Past Vs Future escrita por letycia


Capítulo 54
Capítulo 54 - Rayner...




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Capítulo 54

Rayner…

-Desculpa William, não vai dar! – desculpei-me eu. – É que eu e o Angel já tínhamos reservas feitas num restaurante. – inventei na hora.

-E não dá para desmarcar? – perguntou ele.

-Infelizmente não. É um restaurante bastante requisitado, e como tal já fiz esta reserva a semana passado e só conseguimos um lugar, porque tinha acabado de haver uma desistência. – justificava-se Angel. – Se cancelarmos, infelizmente não seremos capazes de remarcar novamente o restaurante.

William parecia bastante desiludido, mas não poderia ir aquela casa. Podia alguém reparar que eu não jantava.

Já tinha conseguido enganar William uma vez, no entanto, na altura estávamos sozinhos. Era mais fácil enganar uma só pessoa. Várias, era de mais.

-Mas podemos combinar um cafezinho depois do jantar, que te parece? – rematei eu rapidamente, não deixando Angel discutir comigo.

Como já esperava, este lançou-me um olhar carregado de ira, pois temia que fossemos descobertos.

-Parece-me bem. Vens ter lá a casa, depois vamos a um pub ali perto.

-Tudo bem – apressei-me a dizer, cortando mais uma vez a palavra a Angel.

Após termos seguido caminhos diferentes Angel voltou a chamar a minha atenção para os perigos de me encontrar com todos aqueles humanos, ainda por cima havendo a possibilidade de serem da minha família.

Angel temia a minha reacção se comprovasse que éramos família, ou se algo corresse mal e alguém acabasse por se tornar a minha refeição.

Sabia que eu nunca me iria perdoar se isso acontecesse. Tanto por ter morto um humano, mas ainda por cima se houvesse a possibilidade de esse humano ser da minha família.

-Vai correr tudo bem Angel. – tentava eu acalma-lo enquanto nos dirigíamos a um mato para eu me alimentar como devia ser e não cair em tentações perto da família de William.

-Não sei Caroline. Tenho medo que te magoes. – o seu olhar era genuíno. Angel estava deveras preocupado que algo acontecesse.

Era como se previsse que alguma coisa estivesse prestes a acontecer e não me contava.

-Boa noite, o William está? – perguntei eu para um intercomunicador à porta da casa de William.

-Oh, tu deves ser a Caroline, a amiga do William. Entra querida. – disse a voz de uma senhora através do intercomunicador, enquanto a porta fez um zumbido e abriu.

Ao abrir a porta deparei-me com uma estreita escadaria. As paredes eram de um tom amarelo coberto com retratos de William e familiares. Pressupus que deveriam ser os pais e irmãos.

-Olá! – William apareceu no cimo das escadas com um sorriso enorme. – Entrem.

-Não queremos incomodar – apressou-se Angel a dizer.

Apesar de me ter acompanhado até ali, ainda achava um dispara-te ali estarmos.

-É na boa a sério! Aliás, a minha família está curiosa por conhecer a rapariga dos desenhos.

Angel olhou para mim de forma inquisidora.

Era inaceitável que eu tivesse cometido essa falha. Como membro dos Volturi, ou ex-membro, sabia melhor do que ninguém que nunca devíamos ser capturados por nada, nem fotos nem desenhos. Nada que viesse posteriormente a colocar em causa a nossa existência ao fim de tantos anos com o mesmo aspecto.

A verdade é que eu tinha apagado as fotos que William me tinha tirado, e feito desaparecer os desenhos em que eu estava retratada. No entanto não tinha mexido na sua memória o que originou que ele realizasse novos desenhos meus.

Eu simplesmente me recusava a alterar a memória do meu amigo. Daquele que me fazia sentir tão humana como há muito não me sentia.

Quer ele fosse meu familiar ou não. Não queria perder a sua amizade. Isso era uma realidade, e esperava que Angel o compreendesse.

William guiou-nos até à sala de jantar, onde se encontrava alguns membros da sua família. Apresentou-me o seu pai, que possuía os olhos idênticos aos de David, a sua irmã mais nova, que desfrutava de um cabelo castanho com reflexos acobreados semelhantes aos meus. Atrás de nós apareceu a mãe de William, o seu cabelo castanho estava solto em redor dos ombros, combinavam com o seu olhar castanho, e tinha o sorriso mais simpático de todos.

-Olá minha querida. É um prazer – disse enquanto enlaçava os seus braços no meu corpo.

-Olá – disse eu surpreendida por tal afecto da parte dela. – O prazer é todo meu.

-Querem qualquer coisa, sirvam-se do que está na mesa. – entregou-nos uns pratos e apontou para a mesa.

Rapidamente pousei o prato na mesa e disse que estava satisfeita, apesar de tudo ter bom aspecto. Angel imitou o meu gesto.

O pai de William começou a falar com Angel sobre futebol, o que originou que este último se sentasse perto do senhor de olhos verdes.

