Crossfire escrita por Jones, isa


Capítulo 5
Capítulo IV


Notas iniciais do capítulo

Dedicado ao Joe pela incrível ameaça no capítulo passado. ;)



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Ronald Weasley estava contando os minutos no relógio. Acordara disposto e nada – nem mesmo uma dose extra do que tivera com Lilá na noite passada – o deixaria mais animado do que implicar com Hermione Granger.

Por isso, quando ouviu o passo típico da doutora pelo corredor, prendeu um sorriso torto e virou-se para um dos colegas, falando mais alto que o necessário:

– Hey Simas, como se pode chamar uma situação em que 500 advogados se encontram no fundo do oceano?

O policial, que estava bem menos disposto que Ronald, apenas encolheu os ombros antes de voltar a se concentrar na própria xícara de café.

– Um bom começo! – Ron respondeu e cinco ou seis tiras riram da piada ao longo do gabinete. Hermione que tivera a chance de ouvir tudo, desistiu do rumo que inicialmente tomaria e se dirigiu para a mesa de seu desafeto em marcha.

Havia certa graça naquela cara zangada, embora Weasley não fosse admitir nunca. Se não fosse tão insuportável, poderia ser bonita, era o que pensava constantemente quando ela o fuzilava com o olhar.

– Vejo que acordou animado não é, Ronald Weasley? – Ela inclinou o corpo por sobre a mesa dele, as mãos espalmadas na madeira desgastada. – Alguém deveria te avisar que até o seu senso de humor é um fracasso. Por sorte, eu acordei me sentindo solidária.

Rony sentiu as orelhas esquentarem. Por um instante, não teve nenhuma reação.

– Ah, é verdade. – Ironizou – Soube que solidariedade é realmente pré-requisito para a profissão que você exerce. – Dessa vez, quase toda a repartição achou graça.

Menos, é claro, Hermione.

A advogada adquiriu um perigoso tom de vermelho que coloriu todo seu rosto.

– Fico me perguntando se ser estúpido é pré-requisito para a sua. – Mas agora o timbre era bem mais baixo e não havia jeito, Ron levara a melhor dessa vez e fazia questão de esculpir um sorriso torto e vitorioso no rosto. Quando Hermione levantou o corpo para ir embora, ele a puxou pelo braço num gesto súbito de ousadia. Entretanto, antes que pudesse cogitar a ideia de dizer algo, Granger sibilou:

– Ou você me solta ou amanhã nesse mesmo horário estará tão sobrecarregado de intimações nas costas que não conseguirá sequer respirar direito. – E aquilo soou tão assustador que ele de fato soltou o braço dela e a observou tomar distancia, com um olhar aturdido no rosto.

Passada a surpresa, precisou resistir à vontade de correr em seu encalço, só para irritá-la um pouco mais. Meneando a cabeça, percebeu que o perfume dela ainda pairava sob a mesa e não conteve um sorriso enquanto ainda seguia com os olhos as pernas bem definidas da advogada.

O dia estava lindo.

Ou, ao menos, era assim que lhe parecia até ouvir o barulho de outros saltos familiares.

– Uon-Uon! – Gina fez uma imitação perfeita da voz fina da namorada do irmão, o que, por outro lado, o fez pular da cadeira. – Ih, aprontando, Detetitve Weasley? – Inquiriu, divertida.

– Eu, não... Eu... Sua...! Gina, mas que diabos...? – Rony gaguejou o suficiente para não conseguir concluir frase alguma. A irmã ainda exibia um sorriso brincalhão.

– Consultora civil, senhor. – E bateu uma continência. – Ao seu dispor.

– Você só pode estar pirando... – Ele se recompôs. – Potter nunca permitiria.

– Se esse Potter é o mesmo Potter que está nesse exato momento discutindo minha admissão no caso com o seu capitão, peço permissão para rir da sua cara daqui a poucos minutos, senhor. – Ela continuou naquele tom falsamente solene.

