Ligou a Câmera:

— Hello novamente, pessoal! Vocês sabem quem eu sou?! — perguntou. — Claro que sabem, né? Enfim, para aqueles que ainda não me conhecem eu sou o Sasuke-chi, o Sasukito, o Mini Sasuke, o monstrinho, o Sasuke-chibi, a escrava Isaura, a Marinete, a Bozena, o empreguete e do que mais vocês quiserem me chamar... — disse olhando para o lado. — Bom! Hoje eu não trago informações sobre o andamento da minha missão, mas... buáaah — começou a chorar. — Venho até vocês apenas para passar o nosso relatório de convivência — explicou contendo as lágrimas. — Vamos lá então! Er... essa semana Sasuke tem passado a maior parte do tempo fora de casa, minha vida ta complicada, quando estou sozinho me sinto triste e quando ele ta em casa me sinto “dolorido” — contou pensativo. — Bem! Minha meta hoje era passar o relatório, mas como vocês notaram, ao invés disso eu acabei foi desabafando... eh... mas eu não tenho culpa, eu tô me sentindo triste, eu tô tão carente que a primeira pessoa que me oferecesse carinho levava eu embora. Ah! E falando nisso, estou pensando seriamente em fazer a minha carta de “alforria”... er digo, de “adoção”, então pra quem estiver interessado em me adotar, já estou aceitando propostas! — avisou.

— Hum... E desde quando você é quem decide isso? — perguntou estralando os dedos, ao surgir atrás do pequeno.

— Eu nego tudo o que eu disse! — começou a tremer e virou-se para o rapaz. — Eu sou seu Sasuke-sama, “eternamente” seu! — disse o reverenciando.

— Me bajular não te livrará do futuro gelado que te espera — afirmou com cara de psicopata.

— Eu eh... desculpa, eu... “Adeus mundo cruel”!

A imagem saiu do ar.

(...)



— Ar... q-que frio... — gaguejou tremendo, com o nariz escorrendo enquanto cutucava com um palito de fósforo a mini fogueira improvisada. — F-Futuro gelado é? A-Aquele maníaco me p-paga... Atchim! — espirrou apagando o fogo. — Ahhh “J-Jesuis”! SASUKE me tira daqui, pelo amor de Deus! — gritava no escuro, desesperado, esmurrando a porta do congelador.

— Hãn?! Eu não tô te ouvindo! — ironizava o moreno sarcástico.

— Buáaaah... Tá friooo, eu faço o que você quiser, mas me tira daqui — implorou, assim vendo a porta ser aberta.

— Hum. Assim que se fala! Vejo que você entendeu que quem manda aqui sou eu! — disse vitorioso.

— Uhum! — assentiu cabisbaixo e tristonho, em seguida erguendo-a, olhando com carinha de piedade para o Uchiha. Abriu os seus bracinhos, esperando que o maior o pegasse.

— Aff, que seja! — desdenhou, pegando-o e o levando para o quarto.

Chegando no cômodo, colocou o mini sobre seu colchãozinho dentro da caixa de sapato e seguiu até a sua cama:

 — Já está tarde, é hora de dormir! — deitou-se virando para o canto.

— Tá! B-Boa noite Sasuke-kun?! — inquiriu acanhado, não obtendo resposta. — “Boa noite Sasuke-chi”! — respondeu baixinho para si mesmo imitando o maior.

(...)



Um novo dia nasceu:

Trimmmm – Trimmmm – Trimmmm — O despertador tocou.

— Hum. Ué? Não vai reclamar hoje não, é? — perguntou se sentando na cama, não obtendo resposta. — Quem ele pensa que é pra me ignorar? — murmurou se levantando e indo em direção à caixa de sapato. — Eu tô falando com você! — ralhou descobrindo-o.

— Hãn?! — inquiriu retirando as pontas de lápis dos ouvidos. — Foi mal, é eu estava usando tampões!

— Hum. Enfim, hoje eu venho pra almoçar e acho bom ser comestível dessa vez! — advertiu, indo em direção ao banheiro.

— “Escorregue e quebre a perna” — praguejou baixinho.

— Eu ouvi isso! — disse alto de dentro do banheiro.

— Puta que pariu! Que audição é essa? — perguntou incrédulo para si mesmo.

(...)



Na hora do almoço, sentados à mesa:

— Er... e então? Como estava? — indagou com os olhinhos brilhando.

— Hum. Deu pro gasto! — desdenhou seco, se levantando da mesa e seguindo para seu quarto. — Vou descansar um pouco antes de sair novamente — fechou a porta.

— “Tava uma delícia Sasuke-chi, eu amo você”! — elogiou a si mesmo imitando o Uchiha. — Ai que tristeza... eu vou comer barata!

— Hãn?! — inquiriu uma barata que passava por ali, logo mandando sinal para suas amigas se juntarem. — Mayday... Mayday... — emitia um alerta, sinalizando com suas antenas. Em seguida um batalhão de baratas cercou o baixinho.

— Hãn? O que tá... — foi interrompido.

— Eu escutei quando você disse que ia comer uma de nós! — acusou-o.

— Aquilo era só uma maneira de diz... “pera aí”... — arregalou os olhos apontando pra ela. — Baratas não falam!

— Não escutem ele, é o nosso inimigo. ATACAR! — soltou o seu grito de guerra.

— Ahhh! — berrou e saiu correndo com as baratas o seguindo.

Foi uma perseguição demorada!

Alguns minutos depois:

— Ah! Meu... Deus... eu... tô... exausto... — dizia ofegante, após ter despistado as baratas, seguindo para o seu “quarto”. — Acho que vou descansar também...

(...)



Trimmmm – Trimmmm – Trimmmm — O despertador tocou.

— Desliga essa merda “aê”! Ta me perturbando — pediu sonolento.

— Hum. Eu já tô indo, volto só mais tarde! — avisou se retirando do quarto.

— Aff! Me fez perder o sono — resmungou, se levantando. Pegou a câmera e sentou-se no sofá.

A câmera foi ligada:

— Oi gente! Sentiram minha falta? — perguntou. — Acho que não, afinal ninguém me ama, ninguém me quer, eu vou comer bara... er, quer dizer... — olhou para um lado e para o outro, checando se não tinha nenhuma por perto. — Vou me afogar num copo de coca! Porém só mais tarde — explicou. — Bem! Venho novamente até vocês para agradecê-los por me acompanharem nessa jornada e pedir que tenham paciência com o Sasuke! Eu irei provar com certeza que ele, no fundo, bem lá no fundo é um cara legal. Assim eu espero! — murmurou para si mesmo. — Enfim! Beijocas minhas para vocês e até a próxima!

Desligou a câmera.