Já é segunda. Graças aos céus. Eu não aguentava ficar sozinha nessa escola com o Shouta. O Ma-chan veio correndo me receber. Parecia bem agitado. Perguntava-me o que acontecera no final de semana para te-lo deixado tão alegre.

–O que aconteceu? Por que tanta alegria? –Ele me conduzia até o dormitório dele e de Kaito. Por sorte, teríamos só as aulas às 15hrs.

–Eu... Eu... –Ele travou e corou. –Eu...

–CONTA LOGO! O QUE ACONTECEU?!

–Eu fiz... Hum... Sexo com o Kaito... –Ele parecia um pimentão.

–OH... MY... GOD! –Eu estava tão animada que não conseguia respirar!

–ESPERA! –Ele coloca as mãos em meus ombros. –Foi sexo virtual...

–FODA-SE! AINDA É SEXO! –Eu estava muito animada.

–Mas eu... –Ele parecia tenso. –Eu não sei se é certo. Sou um garoto. Ele também é! E sabe... Hum... É complicado!

–Você gosta dele de verdade? –Eu vi que a coisa estava ficando séria.

–Sim... Tenho medo que ele esteja só, brincando comigo sabe? Eu... Eu realmente o amo.

Ouvir aquilo me fez sentir bem. Sabe, saber que existe amor verdadeiro em algum lugar por ai... Mas acho que ele nunca chegara para mim. Enquanto isso, eu fico aqui, ajudando meus amigos a acharam e se acertarem com o amor. Esse lhe prega muitas peças. Muitas vezes idiota e irritante, nos faz crer naquilo que não existe. Eu acho, realmente, cada um tem sua alma gêmea. Aquela pessoa que é perfeita pra você. Muitas vezes, ela não é o cara lindo e mais popular da escola, muitas vezes, é aquele cara bonitinho que ninguém presta atenção.

O amor esta onde se menos espera. Sabe, se você acha que o príncipe vai aparecer do dia pra noite, está enganada. Sempre tem aquela vozinha irritante na sua cabeça, que diz pra correr atrás. Mas cara, não. Não corra demais! Ele pode ser o amor da sua vida, ou não.

–Yoshita? –A voz da professora me despertou dos profundos pensamentos em que eu me encontrava. –Poderia nos dizer as falas da Julieta? Pelo menos uma delas? No ato II cena II?

–Ah, claro. –Me levantei. - “Romeu, Romeu! Ah! Por que és tu Romeu? Renega o pai, despoja-te o nome; ou então, se quiseres, jura ao menos que amor me tens, porque uma Capuleto, deixarei de ser logo. “

Voltei a me sentar e nem percebi que não tinha pegado o livro. Sabe, eu amo Romeu e Julieta. É uma das minhas histórias favoritas. Apesar do amor tão repentino, eles eram como almas gêmeas. O ato de Romeu, morrer, pela sua amada. Ah, isso me fascinava. Às vezes eu ficava horas e horas pensando em como seria encontrar Romeu. Ah, Romeu...

Julieta, a moça corajosa que enfrentou o pai! Enfrentou a morte! Enfrentou tudo para ficar com o amor de sua vida. Uma moça que estaria disposta a tudo, até a fugir, a ser deserdada, para ficar com o amor de sua vida.

Acho que esse sim é o verdadeiro conto de fadas. Sabe, um final triste. Porém, que em partes, foi feliz. Eles poderiam ficar juntos por toda eternidade. Isso sim é lindo.

–Yuri? –Mais uma vez fui despertada do meu mundo de emoções. –Você está estranha desde hoje de manhã! Tem algo acontecendo com você?

–Ah, não é nada não Ma-chan... Nada não... –Eu suspirei.

Caminhamos juntos até o ginásio. Eu iria descansar um pouco vendo Shouta jogar basquete. Afinal, o Ma-chan me arrastou até aqui para ver Kaito.

Logo que o avistou, me segurou e falou.

–Vamos embora agora! Rápido! –Ele me puxava, corado.

–KAITOOOOOOOOOOOOO! –eu dou um berro! Kaito me fita e sorri, acenando.

