Os dias passaram mais rápido do que os garotos gostariam, faltava somente uma semana para o evento. Durante os três meses, Jin e Ronan planejaram a festa e entraram em contato com as empresas necessárias, convidaram todas as pessoas que eram amigos e amigas de Elesis e pediram para que todos mantivessem segredo. Com as confirmações já feitas os dois garotos foram escolher o lugar para a festa e decidiram que seria melhor fazer em uma das mansões que ambas as famílias possuíam, e isso tomou mais uma semana pois tanto o ruivo como o azulado tiveram que visitar cada uma para escolher, no fim, a mansão de Jin, próxima a praia e com piscina, seria melhor.

Os dois confirmaram o buffet, a decoração, o horário, a organizadora, o DJ e o resto das coisas nas folgas que Victor dava para Jin em seus treinos, pois ele queria seu lutador nas melhores condições físicas possíveis, e graças a isso a maior quantidade de tempo que os dois poderiam falar sobre a festa foi o horário do intervalo, e como era surpresa, Jin e Ronan tentavam ficar o mais afastado possível de Elesis para que ela não descobrisse.

Naquela última semana as coisas se tornaram corridas, pois os garotos iriam provar o buffet. Era uma quarta-feira e os dois haviam decidido se encontrar as 9:00 da manhã. Não haveria aula nos próximos três dias devido a um feriado prolongado.

Jin acordou rapidamente, tomou um banho e vestiu uma calça jeans azul marinha e uma camiseta branca solta, resolveu pôr um colete preto por cima. Após se vestir e passar o bendito protetor solar e um perfume para mascarar o cheiro, Jin sentou em sua cama e olhou no relógio, constatou que eram 8:30 da manhã. Iria esperar Ronan chegar para irem a empresa que serviria o buffet da festa e provar as amostras para decidir o cardápio da noite. Jin estava sentado em sua cama olhando para frente pensando no que ele iria escolher para a festa quando viu um pequeno pedacinho de tecido preto ao lado de seu guarda roupa, o ruivo se levantou e pegou o tecido que mostrou ser a capa de um violão, Jin sorriu afinal fazia tempo que o lutador não o tocava.

Pegou o instrumento e levou-o para a sua cama, abriu a capa com cuidado revelando um violão totalmente preto, Jin se preparou para tocar uma música qualquer quando acidentalmente seu cotovelo bate na capa derrubando-a.

– Droga... – diz o ruivo, se abaixando para pegar a capa do chão.

Ao fazer isso um pequeno papel caiu, estava um pouco amarelado devido ao tempo e o jeito que estava guardado, Jin o pegou com cuidado e o abriu, se surpreendendo com o que viu, era o início de uma letra de música, estava na primeira estrofe. O garoto não se lembrou de primeira do que se tratava, mas ao começar a ler não pôde deixar de sorrir, o lutador compôs aquela estrofe com o ímpeto de criar uma música para Elesis quando a garota começou a se afastar dele.

Um sorriso brincou nos lábios do ruivo, procurou uma caneta e recomeçou a música. A letra começou a vir em ondas na sua cabeça, assim como uma ideia maluca, Jin iria dar a música de presente para Elesis.

Mesmo que o ruivo já tivesse comprado um presente, queria dar algo especial, afinal, o garoto ficou tão ocupado em organizar a festa e em treinar que acabou deixando Elesis um pouco de lado. Após a musica escrita Jin começou a fazer a melodia, porém todas as que ele tentou ficaram uma droga.

Ronan chegou no horário marcado e mandou Felix buzinar como de costume, porém dessa vez Jin não saiu, Ronan olhou preocupado e resolveu ir ver o que poderia ter acontecido. Entrou no terreno e rumou em direção à porta, em seguida tocando a campainha, foi atendido por Meiryn.

– Senhor Ronan – disse a empregada se curvando.

– Cadê o Jin, Meiryn? – perguntou Ronan, olhando a empregada, preocupado.

– O jovem mestre está se arrumando em seu quarto – falou Meiryn – Quer ir chamá-lo?

– Sim – respondeu Ronan passando rapidamente pela empregada e subindo as escadas em direção ao quarto do ruivo.

Ao chegar lá viu uma cena que não esperava, Jin estava sentado com seu violão em mãos, cantando baixinho uma música que Ronan não conhecia.

– Yours to hold... – cantou Jin baixinho e praguejando alto em seguida – Que droga, não consigo criar uma melodia decente!

