Echoes escrita por xMilax


Capítulo 5
Capítulo 5 - Santana




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– Tudo certo, Tom. Claro, claro que estaremos lá. Oito horas? Perfeito. Até breve. – A latina, que já havia registrado o compromisso em seu tablet, desligou o celular.

– Então? – Quinn estava casualmente sentada no sofá, o cotovelo apoiado no braço do móvel, uma mão na lateral da cabeça e a outra segurando um copo de margarita.

Santana bufou.

– Veja só... não sei o que deu em mim quando resolvi vir trabalhar com você. Eu aqui anotando seus recados, e você sentada com essa bunda branca no sofá enquanto bebe margaritas! Estou começando a reavaliar se isso vale meu aumento de salário...

– Santana... você não trabalha comigo, trabalha para mim. Portanto, na condição de sua chefe, me reservo ao direito de beber a vontade enquanto você faz a parte chata do negócio. – A loira tomou mais um gole do drink, um sorriso zombeteiro nos lábios.

Sabia que Quinn não estava falando sério, mas, Jesus, a loira conseguia irritá-la. Para a sorte de Santana, entretanto, a notícia que ela estava prestes a dar tiraria aquele sorrisinho do rosto da loira.

– Você é uma vadia antipática, não é? – Santana revirou os olhos.

– Não, eu sou só antipática. A vadia é você. – O sorriso de Quinn aumentou.

A latina pensou por um momento, resistindo a vontade de jogar uma almofada na amiga. Então ela deu de ombros, não é como se a loira-sonho-americano estivesse errada mesmo...

– É, tanto faz. – Ela levantou-se da poltrona em que estava sentada e foi até o barzinho que ficava no canto da sala de Quinn, pegando as bebidas para fazer uma margarita. Infernos, se a outra pensava que ia beber sozinha, ela estava muito enganada.

– De qualquer forma, - Santana continuou, enquanto a loira a observava despreocupadamente. – Era o assistente do diretor. Bryan e mais uns caras da produção querem encontrar com o elenco antes de começar as leituras conjuntas do roteiro, e, você sabe... as filmagens e gravações das músicas. Serão quatro meses intensos, Q.

– Nem me fale. – Quinn deixou o copo na mesinha de centro e deitou totalmente no sofá. – Então... Onde será esse encontro?

– Spago Beverly Hills. O lado bom é que a produção vai bancar o jantar. Foda-se meu aumento! – Ela acrescentou quando a loira ergueu uma sobrancelha – No me gusta pagar caro para comer quando fico mais feliz com um hambúrguer e um copo extra grande de Coca. Você sabe como eu gosto de glamour, Q, mas nada como um pedaço grelhado de vaca entre dois pães...

– Quando? – Quinn respondeu, ignorando o último comentário da latina.

– Sexta.

– O quê?! Daqui a dois dias? E eles só avisam agora?!

Santana revirou os olhos.

– Não é como se esses caras tivessem algum problema em conseguir reservas... além do mais, você sabia que ia vê-la mais cedo ou mais tarde. Cristo, se a anã já era irritante antes, imagina agora que virou celebridade da Broadway...

– Dois dias?! – A loira voltou a sentar e pegou novamente seu copo de margarita, aparentemente não notando os resmungos de Santana sobre Rachel.

– Eu sabia, sabia que estava demorando... – A latina suspirou.

– Demorando? São dois dias, Santana. – Quinn respondeu, a expressão muito séria.

– Não isso. – Ela fez um gesto impaciente com a mão. – Esse seu surto... Quando você tinha concordado em interpretar Glinda e te disseram que queriam Berry para Elphaba, você não falou nada. Quando eles ligaram avisando que ela tinha aceitado, você não se manifestou. Quando avisaram que ela tinha vindo para L.A, você apenas acenou com a cabeça. Agora, dois dias antes de encontrá-la, finalmente a realidade afundou nesse seu cérebro já afetado pela quantidade de tinta que você passa no cabelo?! Não, não responda. Vou rezar para todos os meus santos latinos para que o óbvio clima tenso entre vocês entre vocês não atrapalhe sua atuação no filme. Você agora é meu ganha pão, Fabray!

Quinn bufou.

– Por favor, Lopez, sou uma profissional! Não cheguei onde estou só por causa do meu rosto bonito e simetricamente perfeito.

Dios, você nem a viu ainda e já está falando como ela?

Quinn apenas revirou os olhos e virou totalmente seu copo de margarita.



“Santana,

Tudo bem com vc?