– Gin, isso não tem a menor graça... – E a expressão preocupada dele acabou por deixá-la um tanto comovida.

– Fique tranquilo. – Pediu num tom gentil. – Posso me cuidar.

– Não. – Meneou a cabeça, irritado. – Eu vou falar com ele e vou falar agora. Você é minha irmã, Gina. Minha irritante e única irmã. Deus sabe que toda a paciência que me deu para não estrangulá-la durante a adolescência era para que você não morresse por qualquer besteira!

– Eu não vou morrer, Ronald.

– Do mesmo jeito que Fred não ia, né? – E ele proferiu a pergunta em um tom tão baixo que ninguém alem de Gina pôde ouvir. Ainda assim, para ela, soou como o pior dos gritos.

Estacou onde estava enquanto Ron seguia bufando pelo corredor, quase ao mesmo tempo em que Harry saia da sala do comandante, o que só o deixou ainda mais raivoso. Os dois trocaram olhares tensos e, sem precisar de nenhuma conversa verbal, dirigiram-se para a mesma sala vazia.

Foi Rony quem bateu a porta com força.

Gina teve o senso de espírito o suficiente para se sentir tensa. Obviamente não contara com a aprovação do irmão, mas também não esperava que ele se importasse tanto. Era irritante e, precisava admitir, encantador o modo como ele se preocupava com ela.

Família era o ponto fraco em comum entre os Weasley.

E ela se sentia culpada por não ter considerado isso no irmão.

– Peço desculpas pelo atraso. – Dumbledore perguntou, levantando-se para saudar a convidada – Como vai, Senhorita Granger?

– Bem, senhor. - Mas ela tinha o rosto ainda vermelho pela recente discussão com Ronald Weasley e o maxilar tenso pelo mesmo motivo. – Espero que possa me dizer o mesmo ao seu respeito.

– Receio que não. – Dumbledore suspirou e ambos se sentaram.

– Dumbledore, é um processo lento e doloroso este pelo qual está passando. – O rosto dela adquiriu uma feição bem mais complacente. – Mas estou otimista quanto aos futuros resultados e espero receber a honra de sua confiança.

– A senhorita bem sabe que a tem. – E ele lhe brindou com um sorriso calmo. – Não tenho duvidas quanto a sua competência, Srta Granger. Mas receio que estejamos longe dos futuros resultados. Não temo por mim, mas... – Ele pensou no caso que estava sendo aberto. Na marca de Voldemort. Não era conhecido pelo pessimismo, mas para onde quer que olhasse podia ver tempos difíceis surgindo. Tinha um adversário que se estivesse realmente de volta ao jogo, jogaria baixo e não hesitaria em expor sua vida pessoal de maneira errônea a fim de manchar a sua reputação e abalar a força policial.

– É sobre o novo caso, senhor? – Hermione se atreveu a perguntar. Era inteligente demais para não desconfiar do que aquilo se tratava. – O que está tendo a atenção da mídia?

– Precisamente. – Dumbledore limitou-se a dizer, entrelaçando os dedos de ambas as mãos. – Talvez seja meu dever avisar Srta. Granger... Estamos entrando em uma via estreita. Confio na sua perspicácia para discernir como proceder a partir deste momento. Particularmente, vou considerar como um dos meus atos mais altruístas abrir mão de sua consultoria em prol da carreira nitidamente brilhante que terá pela frente.

Hermione não precisou pensar duas vezes antes de responder:

– Senhor, desistirei do seu caso apenas quando não lhe for mais útil. Caso contrário, continuarei assumindo como sua advogada, por minha própria conta e risco. – Ela tinha uma firmeza e até certa petulância na voz que fizeram o homem velho e cansado à sua frente sorrir como se fosse estivesse no auge de sua carreira.

