Felina escrita por MuriloVonNachtwind


Capítulo 3
Complementares




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A menina devia voltar. E não tinha namorado. As ruas mal iluminadas de Olaria eram o pretexto perfeito para acompanha-la à casa. Ganhava dupla, não triplamente: Primeiro, tinha sua mais nova musa junto de si por mais tempo. Depois, descobriria onde morava a menina. Não poderia ser longe, se ela dava voltas. Devia ser na mesma rua. Por último ganhava a confiança da menina, e uma boa primeira impressão era essencial.

“Posso acompanhar? Você diz que não tem perigo, mas eu não acredito. Te acompanho até a casa, que não deve ser longe, e ganho mais um pouco da sua companhia.”

“Não precisa. Mesmo. Aqui é tranquilo. E ademais minha companhia não é lá essas coisas.”

“Ah, isso só eu posso julgar.” Disse, com ar jocoso. “Façamos o seguinte: um jogo – eu avalio se a tua companhia é boa, e tu avalias a minha, que tal?”

“Bacana.” Disse, rindo “Tá bom então, me acompanhe.” Ela levanta a bicicleta. “Vamos, então? Não fica longe, no final da rua.” Foram andando.

“Perto da igreja?”

“Na casa em frente.”

“E você é religiosa, crê em Deus?”

“Creio em Deus. Se sou religiosa, bem, mais ou menos. Não sou propriamente uma boa católica, acho que devesse estudar mais. Frequento a missa aos domingos, mas ainda assim me sinto vazia.”

“também sou católico. Mas sou teu inverso, estudo diariamente a religião, mas raramente vou a missas. Sou teu complemento.”

Ela sorriu. Nunca a tinham tratado com tanta doçura, e nunca a tinham chamado assim. Ela nunca imaginou que pudesse ser, mesmo que metaforicamente, o complemento de alguém. Achava-se o perfeito arquétipo da futura tia solteirona: Não era bonita, e sabia disso. Era amorosa e seria uma boa tia. Ótima tia, talvez.

Ela sorria. O rapaz viu que tinha conseguido se aproximar daquela menina. E reparou algo que tinha passado despercebido. Ela tinha um jeito próprio de andar, como se fosse uma rainha. O mundo parecia se curvar, como numa pintura expressionista, diante da força polarizante daquela deusa. Era uma leoa, devia ser leonina. Leoninas têm esse dom de controlar a tudo e a todos. Era um paradoxo ambulante: tinha em baixa a autoestima, ainda assim era um Sol que girava todos os planetas em torno de si.

Os dois chegaram ao destino em poucos minutos. Diante da porta, se despediram. Na porta, um vulto de mulher. Tinha a mesma idade de Lúcio e era bonita. Lúcio não reparou nisso. Tinha os olhos na beleza única e mezmerizante de Marcinha. Marcinha que entra. Antes de entrar fica dois segundos flechando o rapaz com os olhos, de um jeito inocente e ainda assim muito sensual. Entra. O vulto feminino fica outros dois segundos analisando o rapaz.

“Boa noite.” Disse Lúcio para a mulher, que não respondeu e fechou a porta.


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