Ronan se encostou na porta sorrindo divertido para o ruivo que se descabelava tentando criar uma melodia.

– Acho que eu posso te ajudar – disse Ronan sorrindo.

Jin teve um sobressalto, afinal, não havia notado a presença de Ronan ali, Jin corou um pouco.

– Me deixa ver a música que eu crio a melodia facilmente – disse Ronan, se aproximando do ruivo e estendendo a mão.

– S-Só não ria – falou o lutador corando e entregando a folha para Ronan que sorria.

Ronan pegou o papel e começou a ler calmamente, arregalando os olhos a cada palavra, a letra era simplesmente incrível, Ronan olhou para o ruivo com suas orbes azuis arregaladas em tom de real surpresa.

– Foi mesmo você que escreveu isso? – perguntou Ronan.

– Sim – respondeu Jin irônico.

– Isso está incrível, Jin! – disse Ronan, sentando-se na cama – E eu já pensei em uma melodia, veja se você gosta.

Ronan pegou o violão de Jin e começou a tocar algumas notas, logo criando um ritmo incrível que fez Jin ficar de boca aberta. O lutador pegou o papel sobre a cama e começou a cantar no ritmo, logo os dois se acertaram e decidiram que ritmo usar no refrão e no resto da música. Levaram cerca de uma hora e meia fazendo isso, o que fez o ruivo ter um sobressalto ao olhar no relógio.

– Putz, perdemos a noção do tempo aqui! – disse Jin, se levantando.

– Pois é – concordou Ronan, se levantando e colocando o violão na capa novamente.

Os dois saíram correndo, pois haviam marcado a degustação para dez horas e já eram dez e meia. Entraram no carro e Ronan mandou Felix pisar fundo e o motorista assim o fez. Ronan e Jin começaram a ver a lista de coisas que teriam que fazer naquele dia e suspiraram, pois ainda havia muita coisa para terminar.

Elesis acordou dez horas da manhã, reparou que sequer trocou de roupa ao se deitar e seu rosto estava um pouco grudento das lágrimas que acabou derramando durante aquela fria noite, abraçada em seu urso.

Três meses haviam se passado desde que Ronan e Jin começaram a tratar a ruiva com indiferença. No começo a jovem pensou que os dois tivessem apenas querendo ter um papo mais “másculo”, porém com o passar dos dias Elesis percebeu que não era bem isso, pois os dois nem sequer lhe davam bom dia direito e que dirá dizer tchau. Toda vez que a viam saiam quase correndo como se ela tivesse lepra ou alguma doença contagiosa. Nem para ir aos treinos Jin a chamava mais.

Para não ficar sozinha, Elesis começou a ficar com Lire e Arme, porém as duas haviam feito amizade com as garotas do clube de jardinagem e o papo das meninas com o passar do tempo parou de dar certo, pois Elesis preferia mil vezes falar de “como a morte de Poseidon foi dolorosa e cruel e muito bem feita no God Of War 3” do que “Como os garotos do clube de luta são lindos e fortes”, então Elesis apenas afirmava com a cabeça, mas não estava prestando nem 0,001% de sua atenção nas palavras daquelas garotas fúteis.

Porém Elesis se cansou dessa brincadeira, e antes que a ruiva notasse, sua música tema era Wish You Were Here, da Avril Lavigne. Na escola Elesis começou a ficar sozinha, pois não aguentava aquele papo sobre meninos e por que sentia uma falta enorme de Jin, que naquele momento nem lhe dava bola. Elesis cogitou a ideia de Jin e Ronan estarem namorando, mas logo a descartou, sabia que os dois eram héteros, e isso só fazia aumentar o vazio que se criou dentro do coração da ruiva.

Porém, aquela semana fora a pior de todas. Sempre que faltava uma semana para o seu aniversário Jin lhe dava uma rosa vermelha que depois era utilizada como um sinal para que a ruiva descobrisse o seu presente, como ir ao parque ou vales-presente que dariam quase um salário mínimo, porém ele não o fez, era como se Elesis não existisse mais, e por esse motivo a ruiva chorava.

Naquela manhã não foi muito diferente. A ruiva chorou até dormir, um choro silencioso, pois não queria acordar sua tia por uma bobagem como aquela. Se levantou e fez sua higiene matinal, colocou uma roupa qualquer pois não estava com humor para escolher nada e desceu as escadas. Mesmo que não sentisse fome a ruiva comia, afinal não queria ficar com anemia ou algo do tipo.

