A Vida Secreta Dos Imeros escrita por Kalyla Morat


Capítulo 24
Irmãs pela primeira vez


Notas iniciais do capítulo

Me sinto em falta com vocês meus leitores, peço muitíssimas desculpas pela demora com novos capítulos. Espero que não me esqueçam por isso. Abraços e boa leitura!



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Eu ignorei todos os avisos de Sofia. Correndo perigo ou não, não era hora de ter uma conversa com Victor, não hoje. Além do mais, se eu bem o conhecesse, sabia que nossa conversa seria no mínimo tempestuosa. Eu estaria prestes a entrar em um campo de batalha e com certeza a disputa não seria nada fácil. O Fato é que eu estava cansada demais para começar uma guerra e acabaria morrendo antes mesmo que fosse dado o primeiro tiro. Foi por isso, e só por isso, que sai da casa de Sofia, sorrateira, sem que ninguém me notasse. Não tinha nada haver com o caso de que eu estava com medo de ouvir as explicações de Victor, sobre seu envolvimento com minha irmã, caso ele mudasse o rumo da conversa.

Quando cheguei a minha casa, o silêncio pairava sobre os cômodos. Eu agradeci aos céus por todos estarem dormindo, pois assim eu poderia ir para meu quarto e ficar a sós com meus pensamentos. Pensei na história de Sofia e me castiguei por não ter se quer me lembrado de quem ela era. Agora era claro para mim o carinho súbito que senti por ela desde a primeira vez que a vi no acampamento. Pensei em Victor. Será que ele também frequentava minha casa na Fortaleza junto com sua irmã? Isso explicaria por que eu me sentia tão atraída por ele, apesar de tudo. Talvez eu sempre gostasse dele, desde criança.

Mudei o rumo dos meus pensamentos. Amanhã eu teria um encontro, não tecnicamente um encontro, mas um encontro de toda forma, já que Alex tinha me convidado para o torneio e eu não tinha tido a chance de dizer não. Pensar em um garoto quando você está saindo com outro não é algo elegante a se fazer, mesmo que o outro seja só seu amigo.

Três batidas me tiraram de meu sono. Eu acordei atordoada e abri a porta. Diante dela, Laura me olhava como se eu estivesse acabado de sair de um filme de terror. Antes que eu pudesse falar algo, ela entrou sem ser convidada e se jogou na cama.

- É assim que você pretende ir ao torneio?

- Claro que não, eu acabei de acordar! Laura, o que você quer?

- Você está atrasada.

 - Eu não estou... Ai meu Deus que horas são?

- Uma hora até o torneio começar. Acho bom você começar a se aprontar, se não quiser perder a abertura que é a melhor parte.

- Melhor parte?

- É você sabe... A parte em que os concorrentes são apresentados. Muitos homens e poucas roupas.

- Ai meu Deus como você é... – eu me interrompi antes que falasse o que não devia e começássemos uma briga. Olhei pra ela sem jeito, esperando que me desculpasse. Se ela percebeu minha intenção, fingiu que nada tinha acontecido.

- Vá tomar seu banho Luiza, eu vou achar algo pra você vestir. Só porque eu não quero que você me faça passar vergonha. Não é por você que estou fazendo isso. Você entende, não é?

- Entendo.

Quarenta minutos depois eu estava vestida, na frente do espelho com Laura em minhas costas. Eu usava um short azul marinho, uma bata branca e uma sandália no estilo gladiadora. Meus cabelos ainda estavam despenteados, mas mesmo assim estava bem. Eu me parecia com outra pessoa. Eu era a cópia perfeita e idêntica da minha irmã.

- Agora sim você está apresentável.

- Estou parecendo você.

- Então você está linda, Luiza.

- Você é sempre assim convencida? – ela riu – É sério, Laura, aposto que se você for no meu lugar o Alex nem vai notar.

- Podemos testar isso. Mas antes vamos fazer algo com seu cabelo.