– Que assim seja. – Ele a encarou por um instante, antes de acrescentar. – E que eu possa me controlar para não convencê-la a entrar para a polícia. – O comentário fez a moça rir com vontade.

Fosse o que fosse que houvesse acontecido dentro da sala, fizera os dois parceiros saírem carrancudos de lá. Ron não dirigiu uma palavra à irmã e evitou olhar para o amigo que, por sua vez, fazia um esforço tremendo para parecer estar tendo um dia habitual, embora evitasse ser gentil ou solícito com Gina.

As coisas só atenuaram um pouco quando uma mulher de terno dirigiu-se até a mesa de Harry para cumprimentá-lo. Gina podia jurar já ter visto aquele rosto anteriormente e, de algum modo, se afeiçoou a ele logo de primeira.

Foi uma feliz surpresa saber que Potter não esquecera a boa educação daquela vez:

– Hermione, esta é Gina Weasley, ela será nossa consultora civil durante um tempo. – Uma parte se agitou de felicidade por ele ter dito o apelido ao invés do nome e Gina tratou de se repreender por isso.

– É um prazer. – Ela sorriu, estendendo a mão, a qual Gina segurou com firmeza.

– Gina, Hermione é a advogada mais talentosa que eu conheço.

– Então o prazer é meu. – Gina sorriu e não deixou de perceber que a carranca do irmão se acentuava para a advogada e que os dois fingiam que não existiam um para o outro.

– Gina é irmã de Ronald, Granger. – Harry continuou a dar informações, feliz por mediar outra coisa que não fosse o impasse entre os irmãos.

– Ah, bem, eu havia deduzido pelo sobrenome.

– E o cabelo, pode dizer. – Gin acrescentou, fazendo a outra sorrir e concordar com a cabeça.

– E o cabelo. – Hermione repetiu. – Mas isso é tudo. – A advogada não se conteve e Gina esforçou-se para não inclinar ligeiramente o pescoço, como costumava fazer quando julgava estar diante de algum fato, cena ou informação interessante.

Ou estava muito enganada, ou Hermione acabara de insultar seu irmão de uma maneira muito discreta e elegante. De alguma maneira, isso apenas aumentou o respeito de Gina pela moça;

– Agora, sem querer ser rude, mas precisamos trabalhar. – Harry cortou o momento.

– É a primeira coisa sensata que escuto hoje. – Ronald resmungou para ninguém em especial. Hermione lhe lançou um olhar indignado.

– Bem... Nos veremos em outras ocasiões. – Ela se adiantou para ir embora, tornando a olhar para a ruiva.

– Com certeza, garota. – Gina sorriu e desejou que isso acontecesse de verdade.

Seria bom ter alguma companhia feminina no tempo em que passaria por ali.

E algo lhe dizia que seria um tempo relativamente longo.

– Eu quero que vocês saibam que eu ainda não concordo com isso. – Aborrecido, Ron esperou Hermione sair de perto da mesa de Harry para falar – Agora ela é consultora civil para as pessoas. Para que serve uma consultora civil afinal? Olha se isso for um pretexto para...

– Ronald. – Gina respirou fundo antes de continuar. – É um caso complicado e eu posso ajudar, então faça um favor a mim, a Harry e a si mesmo e lide com isso.

– A Harry? Agora você o chama de Harry? – Ron semicerrou os olhos e cruzou os braços.

– Eu deveria chama-lo de John?

– Que tal Detetive Potter?

– Só se você me chamar de Jornalista Weasley. – Ela encolheu os ombros e voltou a analisar a lista de nomes de crianças colocadas para adoção há mais de cinquenta anos.

Ron murmurou algo para si mesmo e Harry girou os olhos, pegando as chaves da viatura.

– Estou indo a Little Hangleton. – Harry anunciou e Gina levantou-se, enquanto Ronald empertigava-se na cadeira. – Jornalista Weasley pode vir comigo. Detetive Weasley, acabaram de me ligar dizendo que Nicholas Macmillan chegou à cidade para os preparativos do funeral do patrão, talvez você queira visita-lo.