– Bom dia Elesis! – disse Camila, animada, o que fez Elesis ter um mal pressentimento.

– Bom dia – respondeu a ruiva, sem emoção alguma na voz. Camila a olhou preocupada, de fato já havia notado a falta de animação em Elesis, que havia piorado bastante no começo daquela semana.

– Bem, vá se arrumar, pois hoje vamos sair! – disse Camila se virando e depositando na frente de Elesis um prato com panquecas – E se anime, viu?

– Aonde vamos? – perguntou Elesis, brincando com a comida.

– Ora! Vamos comprar o seu vestido para a festa de Sexta! – disse Camila cantarolando. Elesis praguejou mentalmente, não estava com ânimo para nada.

– Eu acho que não vou, tia... – começou a garota, porém foi interrompida por uma voz raivosa e um olhar mortal.

– Você vai sim! Pois eu já confirmei a nossa presença e não vou passar carão por sua causa! – Camila quase gritou com Elesis, deixando clara sua decisão. Elesis conhecia muito bem a tia para saber que se a contestasse naquele momento seria quase vítima de um homicídio.

– Tudo bem – disse Elesis após um sonoro suspiro.

– Ótimo! – disse a tia se voltando para as panquecas novamente – Vou escolher um vestido glamoroso para você, talvez vermelho, para combinar com seus cabelos e ressaltar seus olhos...

Elesis se desligou do mundo, deixando a letra de sua nova música tema entrar na sua cabeça. Comeu devagar, sem pressa alguma, depois colocou uma roupa mais apresentável, uma calça jeans clara e uma camiseta básica marrom, um All Star preto e prendeu os longos cabelos ruivos em seu habitual rabo de cavalo. Saiu de seu quarto e encontrou sua tia olhando a carteira, Elesis pôde ver, mesmo que de relance, uma enorme quantidade de dinheiro, mas resolveu não ligar para isso.

– Pronta? – perguntou a tia, guardando a carteira em uma bolsa de alça transversal.

Camila usava um vestido branco solto um pouco acima dos joelhos, um casaco jeans curto e botas marrons de cano alto, seus longos cabelos ruivos, um pouco mais claros que os de Elesis, estavam soltos, apenas penteados para trás e segurados por um arco.

– Sim – respondeu a ruiva com sua voz monótona.

Camila se levantou e andou em direção a porta, Elesis pegou seu celular em cima do balcão da sala e o colocou no bolso da calça. Saiu atrás de sua tia, que a esperava para poder trancar a porta.

As duas pegaram o carro novo de Camila. Não era um carro muito novo, mas funcionava bem e era silencioso, diferente do fusca preto que ela tinha. Não demorou muito para chegarem ao centro comercial. Camila procurou um estacionamento barato e após deixar o carro ali as duas começaram a rodar as lojas. Viram muitas roupas diferentes até que encontraram uma loja de roupas de festa, Elesis não queria entrar, mas foi forçada por Camila, que pegou uns sete vestido de cores diferentes e basicamente arrastou Elesis para os provadores. A garota não ficou muito confortável com isso, mas achou melhor entrar na onda, pois quanto mais rápido escolhesse o vestido mais rápido ela poderia voltar para casa. Mas para quê? Para se martirizar? Talvez, mais só queria sair daquele lugar o mais rápido possível.

Elesis experimentou tantos vestido que acabou ficando tonta. Alguns deles eram tão curtos ou tão cavados que Elesis não sairia com eles na rua nem que a pagassem. Experimentou diversos vestidos de diversos estilos, mas no final sua tia achou que nenhum dos vestidos ficou bom e saiu daquela loja indo para outra maior e mais completa. Elesis suspirou ao subir os degraus, o resto de seu dia seria assim mesmo.

Novamente Camila deu à ruiva uns dez vestidos diferentes, primeiro os curtos, mas nenhum foi bom o suficiente, mesmo um que Elesis gostou, branco, tomara que caia e rodado. Camila o achou muito simples e disse que procurariam um melhor.

