Harry's POV

Entramos na cabine da London Eye bem na hora. O céu estava alaranjado e algumas nuvens contornavam o sol, uma vista linda. Ela ficou maravilhada, seus olhos brilhavam. Parecia uma obra de arte. Ela encostou a cabeça em meu ombro e eu passei o braço sobre seu ombro. Eu mal podia acreditar que tinha conhecido uma pessoa tão maravilhosa. Sabia que podia contar com ela sempre. Minha amiga, melhor amiga. Que sempre me fazia rir. Que me convidou para dançar com ela em sua festa de quinze anos. Eu teria que fazer algumas aulas, mas eu daria conta.

– Obrigada, Harry.

Olhei para ela.

– Pelo quê?

– Por me trazer aqui. Por ser desse jeito.

– Hum... De nada?

Ela riu. Sua risada era tão engraçada.

– Idiota - falou.

– É lindo, não é? Eu disse que valia a pena esperar.

– Vale mesmo.

Ficamos mais um tempo admirando a vista e descemos. Compramos uma pipoca e nos sentamos em um banco.

– Depois vamos voltar, entendeu? - falou autoritária.

– Sim, senhora.

Voltou a olhar a rua.

– Sabe de uma coisa? Você não é a única que está planejando algo - lembrei-me de algo importante que eu precisava dizer a ela.

Levantou uma sobrancelha. Uma mania dela.

– Estou pensando em me inscrever para o The X Factor. Minha banda... Ela é ótima, mas não acho que me dará futuro.

– Acho uma ótima ideia. Com uma condição: eu irei com você no dia do teste - exigiu.

– Claro, você, Mary Jane, todos vocês.

Ela suspirou.

– O que foi? - perguntei.

– Eu só estava pensando...

– Em quê?

Levantei as sobrancelhas.

– Mary Jane uma vez me disse que nós combinávamos. Será que ela tem razão?

Hesitei por um momento.

– Vamos descobrir.

E a beijei. Delicadamente, devagar, com medo do que aconteceria depois. Dei risada surpreso, nervoso. Ela riu comigo.

– Definitivamente não - ela disse se levantando.

– Definitivamente - concordei.

Pegamos um ônibus e voltamos para casa. Durante todo o trajeto fiquei pensando. Ela parecia estar pensando também, então a viagem foi bem silenciosa. Eu não estava afim de conversar, precisava pensar.

Marcela era minha melhor amiga, não é fácil conquistar uma amizade assim. Como eu poderia mudar isso? Ela era engraçada, diferente e linda. Mas era minha amiga. Eu não podia simplesmente estragar isso. Nunca. O que mais me matava era não saber se ela pensava do mesmo modo. Parecia que sim, mas como eu poderia saber? Quando ela riu comigo... Será que ela riu pelos mesmos motivos que eu?

Não fazia muito tempo que ela havia chegado, mas eu confiaria nela em qualquer situação. Ela era diferente. Não é à toa que John gostou dela. Ela e John. Marcela não acreditou em mim quando eu disse aquelas coisas sobre ele, mas por que eu mentiria sobre isso? Eu simplesmente me preocupava com ela! E também é fácil entender o porquê dela se interessar por ele: John podia ser amável quando queria. Tinha carro, era mais velho e, bem, era bonito. Ela não deu risada quando ele a beijou naquela noite. Por que eu dei risada? Eu e Mary Jane já estivemos juntos, então é estranho ela dizer que eu e Marcela combinávamos. Eu sabia por experiência própria que namoro entre amigos não funcionava. E era meio inacreditável que eu estava beijando-a. Ela me parecia tão... distante. Parecia que ela não se importava muito com romantismo, com namoro, principalmente se fosse comigo. Eu, tão comum. Ela havia me escolhido como amigo. Eu a via como minha melhor amiga e eu sabia que ela me via do mesmo modo. E continuaria assim. Tinha que continuar.