Echoes escrita por xMilax


Capítulo 4
Capítulo 4 - Rachel




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Rachel Berry era talentosa, esforçada, confiante, centrada, pragmática e muitas outras qualidades que ela gostava de se atribuir. Entretanto, ela também era impulsiva. E sua impulsividade era algo que constantemente a levava a fazer algo que poderia nublar todo seu leque de atributos positivos. Para sua sorte, havia poucas situações que incitavam nela tal impulsividade:

Número um - quando estava em desespero;

Número dois - quando se sentia ameaçada, e;

Número três - quando atiçavam sua curiosidade.

Curiosidade. Rachel Berry era extremamente curiosa. E sabendo que isso nem sempre era uma coisa boa, foi preciso usar cada fibra do seu esforço para evitar olhar o conteúdo do envelope que sua agente entregara a ela alguns dias atrás. Era preciso evitar tentações caso quisesse conquistar totalmente a Broadway. E uma proposta milionária para estrelar Wicked no cinema definitivamente era um grande tentação.

Entretanto, assim que soube que Quinn estaria no filme, todo seu autocontrole foi para os ares.

Quando Finn foi tomar banho, a mulher pegou o envelope escondido na parte superior do armário – com o auxílio de uma escada dobrável – e sentou na cama com o objeto na mão, criando coragem para abri-lo. Com certeza encontraria lá detalhes sobre o elenco, provavelmente com o nome de sua ex-colega de glee logo na primeira linha.

A ponta de seus dedos passeou levemente pelo lacre, pensativa. Dizer que ficou surpresa ao ouvir o anúncio de Quinn era o mínimo. Talvez, e apenas talvez, sua reação tenha sido exagerada, mas Rachel Berry era, afinal, uma dramática declarada. E o drama era esperado ao se deparar com aquela revelação. Sinceramente, a última situação em que ela se via reencontrando a loira seria ao trabalharem juntas em uma adaptação de musical. Não que ela tivesse alguma pista que alguma vez a reencontraria... não depois da outra ter simplesmente sumido do seu radar.

Rachel casou-se com Finn nas férias de seu segundo ano de NYADA. E foi no seu casamento que ela viu, pessoalmente, Quinn Fabray pela última vez. Quinn foi a mais bonita das damas de honra, e desempenhou o papel perfeitamente. Bom, felizmente, quase perfeitamente. Ela recusou-se a dormir com Puck, um dos padrinhos – Kurt era o outro. E a morena não poderia ter achado uma ação mais adequada. Afinal, era o seu casamento, não uma oportunidade para uma rapidinha nostálgica entre sua dama de honra e seu padrinho, certo?! Quer dizer, a atenção deveria estar voltada para ela e, conhecendo seus colegas de glee, ela sabia muito bem que, caso Quinn e Puck transassem, ela ia perder o holofote... Certo?

Então, quando Quinn dispensou o homem – que, deuses o abençoem, raspou o moicano para o casamento – e se despediu de Rachel com um sorriso no rosto, qual não foi o espanto e desapontamento da morena quando ela voltou da breve lua-de-mel – ela tinha uma carreira para se preocupar! – cheia de coisas para contar, mas não encontrou nenhum vestígio de Quinn? Ela havia mudado o número do celular, não respondia seus e-mails e, estranhamente, sua colega de quarto sempre falava que a loira estava viajando quando Rachel ia visitá-la em Yale.

Com um último suspiro, ela abriu o envelope e pegou a primeira folha. Escaneando os olhos pela página, seu queixo caiu em surpresa. A Paramount tinha comprado o roteiro adaptado e ia produzir e distribuir o filme. Paramount. Uau. Então ela começou a passar as folhas rapidamente, pegando alguns detalhes como: os roteiristas, o diretor, a equipe que cuidaria da parte musical e da coreografia... Extremamente competentes. Ela pulou propositalmente a folha com o elenco de atores e, antes de começar a folhear o roteiro do filme, deparou-se com o cachê. UAU!

- RACHEL, PEGA UMA TOALHA PRA MIM?! – Finn gritou com a voz abafada.

A mulher quase derrubou toda a papelada no chão, assustada. Seu coração acelerou e, sentindo-se como uma criminosa que foi encurralada pela polícia, ela guardou tudo rapidamente de volta no envelope e colocou-o debaixo de algumas revistas na segunda gaveta de seu criado mudo.