Elesis experimentou mais uns 20 vestidos até encontrar um bom o suficiente, até mesmo a ruiva não pôde deixar de notar o quanto ficou bonita com aquele vestido. Ele era vermelho com um decote em V na frente, de alça fina com uma faixa um pouco abaixo dos seios, a saia era composta de diversas camadas de tecido fino e esvoaçante, ficando com a perna direita um pouco mais alta, as camadas acabavam um pouco acima do joelho e iam até o chão na outra perna, fazendo uma espécie de decote na parte de baixo, o vestido arrastava um pouco no chão, o que significa que Elesis seria obrigada a usar um salto um pouco mais alto, não que ela não soubesse andar de salto, ela apenas não gostava muito.

Elesis viu a etiqueta e quase caiu para trás, o preço era realmente muito alto, mas o que surpreendeu a garota foi o fato de Camila tê-lo pago à vista.

– Bem, agora vou escolher um para mim – disse ela sorridente e pegando uma porção de vestidos.

Camila tinha razão, de fato Elesis se animou um pouco comprando os vestidos, mesmo que ficar experimentando um monte deles tenha sido bem chato. Sua tia disse que Elesis poderia passear um pouco e que no dia seguinte as duas iriam ver os acessórios e o sapato para usar com o vestido. Elesis não poderia negar que ficou um pouco animada com a idéia. Poderia não parecer. mas a ruiva gostava de comprar sapatos, ou pelo menos de experimentá-los.

Elesis saiu da loja apenas com o seu celular. O sol acabou ferindo um pouco os seus olhos, mesmo que uma brisa um pouco fria estivesse presente, o sol estava um pouco forte o que dava uma sensação gostosa. Elesis se pôs a andar em direção às lojas de materiais de pintura, pois naqueles últimos meses a ruiva desenhou e pintou bastante tentando manter sua mente ocupada. Graças a isso acabou ficando sem materiais e achou que seria bom ver o preço das coisas de que precisava. Chegou à loja onde vendiam tintas, lápis para desenhos, telas e etc, chamada Amor&Arte e foi direto para o setor de pintura. Elesis olhava os preços e as cores, mas no fim a garota percebeu que não conseguia absorver nada do que olhava e acabou desistindo.

Resolveu andar um pouco, mesmo que fosse apenas para ver os preços e tentaria inutilmente guardá-los, quando passou na frente de uma loja na qual era freguesa a bastante tempo e a atendente a chamou.

– Elesis-Chan? – chamou ela sorrido.

Elesis parou, estava distraída e olhou surpresa para a garota que sorria gentilmente.

– Ah! Olá Kirye, tudo bem? – perguntou Elesis, afinal, fazia bastante tempo que ela não via Kirye.

– Sim! Venha, chegaram umas tintas novas de cores diferentes... – Kirye segurou a mão da ruiva e a levou para dentro da loja.

Kirye arrastou Elesis para o fundo da loja, onde se encontravam tintas e pincéis de tamanhos diferentes. De fato Elesis gostou das novas cores, mas explicou para Kirye que estava sem dinheiro. A garota sorriu e foi até o balcão, Elesis a seguiu um pouco desconfiada, Kirye se abaixou e pegou algo, quando levantou estava com uma caixinha nas mão, era retangular e estava embalada em um papel de coloração marrom.

– O que é isso? – perguntou Elesis analisando a caixa.

– Feliz aniversario, Eli-chan! – disse a jovem de cabelos castanhos.

– Mas meu aniversário ainda não chegou e... – Elesis foi interrompida.

– Eu sei, mas não vou poder te dar isso pessoalmente no dia certo. E nem venha com essa historia de que não precisava!

– Kirye... – disse Elesis, pegando a caixinha na mão – Obrigada.

Elesis sorriu como não fazia há dias, um sorriso alegre e verdadeiro. Apoiou a caixa no balcão e abriu o embrulho com cuidado. O presente era um conjunto de tintas, com as cores novas que haviam acabado de chegar e mais as sete cores do arco-íris.

Elesis abraçou Kirye e agradeceu novamente. Se despediu da amiga e resolveu ir ver se sua tia já havia escolhido um vestido. Quando estava saindo da loja ouviu duas vozes familiares discutindo.

– Eu já falei que ela não vai gostar! – disse uma voz mais grave e melodiosa.

– Ela vai, sim! – disse a outra voz, um pouco mais fina, porém com um tom meio sedutor.

– Cara, ela não é um menino! Garotas preferem colares, pulseiras, brincos, maquiagem... – o voz mais grave foi interrompida.

Elesis olhou para o lado direito e avistou Dio e Sieghart. O moreno estava com o braço esticado e olhava um pouco surpreso para Elesis, já Dio sorria, um sorriso radiante.

