Always With You escrita por lovemyway


Capítulo 1
Capítulo 1 - Open yourself to joy


Notas iniciais do capítulo

Então pessoal, a Fanfic talvez tenha dois, três capítulos, por aí.
Espero que gostem, e boa leitura! :D



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18 de dezembro de 2036



Lima, OH, Estados Unidos

William McKinley High School

15:40 PM





"By its very definition, Glee is about opening yourself to joy"






Lembranças. Minha mente se enche delas quando ando pelos corredores lotados do William McKinley High School, e contemplo com nostalgia as paredes pintadas de vermelho e branco, as crianças populares vestindo seus devidos uniformes, e garotos que são exatamente como eu fui um dia: sonhadores. Mas as lágrimas finalmente escapam de meus olhos quando paro diante do único troféu das Nacionais que conquistamos, e meu coração se aperta dentro do peito quando me deixo ser embalada pelas memórias que tenho da época de minha adolescência. É impressionante ver como tanto tempo se passou, e tudo continua praticamente igual. Ou como perceber que meus quatro anos de colegial mudaram toda minha perspectiva de vida, e me transformou naquilo que sou hoje.

Minha carreira na Broadway sempre me deixou muito ocupada para passar uma temporada em Lima, e não foram poucas as vezes em que precisei sair em turnê com alguma peça. Isso a deixava louca. Minha mulher. Minha eterna amante. Outro detalhe essencial em minha vida que devo a esse colégio. Se eu realmente tivesse ido para Carmel, como tinha sido o plano inicial, então eu nunca teria a conhecido. Mas a vida prega peças, e eu não tinha ideia de que aquele "inferno" pessoal ia acabar por se transformar em minha própria razão de viver. Claro que hoje, mais de vinte anos depois, ela não é minha única estrela-guia. Mas durante muito tempo, foi apenas o seu amor que me fez continuar inteira, mesmo quando tudo ao meu redor estava desmoronando.

Eu posso vê-la na foto da classe de 2012. Nós duas éramos formandas, e aquela foi a foto tirada para o anuário escolar. Seus cabelos não estavam mais rosas como tinham sido quando o ano letivo começou, em setembro, mas isso não a fazia menos bela do que é. Um sorriso enorme –– como poucas vezes vi –– estava estampado não só em seu rosto, mas também em seus olhos, e eu podia perceber que ela segurava minha mão. Com o passar do tempo, esse gesto se tornou algo banal; entretanto, naquele dia, aquela foi a primeira vez em que aquilo aconteceu. E isso justificava o sorriso largo estampado em meu rosto, transparecendo em meus olhos. Ela era Quinn Fabray, afinal. A garota mais linda de Lima, Ohio; a ex-líder de torcida; e, talvez eu ainda não soubesse, mas também a dona do meu coração.

Nós só ficamos juntas depois do colegial. Durante o período do Faculdade, Quinn se tornou a pessoa mais importante de minha vida, e eu já não sabia como viver sem ela. Contudo, por muito tempo, eu neguei completamente o que sentia. Por mais que tenha crescido com pais homossexuais, não foi nada fácil enfrentar a situação quando eu me deparei com ela. Você nunca está realmente preparado para o preconceito, ou para erguer a cabeça diante dos olhares julgadores que as pessoas constantemente lançam em sua direção. Na verdade, talvez eu nunca tivesse admitido meus verdadeiros sentimentos se Quinn não tivesse dado o primeiro passo. Foi ela quem viajou de New Haven para Nova York em meu aniversário; foi ela quem me levou para assistir Spring Awakening na Broadway, e foi ela quem, naquela noite, na festa surpresa em que meus pais prepararam para mim, teve a iniciativa de iniciar nosso primeiro beijo. E, como uma droga, eu simplesmente não pude mais viver sem eles.

O casamento saiu quando tínhamos vinte e três anos, e Quinn engravidou do nosso primeiro filho aos vinte e cinco. E foi aí que Harmony nasceu. Era claramente evidente as semelhanças na aparência de Harms e Quinn, embora ela ainda tivesse traços de Finn Hudson, o homem que escolhemos para ser o doador. Finn foi meu ex-namorado na época do colegial, assim como foi o de minha mulher. Ele costumava ser um garoto infantil, lerdo e meio estúpido, mas o tempo que passou no exército pareceu lhe fazer bem. Finn se mostrou muito mais inteligente do que eu jamais poderia imaginar, e acabou se casando com uma atriz de televisão que era colega de elenco de Quinn. E foi assim que voltamos a nos relacionar. Julieta –– esposa de Finn –– foi quem deu a sugestão de ele ser o doador. Ela achou que seria justo, considerando nossas relações passadas, e a importância que Finn teve em nossas vidas. Foi uma agradável surpresa quando Quinn aceitou a proposta, e uma surpresa maior ainda quando Finn a escolheu para ser madrinha do seu primeiro filho, Lucas, que nasceu quase na mesma época que Harmony. Depois de nossa primeira filha, foi a minha vez de engravidar. E aos vinte e sete anos, eu dei a luz à Tyler.

