Bom, faz uns dois meses que eu estudo aqui. Eu já fiz bastantes amizades. A Kaori e a Maiako são duas grandes amigas. O Ma-chan, digamos que é meu melhor amigo. Shouta é só um idiota pervertido que me persegue e Kaito, Meito e Toshio são amigos dele.

Por coincidência todos nos estudamos na mesma sala. Bom, eu ficaria realmente feliz se o Shouta parasse de me perturbar sempre. Mas fazer o que não é mesmo?

Nesses dois meses, além de amigos, fiz inimigos. Acho que o fato de Shouta ficar me perturbando irrita 80% das alunas desse colégio. Bom, existem dois motivos: 1º porque toda garota que estuda aqui gostaria de ser beijada por ele e 2º eu o rejeito. O fato de ele ser um grande idiota me proíbe de ver um bom e lindo rapaz nele.

Estou na aula de português escrevendo um texto idiota. Bom, a professora mandou a gente escrever como seria a garota ou o garoto perfeito. Bom, eu fui obrigada a escrever essa coisa, e espero do fundo do meu coraçãozinho que ela não me peça pra ler em voz alta. Finalmente terminei essa coisa! Viro-me para janela e tento pensar na vida.

–YURI! –a professora me chama. Vadia. –Que tal você ler seu texto pra gente? Você escreve muito bem!

–Mas é claro professora! –Eu vou te matar sua vadia desgraçada! –Bom, meu texto é muito idiota. Mas ta valendo.

“Procura-se. Procura-se um garoto legal e divertido. Alto e bonito. De cabelos negros e olhos castanhos. Procura-se um gato em forma de homem. Um gato dengoso e fofo que saiba pedir e conquistar. Procura-se um bom rapaz com fama de mal. Procura-se um cavalheiro que saiba tratar bem uma mulher. Procura-se um garoto, que saiba como amar. Procura-se um garoto, que me trate como princesa, mas que me trate como melhor amiga. Procura-se um pervertido. Procura-se um galã, que saiba seduzir. Procura-se o cara perfeito, que teima em não existir. Procura-se o príncipe dos contos de fadas. Ah não, o príncipe não. Afinal, quem gosta de um cara metido a idiota? Eu procuro um cara legal! Eu quero um cara que me ensine a andar de skate e que goste de basquete. Procura-se o cara, que vem me salvar da torre não com um cavalo de pelos brancos, mas sim, um de pelos negros e brilhantes. Procura-se um rockeiro. É eu procuro um garoto imperfeito. Afinal, quem gosta dos perfeitos? Eu quero aquele cara mal da escola, que toca guitarra e fala gírias. Eu quero aquele pervertido que sempre fala besteiras. Eu não quero aquele cara grudento, que sempre me dê flores. Eu quero um cara, que me surpreenda às vezes. Eu quero meu garoto ciumento. Sabe, muitas vezes, ele não precisa cumprir todas as características citadas, mas precisa cumprir duas em especial: Ele tem que me amar, e tem que ser meu. Todo meu. Inteiramente meu.“

Eu recebi aplausos. Bom, algumas até se ficaram de pé. O texto nem estava tão bom. Ah, num instante eu desviei os olhos ao Shouta, que me olhava com um sorriso no canto da boca. Agradeci a sala e a professora.

Sentei-me novamente. Desviei o olhar a janela, e foi ai que me toquei no que tinha escrito. Bom, sem querer, acabei descrevendo o idiota pervertido que eu tanto odiava. Eu senti um frio na espinha quando me toquei. Oh god... Isso é impossível!

–Hey, Yuri-chan! -Ma-chan virou-se para mim. –Você sabe que descreveu o Shouta nesse texto né?

Eu bati a cabeça na mesa. Eu queria me matar. Ah, como queria. O sinal para o intervalo tocou, e eu fiquei ali, na sala, com a cabeça deitada na mesa. Todos saíram. Menos eu... E o Shouta.