– Oi, Elesis! – disse Dio.

– Oi – respondeu Elesis, surpresa.

– Elesis, me ajuda a enfiar na cabeça desse débil mental que a maioria das garotas não gosta de jogar XBox 360! – disse Dio lançando um olhar de raiva para Sieghart.

– Mas ela pode ser diferente! – defendeu-se o moreno.

– De quem estão falando? – pergunto Elesis cruzando os braços, disposta a acabar com aquela discussão.

– De uma amiga do Siegh, ele quer dar a ela um presente de aniversário, mas dar um jogo de XBox é exagero! – disse Dio.

– Que jogo? – perguntou Elesis, com os olhos brilhando um pouco.

– Alan Wake – disse Sieghart orgulhoso.

– Sério?! – perguntou a ruiva.

– S-Sim – gaguejou o moreno.

– Eu ouvi falar desse jogo, mas quando eu fui comprar não tinha mais... – falou a ruiva, corando um pouco.

Dio e Sieghart trocaram um olhar com uma sobrancelha arqueada.

– É mesmo? – disse Dio – Não sabia que gostava de jogar, Elesis.

– É, bem, eu gosto, tenho um Xbox 360 e um Playstation 3, então quando não tenho nada para fazer eu jogo um pouco... – explicou a ruiva corando.

– Acho que você é a primeira garota que eu vejo que gosta disso – disse Dio sorrindo divertido – Já jogou Silent Hill?

– Não, ainda não, não pude comprar... – falou Elesis um pouco desanimada.

– Mas mesmo assim, eu acho que você não deveria dar um jogo para ela – disse Dio.

– Mas se ela for igual a Elesis? Ela vai gostar! – defendeu-se o moreno novamente. Elesis sorriu.

– Bem, acho que vão ter que perguntar para outra garota – concluiu a ruiva.

Quando Elesis ia falar algo mais foi interrompida pelo barulho de um solo de guitarra vindo de seu bolso traseiro. Elesis retirou o celular e atendeu, era Camila dizendo para a ruiva que já havia escolhido o vestido e que era para Elesis voltar, pois ainda tinham que fazer o almoço.

– Eu tenho que ir – disse Elesis, olhando os dois garotos à sua frente.

– Tudo bem, nos vemos segunda! – disse o moreno.

– Sim – concordou Dio – Até segunda.

Elesis se virou e começou a andar de volta para a loja de roupas de festa, com passos calmos e largos. Dio e Sieghart a observaram andar em linha reta e depois virar a esquina para voltarem a se falar.

– Achei a garota perfeita? – perguntou Sieghart, com um sorriso malicioso.

– Acho que não, mas quase – disse Dio rindo – E pensar que nós encontraríamos uma garota que gosta de jogar vídeo game.

– Pois é – concordou o moreno, que lançou um olhar divertido e malicioso ao garoto ao seu lado – Vai comprar o Silent Hill não é?

– Com certeza! – disse Dio rindo e se virando para o lado contrário, indo em direção à loja de games para comprar o jogo, sendo seguido por Sieghart.

Elesis andou pelo que pareceram alguns minutos e logo chegou na frente da loja. Sua tia a esperava com duas sacolas nas mãos. Elesis pegou uma das sacolas e as duas começaram a andar em direção ao estacionamento em que Camila havia deixado o carro. Colocaram as sacolas no porta-malas e pagaram pelo tempo usado.

Camila pegou o caminho mais lento para casa, porém Elesis nem se importou. Encostou a cabeça na janela e começou a pensar no que pintaria com as suas tintas novas. Logo que chagaram em casa, Elesis pegou a sacola onde estavam o seu vestido e sua caixinha e rumou para o seu quarto para guardá-los. Colocou o vestido dentro do guarda-roupa, depositou as tintas sobre a sua mesa de estudos e se virou em direção à cama para poder pegar na cabeceira um par de luvas de borracha. Ao fazer isso a ruiva viu um urso de pelúcia, não muito grande, de tonalidade amarela, que trouxe a Elesis lembranças antigas. A ruiva sentiu os olhos arderem e uma lágrima escorrer, pois a pessoa que havia dado tal coisa a ela fora Jin, no seu aniversário de seis anos.