–– Mãe?

Um par de braços fortes rodeia minha cintura, e Tyler beija minha bochecha. Não posso deixar de abrir um largo sorriso. Meu filho é um dos jogadores do time de futebol, mas não é como os garotos que eu vi no colegial. Ty é educado, cavalheiro, e não tem a menor vergonha de me abraçar na frente dos amigos ou andar de braços dados com a irmã mais velha pelo shopping. Harmony –– que agora tem dezenove anos –– detestou a atenção que o irmão recebia no começo, mas depois de um tempo passou a ser aquela irmã coruja que sempre o tirava de enrascadas e o cobria quando ele aprontava alguma coisa. Eu sinto um orgulho imenso de meus filhos. Tyler é um doce de pessoa, e Harmony é a garota mais determinada que já vi em toda a minha vida. Ela, assim como eu, estuda em NYADA, e está em um relacionamento sério com a filha de Brittany Pierce e Santana Lopez, Sugar. Às vezes eu me pego rindo da ironia. Ao que parece, meu destino sempre esteve entrelaçado com o da Trindade Profana, as garotas que fizeram questão de me humilhar quanto eu frequentava o colegial.

–– Oi, meu bebê –– digo, acariciando o braço do meu filho. Não importa que ele seja mais alto do que eu, ou que tenha dezessete anos. Tyler sempre será meu bebê.

–– Algum problema? Por que a senhora está aqui?

–– Vim buscar você –– digo, abrindo um pequeno sorriso. –– Esqueceu que dia é hoje?

–– Nunca –– diz Tyler. –– Mas pensei que fôssemos comemorar apenas mais tarde.

–– Mudança de planos –– dou de ombros. –– Harms está aqui.

–– Mesmo? –– diz Ty, soltando-me e abrindo um largo sorriso. –– Na sala do coral?

–– Onde mais? –– pergunto divertida.

Eu relutei em voltar à Lima. Mas depois de um tempo na loucura de Nova York, pareceu-me a coisa certa a se fazer. Não sou mais nova; já fiz o sucesso que queria nos palcos da Broadway, mas preciso de um tempo para aproveitar mais minha família. O tempo está passando, afinal de contas, e em breve eu serei obrigada a ver meus filhos se casando e construindo sua própria família. Quero aproveitar o que ainda me resta, e ficar ao lado deles o máximo que puder. Mesmo que Harmony passe grande parte do ano fora da cidade, e mesmo que Tyler mal pare em casa por causa dos treinos. Ainda me parece a coisa certa a se fazer. E nessa volta a Lima, eu fiz algo que nunca pensei que fosse fazer: assumi o New Directions. E Quinn deixou um pouco sua carreira na televisão de lado para se dedicar à escrita. Certa vez, Quinn me disse que ia escrever a história de nossa vida. Eu nunca a levei a sério, mas ela parecia bastante certa sobre isso. Um dia, talvez.

–– Sabe, os garotos do coral estavam reclamando –– brincou Tyler, lançando um olhar travesso em minha direção. –– Sentiram falta da treinadora hoje.

–– Oh meu Deus! –– exclamo dramaticamente. –– Um dia longe, e eles já sentem falta de mim. O que posso fazer se conquisto o coração de todos ao meu redor?

–– Yeah –– ri Tyler, revirando os olhos. –– Não precisa exagerar, mamãe.

–– Vamos, baby boy, vamos encontrar a sua irmã.

Ty passa o braço pelos meus ombros, e andamos juntos até a sala do coral. Outro hábito que não mudou nem um pouco nesse tempo todo: o glee ainda é composto por "perdedores". Ou pelo menos em sua grande maioria. Afinal, ainda há os jogadores, as líderes, os excluídos, e as raspadinhas na cara. Aparentemente, isso foi uma prática imortalizada pela Trindade Profana, e passada adiante pela geração de alunos do McKinley, que amam a oportunidade de torturar seus colegas de todas as maneiras possíveis. Quando entramos na sala do coral, Harmony está sentada na cadeira da primeira filha, e tem os braços cruzados sobre o peito. Mas assim que vê o irmão, um sorriso aparece em seu rosto e ela corre para abraçá-lo.

–– Você está enorme! –– exclama. –– Pelo amor de Deus, Tyler, você não anda tomando esteróides, anda?

