Meu (quase) Irmão De Holmes Chapel escrita por OrgulhoDD


Capítulo 24
Raiva


Notas iniciais do capítulo

ah gente, está tão triste...
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O dia passou muito rápido. Parecia que eu mal havia acordado e já era hora de me despedir de Mary Jane. Passei o dia todo evitando pensar nesse momento, mas ela tinha que ir embora algum momento. Eu e Nicole a ajudamos a guardar suas coisas e Jody arrumou o quarto para parecer com o quarto de hóspedes novamente. Levamos as coisas dela para a sala e o celular de Mary Jane tocou.

Depois de desligar, ela falou de cabeça baixa:

– John está vindo me buscar...

Abracei-a começando a chorar. Sim, nós continuaríamos a nos ver, mas ainda assim... Não nos veríamos toda hora, não comeríamos juntas e eu não estaria por perto se algo acontecesse.

– Qualquer coisa, qualquer coisa mesmo de que você precisar, me ligue. Por favor.

– Eu ligo.

– Prometa.

– Prometo – falou rindo entre as lágrimas.

Soltei-a e Nicole a abraçou.

– Ah, ruivinha, o que vai ser da Marcela e suas roupas sem você por perto? Quando eu não estava aqui, você era a única que podia salvá-la!

Nós três rimos.

– Nicole, cale a boca – falei.

– Isso é sério! Ainda bem que agora você arrumou alguém, porque se dependesse das suas roupas você ficaria solteira para sempre.

Rimos de novo e a campainha tocou.

– Mary Jane... – falei, desatando em lágrimas de novo. Minha visão estava totalmente embaçada. Como eu sentiria falta dela. Ela era tão alegre, tão bem-humorada, tão exagerada, tão... Mary Jane. Lidou com a gravidez muito melhor do que algumas mulheres de quarenta anos lidariam. Mas ela teria uma responsabilidade tão grande com tão pouca idade. Eu realmente não sabia como ela estava lidando com isso. Eu não conseguiria, mas ela encarou isso de frente e de bom humor. Por um lado, eu estava arrasada porque ficaria sem ela, mas por outro, eu entendia que ela precisava da mãe mais do que nunca. Ela ficara arrasada quando a mãe a expulsou de casa, e agora devia estar ansiosa para voltar a viver com a família. E apesar de John ser um completo idiota, ele cuidava dela exatamente como um irmão mais velho deve fazer. Tentou fazer Mary Jane contar quem era o pai do bebê, mas ela preferiu não dizer nada. Eu acho que ela tem razão: o garoto fugiria como um rato assustado e seria uma grande confusão na justiça, isso se ele mostrasse algum interesse – o que provavelmente não aconteceria.

Abrimos a porta para John recolher as coisas da irmã.

– Quero ir a todos os exames com você, ok? – exigi.

Ela assentiu. Abraçamo-nos de novo. Meu pai desceu correndo as escadas.

– Mary Jane! – ele falou.

– Marcos, o que foi?

– Queria me despedir de você.

Eles se abraçaram.

– Obrigado por cuidar de minha filha e fazer companhia a ela quando eu não estava aqui – agradeceu olhando para mim.

“A maior parte do tempo” acrescentei mentalmente.

Logo Jody e Jade apareceram e se despediram dela também. Todos a amavam.

– Tchau – ela falou.

– Tchau – Nicole respondeu.

Ela entrou no carro e John fechou a porta. Observei o carro virar a esquina e voltei para meu quarto, ainda chorando.

Acabei cochilando e acordei com Jody me chamando para o jantar. Jade, meu pai e Nicole já estavam na mesa.

Comíamos todos em silêncio quando meu pai pigarreou e começou a falar.

– Eu... Tenho uma coisa muito importante para dizer. Nicole e Marcela, quero que vocês prestem bastante atenção. Eu amo vocês mais do que tudo e vocês sabem disso.

Nicole olhou para mim e mexeu os lábios “Eles estão noivos?”. Neguei com a cabeça. Eu já sabia o que vinha. Com certeza eu estava ficando vermelha de raiva. Bati a mão na mesa. Meu pai ignorou. Respirei fundo e ele levantou uma sobrancelha.

– Continue – falei devagar.

Ele respirou fundo.

– Eu... Bom, nós teremos que nos mudar de novo.

Agora eu realmente estava vermelha de raiva. Ele olhou para mim.

– O que foi, Marcela?

Não respondi. Apenas olhei para ele. Meu pai levantou as sobrancelhas e voltou a falar.

– Temos um mês para arrumar nossas coisas e voltar para o Brasil.

As palavras dele demoraram a fazer sentido em minha cabeça. Sem eu perceber, comecei a chorar de raiva. Levantei-me da mesa e fui para meu quarto, batendo a porta. Joguei-me na cama e enfiei a cabeça no travesseiro, chorando de verdade. Meus pensamentos estavam todos bagunçados. Eu já havia chorado porque Mary Jane havia ido embora e eu não a veria mais toda hora. Sem ela e Harry... Ah, meu Deus. Por que eles tinham que ser tão maravilhosos? Chorei ainda mais. Logo Nicole apareceu no quarto e me abraçou. Não disse nada, me deixou chorar. Depois que eu me acalmei, ela disse:

– Papai quer falar com você.

– Eu não quero falar com ele.

– Marcela. Vá falar com ele.

– Já disse que não quero.

– Mas ele quer falar com você. Ande.

Fui me arrastando até o quarto de meu pai.

– Marcela.

Fiz minha melhor cara de brava – o que não foi muito difícil, porque eu estava explodindo de raiva – cruzei os braços e esperei.

– Eu... Desculpe-me, tá legal? Eu sei que você não quer se mudar. Eu também não quero. Sua irmã ficará em Florença até terminar a faculdade e depois irá morar conosco onde quer que estivermos. Ela não vai ter que se mudar por enquanto. Eu e você sim. Eu já te disse antes: não é culpa minha.

– Por que não podemos ir para Londres? Você disse há um tempo que poderíamos nos mudar para o Brasil ou para Londres.

– Não tenho mais escolha.

Lembrei-me da conversa em que ele havia me dito que tínhamos pouco tempo e Holmes Chapel, mas eu havia ignorado, não querendo aceitar.

– Vou morar com Harry.

Ele ignorou.

– Com Mary Jane. Na sarjeta. Mas eu não vou para o Brasil.

Ele respirou fundo.

– Sim, você vai.

– Não vou.

Comecei a chorar e ele me abraçou.

– Pai, por que você não muda de trabalho? Eu sei que você não quer deixar Jade.

– Não quero. Mas não é culpa minha. E não é tão simples assim.

– Claro que é. Demita-se. Você é um ótimo profissional, com certeza arranjaria outro emprego rapidinho.

Mas eu falava da boca para fora. É claro que não era fácil assim. Meu pai não falou nada.

– Vou para meu quarto – falei me soltando de seu abraço.

Liguei meu iPod, mas não prestei atenção ao que tocava. Pensei em Mary Jane. Minha maravilhosa amiga ficaria sem minha ajuda e eu não veria seu filho nascer. E Harry... Sacudi a cabeça. Eu não queria pensar nele. Doía pensar na despedida. Acabei dormindo com a cara inchada e os olhos vermelhos de chorar.


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Notas finais do capítulo

triste né? :(



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