A Corça escrita por Minene


Capítulo 10
Hogsmead


Notas iniciais do capítulo

OOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOI GENTEEEEEEEEE!!!
Primeiramente, estou SUPER MEGA ULTRA BLASER MASTER feliz de estar postando outro capítulo!! Nunca pensei que demoraria tanto assim para sair. Enfim, ai está um capítulo bem grandinho pra vocês, espero que curtam, porque vai ter muita coisa PERFEITA ai.
Beijos, Boa Leitura!



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Era Halloween. O frio estava aumentando a cada dia e já era possível presenciar o inverno com os pequenos flocos de neve que surgiam.

Como o último passeio a Hogsmeade havia sido cancelado, haveria um no dia do Halloween e, na volta, a festa do dia das bruxas.

– Prof. Slughorn me mandou outro convite de suas festinhas. Claro que ele não iria perder essa oportunidade - Disse Lilian, lendo um pergaminho que sua coruja, no momento bebericando seu suco de abóbora, lhe trouxera, no correio matinal. Estavam no salão principal, em plena manhã de trinta e um de outubro - E olhe! É livre! Vocês poderão ir também!

Louize, Meggie e Emily concordaram. Tiago chegou animado e se espremeu entre Lilian e Emily, que puxou as outras duas amigas para "lerem" o Profeta Diário.

– Lilian - Cumprimentou.

– Se quer saber se posso ir com você a Hogsmeade, esqueça. Já fiz planos com as meninas - Retrucou, ignorando-o e voltando a devorar os bacons em seu prato.

– Credo, Lily - Disse Tiago, acanhado - Vamos lá, você nunca aceitou sair comigo, e seria só uma conversinha e uma cerveja amanteigada no Três Vassouras! O que vai ter custar?

– Muito, Potter. Talvez você não saiba, eu não gosto de você.

– Mas eu gosto. E você um dia ainda vai se render a mim. Mas, por hoje, uma hora no Três Vassouras, ao menos - Cantarolou, tentando convencé-la.

– Potter... Pare com isso. Seus esforços são inúteis. Sabe disso.

Tiago suspirou, e olhou em volta. Pôde perceber que as meninas estavam claramente prestando atenção na conversa.

– Onde você vai? Zonko's? Correio? Penas & Escribas?

– Não será necessário a você saber - Ela empinou o nariz, e fingiu estar lendo pela décima vez o pergaminho de Slughorn. Tiago a acompanhou.

– Você vai na festa daquele professor gorducho?

– Não o chame de gorducho! Ele é professor, Potter, se alguém escuta você fica de detenção! - Ela o reprimiu, enrolando o pergaminho depressa e o encarando furiosamente. Seus olhos verde amendoados até irritados eram lindos. Tiago riu.

– Ok... Bom, já que não aceita minha companhia. Vou indo... Mas se precisar de mim, estarei aqui.

E ele se levantou. Lilian se corroeu por dentro. Por que ele tinha aquele poder interior? Por que ele chamava tanta atenção nela? Era difícil responder. Ela não iria passar a tarde toda com as meninas, sabia disso. Mas então, por que...

Emily sussurrou depressa:

– Olha, sabe que não vamos nos importar. Muito pelo contrário.

E Lilian disse alto, para tentar ser ouvida apenas por ele.

– Potter! Uma e meia no Três Vassouras, e esteja lá, senão...

Ele virou e sorriu safado, caminhando de costas.

– Pode deixar, lírio, não vai se decepcionar.

Ela mal podia acreditar no que acabara de fazer.

* * *

Severo alisou a capa do livro e aprumou-se na cama de dossel do seu dormitório. Estivera a manhã inteira ali, pensando se deveria ir ou não à Hogsmeade. Para quê, se não tinha amigos, um cabeludo passeando pela neve solitário, sem nada para fazer. Ainda mais, tinha discutido com Lilian, novamente. E, sem ela, de nada adiantaria visitar a Zonko's, ou a Dedosdemel, ou a Penas & Escribas. E seu ser emocional ruiu de vez quando recebeu outra carta de sua mãe.

Ela dizia estar bem, mas, pelas marcas de lágrimas e pelas letras tremidas, ela estivera chorando. E Eileen nunca mandaria uma carta dizendo que estava bem realmente estando bem. Não, ela estava passando por outra fase difícil. De novo.

