Almoçamos no museu e fomos andando até o Palácio de Buckingham. A caminhada era bem longa, mas fui eu quem quis ir andando. Eu queria ver tudo de Londres, o cotidiano das pessoas, as ruas, as lojas, tudo. A cidade tinha uma vibração diferente, todos eram agitados e havia todo tipo de gente. Em uma palavra, Londres era interessante. Maravilhosa, diferente, fascinante. Eu realmente não queria me mudar da Inglaterra. Nunca. Paramos em uma boutique para comprar um sapato para mim. Eu precisava de outros que não fossem coturnos. Eu planejava comprar uma sapatilha ou tênis mas acabei encontrando um sapato de salto que me conquistou. Era preto com spikes. 

- Onde vamos colocar esse sapato enquanto andamos por Londres? - Harry perguntou depois de pagarmos.

- A gente vai revezando, eu carrego um pouco, você carrega um pouco!

- Mas o sapato é seu! E, a propósito, você ficou linda com eles.

- Obrigada - falei envergonhada.

Chegamos ao Palácio de Buckingham. Infelizmente, não podíamos olhar tudo detalhadamente. Depois de uma hora, fomos para a Catedral de Westminster depois para o Big Ben e ao Madame Tussauds. A realidade das estátuas de cera era impressionante. Depois de tudo isso, "jantamos" no Milkshake City. Eu realmente não estava com muita fome, então o milk-shake foi o suficiente. 

- Um ponto turístico está faltando - observei - Não fomos à London Eye.

- Foi intencional. Vamos ver o pôr do sol de lá de cima.

- Não posso demorar para voltar, meu pai me ligou dizendo que chega hoje à noite!

- Não vamos demorar. Eu prometo. Mas não sairemos de Londres até irmos à London Eye. Durante o pôr do sol - ele disse firme.

- Sim, senhor. Então, Harry, sabe por que eu comprei o sapato? - mudei de assunto de repente.

- Porque você é mulher e tem a necessidade de comprar mais sapatos do que pode usar?

Revirei os olhos.

- Não. Porque eu vou fazer uma festa de quinze anos. Eu já estava pensando nisso há algum tempo... Eu até faria um Sweet 16, mas Mary Jane já estaria com o bebê, daria muito trabalho. Além disso, seria legal manter a tradição latina da festa de quinze.

- E você está me falando isso por que...?

- Porque, coisinha implicante, eu quero que você dance a valsa comigo. 

Ele levantou as sobrancelhas, surpreso.

- É sério? - perguntou animado.

- Muito sério. Dançarei com meu pai e depois com você. Se você quiser, é claro.

- Quero sim, claro que quero. Obrigado por me chamar. Você já começou a planejar?

- Já. Mas ninguém sabe ainda, apenas eu, minha irmã e meu pai. Pretendo espalhar a notícia amanhã.

Conversamos um pouco mais e logo a hora de irmos para a London Eye chegou. Dessa vez, pegamos um táxi.

Entramos na cabine bem na hora. O céu estava alaranjado e algumas nuvens contornavam o sol. Parecia uma obra de arte. Encostei a cabeça no ombro de Harry e ele passou o braço sobre meu ombro. Eu mal podia acreditar que tinha conhecido uma pessoa tão maravilhosa. Eu sabia que podia contar com ele sempre. Meu amigo, melhor amigo. Que sempre me fazia rir e sabia como me agradar.

- Obrigada, Harry.

Ele olhou para mim.

- Pelo quê?

- Por me trazer aqui. Por ser desse jeito.

- Hum... De nada?

Eu ri.

- Idiota.

- É lindo, não é? Eu disse que valia a pena esperar.

- Vale mesmo. 

Ficamos mas um tempo admirando a vista e descemos. Compramos uma pipoca e nos sentamos.

- Depois vamos voltar, entendeu? - falei, me fingindo de brava.

- Sim, senhora.

Voltei a olhar a rua.

- Sabe de uma coisa? Você não é a única que está planejando algo.

Levantei uma sobrancelha e ele explicou.

- Estou pensando em me inscrever para o The X Factor. Minha banda... Ela é ótima, mas não acho que me dará futuro.

- Acho uma ótima ideia. Com uma condição: eu irei com você no dia do teste - exigi.

- Claro, você, Mary Jane, todos vocês.

Suspirei, pensando.

- O que foi? - ele perguntou.

- Eu só estava pensando...

- Em quê?

- Mary Jane uma vez me disse que nós combinávamos. Será que ela tem razão?

- Vamos descobrir.

E me beijou. Delicadamente, com medo do que aconteceria depois. Muitas coisas passaram por minha cabeça: ele beijava muito bem, eu não queria perder nossa amizade, aquilo era meio estranho... O maior sentimento de todos era que aquilo era errado. Nossa amizade era maravilhosa demais para ser substituída por um relacionamento que seria instável. Ele começou a rir aind com a boca na minha e eu ri junto, me afastando dele.

- Definitivamente não - eu disse.

- Definitivamente - ele concordou.

Pegamos um ônibus e voltamos para casa. Durante todo o caminho, fiquei pensando no que havia acontecido. Ele riu. Se ele não tivesse dado risada, talvez seria diferente. Talvez eu teria dito que nós realmente combinávamos, que devíamos ficar juntos. Mas ele deu risada, mostrando que não concordava comigo e Mary Jane. Infelizmente. De uma coisa eu tinha certeza: Harry Styles não seria o mesmo para mim, nunca mais.