Diário De Uma Vampira escrita por Katherine Pierce


Capítulo 4
Algumas Informações


Notas iniciais do capítulo

hum...



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Saí do quarto dando uma espiada pra ver se estava tão vazio quanto parecia. Atravessei o corredor que estava iluminado apenas pelos lampiões do lado de fora da casa.

Desci as escadas atenta a qualquer som que poderia ouvir, não queria nem um pouco estar sendo vista saindo de casa à noite. Não que alguém fosse se importar, mas tudo parecia mais tenso ao meu redor e não sabia explicar o por quê.

Mesmo estando tudo vazio fui até a porta na ponta dos pés, e quando me aproximei dela alguém me chamou e fez meu peito e meu corpo dar um salto de tanto susto que levei.

Suspirei tentando me acalmar, como se fosse possível, e me virei, torcendo desesperadamente que não fossem meus pais.

Por sorte, era só uma empregada. Mas A empregada. A que eu tinha atacado de manhã.

- Perguntei aonde vai.

Arregalei meus olhos, não achei que ela falaria com tanta calma, esperei que ela fosse gritar ou me acusar, ou então sair correndo na direção oposta, qualquer coisa menos isso.

- Vou sair.

- Mas onde?

- Dar uma volta.

Ela me analisou, pude perceber seus olhos ficarem espantados ao me olhar, aí então sua expressão mudou como se estivesse tentando se lembrar de algo que não conseguia, quando percebi isso levei outro susto.

- Escute sobre hoje de manhã... Sinto muito.

- Sente sobre o quê? Do que está falando?

- Sobre hoje mais cedo, depois que esbarrei em você por acidente...

- Esbarrou em mim, como assim?

- Você não se lembra?

- Não de você. Lembro que quando acabou meu turno estava indo embora de manhã, aí comecei a me sentir mal e acabei caindo e derrubando o vaso perto da porta. Não me lembro de você esbarrando em mim ou cruzando meu caminho. Está se sentindo bem?

Arregalei meus olhos de novo, de fato também não esperava por isso, como ela poderia não se lembrar? Não que eu esteja reclamando, mas o que eu fiz não era algo que alguém pudesse esquecer.

Ficamos nos encarando por alguns segundos, sua expressão me indicava que realmente não se lembrava de nada de manhã. Será que ela tinha batido a cabeça em algum lugar? De um jeito ou de outro acabei me tocando que tinha que sair, e já que ela não se lembrava não valia à pena perder tempo com explicações desnecessárias.

- Estou bem. Acho que não estou dormindo o suficiente...

- Se precisar de algo pode me pedir.

- Não.. Estou bem, obrigada, preciso mesmo sair.

- Avisarei sua mãe...

-NÃO! Quero dizer... – apressei a corrigir-me ao ver sua cara de espanto – quero dizer, não precisa se incomodar, não vai demorar muito.

- Tudo bem então.

Esperei ela se afastar e quando ela estava fora de vista analisei cada milímetro da sala para ver se não tinha mais ninguém para me incomodar. Encostei o ouvido na porta para identificar qualquer sinal de vozes ou passos. Nada. Então saí.

Ao primeiro toque da brisa em minha pele me fez perceber o quanto estava agradável ficar fora de casa, lá dentro tudo agora parecia pequeno e abafado embora a casa fosse grande e muito espaçosa para apenas três pessoas e alguns criados e o ar-condicionado estivesse ligado para manter cada centímetro de dentro a uma temperatura que antes considerava excelente.

Acontece que lá fora estava muito mais fresco do que me lembrava e conforme a brisa invadia meus pulmões parecia que tudo havia voltado à sua velocidade normal. Estava louca para provar de novo a sensação de correr na velocidade que ganhei.

Mas perto de casa não! Eu sei o quanto de gente bisbilhoteira tem aqui por perto.

