POV Rosalie

Estávamos todos em férias no Brasil, menos Nathan e Leah que estavam em Lua de Mel na França. Esme havia alugado um grande apartamento, com seis suítes, duas salas - na qual uma era cheia de livros de Carlisle e alguns aparelhos médico, com híbridos capazes de se machucar (mesmo que muito mais dificilmente do que humanos) não gostávamos muito de ficar sem prevenção - e uma cozinha espaçosa.

Ainda tínhamos um pouco mais de um mês antes de ir para os Estados Unidos. Nossa próxima parada, pela terceira vez na história, era Forks. Bella queria estar mais perto de Charlie, pois sentiam que ele poderia morrer a qualquer momento. Phil e Renée já haviam falecido alguns anos antes, em um acidente. Com isso Bella, Renesmee e Nathan sentiam a necessidade de estar com Charlie o tempo todo. Jake não tinha mais o pai, porém Leah e Seth ainda tinham Sue, na qual também aproveitavam o máximo que podiam. 

Antes de partimos para uma nova vida de novo, queríamos aproveitar bastante nossas "férias". Por esse motivo havia uma discussão naquele momento.

— Bem, vocês não precisam nos incluir nesse programa, já que iremos hoje mesmo para ilha de Esme, e voltaremos segunda á tarde. - Renesmee falou se referindo á ela e Jacob.

— Gente vai ser maneiro ir nesse cassino, acreditem em mim! - Meu amorzinho disse já cansado de tanto argumentar.

— Não sei se gastar  dinheiro em um cassino é a melhor opção Emmett! Á tantos outros programas para fazermos... - Esme lhe disse.

— Acho que devemos ir, vai ser legal. E além do mais a Alice nunca irá nos deixar perder dinheiro. - Jazz comentou fazendo a baixinha dar pulinhos.

— Isso! Vai ser muito divertido!

—Tudo bem, tudo bem... - Esme disse convencida. – Então vão todos se arrumar!

Depois de um tempo estávamos todos arrumados, e mesmo sem combinar todos estavam com roupas em tons claros.

Resolvemos ir em dois carros. Eu, Emm, Carlisle e Esme em um, e os outros quatro em outro.

Edward pegou um trajeto diferente, cortando caminho. Entramos em uma rua deserta e sem iluminação, bem no momento em que começou a chover e a ventar. Foi nessa hora que o Edward parou o carro do nada, e Emmett o seguiu.

Saímos todos do carro em direção a Alice, que estava tendo uma visão.

— Edward o que foi? - Carlisle lhe perguntou.

Então Alice saiu do transe e começou ela mesma a contar:

— Eu vi uma menina, que não deve ter mais de oito anos. Jogada no meio da rua, ela sangrava muito. Chovia, estava escuro, ela chorava... Tudo muito horrível.

— Alice acha que a menina deve estar no final dessa rua na qual nos encontramos. - Edward explicou.

Meu coração se apertou com o jeito que eles falavam. Senti um frio dentro de mim, apesar de tecnicamente eu não sentir frio. Não sabia porque, mas queria ajudar aquela criança. Não era justo deixá-la ali sozinha. O lugar que estávamos não tinha um fluxo regular de pessoas ,  certeza que demorariam á encontrá-la. Seria tarde demais... Eu tinha que ajudá-la, a gente tinha que salvá-la...

— Então temos que ajudar a menina! Não podemos simplesmente deixá-la morrer.

— Rose, humanos morrem o tempo todo - Jasper me lembrou. Mas na mesma hora se contorceu com a onda de raiva que emanei para ele.

— Mas não bem no nosso nariz! Se podemos ajudá-la... Carlisle você pode!

Carlisle me ignorou, e olhou para Edward.

— Você consegue escutar os pensamentos dela?

—Não, ela deve estar mais á frente. - Acenou com a cabeça em resposta.

— Amor, concordo com Rose. - Esme me apoiou. - É uma criança! Sabe se lá quando alguém vai encontrá-la.

— Podemos ajudar. - Bella concordou também.

— O que estamos esperando? A menina pode morrer á qualquer momento! - Gritei. Porque ainda estavam parados? Estava decidida a ir eu mesma se não fossem. Emmett estava rígido ao meu lado. Carlisle suspirou.

— Então vamos.  - Ele e Edward concordaram. - Bella, Jasper, Emmett... Vocês querem ficar?

—Não, irei junto. - Bella falou, enquanto os dois concordavam silenciosamente. Apertei a mão de meu marido feliz com sua escolha.

— Ok, então vamos! - Eu disse correndo em direção ao nosso carro, logo estávamos em movimento.

Então logo comecei a sentir o cheiro de sangue, e a vi estirada no chão. Sai do carro em disparada, e quando vi seu rostinho paralisei.

