Quando chegamos nos deitamos na pequena clareira que havia no meio da plantação e ficamos conversando sobre qualquer coisa. Alguns minutos depois Manu chegou e se juntou a nós.

-O que acham de irmos até o trapiche?- perguntou Desi

-Claro, ainda não fui até lá- respondi, me levantando.

Andamos lentamente até lá achando razões para nossa perda na caça a bandeira e pensando em como melhorar nossas táticas. Avançamos pelo trapiche, nos sentamos na ponta e colocamos os pés na água, tomando cuidado para não nos molhar.

-Ótimo! –disse Manu animada-, agora já sabemos o que fazer na próxima caça a bandeira.

-Próxima? –disse Desiree, levantando uma sobrancelha.

-É! –eu respondi, mas me toquei sobre oque ela estava falando e continuei -, bem, se ficarmos até a próxima sexta é claro.

-Meninas, eu não quero que façam nada que não queiram por mim. Se quiserem ficar aqui, fiquem. Mas eu não vou ficar. –disse Desiree desviando os olhos. Algo me dizia que ela não era muito boa para falar de emoções.

Olhei para Manu, tivemos uma pequena discussão silenciosa, depois sorrimos e abraçamos Desiree, eu de um lado e ela do outro.

-Não vamos te deixar Dede- disse Manu com uma voz doce-, e se tivermos que fugir para isso, assim será.

 Desi sorriu e nos abraçou de volta.

-Ok, ok. Chega de drama- disse Desiree, desfazendo o abraço.

-E ai, perdedoras?- alguém falou atrás de nós

Nos viramos rapidamente e vimos que eram Ed e Zain. Desiree começou a levantar, mas Manu pôs a mão sobre seu ombro e falou um “ignora” em seu ouvido, Desi bufou e se sentou novamente.

-E ai? –eu disse, tentando levar o comentário na brincadeira.

-Com a moral bem melhor que a de vocês com certeza- disse Ed e os dois deram uma leve risadinha.

Depois dessa resposta, Desi tentou se levantar mas de alguma forma Manu conseguiu conte-la. Felizmente ela não conseguiu conter as duas e eu me levantei e fiquei na frente deles.

-Tem certeza que quer começar uma briga?- perguntei, percebendo que as meninas tinham se levantado e estavam ao meu lado.

-Ui! Que medo! –disse Ed estufando o peito.

Nesse momento uma ninfa d’agua botou sua cabeça para fora da água e disse:

-Se quiserem brigar, briguem fora do lago.

Andamos até sair do trapiche e continuamos a andar. Ninguém queria continuar a briga, até Zain sussurrar para Ed bem baixinho: “Elas tiveram sorte”. Manu avançou até Zain e parou na sua frente.

-Toma cuidado com oque você fala- disse Manu com um tom de voz venenoso-, pra não se arrepender depois.

-Calma, não queremos machucar ninguém- disse Ed pondo as mãos para cima.

-Como se você fosse nos machucar, cabeça de alga- disse Desiree com raiva.

-Não iriamos só machuca-las, como iriamos vence-las-disse Ed, dando um sorrisinho.

-Sim, sim –eu disse avançando até estar cara a cara com ele- agora vamos voltar para a realidade. Não precisamos de brigas. Vamos parar por aqui.

-Ta amarelando é?- disse Ed me empurrando

Tenho que admitir que não foi bem um empurrão, estava mais para um empurrãozinho, mas eu fiquei realmente com raiva.

-Não encosta em mim- disse o empurrando de volta com força.

Ele cambaleou para trás. Vi a raiva passar pelo seu rosto. Em um segundo eu estava o encarando e no outro eu estava completamente encharcada. Demorei alguns segundos para compreender o que acontecera, enquanto Manu e Desiree tentavam avançar em cima de Ed mas eram contidas por outros campistas que se amontoavam ao nosso redor.

“Não acredito que ele fez isso” pensei,  tentei avançar mas fui contida por um filho de Hefesto que segurou meus braços. Eu estava realmente furiosa. Senti um aperto muito forte no estomago e de repente o chão se abriu e dois esqueletos saíram do buraco e andaram na direção de Ed. Todos param e ficaram me encarando, depois encararam o os esqueletos, e voltaram a me encarar. Ainda bem que os esqueletos eram lerdos, pois ninguém tinha se mexido para ajudar Ed.

Eu estava realmente confusa, eu tinha feito aquilo? Como seria possível? Ouvi um galope e Quiron apareceu no meio dos campistas. Ele andou até mim e disse sorrindo:

-Parece que temos mais uma dos três grandes aqui, vamos receber essa noticia adequadamente campistas.

E todos se curvaram. Alguns segundos depois os esqueletos finalmente chegaram até Ed, ele olhou para mim.

-Da pra mandar eles de volta? –perguntou Ed, e quando eles chegaram mais perto ele acrescentou- Por favor?

-Eu não sei como- disse em um sussurro

-Peça para que eles voltem- disse Quiron calmamente.

-Hum... Vocês podem voltar para o, hã, buraco por favor? –eu disse, e assim eles fizeram e o buraco se fechou –Quiron, isso quer disser que eu sou filha de ...

-Hades, o Deus do submundo –ele respondeu.

Ótimo. Sou filha do Deus dos mortos, o que mais uma garota poderia querer?