Saí andando para longe de casa, me lembrava vagamente da onde era a casa que Lexis havia me levado, lá era aonde queria ir. Assim que atravessei a boca da floresta como num piscar de olhos porque acho que andei rápido demais, adentrei mais a fundo sentindo prazer de me ver livre daquela forma, escalei árvores, pulei de galho em galho, pulava no chão para depois subir de novo nas árvores, nunca havia me sentido tão livre e parecia que nunca ia parar.

Quando ia dar outro salto, alguma coisa pegou meu pé e me puxou para baixo, teria quebrado meu nariz se eu não tivesse sido rápida e tivesse girado o corpo de uma maneira que nunca imaginei que faria para cair de pé no chão novamente. Olhei ao redor para procurar o culpado, mas não havia ninguém.

- Se divertindo?

Olhei para trás à procura do dono da voz. Lexis estava lá em cima sentada num galho com uma expressão serena, os pés cruzados, os cabelos esvoaçando e a pele e os olhos verdes brilhando a luz da lua.

- Estava me observando?

- Não exatamente. Eu a vi correndo, fiquei curiosa para ver o que fazia.

Talvez - não sei ao certo se vampiros podiam - eu teria corado, ela devia ter achado minhas atitudes infantis e isso era constrangedor para mim. Mas ela não pareceu ligar para isso, tinha uma expressão séria e seus olhos me analisavam como se eu fosse algum programa de televisão interessante.

- Você tem excelentes reflexos, até demais para uma velocidade dessas. E aprendeu a controlar sua velocidade depressa, isso é bom.

- Vai me dizer logo porque está aqui?

- Diga você, não é você que estava querendo me procurar?

- Como você...?

- Eu sei de muitas coisas.

- Já que é assim então não preciso dizer o motivo da minha vinda.

- Não. Eu sabia que você iria vim, seu dia não foi fácil trancada no seu quarto o dia todo, não?

- Andou me vigiando? Perguntei indignada.

- Sim e não, mas não é preciso ser gênio para saber que passou o dia todo no quarto com as horas passando devagar. E sua empregada então, ela poderia ter tido um choque enorme.

- O que??? - Olhei para ela indignada. – me vigiou e ainda não fez nada? Eu poderia ter matado aquela mulher, parou pra pensar?

- Ei, calma ai. Eu ia parar você se as coisas estivessem ficando feias, mas eu vi que você conseguiu ter controle, fiquei admirada que um vampiro recém-criado pudesse ter alto controle daqueles de parar bem no meio da alimentação!

- Tanto faz, devia ter me parado! E quanto ao sol heim? Quase morri tentando fechar a janela do meu quarto!

- Ah sim, ato corajoso o seu, não esperava por aquilo, entrar no sol sem proteção nenhuma mesmo sabendo que seria queimada, e mesmo assim você foi lá e pronto! Não precisa ficar brava, já passou, já disse que teria te ajudado se precisasse, eu que te transformei e nesse ato você se tornou responsabilidade minha, é claro que eu não deixaria você sair por ai atacando a cidade inteira, muito menos teria te deixado morrer pelo sol. Apenas queria que visse que precisava de mim.

- Bom, pelo visto deu certo. Quero mesmo sua ajuda.

- Sei o que quer. Quer saber como se controlar, controlar sua sede, sua força... Não é?

- Errada pela primeira vez. Quero a história completa.

Ela me olhou antes de me responder, a voz tão calma que chegava a suspeitar.

- Tudo bem, não vou mentir em nada.

- Nem ocultar informações!

- Tanto faz.

- Isso não foi uma afirmação.

- Agora vou te contar o que eu quiser que você saiba e você não vai reclamar, entendeu? Tudo no seu devido tempo. Tem coisas que você ainda não deve saber, mas saberá muito em breve, muito mais do que imagina.

- Que tipo de coisas que não posso saber?

- Ora, seu você não deve saber ainda não devo contar obviamente! Contarei mais pra frente, quando estiver pronta, eu prometo.

Não disse nada, apenas a encarei.