Elesis secou a lágrima rapidamente, pegou as luvas e as tintas e desceu indo para o atelier de sua mãe. A mãe de Elesis era um artista incrível e por causa disso o pai da ruiva pediu para construírem um atelier nos fundos da casa. Quando Elesis completou dez anos seu pai lhe deu a chave e Elesis passou a fazer seus quadros e desenhos naquele lugar.

Elesis passou pela cozinha e pegou a chave indo em seguida para o atelier, abriu a porta e entrou. O atelier não era muito grande e estava cheio de quadros e alguns cavaletes, haviam telas em branco, mas a maioria estava pintada ou pelo menos desenhada. Arrumou um espaço para começar a desenhar em uma tela branca qualquer, não sabia ao certo o que queria desenhar, só queria se distrair.

Pegou o lápis e deixou sua mente vagar para longe, para um campo florido. O desenhou rapidamente e depois de pronto a ruiva se afastou para poder observar, concluiu que faltava algo para o quadro ficar perfeito. Subtamente imaginou ela e Jin naquele jardim, sentados no meio das flores como um casal.

Ao pensar nisso o coração da ruiva disparou, e seus pensamentos ficaram a mil, ela não poderia estar apaixonada pelo Jin, poderia? Não, pensa ela, mas logo uma voz dentro de si diz a verdade. Elesis lembra-se de Jin treinando, dos sorrisos galanteadores e divertidos, do riso, dos olhos, da voz. O coração de Elesis estava batendo como louco, a ruiva coloca as mão sobre o peito com um único pensamento: Quando foi que esse sentimento surgiu?

– Não, eu não posso estar... Apaixonada por ele... – sussurra a ruiva.

Mais esta... diz uma voz na sua cabeça. Elesis pega o lápis, que havia caído de sua mão, e desenha Jin e ela sentados na grama. Ao fazer o último traço do corpo do ruivo uma lágrima cai na tela, manchando o desenho feito à lápis.

– Por que justo agora... – diz a ruiva, deixando as lágrimas escorrerem.

Elesis ficou no atelier, acabou cedendo e começou a pintar o quadro. Ficou por um longo tempo até que foi obrigada a acender a luz. Camila achou melhor não atrapalhar sua sobrinha e serviu um prato de comida, colocou-o sobre a mesa, quando Elesis sentisse fome ela viria.

Elesis só parou quando sua visão ficou totalmente turva, agora para acabar o quadro só faltava o desenho dela e de Jin. A garota achou melhor continuar a pintar o quadro no dia seguinte. Pegou o celular do bolso traseiro da calça e se assustou com a hora. Eram 22:30 e Elesis teria que acordar cedo no dia seguinte para comprar o resto das coisas.

Saiu e trancou o atelier. Ao entrar na casa viu o prato de comida sobre a mesa, pegou e colocou no micro-ondas, comeu e se dirigiu ao seu quarto. Tomou um banho e ficou pensando em sua descoberta, tentando entender quando foi que aquele sentimento nasceu e por que ela só o percebeu agora, quando Jin quase não lhe dava mais atenção. Adormeceu pensando em Jin e em como os olhos dele lhe lembravam ouro.

Elesis acordou às nove horas da manhã com Camila chamando seu nome e dizendo para ela se arrumar. Levantou sonolenta e se dirigiu ao banheiro, lavou o rosto e fez sua higiene matinal. Colocou uma calça jeans escura, uma camiseta branca e uma sapatilha preta, arrumou a cama e saiu do quarto. Encontrei Camila sentada na mesa, havia pão com queijo quente em um prato sobre a mesa, assim como uma xícara de café com leite.

– Bom dia – disse Camila, sorrindo.

– Bom dia – respondeu Elesis, com um pouco de ânimo na voz.

– Hoje vamos comprar o sapato e os acessórios – disse Camila à sobrinha, que se sentou à mesa e começou a comer um pão, tomando o café com leite – Assim que você terminar vamos sair.

– Ok – respondeu a ruiva.

Elesis terminou rapidamente e ela e Camila saíram. Se dirigiram rapidamente ao mesmo estacionamento do dia anterior e já foram ao local onde tinham várias lojas de sapatos. Desta vez tanto Elesis como Camila experimentaram vários estilos de sapatos de diferentes cores. Logo a tia de Elesis encontrou um que combinava com seu vestido, prateado, de bico fino, com um salto três, era simples, mas de fato combinava perfeitamente com o vestido.

