Past Vs Future escrita por letycia


Capítulo 35
Capítulo 35 - Jayden


Notas iniciais do capítulo

Este capítulo vai ser um pouco diferente....vai ser da prespectiva do nosso amigo Jayden.
Espero que gostem ;)
PS - como tal fica também uma foto dele...ehehe...



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/264230/chapter/35

Capitulo 35

Jayden

Há quanto tempo estaria cego?

Sentia a pedra fria e irregular contra as minhas costas, assim como o chão. Perdi a noção do tempo assim que Alec me impossibilitou de falar.

- “Já não te posso ouvir, novato!” – E foi nesse momento que perdi a capacidade de continuar a gritar.

***

O dia estava escaldante. Era impossível permanecer durante muito tempo debaixo do sol abrasador da Califórnia. Felizmente, dentro da sala de aula estava fresco. As roupas eram cada vez mais diminutas e eu percorria o olhar por entre as raparigas da minha turma. O segundo semestre de aulas aqui na UCLA estava quase a acabar, assim como a minha temporada de futebol americano. Era a estrela da equipa e por isso tinha todas as raparigas aos meus pés. Já não conseguia contar pelos dedos das mãos com quantas tinha ido para a cama desde que aqui pusera os pés.

- Jayden?

Virei a cabeça e vi Jennifer. Líder de claque, seria óbvio que ficássemos juntos, mas por alguma razão nunca me interessara por ela a ponto de ficarmos juntos. Mas gostava que ela pensasse que isso iria acontecer, e a razão vocês estão prestes a saber.

- Olá Jayden! – Cumprimentou-me com uma voz sensual, enquanto se sentava, com uma perna debaixo do rabo, na cadeira vazia a meu lado. Usava um top cor-de-rosa, muito curto e com um enorme decote e uma saia branca de pregas. Ao sentar-se daquela maneira consegui ver as suas cuecas que faziam combinação com o top que vestia. – Logo os meus pais vão a uma conferência fora da cidade e só voltam amanhã. O que me dizes a passar lá por casa depois das aulas?

Qual é o homem que consegue resistir a um convite destes, principalmente quando este vem acompanhado com um decote daquele tamanho?

Virei o meu corpo na sua direcção, coloquei uma mão no seu joelho e aproximei-me do seu pescoço. Enquanto o meu corpo se aproximava do seu também a minha mão deslizava em direcção ao interior da saia curta.

- Claro. – Respondi, fazendo a minha respiração incidir no seu pescoço o que fez com que Jennifer se arrepia-se.

Ela foi-se sentar no seu lugar, perto das suas amigas de claque, enquanto a minha cadeira, como sempre, permanecia vazia. Não gostava de ter ninguém a meu lado, não queria ninguém a meu lado. O mesmo se aplicava a um relacionamento.

Os meus pais separaram-se quando eu tinha 3 anos de idade. O meu pai saiu de casa e a partir daí só estávamos juntos uma vez por mês…se desse. A minha mãe matava-se a trabalhar para me conseguir sustentar. Felizmente não tinha irmãos ou as coisas seriam ainda mais complicadas. Estava habituado a estar sozinho, tornei-me independente, por isso a ideia de ficar agarrado a alguém fazia-me imensa confusão. Metia-me em todos os desportos que conseguia só para não ter que passar muito tempo em casa e foi o futebol que mais me agarrou. Foi por causa desse desporto que consegui uma óptima bolsa para a UCLA, na Califórnia e deixei finalmente o Arizona. Só voava para casa uma vez por ano, no Natal, passava lá duas semanas e depois regressava com a desculpa de que tinha que estudar para os exames.

Depois daquela aula segui para o treino. No balneário o resto dos rapazes falavam de uma nova estudante que veio acabar o curso de cinema na nossa faculdade.

- Meu, viste-me aquele cu?

- Ui, as trincas que não lhe dava.

- Fazia cá um filme com ela.

O treino estava a decorrer na normalidade. As cheerleaders estavam a treinar também, ali ao lado. Sentia o olhar de Jennifer pousado em mim, algo que eu tentava ignorar.  A minha concentração estava na bola que ia receber. O treinador estava a dar algumas indicações, então permiti-me distrair-me por uns momentos. Foi nesse momento que a vi. A rapariga mais bonita que já tinha visto na minha vida. Os seus cabelos castanhos-escuros, ondulados, caiam até ao meio das costas. Não consegui ver os seus olhos porque usava uns óculos de sol. Envergava uma camisola verde, fluida, que esvoaçava com a leve brisa que se fazia sentir ao fim da tarde, umas bermudas de ganga, justas e uma sapatilhas all star pretas. Subiu para as bancadas e sentou-se. Pousou os livros ao seu lado e começou a escrevinhar num caderno.