Eu tô ok. Tipo, totalmente amo meu trabalho e vc nunca vai adivinhar onde eu estou! (Tá, pode parar de tentar adivinhar, eu vou te contar!)

Tô no Peru com a Beyonce! E com mais um monte de gente tbm. Estamos fazendo uma turnê por esses países da América. A única coisa ruim é q nunca ficamos mt tempo no mesmo lugar, então n dá pra conhecer tanto qnt eu gostaria. Mas ta ok, na maioria das vezes estou tão cansada q nem penso nisso.

Vc sabia que aqui as pessoas falam espanhol tbm, assim, igual vc? Eu pensava que eles falavam peruez, mas, de acordo com meu empresário, isso n é um idioma. Aparentemente n existe idioma argentino e columbino tbm!!!

Quem sb a gente n se encontra pra tomar alguma coisa qnd eu voltar pros EUA? Tem tanta coisa q eu queria te contar, e tanta foto q eu preciso te mostrar! É td mt lindo aqui!

Agora preciso ir. Vai começar o show em quarenta min. e eu preciso alongar!

Espero q vc esteja bem.

Bj,

Britt.


Enviado via IPhone”

Uma lágrima ameaçou cair do olho de Santana, mas ela apenas respirou fundo. Não podia borrar a maquiagem.

Imaginou Britt mandando aquele e-mail para ela na correria e na adrenalina que antecedia um show, provavelmente com medo de se arrepender depois.

Releu o e-mail.

Um pequeno sorriso de formou em seus lábios.

Observou as abreviações de Brittany, que desativara o auto-corretor do IPhone.

“Ele sempre me confunde quando corrige alguma coisa. Como eu sei que não é uma palavra nova que não tem nada a ver com o eu quero falar?” – Ela explicou uma vez.

Antes que pudesse responder que sim, gostaria de encontrar Britt para tomar alguma coisa quando ela voltasse, o taxista interrompeu seus pensamentos.

– É esse mesmo, senhora?

Santana forçou-se a desgrudar os olhos da tela do celular.

– É. Nesse próximo aqui. – Apontou para o taxista o luxuoso prédio de Quinn e pegou algum dinheiro em sua bolsa. – Fique com o troco. – Saiu do taxi, batendo a porta com um pouco mais de força do que era prudente, ainda levemente abalada pelo recente contato da ex-namorada.

Os seguranças parados no portão acenaram a cabeça para a latina. Já a conheciam. Quando fizeram um sinal para o porteiro, Santana se pronunciou.

– Não vou entrar dessa vez. Apenas peça para Carlos interfonar para Quinn e falar que eu estou aqui, por favor.


Cinco minutos depois estava no banco de passageiro do carro da amiga, que dirigia calmamente.

– Não sei porque você não quis que eu te pegasse na sua casa. Minha abuela María conduz mais rápido que você.

Quinn parou no farol amarelo e Santana soltou um longo suspiro.

–Sério, Q.?! No farol amarelo?!

Quinn continuava a olhar para frente, e a latina viu as mãos da amiga apertarem o volante.

– Ok. Qual é o seu plano? Chegar depois de todo mundo para que não precise trocar muitas palavras com o hobbit? Ou talvez chegar depois para que ninguém preste muita atenção em você, todos já muito envolvidos em seus próprios assuntos? Não vai rolar. Não vai rolar nem ao menos você sentar longe dela, porque, pelo que me falaram, os assentos são marcados e Bryan vai te colocar bem ao lado da Berry. Tenho certeza. – Santana disse , uma leve pitada de malícia na voz.

– Eu sei, tá legal? – Quinn arrancou o carro bruscamente, fazendo as costas de Santana baterem contra o banco de passageiro. – Me deixa no meu ritmo que vai dar tudo certo.

A latina assentiu, notando o nervosismo da loira por trás da fachada tranquila.

Não falaram mais nada até chegarem no restaurante, e, antes mesmo de entregar a chave do carro para o manobrista, Santana viu Quinn assumir sua pose simpática – que conquistava o público e seus colegas de trabalho – mas reservada – que não abria espaço para qualquer abordagem mais íntima.

Quando o maitre indicou a mesa correta, Santana percebeu que apenas duas cadeiras estavam vazias. As duas imediatamente à esquerda de Rachel Berry. Percorreu os olhos pelas pessoas – identificou todas, menos a ruiva que estava do lado direito de Rachel, e devia ser sua agente – antes de se concentrar em algumas especificas.Teve que se conter para não revirar os olhos para o ator que faria Fiyero, um velho conhecido que não parecia muito contente com qualquer que fosse o assunto na mesa.