Ela tinha os olhos azuis mais bonitos que eu já tinha visto, com grandes cílios, sua boquinha estava machucada e aberta em um “ó” perfeito, suas bochechas eram rosadas, seus cabelos eram encaracolados e de um loiro muito bonito, e ela possuía covinhas. Exatamente como o bebê de minha amiga humana, exatamente como Emmett. E naquele momento eu soube que não conseguiria simplesmente sumir dali sem salvá-la. Essa vontade se intensificou com a quantidade de machucados que ela possuía. Tinha fraturas por todo o corpo, e havia muito sangue...

Naquele momento lutei para me controlar, e percebi que só Carlisle e Emmett estavam do meu lado. Rígido igual uma pedra, sem respirar. Deveria estar usando todo o auto controle que nem possuía. Edward estava com Bella, mas falava com Carlisle de longe.

Olhei novamente para a menina, enquanto prendia a respiração. Ela era tão linda, uma verdadeira bonequinha, não merecia morrer.

— Carlisle a salve! Faça alguma coisa!

— Tudo bem Rose, temos que levá-la á um hospital.

— Não, a salve você, não á tempo de ir ao hospital! Vamos voltar para o apartamento!

— Acho que não é uma boa ideia. - Edward disse.

— Como assim? Temos que salvá-la logo!

— Carlisle não deve ter tudo o que precisa no apartamento. - Ele rebateu.

Edward e Carlisle começaram a pesar a situação, e todos palpitavam, e enquanto isso eu não aguentei e comecei a passar a mão nos cabelinhos dela.

—Vai ficar tudo bem! Eu Juro! Vou cuidar de você! Vai ficar Tudo bem! Vou te ajudar... - Eu sussurrava á ela.

— Eu acredito em você! Mas por que demoraste tanto?

Levei um susto, ela havia falado comigo? Ela acreditava em mim? Como assim... Ela me esperava? Não, ela devia estar se confundindo.

Olhei para Carlisle e implorei:

— Carlisle, cuide dela, por favor!

Ele então a pegou no colo com cuidado, e me mandou ir para o carro. Ela gemia, e aquilo me doeu profundamente. Sentei no banco de trás e ele á colocou no meu colo.

Emmett entrou na frente, e Esme foi no outro carro. Carlisle deu as instruções para eles e entrou no banco da frente.

Eles estavam discutindo? Como assim! A gente só precisa salvar a menina, e eles ainda tinham dúvida? Só tinha que salvá-la!

— Não vamos levá-la ao hospital! Eu já disse!

—Amor, o estado é muito gra...

Cortei a frase de Emmett pela metade.

— Não importa! Temos que dar um jeito!

Escutamos choros, ela estava chorando! Meu Deus, o que aconteceu com essa menina!

Aqueles olhinhos tão puros, cheios de lágrimas...

— Eu vou ficar com você! Não chore! Eu ficarei contigo... - Tentava acamá-la de alguma forma.

—Minha anja... - Ela disse-me sorrindo.

Minha anja? Aquela bonequinha tinha me chamado de anja? Mal ela sabia que eu estava muito longe de ser um anjo...

Carlisle e Emmett nos olhavam. E ela foi fechando os olhinhos. Havia pegado no sono.

—Carlisle a gente pode cuidar dela na sua sala! Conseguiremos o que for necessário.

— Tudo bem Rose, iremos tentar. É o mais rápido, ela está em péssimo estado.

Quando chegamos, Carlisle me ajudou a levá-la para cima, e logo começou a verificá-la. Os outros tinham ido atrás de algumas coisas que precisávamos, e enquanto isso eu e Edward ajudamos o Carlisle.

Após algum tempo ela estava com o sangue estancado, Carlisle precisou fazer cirurgia em algumas fraturas, e depois imobilozou-a. Ela havia quebrado a perna esquerda, e o tornozelo direito torcido, havia fraturado três costelas e o braço direito, sua cabeça estava muito machucada, e os hematomas eram muitos.

Não conseguimos chegar á uma grande conclusão. Pelos feridos poderia ter sido atropelada, mas naquela rua onde não passava nenhum automóvel? Haviam hematomas que pareciam ser de espancamento. Não tínhamos como ter certeza.

Discutimos por um bom tempo sobre o que devíamos fazer com ela, e depois de pedir muito consegui convencê-los de esperar até que ela acordasse, e depois decidir o certo.

Emmett e Jasper voltaram ao local onde a achamos, havia o cheiro de duas pessoas que se perdiam no meio de vários cheiros em uma favela. Eles constataram que aqueles monstros tinham algo a ver com o acontecido. Todos nós morremos de raiva, mas Esme não deixou que eles continuassem sua viagem de caça.

Enquanto eles ainda discutiam algumas coisas, caminhei até a sala “médica”, sentei-me numa cadeira ao lado da cama onde ela estava, e fiquei admirando-a. Escutando seus batimentos que estavam calmos, sua respiração, seus lindos cachos...

Como alguém conseguiria machucá-la? Um anjinho com ela? Pois ela sim era um verdadeiro anjo. Minha anjinha.