Nesse preciso momento levei com a bola na cabeça. Tinha o capacete posto mas não deixei de me sentir tonto e com uma dor de cabeça devido ao impacto. Desorientado cai ao chão. O passador principal da minha equipa, o que me tinha acertado com a bola veio a correr na minha direcção.

- Estás bem, puto?

Allan era um finalista, com 1.95cm e os seus quase 90kg, levantou-me sem qualquer esforço.

- O que estavas a fazer? – O seu olhar seguiu para as bancadas e então a sua voz suavizou-se. – Ah. Já conheces a nova aluna?

- Aquela é que é a nova aluna? – Tirei o capacete e coloquei uma mão na cabeça. Ainda me doía.

- Jayden, senta-te e coloca gelo. Bruce, entra para o lugar do Jayden. – Ordenou o meu treinador.

Não valia a pena retaliar contra aquele homem, nada nem ninguém o conseguia demover depois da sua ordem ter sido dada. Sentei-me no banco e o fisioterapeuta arranjou-me gelo para colocar na cabeça e nuca. Atrás de mim comecei a ouvir passos, mas ignorei, pensando que se tratava de Jennifer que vinha ver como eu estava e dar uma de namorada preocupada.

- Mas que grande headshot. – Disse uma voz feminina com uma gargalhada.

Virei-me na sua direcção. Era a rapariga nova. O seu sorriso era tão encantador e infantil que não consegui pensar em nada para dizer.

- Estás bem? Parece que ficaste meio avariado depois de teres apanhado com a bola na cabeça!

- N…não! – Consegui por fim balbuciar. – Estou bem.

Ela voltou a abrir o seu sorriso e novamente eu senti-me completamente perdido. Olhou para a mala e procurou alguma coisa no seu interior. Fiquei a observar o seu cabelo, que lhe caia pela cara. Tinha madeixas um tom mais claro que a sua cor de cabelo que brilhavam com a luz do sol. A sua cara era pequena e arredondada. Tinha o lábio inferior mais carnudo que o superior e o seu nariz arrebitava ligeiramente na ponta.

- Toma isto. Vais-te sentir melhor. – Estendeu-me uma caixa de aspirinas. Ao pegar nelas reparei que tinha uma tatuagem no interior do pulso, uma clave de sol e uma de dó, juntas. Só mais tarde percebi que ambas formavam um coração.

- Obrigada. Bela tatuagem. – Elogiei. Abri uma garrafa de água e engoli a aspirina.

Ela não teceu qualquer comentário ao meu elogio. Bolas, como gostava que tirasse os óculos para lhe poder ver os olhos. Devolvi-lhe a caixa das aspirinas e sorri. Ela voltou a atirá-las para a carteira e virou-se para se ir embora.

- Espera. – Disse, levantando-me. – Sou o Jayden. – Estendi a mão para a cumprimentar.

Ela ficou por momentos a olhar para a minha mão estendida e quando pensava em recolhe-lha apertou-ma.

- Brooke.

***

- Toma! – A voz de Angel fez-me sair da minha recordação. Nessa altura recuperei todos os meus sentidos.

Angel estava à minha frente, agachado, com um saco de sangue espetado na minha direcção.   

Agarrei automaticamente no saco e espremi o conteúdo para a minha boca. Estava com imensa sede. Isso quereria dizer que se tinham passado dias desde a minha entrada de rompante pelo grande salão e ter desatado a dar ordens ao Aro? Um arrepio de frio percorreu-me pelo corpo e estremeci com ele. Estava arrependido do que tinha feito, fiz tudo de cabeça quente, mas o arrepio devia-se a outra coisa. Se se tinham passado dias isso queria dizer que a Caroline não tinha voltado para me salvar. Ela tinha-me abandonado à minha sorte, perante o julgamento de Aro, Marcus e Caius. Estava condenado!

- A Car…?

- A Caroline está a caminho de Volterra! – Respondeu Angel à minha pergunta ainda por formular. – Ela vem tentar salvar-te.

Suspirei de alívio e senti os meus ombros relaxarem. Acabei com o sangue que me tinha sido dado. A minha garganta já não arranhava tanto mas ainda não estava satisfeito. Nunca gostei de sangue frio e não sabia como Caroline conseguia bebê-lo. Se saísse desta vivo iria adoptar a alimentação dela. Não iria matar mais humanos para me alimentar.

- Desculpa, Jayden. Mas tenho que te por a dormir novamente. – Disse Angel com a sua voz relaxante. Mal acabou de dizer isto senti novamente os meus sentidos serem apagados.

***

Depois de ter conhecido Brooke, os meus intervalos eram passados na conversa com ela e não tanto a engatar raparigas. Ela tinha uma enorme cultura geral, era super inteligente e simpática o que me fazia gravitar à sua volta como um íman. Estava deslumbrado pelo seu cérebro, mais do que com o seu corpo.