-Vamos só esperar que chegue a Alexa e vamos. – era a rapariga que gostava secretamente de William.

-Claro, a Alexa. – destaquei bem o nome de forma insinuada, enquanto dirigi um sorriso maldoso a William.

-Não comeces tu também, não tem nada a ver. – defendia-se ele.

-Oh por favor, ela está caidinha por ti. Vê-se a léguas. – explicava eu. Vendo que ele olhava para mim como se eu estivesse a dizer que o céu era cor de rosa. – Ela quase me matou com o olhar quando nos encontramos hoje no museu.

-Então temos visitas e ninguém me avisa – interrompeu alguém atrás de mim.

Olhei para trás para uma mulher pequena, com cerca de 80 anos, de cabelo cinzento demasiado curto e uns olhos verdes, demasiado claros devido à idade.

-São apenas amigos meus avó. – disse William enquanto se dirigia à idosa. – Pensei que já estivesses a dormir.

-Não faz mal meu querido. – disse a senhora sorrindo para William e fazendo-lhe uma festa na face. Depois olhou para Angel e segurou-lhe na mão cumprimentando-o enquanto William os apresentava.

Quando olhou para mim, a pobre senhora ficou estática e bastante pálida.

-Sente-se bem avó? – perguntava William enquanto segurava a avó pelos braços, como que prevenindo que esta caísse.

O pai de William seguiu o exemplo do filho, enquanto a pequena empurrava uma cadeira para a avó se sentar.

-Caroline, está tudo bem? – olhei para a mãe de William para lhe responder que sim. Que quem se encontrava mal era a avó do filho dela. No entanto a pergunta não era dirigida a mim, mas sim à idosa.

Ela também se chamava Caroline. Ela tinha o meu nome.

Olhei para Angel, que por sinal já olhava para mim como em pânico com a minha reacção.

O coração da senhora Caroline estava a bater com demasiada força, se ela não se acalmasse ainda teria um ataque cardíaco ou coisa do género.

Angel dirigia-me um olhar como “Eu avisei-te”.

Ignorei-o e corri para perto da pobre senhora. Para me assegurar que ela se acalmava e se nada lhe acontecia.

Lancei uma onda de calma naquela sala, como Jasper me tinha ensinado. Isto fez com que o seu pequeno e frágil coração abrandasse um pouco o ritmo.

-Oh meu Deus – disse ela alcançando a minha face. – És tão parecida com ela.

Quando ela pronunciou aquelas palavras era como se o mundo tivesse parado. Tive mesmo que obrigar o meu corpo a mexer-se para não levantar suspeitas sobre a minha rigidez inumana.

Olhei para William fingindo estar confusa com tais palavras. Este encolheu os ombros e dirigiu o olhar ao pai, que parecia tão confuso como o filho.

-Caroline, é melhor ir descansar. Já é tarde. – disse a mãe de William preocupada.

-Eu não estou cansada! Posso ser velha, mas não estou nem doente nem louca. – dito isto a senhora Caroline colocou-se em pé num rompante. Seguidamente dirigiu-me um sorriso doce. – desculpa se te assustei minha querida. Mas fizeste-me lembrar alguém que há muitos anos desapareceu.

Após a senhora Caroline se ter retirado para o seu quarto olhei para Angel que estava tão intrigado como eu.

-Sou eu Angel, ela estava a falar de mim. Ela deve ser minha sobrinha. – disse numa voz inaudível aos humanos.

-Caroline, não fiques com demasiadas expectativas, tanto quanto sei. Ela nunca te chegou a conhecer. Quando ela nasceu já estavas em Itália connosco. – respondia Angel.

A mãe de William, que soube que se chamava Bride, juntou-se a nós numa conversa sobre a crise que se instaurara na Europa.

-Posso ir à casa de banho? – interrompi aquela conversa.

Como vampira nunca necessitava de ir à casa de banho, o que fez com que Angel me lançasse disfarçadamente um olhar, prevendo as minhas verdadeiras intenções.

-Claro. Sais, viras à esquerda e é a 3ª porta à direita. – indicou-me Bride.

Segui as instruções, mas em vez da 3ª porta à direita dirigi-me a que se encontrava ao fundo do corredor. Conseguia ouvir o bater do coração da senhora Caroline e ouvia-a a andar no quarto.

Bati docemente à porta.

-Entre – ouvi-a a dizer.

Devagar entrei, ela estava agora sentada na cama com uma caixinha aberta.

Era uma caixa de recordações, as fotografias e afins estavam espalhadas agora na cama.

Devagar aproximei-me da senhora. Esta tinha lágrimas nos olhos.

-Vocês são tão parecidas. - ela levantava uma foto demasiado antiga em que estava eu e o David.

Subitamente lembrei-me do dia em que a tinha tirado. Era um dia ensolarado, tínhamos feito um piquenique com os nossos pais. Lembro-me que Edward também tinha ido a esse piquenique, assim como os pais dele. Já estávamos noivos nessa altura, foi cerca de uma semana antes dele e a sua família adoecer.