E Severo sabia o motivo daquilo tudo. Seu pai. Tobias Snape. Para ele, toda a sua família, e inclusive sua esposa, não prestavam. Ainda mais nas condições em que moravam. Era uma casa ruim, um bairro ruim, uma cidade ruim. Uma janta sem gosto e uma TV que chuvisca e que não presta. Mas como sua mulher poderia se mudar, fazer uma janta decente ou comprar um servidor de TV que prestasse sendo que Tobias mal trazia o salário que ganhava como chefe do departamento de manutenção no Ministério da Magia. Gastava tudo com bebidas. E sua mãe não tinha o melhor trabalho do mundo para que pudesse pagar todas as despesas. Eles tinham muitas dívidas, mas para Tobias, o que importava?

Sempre que ele não chegava no horário, Eileen mandava Severo ir deitar, e ia espiá-lo de cinco em cinco minutos para ver se o estava fazendo. Mas Severo nunca dormia. Ele ouvia todos os gritos, todos os desaforos e todos os choros de sua mãe, que se encolhia nos cantos da casa. E ele queria poder defendé-la, se colocar na frente dela e defendé-la. Mas ele não conseguiria. Era um covarde, sempre fora. No mínimo, levaria um soco no estômago e em seguida sua mãe levaria um também.

Eileen Prince era uma boa mulher. Mas o tempo, o sofrimento e a vida a fez ficar rabugenta, irritadiça. Severo não a culpava. Nunca. Amava sua mãe, ela era seu porto seguro sempre que precisava. Mas como ajudá-la e acalmá-la se estava longe? Ele era inútil, e seria mesmo se estivesse ao lado de sua mãe, tratando de seus machucados das costas e dos braços. Severo não tinha tato, nem carinho. Nem com sua mãe, nem com Lilian.

Lilian. Ele sempre seria um fracasso com ela.

Abriu o livro em sua contra capa. Este livro pertence ao Príncipe Mestiço, estava escrito ali. Mas por quê aquele nome? Simples. Mas não tão simples. Príncipe do sobrenome de sua mãe, Prince, e Mestiço porque a família de seu pai era trouxa. Com raciocinio, fácil. Mas com certeza ninguém num futuro próximo iria saber que aquele livro era de Severus Snape.

Folheou em uma página qualquer e leu no canto: Sectusempra. Como ele tivera vontade de usar esse feitiço em certas pessoas. Já imaginou diversas vezes fazer isso com Sirius... Tiago... Mas se deteve em todas elas. Não era o certo. Quando experimentara o feitiço Levicorpus com eles, os sabichões descobriram e começaram a usá-lo em todo canto, com qualquer criança que os irritasse. Severo os odiou imensamente naquela época.

Mas o que poderia fazer? Puní-los? Como? Severo era só um bobão oleoso que eles, com um simples movimento de varinha, o derrotaria. Chateado com sua falta de coragem e oportunidade, Severo guardou sua varinha e saiu do quarto, apressado, antes que as portas para Hogsmeade se fechassem.

* * *

Depois de visitar a Zonko's, a Dedosdemel e o Correio, Sirius, Tiago, Pedro e Remo se arrastaram na neve até chegarem no Três Vassouras, que estava confortável, quente e amistoso depois de todo o frio lá fora. Tanto, que a primeira coisa que eles fizeram antes de ocuparem uma mesa foi tirarem os cachecóis.

– E o que você pretende falar com ela, Pontas? "Puxa, lírio, como foi que você terminou aquele trabalho excepcionalmente complicado de Transfiguração?" - Caçoou Sirius - Por favor, me diz que vocês vão ter um assunto para conversar?!

– Ora, é claro que vamos ter um assunto para conversar. Na verdade, vamos ter vários - Mentiu Tiago, alisando o cachecol da Grifinória, nervoso. Isso o perturbou por horas antes de sair de Hogwarts. E se realmente não tivessem assunto nenhum para falar um com o outro? Seria um encontro patético. E Tiago Potter nunca tivera um encontro patético na vida.

– Duvido - Comentou Sirius, displicente - Precisa aprender algumas coisas comigo, parceiro.

– Não preciso aprender nada com você, "garanhão". Muito ao contrário de você, sei como tratar uma mulher.