Ela não era nada fácil de persuadir, mas pelo menos prometeu que me contaria, e isso por enquanto era suficiente, pra mim promessa feita nunca é caro e ela iria falar por bem ou por mal porque prometeu e se não dissesse, eu iria passar a eternidade a atormentando até me dizer e agora era possível dizer “até a eternidade”. Bom, com exceção se ela ou eu morresse, aí era outra história.

Lexis desceu do galho e foi indo em direção que pude perceber que era para a casa. Segui-a. Não nos falamos durante todo o caminho, o único som que havia era o do vento e das folhas, gramas e galhos sendo pisoteados por nós, e quando chegamos a casa ela estava toda escura que chegava a assustar.

- Essa casa é sua?

- Mais ou menos. Ela não é exatamente minha, mas eu meio que tomei posse dela enquanto estou aqui

- Hum.

Lá dentro estava menos escuro do que realmente parecia, ou talvez fosse minha visão aguçada, tudo parecia como da última vez que vi, móveis encapados e restante lotado até a boca de pó e algumas teias de aranha também, era assustador ficar ali.

- Amanhã você vai sair?

A pergunta me pegou de surpresa, aquilo era o que não imaginava que ela me perguntaria agora. Sentávamos no sofá encapado com capa cinza antes de eu respondê-la.

- Por quê?

- Quero que venha comigo aqui na floresta. Vai fazer bem pra você.

- Como assim?

- Você saberá. Vai ou não?

- Não sei nem se quero voltar pra casa, não quero ficar trancada no meu quarto novamente. Não tem algo para me proteger do sol, alguma coisa?

- Ah sim, me fez lembrar! Tome aqui.

Ela mexeu nos bolsos e retirou algo azul e estendeu para mim.

Arregalei meus olhos porque era o mesmo colar de safira que minha mãe havia me dado dias atrás, onde ela teria arranjado aquilo? Logo fui dizendo:

- Ei é igual ao...

Levei minha mão ao meu pescoço, mas não havia nada lá e havia duas opções, ou eu tinha perdido ou ela...

- Você o pegou!

- Sim, o peguei na noite em que te transformei, desculpe. Fiquei surpresa que você tivesse um talismã.

- Talismã? O quê?

- Isso em suas mãos é um talismã, um dos poucos que existem. Ele é a proteção do sol, com ele você pode andar livremente à luz do sol sem sofrer dano algum.

- Por que você o pegou???

- Calminha, só o peguei pra você ver que precisava de mim, nada mais, se eu quisesse te matar já estaria morta mas preciso de você viva...

- O quê? Do que está falando?

- Você saberá logo.

Olhei indignada para ela, a culpa era toda dela de tudo isso acontecer, não dava pra ficar calma com tudo aquilo! Além de querer que eu ficasse calma omitia informações, e quando seria esse breve? Estou cheia de ser tratada como uma criança por ela e por qualquer um, toda a minha vida vivi assim, eles não tem esse direito!

Ela me olhava vagamente como se quisesse me dizer algo, estava na cara que ela queria muito contar algo, então por que não abria de vez aquela boca?

- Você disse que ficou surpresa ao ver meu colar – disse me lembrando do que ela disse e tentando mudar o assunto – Por quê?

- Como disse, existem poucos. Provavelmente treze, eu não sei ao certo, mas são poucos, muito poucos. Eles estão espalhados por todo este continente pela qual os vampiros optaram por viver na era atual, nós mudamos constantemente a cada século ou quando é realmente necessário para a segurança, fazemos uma convocação de todos os vampiros e decidimos para onde ir. Não somos muitos por isso torna um pouco mais fácil.

‘Quando esses amuletos foram feitos eles foram escondidos, e os vampiros que os haviam retirado dos esconderijos foram mortos por outros vampiros, afim de ter a proteção apenas para si. Era uma época brutal e era cada um por si. Foi matança de vampiros por vampiros e vampiros por Caçadores, e também até alguns vampiros os pegaram e os puseram em seus próprios esconderijos e acabaram sendo mortos sem revelarem seus segredos, mas logo outros foram achando por acaso, dando de pai para filho, acabou se tornando uma confusão tão grande que logo se tornou desconhecido o paradeiro deles. A luta por esses talismãs causou muito caos, foi uma das razões do porque nosso número de população diminuiu, foi até bom que tivessem sumido, embora quem o possuísse tivesse mais porcentagem de vida já que pode andar ao sol.