-Este era o meu pai – disse apontando para David. – E esta a minha tia Caroline. – sorriu antes de continuar, como que a lembrar-se de algo engraçado que lhe tinham contado. – Ela desapareceu quando tinha 17 anos, estava noiva. Mas o noivo faleceu da gripe espanhola uma semana antes do casamento. – Fez uma pausa. – No dia em que era suposto o casamento acontecer, ela desapareceu. Segundo o meu pai, quando deram falta dela repararam que faltava o vestido de noiva. O padre da cidade, disse que a viu a chorar num dos bancos da igreja. Todos que a viram nesse dia ali, sabiam da história, por isso ninguém foi ter com ela para a impedir de cometer a loucura de fugir, ou pior, de se matar.

Ao ouvir aquela história foi como se a dor da Jane nada fosse comparada com aquela dor que se formava dentro de mim. Por isso chorei, um choro sem lágrimas.

-O meu pai e os meus avós fartaram-se de a procurar, nunca querendo acreditar que esta se tivesse suicidado. Acho que nunca aceitaram a sua perda, principalmente o meu pai. Foi várias as vezes que o vi chorar pela sua perda. Por isso é que me deu o seu nome, Caroline Rayner.

Um silêncio instalou-se enquanto ela admirava a velha foto. Depois, inesperadamente estendeu o braço para ma entregar, possibilitando assim que eu também a admirasse.

Um turbilhão de sentimentos assaltou-me no momento em que toquei naquela foto.

-Se não soubesse que era impossível diria que eras essa Caroline. – disse ela enquanto olhava atentamente para mim. – Tu és mais bela, os olhos são de uma cor completamente diferente, e as roupas são, obviamente mais modernas, mas mesmo assim. Deveras semelhantes. Como te chamas filha?

-Caroline Massen. – respondeu William atrás de mim.

Tinha-o ouvido chegar, provavelmente estranhou o facto de eu estar a demorar bastante tempo no WC e veio à minha procura.

Após a resposta de William a senhora Caroline fitou-me, parecia confusa.

-Curioso. O noivo da minha tia chamava-se Edward Massen.

William estava agora a olhar para mim com a sua boca a formar um grande O. Eu sorri apenas para disfarçar.

-Tudo não deve passar de coincidências. A minha bisavó era italiana e chamava-se Celia, mudou-se para Los Angeles onde conheceu o meu bisavô. Depois tiveram o meu pai e a minha tia. O meu pai conheceu a minha mãe e nasci eu. Os meus pais apenas me deram o nome Caroline por causa de uma personagem de um filme qualquer. – inventei aquela história no momento.

-Exacto avó. A Caroline deve apenas ser uma daquelas sósias que se vê por aí. Nunca poderia ser a tua tia. A menos que fosse imortal. – olhou para mim como que a estudar-me. – e sinceramente não me parece. Aliás, olha para esta Caroline. Ela tem uma beleza extraordinária em comparação com essa tia.

-Obrigado, acho eu! – disse de forma constrangida.

-É, tens razão William. Desculpe menina, mas é que ao fim de tantos anos a ouvir o meu pai falar dessa tal irmã, fiquei com esperanças de encontrar alguma pista.

-Não tem mal algum senhora Caroline. – disse fazendo uma pequena vénia com a cabeça. – Agora acho melhor deixa-la descansar.

Olhei para William, que concordou e despediu-se também da avó. Fomos para a sala ter com Angel e a Alexa, que já se encontravam prontos para sairmos.

-O que vais fazer agora Caroline? – perguntou um Angel preocupado e curioso.

Como seria de esperar ele tinha ouvido toda a conversa que se tinha realizado no quarto.

-Não sei Angel. – respondi com sinceridade.

Cada vez ficava-mos mais para trás em relação a William e Alexa.

-Não podemos continuar aqui. Sabes que nunca deu certo ficar perto dos familiares. Por isso é que sempre que alguém se transformava e se juntava aos Volturi, afastávamo-los sempre da cidade deles. É muito arriscado. – comentava Angel.

Sabia que ele tinha razão, se ali continuasse eles podiam descobrir que eu não envelhecia. E iriam estranhar a minha entrada forçada naquela família apenas para os ajudar.

Teria que os esquecer, era o mais acertado.

Mas só o facto de olhar para William, para o seu sorriso, para a sua forma desajeitada de andar. Ele lembrava-me tanto David.

Sorri quando me apercebi que William era meu sobrinho. Eu tinha uma família. William era a minha família.

O meu William!

-Ei William, espera por nós. – ele olhou para mim e sorriu enquanto estacou à nossa espera.

Quando os alcançamos colocou um dos braços sobre os meus ombros.

-Estou tão feliz por estares comigo Caroline, nem imaginas.

E eu por estar com ele. Mas o que deveria fazer agora?


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