Menos de meia hora depois, havia pelo menos 35 jovens reunidos ali.  Thiane estava sentada junto a Iara e Walber numa posição de destaque. Sentia-se incomoda com tantos semideuses olhando para eles. Noah começa a falar.

- Todos aqui já conhecem a profecia... Precisamos de oito semideuses numa missão perigosa, segundo minha linda Cibele, uma missão suicida... – Alguns riam, outros pareciam nervosos – Bem, eu vou... E quatro lugares já estão reservados – e aponta para Thiane e seus amigos, embora ainda faltasse o último novato – Alguém se habilita?

Pelo menos vinte mãos se levantaram, todos dizendo “Eu” ao mesmo tempo.

- Nossa! – Noah sorri – Aprecio o empenho de vocês, mas lembrem-se que só cabe mais três nessa missão.

Thiane não entendia porque todos se ofereciam para uma missão “suicida” pelo submundo. Aqueles jovens eram bem corajosos.

- Precisamos de um médico na missão! – grita um filho de Asclépio, deus da medicina.

- Sutil... – Resmunga Walber.

- Não! Precisamos de mais guerreiros! – diz um grandalhão, irmão de Noah.

- Que tal uma mistura dos dois? – se oferece Cibele, que além de ótima arqueira, era curandeira e música.

Todos concordam afinal ao que Thiane tinha notado, Cibele era admirada por todos por sua coragem e dons especiais, apesar de ser jovem. A namorada de Noah iria à missão.

- Posso dar um palpite? – Walber levanta a mão e diz – Porque não levamos um filho de Atena? Bons estrategistas são extremamente necessários! Eu sugeriria a Dani, se ela quiser claro!

Dani sorri. Thiane, Iara e a filha de Atena tinham conversando minutos antes. Dani tinha dito que nunca saíra numa missão, e queria fazê-lo. Alguns são contra, mas a maioria concorda. E a última vaga é preenchida por Ian, o filho de Bóreas. Todos concordaram em ter alguém com afinidade com os ventos.

- Está decidido, então. – conclui Noah – Além de Walber, Iara, Thiane e o novato que ainda está por chegar. Teremos na missão seu líder que aqui vos fala, Cibele, Dani e Ian. Tuca, você lidera o alojamento durante nossa ausência. Partiremos amanhã cedo.

Mais tarde, Thiane tinha novas aulas de arco-e-flecha com Cibele. Já estava pegando prática. Iara a observada.

- Desculpe interrompê-las meninas – diz Walber se aproximando, trazendo duas armaduras torácicas, uma prateada e outra roxa – Vocês vão precisar disso... Forjei para vocês!

E ele entrega a primeira à Thiane, e a roxa à Iara. De repente, um alarme alto começa a tocar. Vários semideuses, inclusive Cibele se apressam em preparar suas armas e vestir suas armaduras. Sem perguntar, Thiane faz o mesmo. Em um piscar de olhos, dúzias de monstros invadem o alojamento. Alguns voavam com horrendas asas de morcego, outros tinham metade do corpo humana, a outra de algum animal, seja cavalo, lagarto e até mesmo aranha.

Todos os semideuses partiram para o ataque. Thiane é surpreendida por uma mulher com pernas de aranha. O monstro atacou com uma espada. Thiane só teve tempo de desviar. Tentou preparar uma flecha, mas estava muito nervosa e não consegue. A mulher aranha olha para ela e diz:

- Oi garotinha! – a voz soava doce, o que deixava Thiane ainda mais nervosa – Tens o perfil de uma vingadora... Não quer se juntar ao exército de Nêmesis?

- O que é você? Como descobriram o alojamento?

- Sou Aracne, muito prazer! Foi fácil, não subestime os poderes de minha patrona.

- Quem é a sua patrona?

- Hécate, a mãe de sua amiguinha. Viemos buscá-la!

- Não! – Thiane grita e prepara o arco. Dispara. A flecha atinge o braço esquerdo de Aracne e esta a arranca facilmente.

- Teve sua chance! – E Aracne ataca novamente.

Thiane dispara mais uma vez. Dessa vez atinge o peito da mulher-aranha. Aracne vira uma estátua de areia e desmancha.

A garota respira fundo e nota que vários monstros já tinham sido reduzidos a pó, mas havia pelo menos cinco semideuses mortos, cobertos de sangue. Nervosa, procura pelos amigos. A doze metros dela, Iara acaba de enfiar uma adaga preta no peito de um monstro alado, que se desfaz. Ouve-se um tiro. Thiane vira de costas e vê Walber com uma espingarda. Nota que ele acabara de explodir a cabeça de um centauro.

Menos nervosa e mais confiante, Thiane acerta mais três flechas, antes que uma cena inusitada acontecesse. Do nada, assim como foi com ela, um garoto surge ali e fica com uma expressão apavorada. Thiane sabia que era o quarto novato da missão.

- Você é o quarto novato?

- Eu não faço ideia do que estou fazendo aqui e como vim parar aqui! – diz o garoto. Parecia ter uns 17 anos. Era magro e tinha estilo: camisa branca, bermuda jeans preta, corrente no lugar do cinto, tênis grandes e com cadarços coloridos, cabelo espetado.

- Okay, apenas lute... – diz Thiane.

- Nem precisa pedir! – diz o garoto, abaixando-se para pegar a espada de um jovem morto na hora que uma flecha de um monstro voa sobre sua cabeça.

Thiane sorri e continua a disparar flechas certeiras.