- Porque é que insistes em andar sempre com esses malditos óculos de sol? Ainda não sei a cor dos teus olhos. – Queixei-me eu um dia enquanto estávamos à sombra de uma árvore no campus da faculdade.

- Os meus olhos são estranhos e metem impressão a algumas pessoas. Por isso é que ando sempre que posso de óculos escuros. – Respondeu-me Brooke com um encolher de ombros, mas eu sabia que ela não gostava muito da situação.

- Agora fiquei ainda mais curioso. Posso ver?

Ela assentiu mas não tirou os óculos. Limitou-se a ficar a olhar para mim. Aproximei-me um pouco mais de si e retirei-lhe, com cuidado, os óculos de sol Ray Ban que sempre usava. Ela manteve os olhos semi-cerrados durante uns segundos enquanto se habituava à intensidade do sol, mas logo os abriu. Senti que o meu coração parava enquanto me apercebia do momento exacto em que me apaixonara por Brooke. O seu olho direito era castanho claro, quase avelã, mas o seu olho esquerdo era verde. Não um castanho esverdeado, mas um verde vivo e quase baço.

Só me apercebi que estava de boca aberta quando ela mo fechou com a sua mão pousada debaixo do meu queixo. Soltou uma gargalhada incomodada.

- Queres que os coloque outra vez? – Estendeu a mão para que lhe desse os seus óculos de volta.

- Não. – Coloquei os óculos atrás das minhas costas. – Não quero que os coloques nunca mais! – Nesse momento inclinei-me e fiz uma coisa que nunca tinha feito desde que entrara para a faculdade, beijei uma rapariga mesmo no meio do campus, onde toda a gente pudesse ver.

Já tinha estado com imensas raparigas, mas nunca fui de me gabar em relação a isso e por essa razão é que nunca tinha beijado nenhuma num local público. Nem mesmo Jennifer, com quem mantinha uma relação mais “duradoira”.

Estava tudo a correr na perfeição. Finalmente estava com uma rapariga com quem me sentia bem. Não tinha vontade de olhar para mais ninguém, só Brooke me preenchia por completo. Até o dia do meu jogo final de futebol americano. Se ganhássemos aquele jogo éramos campeões estatais. Tinha andado o dia todo com os nervos em franja e quem tinha saído negligenciada no meio disto tudo tinha sido Brooke. Andava distraído, não ouvia o que ela tinha para me dizer e só queria estar com os meus companheiros de equipa para revermos vezes sem conta a estratégia para o jogo dessa noite. De certo que o problema não seria um dia, mas, agora que reflectia nisso, teria sido quase a semana inteira. Distante, distraído, indiferente.

Nessa noite as bancadas estavam cheias. Pessoas que gritavam para nos apoiar e para nos deitar abaixo. O jogo estava muito renhido. Sentia a adrenalina a correr-me nas veias. Ao inicio vi onde Brooke se tinha sentado, mas não voltei a olhar porque não me queria distrair do objectivo. Esta noite iria ser um grande carimbo para o meu currículo e não podia dar-me ao luxo de me distrair um minuto que fosse.

Faltava um minuto para o fim e estávamos empatados. A minha equipa ia ter o lançamento. Era este, o momento da verdade. O tudo ou nada. Toda a gente tinha ordens para me proteger em campo onde eu correria sem parar em direcção à linha final do adversário. O árbitro apita e a bola é lançada para o meu passador que recua uns metros. Como combinado eu começo a correr para a posição previamente estabelecida. Comigo vêm alguns da minha equipa que se aprontam a desimpedir-me o caminho e a impedir que eu seja abalroado. O passe é feito. Quase consigo ver a bola na minha direcção em câmara lenta. O som do público a berrar e a cantar é abafado. No campo só existo eu, a bola e a linha de fundo. Preparo os braços para receber a bola que encaixa sem qualquer dificuldade na cama que lhe preparei. Rodo o corpo e começo a correr. Lembro-me de saltar por cima de um defesa da equipa adversária que me queria agarrar os pés, depois disso apenas ouço sons abafados. Sinto o suor a escorrer-me pela testa e pelo meu queixo. Por fim, ultrapasso a linha final e deixo-me cair no chão, exausto, com a bola ainda nos meus braços. Deito-me de barriga para cima e ouço o público festejar fervorosamente. Parece que a bancada vem ao chão.

Levanto-me e olho em redor. Tiro o capacete, seguro-o na minha mão esquerda enquanto que na direita se encontra a bola. Levanto os braços no ar e deixo escapar um berro. Um berro vitorioso. Nós tínhamos ganho. Éramos campeões. A minha equipa festejava no meio do campo mas logo vieram ter comigo à linha final. Depois dirigimo-nos ao público, levantando os nossos capacetes no ar em tom vitorioso. Senti Jennifer esbarrar contra o meu corpo. Instintivamente agarrei-a para que não caísse quando ela colocou os seus pés à volta da minha cintura. Senti um beijo, perto da minha boca, muito perto dos meus lábios, mas não me importei nada. Eu tinha ganho! A adrenalina do momento ainda me corria pelas veias.

