Meu (quase) Irmão De Holmes Chapel escrita por OrgulhoDD


Capítulo 10
Nova moradora


Notas iniciais do capítulo

promessa é dívida, certo? então está aí



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Fomos todos para a casa de Mary Jane. Eu nem conhecia a mãe dela e estava indo dar a notícia de que sua filha estava grávida. Quem diria que isso tudo aconteceria comigo em menos de um mês? Mudei de país, fiz amigos maravilhosos e uma dessas amigas engravidou. Harry passou o braço pelas costas de Mary Jane e eu dei minha mão a ela, a garota estava muito nervosa. Respirava fundo o tempo todo e parecia que ia começar a chorar a qualquer momento.

- Acalme-se, você não pode começar a chorar agora - Nicole aconselhou - Você precisa estar calma ao dar a notícia para ela.

Mary Jane não falou nada, apenas respirou fundo mais uma vez.

- Não sei se ela já vai ter fechado a lanchonete, mas se eu pedir ela fecha.

- Então antes de falarmos com ela, enquanto ela se prepara para fechar a lanchonete, você vai tomar um chá ou um suco de maracujá. Precisa se acalmar - Harry tinha razão. Ela precisava tomar algo para se acalmar.

Chegamos.

- Tá legal, respire fundo, Mary Jane. É apenas sua mãe - ela falava para si mesma - Podem entrar.

- Onde fica a cozinha?

Harry levou minha irmã para a cozinha para que pudessem preparar o chá para ela.

- Mary, temos que ligar para sua mãe e pedir para que ela venha para cá.

Sua expressão mudou, ela não parecia mais com medo. Ela percebeu que tinha de fazer aquilo.

- Mãe? Eu preciso falar com você. Agora. Você pode fechar a lanchonete? Tudo bem. Estou te esperando.

Fiquei imaginando o que a mãe dela estaria pensando.

- Mary Jane! Seu irmão está aí?

- Sim, por quê?

- Ele precisa escutar também. Você acha que ele te apoiaria?

- Acho sim.

- Que bom. Menos um para se preocupar, certo?

Nicole e Harry chegaram com um chá de camomila para Mary Jane e ela tomou tudo. Todos estávamos nervosos. Os olhos de Mary Jane logo não caberiam no rosto de tão arregalados que estavam, mas ela me parecia capaz de manter a calma. Sua voz não estava falhando e ela já conseguia falar sobre isso sem chorar. Sentamo-nos e ficamos esperando a mãe dela chegar.

- Mary Jane! - gritei.

Todos se assustaram.

- Não é melhor contarmos ao seu irmão antes de sua mãe chegar? Seria uma pessoa da família te apoiando!

- John! - ela gritou e ele desceu as escadas correndo.

- O que foi? - pelo visto, havíamos interrompido algo importante, porque ele desceu irritado.

- Nós... Eu - ela se corrigiu - tenho que te contar uma coisa. Por favor, sem reações precipitadas e, eu imploro, não fique bravo comigo. Por favor.

Ela contou tudo. Falou da festa dele, do amigo dele e do sobrinho ou sobrinha dele que estava por vir.

- Quem foi? Quem foi o idiota?

- Não importa agora - ela repetiu calmamente o que havia dito para Harry.

- Como não importa? Você é tonta? Um amigo meu...

Mary Jane se levantou e segurou a mão de John.

- Obrigada por se preocupar. Mas mamãe está chegando e eu vou contar para ela. Preciso que você me apoie agora. Ajude-me a enfrentá-la.

- Claro, me desculpe. Mas você vai pelo menos me contar quem foi?

- Talvez. Depois.

Ouvimos a porta se abrir.

- Mary Jane, o que foi? Tive que mandar alguns clientes embora por causa de você! É bom que isso seja muito urgente!

- Venha para a sala, mãe. Precisamos conversar.

- O que foi, menina?

Ela nos viu sentados.

