POV Rosalie.

– Bem, a resposta da pergunta que Carlisle me fez á uma semana traz, de como eu sei meu nome e que tenho oito anos, será respondida no meio da minha história. – Ela disse olhando diretamente a meu pai. – Minha mãe era uma jovem muito bonita. Loira dos olhos azuis, assim como eu. Chamava-se Samanta. Era pobre e morava com sua mãe e seus irmãos em uma favela. Ia todos os dias para escola no centro da cidade. Em um dia enquanto voltava da escola conheceu Michel, no qual se apaixonou perdidamente. Ele era bandido e drogado, mas minha mãe não sabia disso. Sua família e seu amigo- o padre José- tentaram alertá-la, porém ela estava cega de amor. Logo fugiu de casa para morar com ele. Depois de um tempo ele começou a se revelar e ela pode perceber quem ele era de verdade. Mas era tarde de mais, já estava grávida dele. Michel ficou com muita raiva por ela ter engravidado, e queria que ela abortasse a criança, mas ela não aceitou. A partir daquele dia eles começaram a brigar muito, e ela apanhava dele. Acabou virando cúmplice em assaltos e começou a usar droga. Ela ajudava-o sempre a fugir da polícia, a esconder droga e armas, porque apesar de tudo, o amava. E foi no meio disso tudo que eu nasci. Numa noite acabaram dedando para polícia onde Michel estava escondido, e um tiroteio começou. Chegou ao ponto em que minha mãe sabia que iria morrer ou seria presa, então fugiu comigo pelo mato, e me entregou ao padre José. Pediu para que ele cuidasse de mim, e não deixasse nunca que eles descobrissem quem eu era, porque eu merecia ter uma boa vida longe desse mundo. E então ela se foi e nunca mais voltou. – Ela limpou uma lágrima que estava escorrendo por seu rosto e continuou: - Minha mãe sempre contou tudo ao padre, e eles juntos escolherem meu nome assim que nasci. Por isso sei toda essa história e minha idade. Até os meus seis anos o tio José me criou. Sempre me ensinando os mandamentos de Deus, contando sobre a infância de minha mãe, ensinando-me a escrever e a ler. Ele me ensinou sempre a ter muito cuidado com as pessoas, quase nunca eu saia de dentro da igreja. Certo dia Michel foi solto da cadeia, e então o nosso cuidado aumentou. Mas não consegui me esconder por muito tempo, e ele e seus capangas me descobriram. Tio José queria me por num orfanato, pois achava que só assim ele conseguiria manter sua promessa me dando uma vida longe de tudo isso. Contudo não era isso que eu queria, não queria ir para um lugar que não conheço, tinha medo das pessoas. Então fugi. Porém a vida na rua era muito pior. Aqui sofria mais, de fome e frio. Depois de um tempo eles me acharam de novo, e me obrigaram a roubar e a vender droga, em troca de dinheiro. Não era o que eu queria, então desde daquele dia moro na salinha onde fica o sino da igreja. Ninguém sobe lá em cima, nem mesmo tio José. Às vezes desço e pego algo para comer na cozinha dele, outras vezes procurava no lixo ou furtava da casa de alguém. Numa vez quando estava pegando uma roupa do varal de uma casa, Lucas o braço direito de Michel me pegou e contou a ele o que eu estava fazendo. Ele me disse coisas horríveis, falou que eu não tinha escolha, já tinha nascido assim, estava no meu sangue. Eu sempre seria uma ladra. Minha mãe havia usado muita droga na gravidez e eu já tinha nascido chapada. Ele ria muito da minha cara, e sempre que eu respondia, ele me batia. Naquela vez eu jurei que ia me vingar dele. Tive que ajudá-los a fazer várias coisas, ou se não eles me batiam. As pessoas já me conheciam como a “filha do Michel”, como “a pequena encrenqueira”, e outras coisas. Nenhuma criança brincava comigo por medo. E tudo isso me dava mais raiva dele. Á mais ou menos dois messes atrás eles combinaram algo muito grande, e me mandaram ficar com uma mala, caso algo desse errado, eu tinha que fugir com a mala e me esconder, que depois eles me achariam e junto de mim a mala. E deu errado, mas eu percebi que era essa a minha chance de se vingar e entreguei tudo à polícia, e depois fugi, é claro. Eles iriam me mandar para o orfanato, eu sabia. Tudo estava melhor, já que eles tinham sido presos. Porém naquela Sexta-feira, quando ia arrumar alguma coisa para comer em umas barraquinhas de cachorro-quente, Michel e Lucas me acharam. Tinham fugido da cadeia, e queriam se vingar. Tentei correr, mas eles me pegaram. Levaram-me para o meio da rua, e lá me espancaram. Estavam drogados e riam muito. Eu nunca tinha considerado-o como meu pai, nunca, mas aquilo que ele estava fazendo comigo era demais. Eles me deixaram para morrer no meio da rua, em uma noite chuvosa. Eu sempre acreditei em anjos e em Deus, tio José tinha me ensinado isso. Mas se Deus existisse, ele teria me poupado de tanta desgraça. Na minha vida só tinha aparecido uma pessoa boa, que fora Tio José. Porém ele queria me abandonar também. Estava pronta para morrer quando vocês apareceram. Por isso pensei em vocês como anjos que iriam me salvar – Ela deu um sorriso zombando de si mesma, e depois continuou a falar. – Agora vocês entendem o porquê de eu não querer contar isso. Diferente de vocês a história da minha vida é completamente triste. Uma história de terror. Vocês são pessoas maravilhosas. Carlisle é a pessoa mais bondosa e cheia de compaixão que já conheci. O que você e Esme fizeram só prova o quanto vocês são bons. Esme é tão amável, mesmo tendo acabado de conhecê-la já percebi isso. Edward é um cara muito bom, que me fez muito feliz nesses dias. Bella deve ser também uma pessoa muito especial, para merecê-lo. Alice me parece à pessoa mais alegre e fofa do mundo. Jasper me passou muita calma e confiança. Jacob transmite um amor tão lindo por Nessie, só da forma como eles se olham. É algo muito bonito de se ver. Nessie é muito querida, deve ser uma ótima amiga. Emmett é a verdadeira figura de pai que sempre imaginei. Sinto-me protegida de tudo quando estou perto dele. E a Rosalie... É difícil até de descrevê-la. Confio nela desde a primeira vez que a vi. Ela é uma pessoa muito, muito especial. Exatamente como sempre imaginei minha mãe. E é por tudo isso que não queria falar sobre esse assunto. Tinha medo que vocês não me aceitassem mais. E com toda razão, ter uma ladra dentro de casa não é a melhor coisa a se fazer não é? Sabia que vocês iam ter exatamente essa reação. Iam ficar paralisados. – E ela estava certa. Todos estavam sem saber o que fazer. Porém ela não estava certa em dizer que iríamos abandoná-la. Eu nunca faria isso. Instintivamente abracei-a.