– Beleza. – Ron disse, assistindo Harry sair com Gina as suas costas. – Detetive Weasley, você acaba de ser rebaixado a ‘irmão-da-namoradinha-do-Potter’.

– Ok, detetive, por onde começamos? – Gina disse animadíssima.

Eu vou começar entrevistando algumas pessoas, você pode observar e ficar calada, senão volta para o carro. Compreendido? – O semblante policial de Harry acompanhava uma voz igualmente séria.

– Compreendido Senhor-Detetive-Todo-Poderoso-Potter. – Ela ironizou mais para si mesma.

– Ótimo. – Ele falou, ignorando o tom de voz dela.

Gina observou o local, pequenas casas em um vilarejo que parecia alheio a existência de tecnologia e pelo amor de Deus, a arquitetos e designers também. Todas as casas – tingidas de tons diferentes de marrom e bege - eram parecidas. Todas quadradas, pequenas e sem cercas, divididas por ruelas ou por pastos.

– Acho que os Riddle não eram fãs de discrição. – Gina disse, apontando para a casa dos Riddle: uma mansão que ocupava o espaço de dois quarteirões, precisando de cuidados, mas ainda assim imponente e muito bonita, ainda mais em contraste com o resto. – Acho que dava para cinco gerações dos Weasley morarem aí.

– Só se você quisesse que todos morressem, dona.

Instintivamente, Harry colocou a mão no ombro de Gina e virou-se em direção a voz desconhecida. O homem tinha mais ou menos um metro e setenta e cinco e uns quarenta anos, vestia jeans surrados e uma camisa suja de graxa assim como seus sapatos.

– Dizem por aí que a casa é mal-assombrada desde que o Riddle mais jovem deixou a moça com quem se casou ao relento. – O homem continuou a narrar. – Reza a lenda que a moça era uma bruxa, e amaldiçoou a casa e a família Riddle, tanto que estão todos mortos.

– O que mais você sabe sobre essa lenda? – Harry perguntou, recolhendo a mão do ombro de Gina.

– Pouca coisa, minha mãe que vive contando a história. – Ele encolheu os ombros.

– Será que a sua mãe estaria disposta a nos receber? – Foi Gina quem perguntou. Harry lhe lançou um olhar frio, mas se ela o notou, ignorou com louvor.

– Acho que sim. – O homem espanou as mãos na camisa imunda. – É impossível prever o humor da velha. Se ela os receber com um cabo de vassoura, o melhor a fazer é sair correndo. – Explicou antes de apontar e informar o casebre em que a encontrariam.

– Por Deus, as pessoas não deveriam se esconder nas colinas. – Gina reclamou, enquanto equilibrava com graça os saltos nos ladrilhos das ruas.

– Se você não quisesse tanto ter quinze centímetros a mais não estaria reclamando. – Harry girou os olhos.

– Eu estou me dando muito bem com os meus saltos, Detetive. – Ela encolheu os ombros. – Só estou dizendo que esse local é quase um esconderijo. Se eu matasse alguém, jogaria o corpo aqui com certeza.

– Agora eu espero que você não mate ninguém, porque eu já sei onde procurar. – Harry sorriu e ela respondeu com uma careta.

Havia mofo na fachada da casa. Plantas trepadeiras cobriam-na até à altura das janelas de madeira e, bem como os outros imóveis, não parecia nem remotamente agradável.

Gina quis xingar alto quando, enquanto atravessava o jardim destruído com Harry, um inseto grande e desconhecido pousou em sua panturrilha.
Afastou-o com o máximo de indiferença que conseguiu e tornou a erguer o corpo, acompanhando o passo do detetive que reprimia um sorriso.

Tocaram a campainha duas vezes antes que alguém abrisse a porta.

Com o distintivo em mãos, Harry esperou que a senhora consertasse os óculos no rosto.