– O que você quer dizer com isso? - Sirius apoiou-se na mesa, ameaçador. Sabia que ele tinha se referido ao seu namoro com Emily.

– Epa, epa, parem com isso, por favor. Não queremos que briguem novamente - Pediu Remo, esticando os braços. Neste istante, Tiago ficou pálido.

– Andem, procurem outra mesa, ela chegou! - Disse, enérgico.

Todos olharam para a porta, na qual Meggie e Emily surgiam, junto com outras duas garotas, uma de cabelos muito ruivos. Todos os três sairam cambaleando, empurrados por Tiago, e sentaram em outra mesa.

Louize, Meggie e Emily sentaram em outra ao lado de Lilian, e as incentivaram, lançando olhares ansiosos à Tiago, que fingiu que a poeira debaixo da mesa era muito atraente. Ouviu a cadeira sendo arrastada.

– Bom dia.

– Olá...

Seus olhares se encontraram quando Tiago levantou a cabeça. Ela estava mais bonita do que de costume. Os cabelos muito bem penteados, os cachos enfeitando-os nas pontas, a saia da escola por baixo da capa, ambas de cor preta, e a camiseta branca de algodão. Ela também estava maquiada, como pôde perceber, o que ressaltava suas sardas. Tiago amou muito aquilo junto aos seus olhos extremamente verdes. Sua boca fina e roseada o fez estremecer de leve e ele desviou o olhar para ela não perceber.

– Então... Como vai? - Ela perguntou, apreensiva.

– Bem, e você?

– Nenhuma cantada? Nenhuma coisa do tipo: "Melhor agora, lírio"?

– Não. Sei que você não gosta. E não irei insistir.

Ela pareceu extremamente confusa. Madame Rosmerta, a dona do bar, se dirigiu a mesa dos dois, com um caderninho e uma pena nas mãos.

– Algum pedido, queridos?

– Duas cervejas amanteigadas, por favor - Pediu Tiago, formalmente. Ela anotou e saiu rebolando com seus saltos para atender outros clientes.

– Por que fez isso? - Perguntou Lilian.

– Isso o que?

– Isso. Pedir por mim. Eu sou...

– Pare com esse orgulho interno, Lily. É normal que o homem peça e pague para a dama. É uma das leis de "Tratando bem uma mulher".

Ela não teve desculpas. Tiago estava se saindo muito bem. Ela colocou a mão em cima da mesa, de modo que ficasse a vista.

– Bom... - Ela disse - Muito bom... Com quem aprendeu isso? Sirius Black?

Ele percebeu a mão da garota em cima da mesa. Tão delicada, as unhas pintadas de incolor. Sentiu-se no desejo de segurá-la, como se fossem muito mais que colegas, mas ela com certeza o deteria, reclamando. Provavelmente ela nem percebeu o ato ao colocá-la na mesa.

– Não aprendi com ninguém, se quer mesmo saber. Será que eu tenho que ser burro e mal criado para sempre ao seu ver, Lily? Talvez queira saber que eu não sou realmente assim.

Lilian estreitou os olhos em sinal de desconfiamento, e Tiago percebeu. Ele colocara a sua mão em cima da mesa, e agora, ela podia ver em seus olhos que ele tinha notado sua vontade expressa de que ele a segurasse. Como assim, Lilian Evans? Desde quando ela queria que Tiago Potter segurasse sua mão? Qualquer contato físico com ele seria um enorme desperdício de vida.

– Nunca disse isso, Potter - Ela parecia falhar. Falhar demais, e se culpou por isso - Ouço você e nunca disse o contrário - A mão dele se aproximava da de Lilian, como se nem percebesse - Talvez... Talvez...

– Talvez...

E, num ímpeto, Tiago encostou seus dedos quase imperceptivelmente nos dos dela. Os dois estremeceram como um pequeno choque elétrico ao toque, e Lilian não brigou com ele. Seus olhos foram as duas mãos, e em seguida, quase simultâneamente, eles levantaram o olhar. Os castanhos encaram os verdes. Não parecia haver ninguém ali.

Mas, do nada, o contato visual foi interrompido por Madame Rosmerta, que, rapidamente, colocara duas garrafas de cerveja amanteigada na mesa e saíra depressa, para atender o bar, que estava cheio. Tiago suspirou e desarrolhou sua garrafa e a de Lilian, como se nada tivesse acontecido naqueles segundos perfeitos.