Rachel Berry estava usando um elegante vestido rosa claro, o cabelo jogado todo para um lado só, expondo a lateral do longo pescoço e evidenciando os brincos de diamantes. Nada mal, Santana concedeu. Vestia-se bem, visivelmente conhecia a etiqueta requerida para um restaurante como aquele, e parecia envolvente nos mínimos gestos. Desde a forma como ria até a forma como levava a taça de vinho aos lábios. A mesa estava claramente orbitando em volta da antiga companheira de glee.

Decidindo que já tinha observado Berry o suficiente, seus olhos voltaram-se de esgueira para Quinn. A loira não demonstrava nenhum sinal de desconforto, e caminhava ao seu lado tranquilamente. Não fosse a forma como Quinn agarrava-se à sua bolsa de mão, os longos dedos formando uma garra em torno do objeto, Santana até pensaria que a loira estava caminhando em direção a um grupo de antigos amigos, tamanha a naturalidade demonstrada pela outra.

Tom, assistente de Bryan, foi o primeiro a vê-las. Os homens mais próximos começaram a se erguer.

– Quinn! Santana! Que bom que chegaram! – Bryan, o diretor, levantou-se da cadeira com a expressão convidativa e animada.

– Por favor, insisto que todos continuem sentados. – Quinn disse com um sorriso sutil, sentando-se graciosamente na cadeira que o garçom afastara para ela e cumprimentando a todos com o olhar, mantendo o sorriso até que tivesse encontrado os olhos de todos. Santana imitou-a.

– Fabray! Lopez! Como estão? Espero que não tenham se incomodado que já pedimos entradas e bebidas. – Jesse St. James falou com a voz arrogante, a aparente pose agradável não enganou a latina por nem um instante. Jesse seria o Fiyero perfeito. Ou pelo menos sua primeira fase, quando ele era apenas um nobre presunçoso e superficial.

– Lamentamos o atraso. Tivemos um contratempo com o motorista. – Disse com um sorrisinho irreverente, certa de que apenas a loira entenderia seu significado.

– O que é isso! Não atrasando para as gravações, para mim está tudo bem. – Bryan respondeu com uma piscadela brincalhona, e fez um gesto para que o garçom servisse vinho para ela e para Quinn.

Berry, que estivera ocupada dando uma boa olhada em Quinn, mirou Santana com os olhos curiosos. A latina abriu a boca, mas, antes que pudesse falar alguma coisa, a loira-sonho-americano deu um beijinho muito leve na bochecha da morena, os lábios pegando mais ar do que efetivamente a pele de Rachel.

– Rachel Berry. Faz muito tempo. Ainda se lembra de mim, espero?! – Quinn cumprimentava Rachel polidamente como se nada tivesse acontecido no passado das duas. Como se o fato de elas não se verem fosse culpa meramente do acaso. Como se ela não tivesse desaparecido da vida da garota da noite para o dia, indo passar algumas semanas com Santana em Los Angeles, tentando se isolar do restante do mundo.


– É preciso mais que alguns anos para se esquecer de Quinn Fabray. – Rachel respondeu com uma risadinha educada, e Santana surpreendeu-se de verdade.

Quase esperava que os grandes olhos de Rachel se transformassem em poços de acusação, que as orbes castanhas – antes tão transparentes – exprimissem dor e traição. Mas não. Além de aprender a se vestir, a diva da Broadway aparentemente também aprendeu entrar no jogo.

– Oh! Vocês já se conhecem?! – Bryan pareceu realmente feliz com o fato.

Santana sabia que o diretor tinha corrido riscos ao contratar um elenco que ele nunca viu contracenando junto antes. Provavelmente, em sua cabeça, o fato de se conhecerem facilitaria a química na atuação.

– Quinn e Santana estudaram na mesma escola que eu. Cantávamos no coral juntas. O mesmo que estávamos falando, que Jesse se juntou durante uma época. – Rachel respondeu, e ficou claro que a mesa já tinha discutido a relação Berry x St.James. A latina se sentiu grata por isso. Então a atriz voltou-se para ela e Quinn, um sorriso enorme no rosto. – Vocês estão bem, como sempre; Quinn, Santana. É um prazer revê-las.

– E você nunca esteve melhor, Rachel.– A loira respondeu cordialmente. Santana não conseguiu identificar nos olhos da amiga se a resposta fora apenas educada ou se fora também verdadeira.