- UM MOMENTO! – Ela gritou de volta, correndo para guardar a escada dobrável antes de pegar a bendita toalha.
Ainda com o coração acelerado, ela se sentiu aliviada. Estava mais do que certa quando classificou essa proposta como algo que ficaria no seu caminho em direção à imortalidade no teatro.

Por um instante, ela esqueceu-se completamente do Fantasma da Ópera, seu maior objetivo no momento. Então, sentiu certa gratidão por seu marido ajudá-la, mesmo sem saber, a retomar o foco.

- A cama é lugar de colocar a toalha, Finn?! – Mas nem em mil anos aquela gratidão a impediria de repreendê-lo.

Ele resmungou uma desculpa qualquer antes de terminar de se vestir e pendurar, com certo mau humor, a toalha no banheiro.

- O que você quer jantar hoje? – Ela perguntou.

- Vamos pedir delivery de novo? – O homem reclamou. – Rach, é a quarta vez na semana! Já que você não está trabalhando, bem que você poderia cozinhar algu-

- Finn! Não é porque eu não estou atuando que eu sou desocupada! Tenho que aproveitar minha folga para me dedicar totalmente ao meu novo projeto! – Ela disse indignada.

- Você disse certo! Folga! – Ele disparou. – Você falou que teria tempo para mim... para nós... mas tudo que você pensa é nesse-

- Nesse o que? – A mulher estreitou os olhos, interrompendo-o novamente. – Nesse papel? Você não está se referindo à Christine de maneira tão depreciativa, está?!
Finn suspirou.

- Não... Rachel, não. Mas é demais pedir para você se dedicar um pouco ao nosso relacionamento também? Você poderia ao menos fingir que se importa com mais alguma coisa além do Fantasma da Ópera...

- Eu não acredito que você está me fazendo sentir culpada por estar a um centímetro de conseguir o papel mais importante da Broadway esse ano! – Ela acusou.

- Você sabe que não é isso que eu quero, Rach... Estou muito orgulhoso e confiante de que você vai conseguir esse papel... mas Deus, você não tem tempo nem pra fazer um sanduíche pro jantar!

- Faça seu próprio sanduíche! – Ela jogou o cabelo para trás de forma dramática antes de sair do quarto tempestuosamente.

Acabaram pedindo sanduíches por delivery.

- Desculpe, você tinha razão. – Ela falou quando já estavam deitados. – Tenho que prestar mais atenção no nosso casamento.

- Não... não, Rach. Eu fui egoísta. Desculpa, ok?!

A mulher suspirou.

- Confesso que estou um pouco ansiosa. A essa altura eu esperava que eles já tivessem me contatado. Quer dizer... a estreia está prevista para daqui três meses. Tem tanta coisa pra ensaiar! Tudo bem, eu já sei todas as cenas decoradas, mas provavelmente o diretor mudou mui-

O homem interrompeu o monólogo da esposa com um beijo preguiçoso nos lábios.

- Não se preocupe. Vão te chamar. Ninguém consegue transmitir tanta emoção quanto você quando está no palco, Rach... agora vamos dormir, por favor. Tenho aula em – Ele parou para olhar o celular – cinco horas. – gemeu.

Ela suspirou novamente antes de fechar os olhos.

Desde o final de Spring Awakening a rotina matinal do casal do casal permaneceu intacta. Exceto que, agora, no lugar de ir para o ensaio após sua corrida, Rachel voltava para casa e ia para seu lugar preferido – o quarto de música. Além de um piano e um violão, o quarto tinha um moderno sistema de som, assim como cópias de partituras, letras de músicas e estantes cheias de CD’s. As paredes tinham revestimento à prova de som, dessa forma, nenhum vizinho reclamaria. Ela sentou-se ao piano de cauda no meio do recinto, dedilhando algumas teclas e realizando exercícios vocais para aquecer sua voz.

Antes que pudesse efetivamente começar a cantar alguma música inteira, seu celular tocou.

À principio ela tentou ignorar. Esquecera-se de desligar o aparelho antes de entrar no quarto. Mas cansada de ouvir o toque insistente, ela atendeu, impaciente.

- Olá, essa não é a melhor hora, por favor, retorne a ligação em duas horas.

- Rachel? – A voz de Lauren estava nervosa e a morena não gostou nada disso.

- Lauren? Tudo bem? Aconteceu alguma coisa?

- Bom... nada oficial... só alguns, alguns boatos... – Sua agente retorquiu evasiva.