* * *

Estava sentado, desolado, no tronco de uma árvore. Devido ao seus grandes ramos, havia um pequeno espaço sem neve, no qual ele pudera se sentar e olhar o dia passar. Severo Snape, eternamente sozinho.

"– Não diga isso, Sev, que ideia mais estúpida!"– Dissera Lilian, uma vez, quando ele lhe disse seus sentimentos. Ela nunca o entenderia, por mais que fossem tão semelhantes. Ele e ela, tão diferentes, mas tão iguais.

Ele ouviu passos. A neve sendo esmagada, que som mais conhecido. E a pessoa sentou no cume do monte, em frente à Casa dos Gritos.

– Por quê fez isso? - Perguntou uma voz, e Severo congelou. Lilian. Estava ali, com quem?

– Isso o que? - Severo sentiu outro vazio ainda maior ao perceber que o dono da última voz era Tiago Potter.

– Colocar sua capa na neve para mim. Que ridículo - Ela riu - Isso está em "Tratando bem uma mulher"? Vem cá, isso é um livro?

– Sim e sim, capítulo vinte e sete, parágrafo nove.

– Ridículo - Ela repetiu, rindo ainda mais. Tiago a acompanhou. Eles sentaram.

– Estou com frio, Lily.

– E acha que eu vou ficar te abraçando? Você pôs sua capa na neve porque quis!

– Ai, que ofensa - Mais risadas - É sério, me abraça.

– O que você não pede rindo que eu faço chorando, Potter?

Severo sentiu os olhos arderem, e previu que iria derramar lágrimas, levantou e, devagar, desceu o monte, antes que eles percebessem.

Sem jeito, Lilian abraçou Tiago de um jeito idiota. Os dois riram.

– Acho melhor não - Ela disse, se recompondo.

– Puxa... - Ele fez carinha de triste - Faz assim, então.

E colocou seu braço pelo ombro de Lilian, que o abraçou direito. Não sabia o que estava acontecendo com ela. Em um segundo, ela odeia Potter. No outro, está abraçada com ele, com a cabeça nos seus ombros.

– Irônico, não é? - Ele disse, e ela imaginou por um instante macabro que ele fosse versado em Legilimência.

– O quê?

– Isso. Nós dois.

– Não pense que isso foi mais do que amizade. Você é carente, estou te dando uma força.

– E se eu estivesse muitíssimo carente, você me daria um beijo? - Ele pediu, esperançoso. Quem sabe, não acontece um pequeno milagre.

– Opa... Limite estourou. Desculpa, Tiago, mas... Não. Não dá, mesmo. Até ontem você era o garoto que eu queria ver morto e hoje...

"Hoje você é o garoto pelo qual eu estou apaixonada" ela reprimiu a frase. Como assim? Nunca. Nunca apaixonada por Tiago Potter. Nunca, jamais, nunca.

– E hoje... Você está agarrada em mim como um coala? - Ele sugeriu, rindo da situação - Lily... Chega disso. Eu... Eu gosto de você.

Ela levantou a cabeça de seu ombro e olhou nos olhos dele. Lembrou da frase que Severo lhe dissera antes de seu primeiro beijo. Exatamente igual. Sentiu-se como se estivesse o traindo. Traindo os dois. E nem percebeu quando Tiago aproximou seu rosto do dele e fechou os olhos, preparando-se para beijá-la.

O que poderia fazer? Aceitar ou recusar? No fundo, no fundo, Lilian sabia que gostava de Tiago. Mas gostava também de Severo.

Mas discutira com Severo. Sem se importar, fechou os olhos, mas o beijo não aconteceu.

– Ai! - Tiago gritou, se levantando.

Lilian também se levantou. Sirius e Remo estavam ali, rindo deles. Na mão de Sirius, uma bola de neve.

– Quase, Pontas.

– Ah, não... Porra Sirius, qual o seu problema? Eu... Eu...

– Ah... - Começou Lilian - Tiago... - Ele se virou para ela, nervoso - Eu... Vou indo, ok? Até mais.

E, depositando um beijo em sua testa, desceu a colina correndo. Tiago a seguiu, desesperado.

– Acho que você exagerou, Almofadinhas - Disse Remo, preocupado.



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Notas finais do capítulo

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