Diário De Uma Vampira escrita por Katherine Pierce


Capítulo 3
Sensações


Notas iniciais do capítulo

Demorei mas postei! Eu sempre esqueço de postar... haha



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Abri meus olhos e me vi em uma sala meio empoeirada e muito escura. Olhando pela janela dava para ver que havia anoitecido e devia ser quase meia noite.

Olhei para o lado e havia um antigo abajur e como estava escuro demais resolvi ligá-lo, mas assim que a luz surgiu meus olhos queimaram e rapidamente o desliguei. Está certo que não seria a primeira vez que meus olhos ardem na luz forte, mas dessa vez ardeu muito mesmo, como se eu tivesse dormido por anos e era a primeira vez que via a luz.

Observei mais ao redor, o aposento era muito amplo, bem mobiliado, porém tudo parecia antigo. Olhei minhas roupas, ainda usava as mesmas de quando vi aquela loira...

Aquela loira! Mas o que estava acontecendo? A única coisa que me lembro era que ela me jogou pelos lados e me obrigou a beber o sangue dela e ela mordeu meu pescoço... Aliás, onde estava? Nunca estive num lugar assim.

De repente percebi que estava com uma leve dor de cabeça e no estômago, o que era raro na minha situação. Vi uma porta e me dirigi a ela, não queria ficar lá nem mais um minuto, aquele lugar me dava arrepios.

Mas antes que eu pudesse sequer ter chegado perto, a porta se abriu. A loira que havia visto aquele dia surgiu, mas dessa vez estava limpa e com olhos muito verdes.

– Kaylla.

Meu nome saiu agudo e até um pouco sereno e por uma fração de segundos vi que não tinha presas. Teria sido uma alucinação no beco? A única coisa que pude dizer foi:

– Como sabe meu nome?!

– Eu te conheço desde que nasceu, mas você nunca ouviu falar de mim. Meu nome é Lexis.

Olhei firmemente em seus olhos verdes, eram dóceis, mas perigosos, não queria me arriscar a ter uma briga com ela.

– Eu não te conheço.

Não sabia o que dizer a ela, muito menos sabia do porque estava lá, dialogar nunca foi um dos meus pontos fortes.

– Está com fome? Beba isso.

Ela me estendeu uma taça que parecia ter surgido do nada, contendo um líquido muito vermelho. Fiquei com receio, mas de fato havia percebido que estava com fome sim, então peguei a taça. Tinha um cheiro delicioso e até familiar, quando bebi o sabor explodiu em minha boca. Não sei explicar como era exatamente o gosto, mas era realmente divino, antes que percebesse já esvaziara a taça toda e eu queria muito mais.

– Gostou? Quer mais?

Concordei me sentia faminta como ninguém e minha cabeça começou a girar. Lexis atravessou a sala e foi a uma porta da qual tirou um cara desmaiado, ela o carregava com muita facilidade para um homem daquele tamanho e os dois se sentaram no sofá, da qual me reuni a eles esperando o que ia acontecer.

Muito rapidamente, da boca de Lexis surgiu enormes presas que vi aquele dia e mordeu o pescoço dele fazendo sair rios de sangue. Entrei em choque, gritei e rapidamente me levantei realmente assustada, mas assim que o sangue começou a à cair, imediatamente o cheiro me consumiu, invadindo cada espaço de meus pulmões e pela força de um impulso que nunca senti na vida. Então, sem pensar, sem saber o que realmente queria, me aproximei e mordi o pescoço do homem a minha frente completamente em transe.

O sangue fresco me invadiu, queria beber tudo o que estivesse lá dentro, não conseguia parar, não queria parar! Minha cabeça girava de tanto prazer e nunca havia sentido algo parecido e quando não pude puxar mais nada joguei o corpo para o lado me sentindo quase que completamente saciada.

Demorou alguns segundos para eu perceber o que realmente aconteceu, fiquei horrorizada. Por que fiz aquilo? O pobre homem jazia morto agora no chão por ter todo seu sangue drenado, como fiz isso?

