A Fúria dos Etruscos (Percy Jackson Universe) escrita por Phoenix M Marques W MWU 27
Notas iniciais do capítulo
Olá gente
Nosso grupo de novos meio sangues finalmente chega a seu destino depois de jornada cheia de obstáculos.
— Espere aí! – exclamou Paul de repente. – Eu não posso ir sem levar meu irmão! Não posso deixá-lo sozinho. Minha mãe ficaria furiosa.
Hunter encarou Paul como se farejasse um resquício de brincadeira no que ele disse.
— Você tem um irmão? – indagou.
— Tenho! – respondeu o outro. – Robert Richardson, da primeira série!
Hunter assentiu.
— Nossa, dois irmãos...! – exclamou ele, mais para si mesmo do que para outra pessoa. – Aquele velho não me disse nada...
Um trovão soou ao longe.
— Ops – fez Hunter, olhando preocupado para o céu. – Preciso tomar cuidado com o que falo.
— Como assim? – indagou Rina.
— Não é nada – disfarçou Hunter. – Paul, acho melhor você ir buscar seu irmão, mas vá depressa.
— Hã, OK – fez Paul, e saiu em disparada, ainda atordoado, de volta pelo corredor.
Hunter olhou seu relógio de pulso. Presente do padrinho. O tempo ia correndo. Quanto mais tempo demoravam a sair, mais nervoso ele ficava.
— Tomara que ele volte logo – comentou.
— Ei, Matt? – perguntou Rina, um pouco tímida, erguendo a cabeça para falar com Hunter. – O que mais você sabe sobre a minha mãe?
Ele tomou fôlego.
— Olha, Rina...
Mal ele terminou de dizer isso, uma brisa forte irrompeu pelo corredor. A porta da saída da escola, que estava entreaberta, fechou-se de repente. As portas do outro lado do corredor abriram-se estrondosamente.
Diogo Gospiggs surgiu no corredor, com um sorriso malicioso no rosto. Suas roupas estavam bastante rasgadas nos locais mais improváveis. Seu rosto e seus braços estavam com bem mais pelos do que o habitual, e ele estava mais gordo e mais alto. O odor medieval que só Hunter sentia agora emanava pelo local, e seus pés, descalços, não emitiam sons ao pisarem no chão.
Neko, Dippie e Rina gritaram ao mesmo tempo, e as três correram para trás de Hunter. Gospiggs se aproximava sorrateiro e curvado, como se fosse um gorila.
— Meu Deus! – exclamou Neko, horrorizada. – O que houve com ele?
— Essa é a verdadeira forma dele – anunciou Hunter.
— Geralmente não me apresento assim – rosnou Gospiggs, e sua voz estava mais grave e rouca. – Mas a ocasião pediu esse visual.
— O que é ele? – soluçou Dippie desesperada.
— Um Hobbit – disse Hunter. – Uma criatura fantástica da Idade Média conhecida por ser profundamente inteligente, ágil, furtiva, saber se disfarçar muito bem, não emitir som ao andar e saber se relacionar facilmente com qualquer pessoa. Apesar de ser extremamente peludo, fedorento e pouco higiênico.
— Oh! – exclamou Gospiggs, parecendo impressionado. – O monitor sabe mais do que aparenta. Mas você também não é humano, não é, Hunter? O que você é? Não vai conseguir esconder isso desses meio-sangues que você quer salvar.
— Meio-sangue? – indagou Rina. – O que é isso?
— Que história é essa de que você não é humano, Matt? – disse Neko, intrigada.
— É por isso que eu só ia explicar tudo a vocês quando chegássemos ao local. – Hunter puxou a mochila e abriu-a, como se procurasse algo. – Estava com receio de que alguém como ele tentasse me impedir.
— Ah, e o que me denunciou? – disse Gospiggs, fingindo-se de desentendido.
Hunter puxou da mochila uma flauta prateada.
— Só o jeito com que você se aproximou deles para conversar hoje. Você não era próximo deles. Foi muito suspeito. E desde o começo do ano que eu sinto esse seu cheiro.
— Argh! – Dippie cobriu o rosto com as mãos. – Que cheiro horrível!
Hunter tomou fôlego (o que foi um ato muito corajoso, devido ao mau cheiro de Gospiggs que enchia o ar), olhou para a flauta, atirou a mochila no chão e encarou Gospiggs.
— Se vou ter um problema com você, Gospiggs, quero saber o porquê.
— Não é simples? Tenho que matar os meio-sangues que Hunter quer resgatar.
Gospiggs se adiantou e juntou os punhos, encarando o monitor.
— Você é um Hobbit – disse Hunter, como se a afirmação ferisse o outro. – Você não foi feito para lutar. Apenas para...
— Oh, alto lá. – Gospiggs aspirou a sujeira acumulada nos braços peludos com o nariz, o que foi bastante nojento. Parecia que Neko, Dippie e Rina estavam prestes a desmaiar. – De fato, não sou muito chegado a lutar. Mas, como os meus senhores ofereceram-me uma excelente recompensa por esses meninos, eu não tive opção senão aceitar. Agora, passe esses meio-sangues para cá, e eu talvez poupe a sua vida miserável.