- Ah, olá. Quem são eles?

- São meus amigos, mãe.

Nós apenas olhávamos. John sentou-se conosco.

- E então?

- Mãe.

Ela olhou impaciente para Mary Jane.

- Escute apenas. Mantenha a calma e ouça a história toda antes de brigar comigo, tudo bem?

A mãe não disse nada.

- Isso, escutando. John deu uma festa no sábado, certo? - observávamos cada movimento da mãe deles - Bom, então... - ela respirou fundo - Um amigo dele me deu algo para beber, eu não sabia o que era. Depois eu não me lembro de muita coisa e... Bem, não vou contar o que eu me lembro - Harry e John estremeceram. Ela era, para os dois, uma irmã mais nova - Hoje eu fiz um teste de gravidez e deu positivo.

Como todo mundo, a mãe dela absorveu a informação. Pensou.

- Você já sabe o que vai acontecer - falou finalmente.

Mary Jane parecia ter parado de respirar.

- Você sabe o quanto eu condeno gravidez na adolescência. Não tolero uma tolice dessas - ela falava calmamente, como se estivesse falando sobre o clima.

- Mãe, por favor... - Mary Jane tinha os olhos marejados e a voz falhou.

- Não. Você sabe o que tem que fazer. Se você é responsável o suficiente para engravidar, é responsável o suficiente para se virar com o bebê. Vá fazer suas malas. Você tem até o fim da semana para encontrar um lugar para ficar - depois de dizer isso, olhou para todos nós e saiu andando.

Ficamos lá, esperando sabe Deus o quê acontecer, olhando uns para os outros e pensando na frieza com que a mãe de Mary Jane tratou-a. Que tipo de mãe expulsa o filho de casa com essa placidez? Se você não vai ser boa mãe, não tenha filhos! Minha mãe sabia que não seria boa mãe, ela não queria ser mãe. Ela pelo menos teve a decência de perceber isso e ir embora! Mas a mãe de Mary Jane expulsou-a como se estivesse falando sobre como havia sido o dia no trabalho. John abraçou a irmã, que havia recomeçado a chorar.

- Mary Jane - chamei - Lembra o que eu disse antes?

Ela fez que sim com a cabeça.

- Você ainda pode ficar lá em casa, entendeu? Nicole e eu vamos ficar muito felizes em ter você lá. Muito.

- Obrigada - ela agradeceu com voz abafada porque seu rosto estava enterrado no peito do irmão.

- Obrigado - John também agradeceu.

- Você vai esperar até amanhã ou prefere ir para minha casa hoje e terminar de pegar suas coisas depois da escola?

- Eu vou hoje. Não durmo mais aqui.

- Mary Jane - Harry chamou e ela levantou a cabeça.

- Quem é o pai? - ele perguntou lentamente, destacando cada palavra - Eu e seu irmão queremos saber.

Ela não respondeu e acho que não iria responder. Ela devia ter muita raiva dele. Eu entendia porque ela não queria contar quem era: se ele foi capaz de estuprá-la, que tipo de pai ele seria?

- Vamos fazer uma mochila para você? - Nicole perguntou.

Ela colocou algumas roupas em uma mochila e fomos para minha casa. Na volta, ninguém falou nada. Ela tinha muito que pensar.

Tínhamos quatro quartos na casa: o meu, o de Nicole, de meu pai e de hóspedes. Mary Jane poderia ficar no de hóspedes mas, pelo menos essa noite, preferiu dormir comigo. Ela chorou bastante, mais do que quando me contou que achava que poderia estar grávida. Nem sei se ela conseguiria ir à escola amanhã. Dali nove meses, ela teria um bebê para cuidar. Aos quinze anos, sem o apoio da mãe, sem dinheiro e sem a ajuda do pai da criança. Eu também estaria desesperada.


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Notas finais do capítulo

a gravidez não vai ter tanto destaque assim, ok? não é o principal da história



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