– Detetive Harry Potter, Departamento Policial de Londres. – Ele se apresentou, mostrando o distintivo.

– Gina Weasley... Só de Londres. – Ela sorriu, enquanto Harry girava os olhos.
– Viemos fazer umas perguntas sobre Tom Riddle. – Harry explicou para o olhar confuso de Grenda Hermsthuy.

– Não nos falamos há mais de cinquenta anos. – A senhora respondeu. – Ele morreu?

– Sim senhora. – Harry falou, analisando a expressão indiferente no rosto da senhora. – Sinto muito.

– Não sei por que! É menos um verme nesse mundo. – Ela disse, encolhendo os ombros. – Vamos, entrem e eu conto tudo sobre aquele filho da mãe miserável.

A sala de estar felizmente era um ambiente mais confortável.

A Sra. Hermsthuy abanou a mão em direção a duas velhas poltronas de couro marrom. Gina reparou no papel de parede pardo de flores vermelhas desbotado. Outrora, deveriam ser bonitos, assim como a estante que pendia levemente para a esquerda e, talvez, até a mulher que se sentava agora de frente para os dois.

Havia uma mesinha de centro onde havia depositada uma bandeja com um bule azul claro, xícaras delicadas e biscoitos de cor duvidosa.

– Então a senhora conheceu Tom Riddle? – Harry perguntou, depois de ter pedido permissão para registrar a conversa.

– Ah se conheci! Aquele infeliz! – Ela reclamou, semicerrando os olhos.

– Deixe-me adivinhar, trocou a senhora por outra garota. – Gina disse, enquanto tentava se desviar o olhar de repreensão de Harry. – Homens...

Harry apertou os olhos para ela, mas a tática pareceu funcionar:

– E não é? – Grenda disse, servindo chá apenas para Gina. – Você imagine que eu e ele éramos namoradinhos, e naquela época isso era um compromisso e tanto, não era como hoje em dia que as pessoas copulam em todos os cantos e lugares com pessoas desconhecidas. Não, se alguém visse algo a mais que segurar mãos, era casamento na certa! E ainda bem que ninguém nunca me viu fazer nada de errado com o Riddle, porque senão eu estaria acabada e sem marido. Acontece que enquanto ele namorava comigo, ele namorava outras garotas e eu nem ligava para isso, porque achava que ele se casaria comigo no fim das contas.

– A Senhora estava bem com isso? – Gina perguntou e Harry girou os olhos.

– Eu não sou interesseira, longe de mim! Mas ele era o melhor partido da vila. – Ela falou, tocando a perna de Gina em um gesto de cumplicidade. – Acontece que eu nunca poderia imaginar que ele me trocaria por alguém e muito menos por aquele bicho do mato.

– Então ele terminou com a senhora? – Harry perguntou, cuidadoso.

– Não é isso o que todos vocês fazem? – Grenda fuzilou Harry com o olhar.

– Quem era a garota? – Gina incentivou.

– Era a filha do velho Gaunt, morava na colina que faz divisa com as propriedades deles. – Ela falou, tomando um gole do chá quente. – Ela era horrorosa. Unhas por fazer, aquele cabelo preto liso que cobria o rosto todo e o corpo magrelo e desengonçado. Não sei o que Tom viu nela, aliás, ninguém sabe. Tudo o que sabemos é que ela se escondia atrás dos arbustos para vê-lo cavalgar e que lançava pedras para assustar os cavalos quando me via na garupa. Era louca.

– Imagino. – Gina falou, cruzando as pernas.