–Yu-chan? –Ele me chamou, com aquela voz manhosa dele. –Hey, olhe para mim.

Eu levantei a cabeça, com os olhos fechados. Abri-os com muita calma, e ele me fitava sentado no lugar de Ma-chan. Ah, que merda. Meu coração acelerou. Eu me levantei. O que era aquilo?! Impossível! Eu não sinto nada pelo Shouta! NADA! NADA DE NADA!

–Hey... –Eu senti a respiração dele no meu pescoço e me arrepiei. Seu braço envolveu minha cintura. –Yuri-chan, você me descreveu no seu texto...

Senti os lábios quentes dele no meu pescoço. Mais um arrepio. Maldito. Quem ele pensa que é?!

–Ah, Yuri-chan... –Ele me levantou, fazendo eu me sentar na em cima da mesa. Ele se encaixou no meio de minhas pernas, segurando minha cintura. –Ah, você é tão fofa! Está se entregando a mim...

Eu o empurrei. Maldito. Eu estava mesmo fazendo isso! Mas eu não tinha nem percebido! Maldito! Era isso que ele era!

–IDIOTA! MORRA! MORRA! MORRA! MO... –Eu senti os lábios dele nos meus.

Retribui o beijo, em pouco tempo, eu já tinha desabotoado a camiseta dele inteira. Quando nos separamos pela falta de ar, minha camiseta e a dele abertas por inteiro. Ele voltou a me beijar, e dessa vez, minha mão desceu até o cós de sua calça. Merda, onde isso ia parar?! Voltei a mim e o empurrei.

–IDIOTA! VOCÊ É REALMENTE UM PERVERTIDO! –Eu gritei, descendo da mesa e abotoando minha camiseta.

–EU!? EU PERVERTIDO?! QUEM COLOCOU A MÃO NA MINHA BUNDA FOI VOCÊ! –Ele gritou comigo! MALDITO!

–AH! QUEM VEIO PRA CIMA DE MIM!? VOCÊ! IDIOTA!

–A ÚNICA IDIOTA É VOCÊ!

–CALADO! IDIOTA MALDITO! VEEEEEEERME! MORRAA!

–CALA BOCA MENINA! VOCÊ FAZ UM TEXTO SOBRE MIM E EU SOU CULPADO?!

–QUEM DISSE QUE O TEXTO ERA SOBRE VOCÊ?! TINHA SEU NOME ESCRITO POR ACASO!?

–PAREM VOCÊS DOIS! –Ok, o Shouta não tinha aquela voz fina.

Nos viramos para a porta e surpreendentemente quem estava lá? A diretora. A uma coisa que vinha na minha mente era: “Fudeu a porra toda!”.

Bom, nem preciso dizer que ela nos deixou de castigo. Ficamos o final de semana na merda do colégio. Sozinhos. Ah, que inferno de vida.

–Culpa sua! –Eu disse, a caminho do dormitório.

–MINHA!? –Ele falou como se estivesse indignado.

–É! Sua! Se você não tivesse me agarrado, amanhã eu estaria em casa, aproveitando o final de semana.

Entramos no quarto e eu me joguei na cama. Ah, como isso era reconfortante. Eu afundei minha cara no travesseiro. Tinha um cheiro muito bom...

–Poderia sair da minha cama? –Shouta disse, jogando a mochila no canto do quarto.

–SUA!? –Eu levantei num pulo.

Ótimo, agora eu gosto do cheiro dos cabelos do Shouta! MARAVILHA!

Eu passei o resto do dia deitada. Eu dava uns cochilos às vezes. Acordando de sonhos loucos e complexos. Às vezes, eu acordava e o Shouta estava me fitando tão calmamente. Isso me fazia corar por algum motivo idiota.

Agora eu tenho mais um problema. Além de ter um colega de quarto pervertido, eu tenho uma pequena grande queda por ele. Espera, pequena grande queda?! Ela uma pequena queda! Só isso!

Eu acho...