Eu pego Ma-chan pelo braço e caminhamos até ele. Quando viu Ma-chan, ficou levemente corado. Aquilo era tão fofo.

–Oláaaaaa! –Eu disse, abrindo um sorriso de orelha a orelha. –Como vai Kaito? Olha hoje eu e o Ma-chan viemos ver o jogo de basquete e... OLHA! SHOUTA! OOOOOOOOOI! –Eu finjo acenar para Shouta. –Opa, vou ali cumprimentar ele! Ma-chan, fique aqui com o Kaito-kun ok?

Sai o mais rápido que eu pude, caminhando até o Shouta, que estava bem confuso. Expliquei a situação e eu e ele ficamos espiando de longe a reação dos dois.

~Enquanto isso~

PDV Narrador.

Ma-chan cora ao ver-se sozinho com Kaito. Esse, sorri, tentando esconder o nervosismo. Eles tentavam não tocar no assunto da noite anterior, mas uma hora ou outra iam ter que falar. Afinal de contas, eram colegas de quarto.

–Olha... Sobre ontem... –Kaito tocou no assunto que eles evitavam. Ma-chan cora. –Olha, eu... Eu gostei mesmo e... Sabe... Não sei se a gente... É... Você sabe... Marcar de sair... E tals...

–Hã, m-mas é claro! –Ma-chan sorri, fazendo a cara fofa de sempre. De certo modo, Kaito cora, colocando a mão na nuca.

~Voltando~

PDV Yuri

–MANO! MÃO NA NUCA! MÃO NA NUCA E SORRISINHO SEM JEITO! YES! – NÃO CREIO! YEEEEEEEEEEEEEEEEEEEES!

–O que aconteceu? O que tem isso? –Ele me perguntou! IDIOTA!

–Como assim o que aconteceu!? Cara, olha lá! Tá vendo a mão na nuca? Então, isso significa que alguma coisa boa aconteceu.

–Mesmo?

–ÉEEEEEEEEE!

Eu estava mais feliz que pinto no lixo. Olhando aqueles dois lá, super fofos juntos. Ah, dá vontade de morder!

Depois de mais um dos meus ataques, nos fomos para o jogo. Nos sentamos na arquibancada, observando os meninos jogarem. Por mais estranho que pareça, meus olhos permaneciam sempre no Shouta. Não importa o que acontecesse. Ele sempre era minha prioridade. Ele sempre se esforçava muito e... MERDA! CARALHO! DROGA!

–SHOUTA! SHOUTA! –Eu desço o mais rápido que consigo da arquibancada. –SHOUTA!

Ele tomou uma falta! O cara o empurrou! Merda! Olha esse machucado! Tá roxo isso!

–Rápido, gelo! –Eu ordenei, me ajoelhando perto dele.

–Calma! Tá tudo bem. –Ele sorriu para mim. Por um momento, eu fiquei calma.

–Não, não tá! –Eu o ignorei, pegando a bolsa de gelo. –Vamos para enfermaria.

Ele engatou no meu ombro (não ajudou muito, afinal, eu sou anã perto dele!) e fomos para a enfermaria. Chegando lá, as enfermeiras fizeram alguns procedimentos e enfaixaram-no.

–Deu uma luxação. Daqui a uma semana some. –Ela me explicou. –Sugiro repouso. Cuide dele em. –Ela bateu de leve no meu ombro.

Eu voltei até a cama onde ele estava deitado, me sentando na beirada. Ele era lindo até machucado... LINDO?!

–Hã, não faça esforço! –Eu disse, tentando parecer normal. Porém, estava muito corada.

–Claro... Você vai cuidar de mim certo? –Ele diz, sorrindo, como um idiota.

–É. Parece que sim. Eu poderia transferir essa tarefa para qualquer garota do colégio que elas iam acertar e...

–NÃO! –Ele me cortou. Estava sério. –Quero que você cuide de mim... Você.

Eu coro e me levanto, indo para a porta da enfermaria.

–Fique aqui. Eu volto logo tá?

Sai, caminhando pelo vasto corredor. Agora, eu teria que aturar mais essa... Mais um problema para minha vasta lista.