Sydney's POV

Estava escuro quando acordei. Não tinha certeza quanto tempo fazia desde que adormeci, mas não podia ser muito. A lua ainda brilhava pela janela.

Virando um pouco minha cabeça para o lado, não pude deixar de suspirar com o que vi. Adrian sempre estava bonito, mas quando ele dormia, ele parecia tão calmo e sereno que era quase impossível acreditar que sua personalidade era mais agitada que um furacão. Quase.

Enquanto me sentava, fiquei surpresa com o barulho que meu estômago fez. Eu não havia me dado conta do quanto estava faminta.

Levantei da cama o mais silenciosamente possível, mesmo sabendo que eu poderia fazer quanto barulho quisesse, porque, como eu sabia por experiências passadas, Adrian tinha um sono muito pesado.

Andei até o armário dele silenciosamente. Eu não estava com a mínima vontade de procurar as roupas que havia usado no dia anterior. Graças a Adrian, elas estavam em algum lugar espalhadas pelo chão.

Vestindo a primeira peça de roupa que encontrei, uma camisa de seda azul clara, caminhei em direção a cozinha.

Abri a geladeira e reprimi um gemido. Por que Adrian não podia ao menos uma vez na vida comprar algo saudável que não gritasse “gordura” ou “altas calorias”?

Frustrada, desisti da geladeira e abri o armário. Não encontrei nada melhor. Só bolachas e salgadinhos do tipo fedidos. Em outras palavras, calorias desnecessárias.

Sem outras opções, peguei o pacote de bolachas. Caminhei lentamente até o sofá e liguei a TV. Mantendo o volume baixo para não acordar Adrian, procurei algo para assistir.

Eu não gostava de assistir a TV. Quero dizer, noventa e nove por cento dos canais não passavam nada de útil e o um por cento restante que representa os considerados canais “educativos” apresenta documentários extremamente básicos, sem nenhuma informação que eu já não saiba. É realmente um desperdício.

Enquanto passava aleatoriamente pelos canais, algo chamou minha atenção.

Tive de pressionar meus lábios para não rir.

Era um programa sobre “vampiros”, se é que essas imitações baratas podem ser comparadas a morois e strigois.

–Por acaso eu entrei em um tipo de universo paralelo?

Olhei para trás e vi Adrian encostado na porta do quarto. Ele estava usando apenas sua cueca, o que me fez lembrar do que nós fizemos mais cedo. Um sorriso se formou em meus lábios.

–Quem é você e o que você fez com Sydney Katherine Sage? – Adrian continuou. – Ela nunca comeria tanto açúcar e nunca assistiria... – ele pausou por um momento. – Você está assistindo The Vampire Diaries?

Revirei meus olhos.

–Eu não estaria ingerindo tanto açúcar se alguém comprasse o que eu coloco na lista de compras – eu disse.

Adrian sentou ao meu lado no sofá e quase instantaneamente, seus braços me envolveram.

–Eu só estou cuidando da sua saúde – ele disse e beijou levemente minha bochecha.

–Você está cuidando da minha saúde comprando alimentos repletos de gorduras? - eu disse olhando para ele. – Você percebe que isso não faz o menor sentido, não é?

Dessa vez foi Adrian quem revirou os olhos.

–Eu ainda não consigo acreditar que você está assistindo The Vampire Diaries – ele disse balançando a cabeça.

–Eu é que não acredito que alguém faria uma série como essa – eu disse indignada. – Está tudo errado. As pessoas que escreveram isso não sabem nada sobre morois ou strigois.

Adrian riu.

–A questão não é essa, Sage – Adrian disse. – As pessoas assistem essa série pelo drama.

Deitei minha cabeça levemente no ombro dele.

–O único drama que eu estou vendo é uma série sem a menor base científica. – Respirei fundo. – Quero dizer, como que um vampiro só vai se transformar quando vê sangue? Não faz o menor sentido.

–Sage – Adrian disse como se estivesse falando com uma criança de quatro anos -, as pessoas não assistem TV porque faz sentido ou não. Eu não acredito que essa foi a única coisa que você reparou: “sem a menor base científica”.

–O que mais tem para reparar?

–Você está falando sério? – ele olhou para mim como se eu fosse louca. – Todo o drama. A garota que perdeu os pais e se encontra apaixonada por dois vampiros, que por sinal são irmãos. Além disso, sua melhor amiga é uma bruxa e sua outra amiga é uma vampira que namora um lobisomem. Você realmente não reparou em nada disso?

–Não – eu disse sinceramente. – Espera. Como você sabe de tudo isso?

Adrian deu de ombros.

–Eu não tinha nada para fazer nas quintas à noite antes de você se render ao meu charme.

Cerrei meus olhos.

–O que você quer dizer com isso?

Adrian riu uma de suas risadas cheias que me fazia arrepiar.

–Sydney – ele disse sorrindo -, você não existe.

Eu até pensei em retrucar, mas eu fiquei com medo de afastar o sorriso daquele rosto perfeito.

Lentamente, Adrian capturou meus lábios com os dele. Eram em momentos como esse que eu me sentia completa. Todas as minhas dúvidas eram caladas e eu sabia exatamente onde pertencia.

Saber que meu namorado vampiro assiste séries melodrámaticas sobre vampiros é estranho. Mas, por outro lado, era a cara de Adrian.

Não sei se era possível, mas descobrir esse fato banal sobre a vida de Adrian, só fez com que eu o amasse mais. Era como se eu tivesse descoberto uma nova peça de um quebra cabeça. Uma peça pequena, mas essencial.

–Não tem problema você não gostar de TV – Adrian disse assim que nos separamos. – Eu acho que nós podemos encontrar outros meios de entretenimento.

–Ah, é mesmo? – eu disse tentando fazer minha voz soar provocadora, o que era difícil, considerando que eu ainda era uma principiante nesse assunto.

Acho que consegui porque Adrian sorriu e se jogou contra mim no sofá, fazendo o controle remoto e o resto das bolachas caírem no chão.

Eu não consegui evitar soltar um grito agudo no meio do processo. Adrian agilmente beijou o meu pescoço e eu inclinei um pouco minha cabeça para o lado para ele ter mais espaço.

Coloquei minha mão sobre a cabeça de Adrian, bagunçando ainda mais seu cabelo, se é que era possível àquela altura do campeonato. Não consegui impedir minhas pernas de envolverem firmemente a cintura dele e eu pude sentir sua reação a mim.

Fechei meus olhos enquanto ele desabotoava a camisa que eu estava usando e não pude evitar arfar quando suas mãos passaram delicadamente por meu abdômen.

Bom, uma coisa Adrian tinha razão.

Nós definitivamente conseguíamos nos entreter sem a TV.