–– Quem você pensa que sou? –– pergunta ele, fingindo-se de ofendindo. –– Isso é coisa do Dean.

–– Eu preciso mesmo conversar com Noah a respeito disso –– comento. –– Dean está mesmo parecendo mais musculoso, e...

–– Mãe, eu estava brincando –– diz Tyler, revirando os olhos. –– O único crime do Puckermann é treinar mais os músculos do braço que os do cérebro.

–– Bem, o pai dele não é nenhum gênio –– provoca Harmony.

Apenas reviro os olhos. Minha filha detesta o filho do Noah. Não posso culpá-la. Eles chegaram a ficar algumas vezes –– Dean estava repetindo o último ano ––, mas aparentemente um Puckermann nunca quer nada sério com alguém. Ou pelo menos não até completar trinta anos de idade, que foi quando Noah finalmente decidiu se casar com a mãe de seu segundo filho. A do primeiro estava comigo. Beth, agora já uma mulher, sempre teve uma boa relação com os pais biológicos, mas ela via Quinn apenas como uma tia, assim como via meus filhos como seus sobrinhos, e não como seus irmãos. Embora, às vezes, ela realmente agisse como uma irmã mais velha. Atualmente, Beth está morando com seu marido em NY, e ela me manda notícias semanais de Harmony quando minha filha fica ocupada demais com a Faculdade para fazer isso por si mesma. Beth é uma excelente aliada.

–– Como estão Rory e Sug? –– pergunta Tyler.

Rory é o filho de Kurt com Blaine. Ele tinha olhos azuis como os de Kurt, e o mesmo apego à gel de Blaine. Era de se esperar que depois de todo esse tempo, o Anderson finalmente tivesse superado seu amor platônico ao gel de cabelo. Mas, aparentemente, amores platônicos são para a vida inteira. É uma coisa boa que meu único amor platônico na vida tenha sido Quinn Fabray –– e meus suéteres de bichinhos, que ainda faço questão de usar em ocasiões especiais ––, porque tenho certeza que minha mulher não ia gostar de dividir o meu amor com nada ou ninguém. Certa vez, inclusive, peguei-a no flagra tentando se livrar do meu suéter de coelhinho. Moisés! Como se eu fosse deixar ela cometer uma atrocidade daquelas. Aquele era o meu favorito!

–– Bem –– diz Harmony. –– Rory está namorando, vocês sabem.

–– Não sabia –– digo. –– Com quem?

–– Bem, essa é boa –– diz Harmony rindo. –– Luke, o filho do Karosky com o Sebastardo.

–– Meu Deus, Harmony, não fale assim do Sebastian! –– finjo estar horrorizada, embora internamente concorde com a minha filha. Nunca gostei de Sebastian e, ao contrário de David, ele não mudou muito com o passar do tempo. Mas se é ele que o Karofsky ama, então paciência, e que os dois sejam felizes juntos. E são.

–– Isso é interessante –– diz Tyler. –– Mas acho que estamos todos unidos de certa forma, não é?

–– O que você quer dizer com isso? –– pergunto, arqueando uma sobrancelha.

–– Hum... Bem, é que... –– começa Tyler, ficando quase tão vermelho quanto um pimentão.

–– Ah, diz logo –– resmunga Harmony. –– Ele está namorando a filha do Evans.

–– Evans? Sam Evans? –– pergunto chocada.

–– É –– admiti Tyler.

Balancei a cabeça rindo. Sam não casou com Mercedes. De fato, o relacionamento durou menos do que o esperado. Mas ele acabou se casando com uma jovem muito simpática chamada Anne, com a qual teve uma filha chamada Emma. Eu não estava tão surpresa assim que Ty e Em estivessem juntos. Sempre percebi os olhares que os dois trocavam. O que me chocava mesmo era Tyler não ter me contado isso antes. Reviro os olhos. O que ele pensou? Que eu não fosse aprovar o relacionamento? Bem, ele estava enganado.

Porque aparentemente não importa que caminho ou siga ou que escolhas eu tome. No final do dia, eu sempre terei as mesmas pessoas perto de mim. E depois de tanto tempo ao lado dos meus antigos amigos do New Directions, eles se tornaram uma segunda família. Eu não me importava nem um pouco que nossos filhos estivessem juntos. Afinal, em nossos corações, nós sempre estaríamos interligados de alguma forma. Fosse por nossa amizade, pelas nossas crianças, ou por laços muito mais fortes criados há tantos anos, quando ainda tínhamos medo do futuro e inseguranças em relações a nós mesmos.

Mas, afinal, nós fizemos parte de algo especial. E isso nos transformou no que somos hoje.


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Notas finais do capítulo

E então, algum review? :D