Felina escrita por MuriloVonNachtwind


Capítulo 13
O chiuaua de Darwin




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Então, era este mesmo o Victor que ligava, três anos mais velho. Já não tinha mais o Barba como mentor, mas sua "reencarnação" moderna, o gênio - ou djinn - ateu Richard Dawkins. Os amigos o chamavam de "o Chiuaua de Darwin", por brincadeira. Era, portanto, ateu, evolucionista, amoral, uma máquina a serviço do gene, egoísta. Lúcio atende.

"Ô pederasta, cadê tu?" Victor diz imediatamente.

"Em Olaria."

"Metido no subúrbio de novo?"

“Sempre”

“Não sei o que você vê de tão galante no subúrbio.”

“Victor, anota essa como se fosse uma de um Confúcio, ouviu? É deste lado do Rebouças que a vida existe. Do outro as novelas existem.”

Acresce que Victor se mudara para Botafogo. Mal se mudara e já se esquecera de toda sua infância e adolescência suburbana. Era agora um anti-suburbano. Apagou todo o seu passado e era agora um playboy da Zona Sul.  Tinha sempre um luau, uma festa, uma balada, qualquer jogada que envolvesse sexo e drogas era com ele mesmo. Lúcio viu o nome e já deduziu um convite. Convite que sempre recusava, e Victor sabia bem por que. Outro porque, no entanto, permanece na névoa, que é o porquê de Lúcio tinha esse rapaz por amigo.

"Rapaz, parte agora pra Copa, que eu arrumei uma festinha bacana. Luau, rapaz, Luau, compreende?"

"Victor, bem sabes que prefiro ficar em casa."

"Rapaz, vai ter erva à vontade. Mulher à vontade. Mulher chapada, amiguinho, chapadona! Luau!"

"Victor, acho que você ligou pro Lúcio errado."

"Deixa de ser mulherzinha, rapaz. Pelo menos arruma uma desculpa séria para não ir."

"Tenho um compromisso." Victor ri.

"E esse compromisso tem nome de mulher?"

"Mas é óbvio, evidente. Compromisso pra mim ou é mulher ou é estudo."

"E a diversão, onde fica?"

"Nos dois."

"Lúcio, você é tipo Deus, não existe." Lúcio ri.

"Não vamos entrar nessa discussão de novo, vamos?"

"Não. Da discussão não nasce a luz."

"Nascem as besteiras que você fala."

"Ah, vai te ferrar, Lúcio."

"Vou sair hoje à noite, bacana, não rola."

“E qual é o nome da cara desta vez?"

"Marcinha."

"Marcinha!" disse num tom galante. "Que gracinha! Bonita, a cara?"

"Pra mim, linda."

"Tu e teu gosto bizarro."

"Falas assim, mas a última namorada que tive perdi pra você."

"Mas aquela era bonita."

"Essa também é. É só o mundo que é cego."

Victor desliga o telefone subitamente. Lúcio nem estranha, conhecia o amigo e este era o seu jeito. Nunca cumpria com as cortesias básicas do oi e do tchau. Não sabia do seu passado duvidoso, mas conhecia bem seu presente. Tinha lá suas bizarrices e não era má pessoa. Bom, tinha seus pecados, mas quem não os tem? Agora Lúcio tinha um compromisso, no entanto. Agora era oficial: tinha um encontro com Marcinha. Ia chamá-la pra sair.


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