Ela empurrou uma cadeira em minhas pernas me fazendo sentar e com um pente de madeira, alisou o meu cabelo comprido e começou a trança-lo enquanto falava.

-Você sabe Luiza, o torneio é o evento mais esperado pela população. Todos estarão lá, vai ser bom pra você conhecer todo mundo. E pra todo mundo te conhecer. – ela falou essa última parte como se falasse para si mesmo.

- Não sei por que todos gostariam de me conhecer, eles já conhecem você, não há muita diferença, você mesma já me disse isso Laura.

- Querendo ou não, você já faz parte disso tudo, não há como fugir, Luiza. Cedo ou tarde você vai ter que fazer coisas, é bom que eles saibam quem você é antes.

- Do que você está falando Laura?

- Que você está perfeita – ela mudou de assunto apontando o espelho.

Olhei meu reflexo admirando a obra de Laura. Do topo de minha cabeça, uma trança enraizada vinha delicadamente se dividindo em outras três que caiam delicadamente em meus ombros. Nas pontas, um pingente em forma de flor, prendia a trança para que ela não se desfizesse.

- Você é boa nisso – eu disse surpresa – nunca vi algo assim antes.

- Eu te ensino qualquer dia desses. – ela disse com um sorriso no rosto. Um sorriso verdadeiro.

- Obrigada – eu levantei da cadeira e a abracei em um impulso. Ela pareceu surpresa com minha reação e se afastou rapidamente.

- O Alex já está te esperando, é melhor você ir. – ela disse desajeitada.

- Como você sabe? Você não está lá pra ver?

- Ele está lá em baixo desde a hora que você acordou.

- E só agora você me diz isso? Faz quase uma hora que ele está esperando, coitado.

- Tenho certeza que ele não vai reclamar.

Eu saí praticamente correndo do quarto, mas antes que eu chegasse às escadas, Laura me pegou pelo braço. Eu olhei para ela tentando entender o que ela desejava. Ela parece ter percebido a dúvida em meus olhos e tratou de se explicar.

- Nós temos que provar uma teoria. Vamos descer juntas e deixar que ele decida. Se ele acertar qual de nós duas é você, você me deve uma.

- E se ele errar?

- Então eu é que te devo.

- Feito.

Nós descemos as escadas lado a lado em silêncio. Alex, percebendo nossa presença, posicionou-se no pé da escada, próximo ao corrimão. Ele estava tão informal quanto eu e tão diferente quanto. Ele vestia uma bermuda escura com muitos bolsos e uma camiseta clara com uma estampa que eu nunca tinha visto. Em seus pés, tênis confortáveis. Seu cabelo estava mais desarrumado que de costume, e ele parecia mais Alex do que eu já tinha visto.

- Vocês estão lindas meninas – ele elogiou - mas... – continuou ele – a Luz ainda é a minha preferida, Laura.

 Dito isso, ele pegou em minha mão e deu um beijo delicado sobre ela. Agora eu devia a Laura. E ela não demoraria em me cobrar.

- Eu te disse – falou Laura interrompendo o momento – agora você me deve!

Alex riu.

- Vocês apostaram que eu não ia descobrir qual das duas era você? – ele disse me olhando.

 Eu dei de ombros.

- Nós somos iguais, você sabe.

- Diferentes em muitas coisas – ele respondeu simplesmente.

- Bem, se vocês vão ficar discutindo se nós somos ou não iguais, eu estou indo para o torneio. Jonas já deve estar me esperando lá fora. E eu já perdi muito tempo com você hoje irmãzinha.

- Sempre tão agradável! – ironizou Alex.

Laura não respondeu, só mostrou-lhe a língua e caminhou para a porta. Corri atrás dela.

- Laura!

- Oi? – perguntou se virando pra me olhar.

- Você me odeia, mas você foi legal hoje! Obrigada.

- Eu não quero que você me envergonhe, já te disse.

Ela se virou e saiu, deixando, Alex e eu a sós. Antes que pudéssemos partir, ouvi ela gritar lá de fora:

- Eu não te odeio, afinal!


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