Leo’s POV

Agora alguém me explica, como, em menos de duas horas, uma garota some do nada? Ajeitei meu cabelo e olhei Jake na porta.

– Como assim ela sumiu Jake?

– Não sei cara, ela simplesmente sumiu, eu rodei por todo a acampamento e nada de encontrar ela. Eu preciso da sua ajuda cara, por favor – ele implorou e eu estranhei.

– Claro, agente pode falar com o Quíron e...

– NÃO – ele gritou e eu dei um passo para trás, ele respirou fundo para controlar sua respiração – desculpe. Não podemos falar pra ninguém Leo, tem que confiar em mim.

Confiar nele, depois dessa eu ri.

– Eu não confio em você, sabe disso.

Ele deu um risinho.

– Nem eu confio em mim mesmo, mas não faça por mim, faça por Annie.

Annie. Jake e ela estavam muito próximos desde que chegamos, eles até dormiram na mesma cama! Suspeito, muito suspeito.

– Podemos falar com João pelo menos? – perguntei.

– Ah cara, eu não quero ser espancado de novo. Imagina só, agente aparece no chalé de Dionisio dizendo que ela sumiu e ele me enche de socos de novo. To bem com a minha cara inteira – ele sorriu.

Devo ter corado, afinal, eu tinha parte nesse espancamento, no qual eu não me orgulhava muito.

– Ta certo, vamos encontrar essa garota – fui saindo pela porta quando Jake me segurou.

– Ahn cara, eu não acho que você vai querer sair por aí só de cueca.

Ele deu uma risada e eu enrubesci, só então percebi que estava apenas com uma cueca branca, bufei e voltei ao quarto colocando um shorts, camiseta e tênis.

Quando me juntei a Jake fomos vasculhar o acampamento, passamos pelos campos de morango, o arsenal, a parede de escalada, o pinheiro da Thalia, a praia, tudo. Só faltava um lugar. O lugar mais difícil de procurar. A floresta.

– Já vai escurecer cara, se agente não encontrar ela? – perguntei.

Jake me deu um olhar duro, que me fez estremecer e continuou andando entre as árvores e a chamar o nome de Annie.

– Ei espere, fique quieto. Acho que escutei alguma coisa – Jake me disse e eu me calei.

A floresta estava silenciosa a não ser por um ruído fraquinho, parecia distante, mas eu consegui entender a palavra que a pessoa pronunciava.

Socorro.

Eu olhei para Jake, Jake me olhou e tivemos o mesmo pensamento. Saímos em disparada de onde o som vinha, era distante, uma voz rouca e doente, finalmente chegamos a fonte da voz. Algo ou alguém estava numa clareira, onde antes tinha sido a batalha do labirinto.

De longe eu reconheci os cabelos negros, era ela.

– ANNIE! – gritei.

Ela se virou pra mim, eu podia ver que não estava nada bem, estava pálida, cheia de terra, seu cabelos emaranhados e ela não conseguia ficar sentada, estava quase caindo no chão.

Por um momento nossos olhos se encontraram e eu soube que eu tinha que agir rápido, ela murmurou:

–Socorro.

E seus olhos viraram para trás, ela caiu, desmaiada.

Meu coração parou e eu travei. Jake saiu como uma bala de canhão até chegar a Annie, que jazia inconsciente no chão. A imagem de ver seus olhos rolando para trás, dela caindo não saia de minha mente.

Jake a tomou nos braços e gritou:

– Venha Leo, preciso de sua ajuda! Annie precisa de você – e saiu correndo com ela no colo.

Isso pareceu me despertar, Annie precisava de mim, sinceramente? Eu amava aquela baixinha, ela era minha irmãzinha mais nova, a qual eu não deixaria sofrer. Nunca.

Saí em disparada junto com Jake e chegamos a Casa Grande, todos deveriam estar jantando pois ela estava vazia a não ser por Quíron, que assim que viu o estado de Annie levantou de sua cadeira de rodas.

– O que aconteceu? – ele perguntou.

– Longa historia, ela precisa de ajuda Quíron. Será que posso falar com você um pouquinho? – Jake perguntou enquanto colocava Annie desacordada na cama.

– Sim rapaz, Leo, por favor, você pode buscar um pouco de ambrosia? Está num pote no segundo andar – assenti com a cabeça e saí correndo ao segundo andar.

Achei a ambrosia e voltei na mesma velocidade, mas algo me disse para parar na porta, eu escutava vozes lá dentro e elas pareciam aflitas.