Entende porque a surpresa? Uma garota humana com uma preciosidade dessas? Não é sempre que isso vai acontecer.’

Ouvi cada uma de suas palavras com atenção, cada uma delas ficou gravada na minha mente e repassei cada uma para ver se encontrava alguma falha no que ela disse, não confio totalmente nela.

- Vampiros viajam? - primeira coisa que me veio à mente.

- Não ao certo. Mudamos de continente para continente para que assim fique difícil comprovar nossa existência, todos os vampiros estão conectados uns com os outros, então quando o líder decide algo importante todos devem se reunir para ouvi-lo...

- Espere, espere, conectados? Líder?

- Ele não é líder, mas é um dos vampiros mais velhos da história e todos devemos nossa obediência, ele se chama Marcos e ele tem nosso respeito e devoção, ele não é ganancioso, é justo e tem a todos nós como companheiros, ele pensa em todos os outros e não apenas em si quando toma as decisões. Marcos já nos salvou muito quando pôde então sempre o seguimos. A conexão é algo que apenas os mais antigos usam, você vai saber quando for chamada.

-Hum... E se alguém desobedecê-lo?

- Bom, sempre tem algum rebelde, mas, mesmo que alguns não saibam, Marcos sabe quando estamos em perigo e temos que ir, se alguém ficar estará arriscando a própria vida além dos segredos e mistérios dos vampiros, os Caçadores são espertos e analisam cada detalhe, eles percebem, e se te pegarem, iram te prender e torturar para colher informações da nossa raça.

- Com que freqüência vocês se mudam?

- Já disse, quando Marcos percebe a ameaça que nos cerca, ele é um dos mais antigos, lembre-se, ele viveu, viu e ouviu muitas coisas e sabe de coisas que não sabemos.

Ela se levantou, e disse:

- Olhe, foi um dia logo pra mim e pra você, vai amanhecer logo e você precisa descansar, está com uma cara péssima.

- Vampiros podem dormir?

- Mais ou menos, nada mais que um repouso de poucos minutos, nosso corpo é muito mais ativo que o dos humanos mas mesmo para vampiros, sempre é bom colocar as coisas dentro de nós em ordem.

Ela riu ao ver minha cara de surpresa e divertimento, e continuou:

- Fique com o quarto de cima à direita, está arrumado e têm algumas roupas suas lá, só não limpo aqui embaixo pra manter aparências, não quero nenhum metido à besta invadindo mais do que deve.

Eu ri e subi, lá em cima reconheci a sala da qual acordei ontem, continuei até achar o quarto que Lexis disse, mesmo no escuro percebi que era amplo, limpo, bem imobilizado, tinha uma porta que levava ao banheiro e algumas poucas janelas que dava pra ver a floresta o a lua no alto.

Vasculhei cada canto do quarto, no guarda-roupa havia algumas roupas minha, como Lexis tinha dito, nas gavetas havia pentes, cremes, coisas normais, nada apavorantes, nada que desse indício que ali moravam vampiros, apenas uma família rica e mesquinha.

Fui até o espelho, pude ver meus olhos azuis mais escuros do que nunca e minha pele branca quase brilhando, mas tinha algo estranho. Era impressão minha, ou meu reflexo parecia transparente, como se eu estivesse desaparecendo? Seria possível que eu não iria mais aparecer no espelho?

Mas Lexis tinha razão, minha cara era de que não me agüentava em pé, deitei na cama e, ignorando os protestos de meu corpo para continuar acordada, fechei meus olhos e quase que no mesmo instante, dormi...


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Notas finais do capítulo

Bom, quase esqueci de postar, comentários? Sugestões? Críticas? Alguma coisa por favor.