– Parece que afinal, acabou. – Lexis disse.

– O que você fez comigo?

Minha voz saiu aguda e assustada, me sentia culpada e quase que à beira das lágrimas, acabei de matar um homem!

– Você acabou de completar a transformação.

– Mas do que você está falando? Transformei no quê?

– Não é óbvio? Vampiro.

– Isso não existe – agora de fato eu ria, porém era uma risada nervosa – conte-me a verdade!

– Já lhe contei, você é um vampiro, acabou de drenar o cara, que outra prova você quer?

– Não acredito em você!

Na verdade até podia acreditar, mas eu não podia aceitar. Gosto de vampiros e sou fascinada por eles, mas sempre achei que eram fictícios. Vampiros? Bom, existem loucos pra tudo.

– Você é o que é se tornou em uma de nós e...

– Espere “uma de nós”? Existem mais?

– Vi que de fato acredita. Sim, há vários de nós, todos muito mais velhos e poderosos que você. Tecnicamente você é apenas uma novata, não existem vampiros mais jovens do que você. Você foi transformada numa idade muito nova para um humano. Realmente faz séculos que uma humana de quase 16 anos vire vampiro, pois a maioria não entendia e não aceitavam uma nova vida. Você vai precisar da minha ajuda para se adaptar. Posso te ensinar a sobreviver.

Fiquei quieta, tinha minhas dúvidas ainda. Escutei todas as suas palavras com atenção e cada uma delas me acertou como uma facada e, eu simplesmente não conseguia não aceitar. O que ela disse para mim não fazia sentido, mas meu cérebro se recusava a ignorar aquelas palavras, conforme ela dizia, eu refletia e pensava no significado e nas conseqüências daquilo.

Não estava mais assustada ou em dúvidas de ser ou não um vampiro, sempre fui apaixonada pelas histórias e desejava me tornar uma, mas para proveitos próprios. Eu me tornando um vampiro significava uma nova vida, poderia fugir de casa e me viver sozinha sem medo de passar fome, frio ou dor. Claro, tinha a desvantagem da luz solar e a sede de sangue mas para sair de casa para sempre achei que valeria a pena.

Mas era coisa demais para mim no momento. Apesar de querer desesperadamente sair de casa, sem a supervisão do meu pai por todo lugar aonde ia, acho que não conseguiria deixar a vida que conhecia. Sempre achei que seria melhor, mas agora, me sentia mal. Talvez até medo.

– Você aceita?

Olhei para ela fitando seus olhos verdes profundos então fechei meus olhos tentando conter a luta da indecisão dentro de mim. Então me decidi.

– Não. Realmente não quero aceitar nada do que disse. Como fica minha antiga vida?

– Ora, ficará para trás! Você nunca foi feliz na sua casa e nem nunca será. Sim, eu sei – ela disse ao ver minha cara de espanto – Seu pai briga sempre com você sempre que possível, sua mãe não tem coragem para te defender dele, ninguém sabe da sua vidinha triste porque ninguém se importa realmente com você. Você vive no seu mundinho triste, não chora pra ter a ilusão de que é forte, mesmo sabendo que isso só te machuca ainda mais por dentro. Gosta de ficar sozinha porque acha que ninguém poderia ser verdadeiro com você. Tem medo das pessoas. Tem medo de ser diferente. Eu te dei a chance de mudar, e você não aceita mesmo?

Novamente, fui pega de surpresa pelo seu conhecimento. Como ela poderia saber de tudo aquilo? Como ela mesma havia dito, sempre fui e fiquei sozinha, como ela poderia me conhecer tão bem? Nunca a vi em parte alguma, nem em casa, ou na rua. Nunca havia visto ela.

Cada palavra me acertou porque todas eram verdadeiras. Mas eu era teimosa e orgulhosa demais para admitir isso para ela.