— Nem morto – disse Hunter categoricamente. – Darei a minha vida, se for necessário, para protegê-los.
Sem aviso, ele avançou na direção de Gospiggs. O Hobbit ficou surpreso, mas também pareceu achar idiotice a atitude de Hunter. O monstro avançou, mas o monitor saltou sobre ele no último instante, e acertou-o na cabeça com a flauta.
Gospiggs gemeu de dor, e um galo protuberante se formou no local atingido. Aproveitando-se da distração do oponente, Hunter, após voltar ao chão, avançou novamente sobre o monstro.
Dessa vez, porém, Gospiggs estava preparado. Assim que Hunter pulou sobre ele, o Hobbit agarrou as calças do monitor e puxou-as – mas Hunter conseguiu escapar, largando as calças e caindo em pé.
— AGH! – berrou Neko, apontando para as pernas de Hunter.
Ou seriam as patas? As pernas de Hunter eram peludas, com cascos redondos no lugar dos pés, como os pés de um bode.
Gospiggs riu.
— Aha! Vejam, crianças, quem é o seu protetor! Um animal! Dá mesmo para acreditar nele depois de ter escondido isso de vocês?
— Infeliz! – bradou Hunter, fuzilando o monstro com o olhar. – Crianças, peço desculpas, mas vocês descobririam mais cedo ou mais tarde. Eu sou um sátiro.
— Sátiro? – exclamou Dippie, ainda chocada. – Aqueles moços do teatro que fazem peças satíricas?
— Não – disse Hunter, olhando tristemente para as meninas. – Sou metade humano, metade bode.
Rina fez um barulho de enjoo.
— Nem quero saber como ele nasceu.
Gospiggs atirou as calças de Hunter no chão.
— Agora que tudo já foi esclarecido, acho que já posso acabar com vocês. Esse seu golpe com a flauta não vai funcionar duas vezes comigo!
— Você não é um Cavaleiro para dizer isso – criticou Hunter. – No entanto, há um jeito mais fácil de acabar com você.
Hunter levou a flauta aos lábios e começou a cantar.
A melodia do sátiro era extremamente suave, e conseguia, inclusive, dispersar o odor de Gospiggs. Neko, Rina e Dippie pareceram se recuperar do choque por descobrirem que seu monitor era um sátiro, admirando a música.
Somente Gospiggs parecia apavorado. Ele pareceu perceber o que o esperava tarde demais. À medida que Hunter tocava, plantas surgiam do chão do corredor e se enroscavam no monstro. O Hobbit tentava mordê-las, rasgá-las ou arrancá-las, mas elas subiam pelo corpo dele com uma velocidade impressionante, e muitas outras plantas nasciam como galhos ou ramos das primeiras, acelerando o processo.
— Não...! – Gospiggs tentou gritar, mas as plantas cobriram sua boca e se enroscaram em seus braços. As garotas observavam estupefatas. Logo, a cabeça de Gospiggs estava sob vários ramos, e apenas seu braço direito era visível, debatendo-se e arranhando o ar.
Hunter soltou uma última nota, e as plantas apertaram ainda mais o monstro, até que se ouviu um pequeno barulho de estouro, e o braço de Gospiggs se desfez em poeira. Havia apenas um emaranhado de galhos brotando do chão do corredor.
— Problema resolvido – anunciou Hunter enquanto apanhava suas calças e as vestia de novo.
— Você o matou...? – indagou a pequena Rina.
— Não exatamente – disse Hunter. – Apenas fiz ele se desintegrar e sua essência de monstro voltar para o Tártaro. Se dermos sorte, ele levará alguns meses ou anos para se recompor.
Nesse momento, as portas do corredor se abriram novamente, e Paul regressou, segurando seu irmão, Robert. Ele era baixinho, de cabelo encaracolado e liso, com olhos castanhos miudinhos, e parecia extremamente surpreso.
Paul notou a coluna de plantas brotando no meio do corredor.
— O que diablos foi isso?
Neko assobiou, impressionada.
— Não sabia que você falava espanhol, Paul.
Ele corou.
— Eu, hm, tenho conhecimentos – disse sem jeito.
— Vamos deixar o papo cabeça para depois – avisou Hunter. – Precisamos ir.
— Ahn, Matt? – chamou Dippie. – Aquilo devia estar acontecendo?
Ela apontava para as plantas. Uma fina camada de poeira parecia se erguer delas, formando contornos humanoides.
— Essa não. – Hunter parecia apavorado. – Ele está voltando.
— Ele? Quem? – indagou Paul.
— O que está havendo aqui? – chorou Robert.
— Neko, explique o que aconteceu a Paul e Robbie no caminho – pediu Hunter. – Precisamos partir, agora.
Eles se encaminharam para a saída. Não tinham avançado muitos passos longe do prédio quando Dippie perguntou:
— Matt, você não disse que Diogo levaria alguns meses para se recompor?
— Não pronuncie o nome dele – avisou o sátiro. – Nomes têm poder. Quanto a ele se reerguer... Isso só pode ser um problema enorme.
O prédio da escola estava quase sumindo a distância, quando eles ouviram, lá de dentro, um grito feroz.
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