– Não irei te abandonar querida! Eu prometi que iria ficar com você, que iria cuidar de ti! Eu te juro que nunca vou te abandonar! – Disse olhando em seu rostinho, e limpando as lágrimas que escorriam.

– É serio mesmo Rose?

– Sim Sarinhah eu juro!

Ela sorriu e depois olhou para os outros. – E vocês? Estão bravos comigo?

– Não, É claro que não Sarah! Você não tem culpa de nada. Você e sua mãe foram vítimas desse monstro que é o Michel. A gente não irá te julgar querida. – Carlisle falou e todos concordaram.

– Agora não está na hora de você descansar? Foi um grande dia. – Emmett disse atrás de mim.

–Sim, eu concordo. – Edward disse chegando mais perto. – Obrigado por confiar na gente princesinha. – Os dois sorriram e ele foi junto com os outros para fora da sala.

Carlisle estava dando os remédios pra ela, e Emm chegou ajoelhou-se ao lado da cama e começou a falar: - Eu jurei para a Rosalie que sempre estaria do lado dela. E se ela te jurou que nunca irá te abandonar, eu vou estar sempre do lado das duas e nunca as abandonarei. – Depois beijou sua testa e levantou-se. Se eu pudesse chorar já estaria chorando, como não podia, estava soluçando. Emmett me abraçou.

– Durma bem, estamos aqui. – Eu falei passando a mão em seu rostinho.

– Dormirei Rose. – E então ela fechou os olhinhos e adormeceu.

Nós três fomos para sala e nos sentamos com os outros. Todos estavam em silêncio. Minha sobrinha chorava baixinho. Todos estavam pensando em tudo que ouvimos. E eu já sabia o que tinha que fazer.

– Bem, Edward já deve ter lido meus pensamentos durante essa semana, e já sabe o que eu irei falar. Depois dessa conversa eu tenho toda certeza. – Olhei no rosto de cada pessoa da minha família, demorando um pouco nos rostos sorridentes de Eddie e de Allie, e por fim olhei diretamente á Emm. – Eu quero adotar Sarah. Quero que ela seja a nossa filha. Quero cuidar daquela pequena para sempre, e protegê-la de todo o mal. Mostrando-a que não existem só pessoas más no mundo. Quero que ela seja nossa, Emm. – Ele ficou me olhando por um grande minuto e depois me puxou para seus braços.

– Eu não estava mentindo sobre o que disse lá dentro. Eu lhe jurei que sempre estaria do seu lado, sempre, e nunca a abandonaria. E se você sempre vai estar do lado dela, eu também estarei. Se seu sonho sempre foi que nós tivéssemos um filho, esse também é o meu. Porque sua felicidade é a minha, sua tristeza é a minha, suas promessas também são minhas, seus sonhos também são meus. Por que sempre estaremos juntos. E agora iremos ter um amor maior, para cuidar e zelar, para sempre. – Eu não sabia o que pensar. As palavras que Emmett havia dito eram uma das mais bonitas que já tinha ouvido em toda minha existência. Como eu o amava. Juntei nossos lábios rapidamente e percebi toda a minha família sorrindo. Eles estavam aplaudindo? Sim, estavam. Não pude deixar de rir, mesmo nos braços de Emm. Depois de um tempo nos separamos e olhamos para a minha família. Tinha que saber a opinião deles.

– E então o que vocês acham? Concordam? – Falei olhando-os.

–Mais é claro! Se isso é o que irá fazê-los feliz eu sempre irei concordar! E vamos dar um jeito em tudo. – Carlisle falou sorrindo.

– E isso é o certo. Essa menina merece ter uma família, e receber todo o amor do mundo, e eu sei que vocês irão dar tudo do melhor á ela. Como Carlisle disse, vamos dar um jeito. Sempre damos. – Esme disse com um sorriso muito orgulhoso.

– Tudo vai dar certo Rose! – Alice gritou dando pulinhos. – Eu vi vocês três sorrindo em frente á uma casa branca. Vocês estão muito felizes.

– Parabéns Rose, Emm! Vocês vão ser pais! – Bella disse nos abraçando.

– E eu vou ter uma prima! – Renesmee correu na nossa direção.

– Calma gente. É o que nós dois queremos, mas temos que ver se é o que ela quer. – Falei á eles.