– Não quero sua ajuda! Deixe-me ir embora!

Ela fitou meu rosto por alguns momentos e então desapareceu e uma janela havia sido aberta e soprava uma brisa suave no meu rosto.

Procurei por ela, mas não tinha mais nada, me virei para a porta e quase tropecei no homem morto. Desci as escadas onde tinha outra sala, percebi que a maioria dos moveis estavam cobertos com capas e os objetos estavam cheios de pó, não entendi porque alguém iria embora e deixaria tudo abandonado. Atravessei a sala indo para uma porta que pelo visto era minha saída daquele lugar.

Estava na floresta, o ar fresco era agradável. De certa forma sabia como ir para minha casa, mesmo não sabendo onde estava exatamente.

Pensei no que aconteceu lá na casa. Sou inteligente em relação aos vampiros, embora as lendas e mitos e histórias fossem muito diferentes umas das outras, de certa forma o que todos eles têm em comum é a força e a velocidade, além da beleza física. Meu corpo parecia o mesmo, magro e pálido, então devia testar o que sabia.

Corri. Tudo parecia um borrão a minha volta, o vento batia com força em meu rosto, mas não senti frio, meus reflexos e coordenações estavam afinados, me esquivava e pulava conforme os obstáculos.

Então parei de correr, me aproximei de um enorme tronco de árvore da qual somente uma máquina poderia movê-la. Peguei com as duas mãos, inspirei fundo e tentei levantar. Senti-me como um mutante porque levantei o tronco com facilidade e o joguei com força para o lado derrubando uma árvore.

Dobrei meus joelhos e dei um impulso para saltar, de fato pulei tão alto que parecia dar a sensação de voar. Ao sentir que ia caindo estiquei minhas pernas para me apoiar numa árvore. Saltei para um galho próximo, era ótimo!

De repente olhei para o horizonte, logo, logo o sol iria nascer e sabia que deveria correr porque todas as histórias os vampiros queimam ao sol.

Voltei a correr e em questão de segundos cheguei a minha casa. Entrei rapidamente e esbarrei em uma das empregadas noturnas que ia saindo ao terminar o serviço..

– Ai! – Ela disse.

Ela acabou esbarrando em um vaso próximo e caiu ao chão junto com ele.

– Me desculpe, eu...

Então eu vi. Eu vi o sangue e imediatamente minha cabeça começou a flutuar ao desejo, e, assim que ela se levantou avancei para seu pescoço e tampei sua boca para que seu grito de dor e terror fosse abafado.

Foi a mesma sensação que tive, junto a aquele homem que Lexis me trouxe, mas por alguma razão, quando senti seu corpo fraquejar rapidamente voltei a mim, e percebi o que estava fazendo e me assustei. Afastei seu corpo para longe de mim e lutava para não cair em tentação novamente.

Ela me olhava com os olhos semicerrados como se estivesse fraca demais para mantê-los abertos, e acabei entrando em pânico, e alguém a visse seria razão suficiente para meu pai me internar ou coisa parecida.

– Por favor, não morra! Meu Deus...

Examinei seu pulso, seu coração ainda batia, ainda bem. Mas por quanto tempo continuaria assim? O que ia fazer? Não podia deixá-la lá...

Então vi os primeiros raios de sol apareceram pela janela, não o suficiente para me tocar, mas precisava sair dali.

A empregada se mexeu nos meus braços finalmente abrindo completamente os olhos assustados como se lembrasse do que havia acontecido. Os raios foram aumentando sua extensão e ouvi passos ao longe. Ela ia abrindo a boca para, possivelmente, gritar, mas acabei tampando-a em desespero e apenas lhe disse, olhando firmemente em seus olhos:

– Por favor, não conte a ninguém, esqueça o que aconteceu, não diga nada!

Ela arregalou ainda mais os olhos, não de medo, mas de espanto e logo sua expressão ficou confusa, quase serena como se nem soubesse do que eu estava falando.