- Ai meu Deus, o que aconteceu? – Rachel quase gritou contra o telefone.

- Conhece Amy Louvain?

A morena soltou um barulhinho de desdém. A tal de Amy era um descendente de franceses que mal tinha saído das fraldas, e que muitos críticos chamavam de a maior revelação da Broadway atualmente, depois de Rachel Berry.

- Conheço. Não que ela seja muito famosa nem nada disso, obviamente. Mas aquela peça Off-Broadway que ela está estrelando causou um grande rebuliço, não?! Quantos anos a menina tem, dezenove?!

- Fez vinte no mês passado.

- Por que estamos falando dela afinal? – Ela perguntou irritada. Se tinha um assunto que a tirava do sério, certamente era esse.

- Bom, fique calma, Rach... não é nada confirmado, embora eu tenha um forte palpite de que a informação procede. Como você sabe, eu tenho meus contatos e...

- Lauren, você está protelando! – Rachel, a rainha da protelação, reclamou.

- Parece que Thomas, o diretor, ofereceu o papel de Christine para ela. – Lauren falou rapidamente.

- Quê? – A mulher respondeu sem acreditar – Co-como você sabe?

- Recebi uma ligação daquele meu amigo que está participando da escolha do elenco, te contei dele? Enfim, parece que Thomas contratou um novo profissional pra ajudá-lo a acelerar a produção. Eles estão correndo contra o tempo pra estreia. – Lauren desatou a falar antes de explodir. – E o cara novo é um imbecil! Te achou étnica demais... Ele é francês, preconceituoso e idiota! Quer dizer, quem liga que você não se parece uma francesinha quando se tem uma voz e uma presença de palco como a sua? Amy não chega perto do seu alcance de soprano...

E Rachel Berry apenas ouvia sua agente falar, presa em uma daquelas raras situações em que ela ficava sem palavras. E, enquanto Lauren continuava a xingar Amy Louvain, ela balançou a cabeça freneticamente.

- Não, não. Thomas... ele disse que estava quase confirmado que eu ganharia o papel. Logo depois da minha performance final em Spring Awakening. Não é possível que ele tenha mudado de ideia em uma semana! Deve ser só um boato. – Falou com a voz definitiva.

- Rach...

- Lauren. – Respondeu firmemente. – Você falou que nada disso é confirmado, certo?

- É... nada confirmado. – A agente disse com a voz incerta. – De qualquer forma, você deu uma olhada nos papeis de Wi-

- Bom dia, Lauren. Preciso ensaiar agora. Obrigada por me deixar por dentro do que está acontecendo. Até breve. – Rachel interrompeu-a. Totalmente sem humor para falar sobre Wicked, entendendo bem a insinuação de Lauren.

Ela claramente estava falando para Rachel esquecer o papel em O Fantasma da Ópera e começar a considerar o papel no filme. Mas ela não estava pronta para desistir da Christine. Não ainda. Precisava de algo mais consistente do que um boato.

A semana passou sem se ouvir uma palavra sobre O Fantasma da Ópera.

Ela resolvera atender ao pedido de Finn para cozinhar e, puramente como forma de extravasar sua tensão, ela assava duas ou três bandejas de biscoitos por dia. Todos os vizinhos, assim como amigos próximos, estavam abastecidos de biscoitos de chocolate de soja para o resto do mês.

Lauren agora estava realmente no seu pé para que Rachel respondesse sobre Wicked. A produção entrou em contato com ela, falando que precisavam da resposta da morena até o fim do mês. Aparentemente, eles estavam começando a sondar outra atriz.

Lauren tentou argumentar que eles tinham adaptado o papel de Elphaba especialmente para Rachel – o que era verdade – mas eles queriam começar a filmar logo.

Então, enquanto não chegava a uma decisão, Rachel continuava a assar...

- Kurt, não acredito que você está recusando meus biscoitos!

- Rachel, é a terceira vez na semana que você quer me dar doces. Sabe, eu preciso manter minha forma e você não está ajudando!

- Mas...

- Você precisa sair de casa. Querida, você está enlouquecendo.

- Não tem nada mais natural do que se sentir ansiosa antes de um gran-

- É isso! Nós vamos ao Central Park! Agora!

- O que? Kurt...

- Sério, Rachel... vamos tomar um café. Estou com a tarde livre. Eu planejava passá-la lendo revistas de moda, mas parece que vou ter que deixar para me atualizar sobre a nova coleção de outono depois... Você claramente precisa mais da minha atenção.