– Tem que ter cura Quíron! – Parecia ser a voz de Jake.

– Sinto muito rapaz, você sabe tanto quanto eu sobre isso – Quíron respondeu.

– Você tem que fazer alguma coisa! Não pode deixar ela... – As vozes pararam bruscamente – Leo?

Entrei no quarto e Quíron perguntou:

– Quanto você ouviu?

– A partir do “não podemos deixar ela...” – menti descaradamente – do que vocês estão falando?

Essa última parte era verdade, eu não tinha ideia do que os dois falavam.

– Nada Leo – Jake respondeu.

Suspirei e me sentei numa cadeira ao lado da cama da Annie. Amanhã seria véspera de Natal e eu nem tinha começado a mexer no Argo II ainda. Quíron fez Annie comer a ambrosia e eu acabei caindo no sono um pouco depois.

[...]

– Ah vamos Annie! É véspera de Natal, vai ser legal! – eu tentava convencer Annie.

– Não Leo, eu só quero dormir um pouquinho, não estou para festas – ela me respondeu afundando a cabeça no travesseiro do chalé de Afrodite.

Ela estava bem melhor que na noite anterior e agora eu tentava convencer ela a irmos na “festinha” que Percy ia dar no seu chalé. Na verdade só algumas pessoas foram convidadas, entre elas, eu, Piper, Annie, Annabeth, Drew, Jake, João, os Stoll’s e fim.

Depois de muito insistir Dionísio tinha cedido aos pedidos dos campistas e nos deixado fazer essa pequena festa. E agora eu estou aqui, tentando fazer Annie ir.

– Ah, que pena, eu sei que o Jake e o João vão estar lá – eu disse olhando para os lados, me fazendo de santo.

Isso pareceu chamar a atenção dela. Safadinha. Ela suspirou e disse:

– Olhe Valdez, se eu tiver mais um ataque daqueles eu juro que eu mato você! – ela disse e foi ao banheiro se trocar.

Sorri e fiquei esperando ela voltar, alguns minutos depois saiu uma deusa grega do banheiro. Não, pera... Era Annie! CARACA, ela estava incrivelmente linda. Usava um shorts jeans colado e uma blusa branca com um colete encima, ela tinha feito uma maquiagem básica e os cabelos estavam incrivelmente perfeitos.

– Ai Afrodite, me dá um pouco de juízo – eu comentei quando ela parou a minha frente.

– Ih Valdez, se enxerga, você não tinha namorada? – ela perguntou colocando a mão na cintura.

Soltei uma risada.

– Isso é passado Annie, agora tem Valdez para todo mundo – eu comentei.

Ela me deu um tapa no braço e disse:

– Vamos foguinho, eu não quero perder essa festa.

Estendi o braço como um cavalheiro e ela aceitou, encaixando seu braço no meu. Paramos na porta do chalé de Poseidon e entramos devagar, todos estavam lá e todos, absolutamente todos pararam para nos ver quando chegamos. Para mim não, mas ver Annie.

– Ô no meu chalé – Travis soltou com um risinho.

– Fiu-fiu einh Annie? – Connor soltou também.

– Como é gorda essa menina – essa foi do Jake que gargalhou.

Annie estava corada e foi se encontrar com Piper e Annabeth no canto do chalé. A decoração estava impecável, tudo azul, uma música tocava ao fundo e tinha comida azul. Percy, é claro.

Meia hora depois a festa já estava ficando desanimada e eu, com minha incrível inteligência e modéstia tive uma ideia incrível.

– Que tal jogarmos verdade ou desafio?

Todos comemoraram e sentamos em um círculo no chão, Percy pegou uma garrafa não sei de onde e girou. Caiu em mim e em Annie.

– Verdade ou desafio Valdez? – Annie perguntou?

– Desafio– respondi sorrindo.

Ela sorriu maliciosa e disse:

– Um selinho na Piper!

Empalideci.

– Como é que é? – Piper perguntou.

Todos mundo riu e fiquei mais corado.

– Vai aceitar Valdez?

Olhei para Piper, ela assentiu com a cabeça contra a vontade e eu me aproximei dela dando um beijo no canto de sua boca, não um selinho, mas ninguém reclamou. Sou mal.

Percy girou a garrafa outra vez e caiu em mim e Annie de novo, desta vez eu perguntava.

– Sem ressentimentos Leo – ela disse.

– Pode deixar Annie, verdade ou desafio?

– Desafio! – ela respondeu.

Todos do chalé fizeram um “uuh” e eu sorri maligno.

– Beija o Jake!