– Berry, como vai? – Foi a melhor resposta que conseguiu formular, depois de pigarrear quase desconfortavelmente. Não sabia até quando aquele clima excessivamente gentil duraria.

– Muito bem, obrigada, Santana. Devo dizer que seu vestido é deslumbrante. Vermelho sempre foi sua cor.

– Anh... – Santana era muito boa em receber elogios, principalmente depois que fizera um curso de Comunicação, mas sentiu-se levemente desconcertada com o elogio de Rachel. – Obrigada, Berry. Belos brincos.

Sentiu Quinn mover-se levemente na cadeira ao seu lado, ajustando a mecha de cabelo loiro que se desprendia de seu coque.

– Vocês cresceram juntos na mesma cidade? Quem imaginaria que Lima, Ohio, produziria tantos talentos?! – O ator que interpretaria o Mágico de Oz sorriu.

Santana não gostou da ofensa à cidade natal, mesmo que o velho tenha tido boas intenções.

– Estamos todos prontos para fazer o pedido? – Disse para encerrar aquele assunto de uma vez.

– Há muito tempo, Lopez. – Jesse abriu um sorrisinho para Santana, erguendo discretamente o braço para chamar o garçom e começar a pedir.

– Vejo que não mudou nada, St.James.

– Obrigado.

Santana não conteve o revirar de olhos dessa vez.


– Então, vocês me deixaram curioso! Cantavam juntas no New Directions? É esse mesmo o nome, Rachel? – Michael, o produtor, começou o assunto.

– Sim. – Berry abriu outro de seus grandes sorrisos. – Cantamos juntas por três anos. Conquistamos o título nacional de melhor coral no último ano de ensino médio. Foi um momento muito especial.

– Ah sim. – Quinn sorriu contidamente. – Eu e Santana participamos do número inicial. Rachel apresentou lindamente a música “It's All Coming Back To Me Now”, Celine Dion. Pra mim esse foi o solo que a rendeu a vaga em NYADA.

– Não acredito que você lembra disso! – Rachel tocou levemente o braço da loira, os olhos brilhando com as lembranças despertadas.

– Como você disse, foi um momento muito especial. – Quinn encolheu-se ligeiramente, e a morena recolheu a mão, quebrando o contato físico entre elas.

– Bons tempos. – Santana disse apenas, muito mais ocupada em observar a interação das duas do que em responder algo melhor.

– E agora vocês farão um filme juntas! A vida não é cheia de surpresas reservadas? – O ator do Mágico de Oz comentou.

– Ah... sabe o que eu acho? – Rachel sorriu, e a latina finalmente percebeu. Rachel Berry não estava pronta para recomeçar quando se tratava de Quinn Fabray. Santana finalmente percebeu que a morena estava longe de imitar a loira e agir como se nada estivesse acontecido. Restava apenas saber como Rachel lidaria com a situação. – Acho que o passado sempre arruma uma forma de bater na sua porta. E quando isso acontece, as pessoas se dão conta que de nada adiantou fugir e esconder. – A diva ergueu sua taça de vinho após uma pequena pausa dramática. Santana aproveitou esse tempinho para analisar Quinn. Viu a amiga erguer o queixo em sinal de desafio, mas também cruzar os braços em sinal de defesa.

Típico. Fabray era a contradição em forma de gente, frequentemente enviando vibes totalmente diferentes de uma só vez. Se a latina se arriscasse a procurar uma explicação para linguagem corporal da outra, provavelmente diria que Quinn estava envergonhada com a indireta de Berry, mas era muito orgulhosa para admitir. Então recebia as palavras como um ataque, e estava pronta para lutar. Quer dizer, tudo isso inconscientemente.

– Desculpem. Vou esquecer a filosofia por um instante... creio essa comida fantástica deve ser apreciada com boas risadas! - Rachel concluiu.

– Amém para isso. – Santana murmurou para si mesma antes de beber um grande gole de vinho.



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Notas finais do capítulo

Yôo, pessoas :D
Então, dessa vez eu não tenho nenhuma desculpa pro atraso na postagem :(
Esse capítulo inclusive ainda não foi betado (e eu queria postar antes do feriado, por isso não esperei minha beta me retornar o cap), então eu peço desculpas se vcs encontraram qualquer erro muito absurdo e mimimi.
Anyway, é isso aí. Fiquei um pouco insegura quanto a esse reencontro, mas acho que a Rachel não seria a Rachel se ela simplesmente ignorasse o passado e tal...
Enfim, me digam o que acharam :)
Até o próximo capítulo!
BJBJ



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