A mulher suspirou.

- Ok, Central Park...

- Ótimo, te encontro em uma hora.

Rachel avistou o amigo na fila para comprar café. Foi até ele e deu um beijo em sua bochecha.

- Você não parece nem um pouquinho fora de forma...

- Você não percebeu como estou usando uma camiseta mais folgada do que o normal? Posso te assegurar, Rachel Barbra Berry, que estou começando a desenvolver uma protuberância onde deveria estar um abdômen liso e bonito.

Rachel riu com o óbvio exagero de Kurt.

- Um mocha de caramelo, sem creme e com pouco açúcar, e – O homem virou-se para a morena. – Um Latte com leite de soja, certo?

Ela assentiu.

- Então, como estão as coisas com Finn? – O amigo perguntou enquanto esperavam pelos cafés.

Rachel deu de ombros.

- Na mesma.

Kurt continuou a olhá-la como se estivesse esperando uma resposta mais longa.

- É isso. – Ela murmurou desconfortável.

Antes que o homem pudesse responder, o atendente gritava seus nomes do balcão.

- Vamos para o parque? Quero sentar naquele banco de sempre, ao lado do lago...

- Como assim, na mesma? – Kurt insistiu enquanto andavam até o tal banco.

- Na mesma, oras... Eu não o vejo mais do que via antes, mesmo ficando em casa durante o dia... já que, bem, agora ele tem aulas de manhã e trabalha de tarde... nada mudou entre a gente.

- Pensei que vocês fossem viajar quando você tirasse férias. – Ele insistiu, evitando uma criança que corria para alcançar uma bola.

- Não vai acontecer... não ainda.

Kurt suspirou.

- Quando você realmente vai tirar um tempo para si mesma, doçura? Você trabalha sem parar há anos... eu juro que pensei que depois do seu Tony você fosse dar uma paradinha só para respirar.

- Agora não é exatamente o melhor momento para... ai meu Deus! – A mulher parou de andar abruptamente, segurando o amigo pelo braço.

- Rachel? O que foi? – Kurt virou-se para ela com ar preocupado.

- Aquele não é o Thomas?! Sentado no banco ao lado do nosso?! – Rachel sussurrou para ele, puxando-o mais para perto.

- Ah! Sim, você tem razão... é ele sim. – Kurt sussurrou de volta. – Você devia ir fa-

- Reconhece a menina sentada ao lado dele? É quem eu estou pensando que é? – Rachel o interrompeu, a voz nervosa.

- Já a vi em algum lugar... – O homem franziu a testa. – Não é a Amy Louvain? A nova queridinha da crítica...

Rachel paralisou. Depois da confirmação de Kurt, não havia mais como ter dúvidas. Eles conversavam animadamente, e Amy lambia satisfeita um picolé. Satisfeita demais, ela notou.

A mulher começou a sentir aquela velha sensação borbulhar. Rachel estava se sentindo ameaçada. E, em um intervalo de uma semana, ela foi impulsiva pela segunda vez.
- Kurt... nós nos vemos depois. Acabei de lembrar, tem uma coisa que eu preciso fazer. – Então ela saiu quase correndo em direção ao seu carro.

Rachel respirou fundo e colocou o cinto de segurança. Antes que pudesse arrancar com o carro, entretanto, ela sacou seu celular.

- Lauren. – Disse com a voz firme. Naquele momento ela não pensava na cara de espanto de Kurt quando o deixara para trás, não pensava em Finn, que estava completamente no escuro sobre Wicked e, definitivamente, definitivamente não pensava que teria que contracenar com Quinn Fabray. – Eu aceito. Eu aceito o papel no filme.


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Notas finais do capítulo

Yôoo pessoas! :D
ok ok ok ok, mereço um puxão de orelha, porque disse que ia postar no domingo (minha beta fofíssima me entregou o capítulo faz tempo)... mas, em minha defesa, estou com uma semana MUITO corrida na faculdade.
ANYWAY, falando de coisa boa... finalmente demos uma avançada na fic, e o próximo capítulo (provavelmente) será o grande reencontro.
Por favor, me deixem um review falando o que estão achando e mimimi. O cap 5 ainda está em desenvolvimento (esses primeiros já estavam semi-prontos), e ouvir a opinião de vocês é muito importante pra mim.
É isso aí. vejo vocês semana que vem!
BJBJ



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