Elesis experimentou vários sapatos até encontrar um que combinasse completamente com o seu vestido. Era vermelho, com o bico redondo, feito de camurça, duas fitas vermelhas de um tecido meio transparentes saíam de cada lado para serem amarradas na perna, não eram muito compridas então só iam até metade da canela, possuía um salto quatro que começava mais groso e ia ficando mais fino. Era caro, mas assim como o vestido, Camila pagou à vista, o que fez Elesis se perguntar mentalmente de onde sua tia havia tirado tanto dinheiro.

Após os sapatos comprados as duas saíram em busca dos acessórios. Elesis usaria os seus na tonalidade dourada e Camila prateada. Logo encontraram um par de brincos com duas pedras vermelhas, não muito grande ou comprido, mas era o suficiente e muito bonito. A ruiva optou por não usar corrente, porém Camila insistiu para que a ruiva usasse pelo menos uma pulseira, que logo foi achada, era dourada como o brinco e tinha alguns pequenos pingentes em forma de coração.

Camila disse que iria continuar procurando, então Elesis iria dar uma volta, mas antes pegou um pouco da sua mesada para comprar algumas tintas. A ruiva saiu e já se dirigiu para a loja de tintas. Ao chegar lá encontrou uma pessoa, a qual jamais imaginou estar em uma loja de artes.

– Olá, Elesis. Há quanto tempo – disse Azin sorrindo.

– Azin.... – sussurrou a ruiva.

– Bem, já faz algum tempo não? Como você está? – perguntou ele ainda sorrindo.

– Bem... e você? E os treinos? – perguntou Elesis.

– Sei que não era bem isso o que você queria perguntar, mas bem, eu estou bem e os treinos estão puxados, ainda mais agora com o campeonato – disse Azin, ainda sorrindo, atraindo olhares desejosos das mulheres da loja.

– Entendo – disse a ruiva – Mas o que lhe traz aqui, numa loja de pintura?

– Ah, bem, os treinos estão puxados, então eu tenho que fazer algo para não acabar surtando – disse Azin, sorrindo – E você?

– Vim comprar umas tintas e talvez uma caixa maior para guardar os meus materiais – disse Elesis, dirigindo-se até onde ficavam as caixas.

Azin a seguiu, olhando a ruiva de perto e viu quando os olhos de Elesis brilharam por um caixa de madeira negra. Era grande e com várias divisões , era exatamente o que a ruiva procurava, e Azin o percebeu.

– Achou o que queria? – perguntou Azin, com um sorriso divertido. Elesis sufocou um grito de surpresa.

– Sim – disse a ruiva, pegando a etiqueta e fazendo uma cara triste.

– Muito caro? – perguntou Azin, enquanto a ruiva fazia as contas mentalmente de quantas mesadas teria que guardar para poder comprar a caixa.

Quando Elesis foi responder seu telefone tocou, a ruiva o atendeu, falou um ok rápido e se desculpou com Azin que sorriu ao ver a ruiva se distanciando e percebeu o quão bonita ela havia se tornado.

– Ela é jovem de mais para você, Azin... – repreendeu-se, rindo.

O lutador foi até a caixa e pegou a etiqueta, se surpreendendo assim como Elesis. A caixa era, de fato, cara, mas Azin achou que a ruiva merecia tal luxo e a comprou. Daria de presente a Elesis na sua festa de aniversário. Após a caixa comprada, Azin foi para casa, pensando que teria um treino bem duro pela frente.

Elesis voltou e encontrou sua tia a esperando na frente da loja. Camila sorriu ao ver a sua sobrinha e foi em direção a ela. As duas seguiram novamente em direção ao estacionamento e pegaram o carro, foram para casa. Dessa vez Elesis não foi pintar, achou melhor fazer isso no próximo dia, quando não teria nada para fazer.

Elesis ficou o resto da tarde jogando Xbox 360, variando entre Fear e Resident Evil 5, logo deu oito horas e a ruiva foi jantar. Assistiu um filme de terror que na opinião dela não chegou aos pés de Fear e foi se ajeitar para dormir. Tomou um banho rápido e foi para cama, pensando que na véspera de seu aniversário ela não estaria com a pessoa que gostaria, e que pelo jeito o ruivo não se importaria com isso.

Elesis dormiu e sonhou, sonhou com Jin virando as costas e indo embora para nunca mais voltar. Acordou assustada, as lágrimas escorriam pelo seu rosto, ela ergueu a mão e pegou o urso de pelúcia que Jin havia lhe dado em seu aniversário e o abraçou tentando se acalmar.