– Mas assim que o pai e o irmão dela sumiram do mapa, dizem que eles mataram alguém, não sei... ela agiu rápido! Fugiu com Tom para Londres e dizem que eles se casaram. – Grenda apertou os lábios. – Não por muito tempo, porque ele voltou pouco depois e nunca mais falou sobre ela. Dizem que ela engravidou, dizem que ela morreu, ninguém sabe. Eu acho que ela volta pra assombrar a casa, porque depois que Tom voltou, não esteve aqui por mais que três meses. Após isso, mudou-se de vez para Londres, e desde que os pais dele morreram, ninguém jamais conseguiu morar naquela casa por muito tempo.

– Obrigado pelas informações. – Harry disse, levantando-se e oferecendo a mão para um aperto.

– Obrigada pelo chá, Grenda! – Gina agradeceu com um sorriso.

– Ah, claro, o que precisar! – A senhora sorriu, beijando a bochecha de Gina.

Harry, sentindo-se furioso, guardou a mão no bolso e não falou até que estivessem de volta ao carro.

– Eu achei que tivesse mandado você não falar. – Ele falou, com as mãos rígidas no volante.

– Você está todo mordido porque a testemunha ou algo assim falou comigo e não com você, não é? – Gina sorriu e Harry continuou com os lábios apertados, olhando para frente. – Ah, qual é? Encontramos o que queríamos procurar não encontramos?

– Eu me viro muito bem sozinho, ok? – Harry disse em tom baixo e rude. Talvez magoado, Gina observou.

– Tenho certeza que sim. – Ela prendeu o riso. – Cada um tem o seu método de conseguir informações, Detetive. Vamos apenas concordar que o meu método foi bem eficiente dessa vez.

– Vamos concordar que você é insubordinada e vai ser algemada a viatura da próxima vez. – Harry sorriu arrogante. – Esse método sim é eficaz.

– Para o bem da minha sanidade mental, é bom que esse herdeiro exista. – Harry comentou ao voltarem para o carro. Estava cansado. As entrevistas eram vagas e recheadas de fatores sobrenaturais absurdas. O mistério que pairava em torno da família Riddle parecia ser a única fonte de diversão daquela gente.

– Para o bem da minha sanidade física, é bom que você pare na primeira barraquinha de cachorro quente que encontrar; - Gina implorou e por um instante se pareceu tanto com Ronald que Harry não soube se devia se divertir ou se sentir culpado.

– Cachorro quente? – Não pôde deixar de perguntar de forma debochada. Ele esperava muita coisa de mulheres com o porte de Gina, mas gostar de cachorro-quente não era uma delas.

– É, cachorro quente, qual é o problema? – Ela o olhou impaciente.

– Nenhum problema Jornalista Weasley. – Implicou, mas fez o que ela pediu assim que tornaram à Londres.

– Novamente você está redondamente equivocado ao meu respeito. – Resmungou, antes de saltar do carro com aqueles saltos agulha.

– Duas dessas maravilhas. – Ela pediu ao vendedor e antes que ele tivesse a chance de perguntar, acrescentou: - Com tudo o que eu tenho direito.

Harry continuou em silencio, ao seu lado.

– Você não vai pedir? – Gina perguntou, assustada.

– Ah, eu... – Se fosse um homem despreparado, teria corado violentamente pelo erro de ter pensado que ela pedira pelos dois. – Não. Estou ótimo. – Gina encolheu os ombros com indiferença, antes de voltar os olhos gulosamente para os cachorros quentes que estavam sendo preparados.

– Hm, isso deveria ser a oitava maravilha do mundo. – Gina comentou depois da primeira mordida no lanche. A expressão de prazer em seu rosto era nítida. Harry nem notou que abria um sorriso.

– Devo deixá-los a sós? – Perguntou.

– Por favor! – Gina brincou. – Eu e esse rapazes... – Levantou os lanches para apreciação – Vamos nos esbaldar juntos. – E mutilou mais um pedaço do que estava aberto. Harry se deixou rir enquanto ela levantava o polegar. Sentiu vontade de lhe tocar o rosto quando notou o rastro de ketchup que ficara no canto da boca dela.

Ao invés disso, apressou o passo de volta à viatura.


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