Ouvi os passos se aproximando e fui correndo para meu quarto que por sorte não era longe. Mas por acidente acabei me encostando à luz solar que passava pela janela próxima à porta de meu quarto e na mesma hora minha pele começou a ficar vermelha e a queimar, ficando quase em carne viva.

Afastei rapidamente dela, e logo a pele começou a se regenerar instantaneamente para meu alívio. Dessa vez, mas rapidamente, desviei cuidadosamente todas as luzes que iam passando pelas janelas e cheguei ao meu quarto. Infelizmente percebi que a janela estava aberta, e a porta era um dos únicos lugares que não estava iluminado. Que ótimo. Teria de usar toda a minha força de vontade para me adiantar à janela e fechá-la mesmo sabendo que iria causar uma dor quase tão inerte quanto havia sentido agora a pouco. Mas eu não podia ficar a porta esperando a luz cessar, ainda mais porque estava no começo da manhã e precisaria aproveitar essa oportunidade que o sol estava fraco.

Inspirei profundamente, coloquei uma de minhas mãos na luz e imediatamente começou a fumegar e depois a queimar. Teria de ser rápida. Inspirei novamente e entrei rapidamente na luz me dirigindo incrivelmente rápido para a janela e fechá-la. Nunca senti tanta dor física antes, parecia que cada parte de meu corpo estava começando a pegar fogo e minhas entranhas reviraram dentro de mim, mesmo com os olhos fechados podia senti-los queimando por dentro, foi um alívio imenso finalmente chegar à janela e fechá-la.

Respirando pesadamente me dirigi ao espelho e me espantei ao ver o rosto que estava refletido. O rosto que antes era pálido, fino e magro, estava ainda mais pálido, porém mais definido para não me dar uma aparência esquelética. Minha boca estava suja de sangue, mas ela parecia mais carnuda, meu nariz estava reto e fino como sempre fora. Mas o que me surpreendeu foram meus olhos. Eles estavam muito mais brilhantes e era de uma magnífica, intensa, mas exata cor da safira e não conseguia desviar o olhar. Olhei meus dentes, estavam muito mais brancos e retos e, a não ser que eu estivesse enganada, haviam ganhado uma aparência mais pontiaguda nos dentes de trás.

Abaixei meus olhos para minhas roupas e vi fortes, mas pequenos vestígios de sangue. Despi-me e tomei um demorado banho de água fria. Pus roupas e me fitei novamente no espelho, a aparência era a mesma que vi uns instantes atrás, porém, claro, mais limpa.

Deitei e pensei no que havia acontecido. Com Lexis, no beco, na casa, na floresta, com a empregada... Assim que me lembrei da empregada senti um pequeno traço de arrependimento e vergonha. E se Lexis estivesse certa e eu precisasse mesmo de ajuda?

E quanto à luz? Devia ter alguma coisa para me proteger daquilo. Talvez eu precisasse mesmo da ajuda dela... Minha vida não seria como antes, já havia aceitado que era vampiro na casa na floresta, precisava, talvez, de ajuda. Mas não tão desesperadamente quanto se poderia pensar.

Claro que poderia me virar sozinha talvez, mas precisava descobrir mais sobre isso.

O dia foi se arrastando lentamente, estava chato não ter o que fazer e não poder sair do quarto por medo de me queimar novamente então não tive muitas opções. Tentei dormir, mas meu corpo estava muito desperto, ou talvez porque os vampiros não precisem dormir... Isso seria uma desvantagem, sem poder dormir para passar o tempo e viver cada momento da minha vida presa em meus próprios pensamentos sem conseguir escapar deles. Assim que finalmente anoiteceu, sai do quarto e estava decidida a encontrar Lexis, a buscar mais respostas.


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Notas finais do capítulo

Vocês vão me tacar pedras porque o próximo capítulo não ta pronto ainda... Mas eu posto da próxima vez que entrar, juro!



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