Só depois dos festejos no balneário e do banho de água quente é que me senti acalmar. Precisava de Brooke. Precisava de comemorar com ela! Sentia-me capaz de a pedir em casamento naquele preciso momento. Queria que ela dissesse que sim e que fugíssemos os dois, ainda esta noite. Bolas, como precisava de me perder no seu corpo.

Encontrei-a junto ao meu carro, onde tínhamos vindo para o jogo. Estava encostada à porta do passageiro, de braços cruzados e olhar no chão. Apetecia-me correr e pegar nela ao colo, rodopia-la enquanto a beijava, mas estava estoirado do jogo. Os músculos das pernas pediam por descanso. Quando cheguei à sua beira reparei que estava a chorar. Deixei imediatamente cair o meu saco no chão e abracei-a. Ela rejeitou o meu abraço e afastou-me de si.

- Brooke, o que se passa?

- Como foste capaz de me fazer isto? Eu confiava em ti, Jayden! – Gritou enquanto as suas lágrimas rolavam cada vez com mais intensidade.

- O que é que estás a falar? O que é eu fiz? – Perguntei desorientado.

- Como pudeste estar comigo e com a Jennifer ao mesmo tempo?

- O quê? Quem te disse isso?

- A Jennifer contou-me no final do jogo que vocês têm estado juntos quando não estás comigo. Pensei que tínhamos uma relação, Jayden. Como me pudeste trair com ela?

- Eu não fiz nada disso, Brooke. É tudo mentira! Juro. Só te quero a ti. Desde que te conheci que não estive com mais nenhuma mulher.

- Mentiroso! Eu vi ela a atirar-se aos teus braços no final do jogo. Vocês beijaram-se. Eu vi. Não me mintas.

- Nós não nos beija-mos! Estás doida?

- Acabou-se Jayden! Acabou-se tudo. – Com isto, Brooke virou costas e começou a correr em direcção ao carro de uma amiga sua que a aguardava no volante. Assim que ela entrou o carro desapareceu para a estrada.

Não consegui impedir que lágrimas me escorressem pela cara. Lágrimas de dor mas de raiva também. Como é que Jennifer se atrevia a dizer aquelas mentiras? O que é que ela esperava com isto, que eu ficasse com ela?

- Ah, mulheres. Não podemos viver com elas, mas também não podemos viver sem elas. – Soou uma voz feminina, desconhecida, atrás de mim.

Virei-me para saber quem a autora daquela voz. Não conhecia a mulher que agora se encontrava à minha frente. Devia ter cerca de 32 anos. O cabelo era negro como a noite e as suas feições duras, mas o que me fez recuar um passo foram os seus olhos vermelhos que me fixavam como se me fossem devorar.

- Deixa-me ajudar-te, docinho! – Antes que me apercebesse estava preso nos seus braços, contra o meu carro. Queria mexer-me mas não conseguia. Não estava na minha natureza gritar por ajuda pelo que me mantive calado. – Vou fazer com que te esqueças da tua humanazinha. A partir de agora mais nenhuma mulher te vai deitar abaixo.

Senti os seus dentes cravarem-se no meu pescoço e uma dor intensa percorreu todo o meu corpo.

Essa mesma dor consumiu o meu corpo, queimando-o, desfazendo-o em pedaços, durante aquilo que me pareceu ser uma eternidade mas que na verdade foram 3 dias. Eu gritava para que ela, Nina, me matasse. Implorava para que acabasse com o meu sofrimento. Em vez de me dar ouvidos ela sussurrava aos meus ouvidos enquanto me afagava o cabelo que tudo iria correr bem. Manteve-me preso a uma cama durante todo esse tempo numa caverna no meio de uma floresta, onde ninguém nos podia ouvir.

São os dias da minha transformação que menos gosto de me lembrar. Nina simulou a minha morte num acidente de automóvel. Incendiou o carro com um cadáver masculino, mais ou menos da minha estatura. Quando as autoridades encontrassem o corpo este estaria de tal modo danificado que não o conseguiriam reconhecer, nem mesmo por ADN. Como era o meu carro que estava carbonizado iriam associar. E tal aconteceu.

Quando a transformação se deu senti imediatamente o meu poder dentro de mim e não tardei a colocá-lo em prática. Jennifer suicidou-se 5 dias depois do meu suposto acidente. Ao que tudo indicava, sentia-se demasiado culpada por ter sido ela a provocar tal discussão que eu sofrera um acidente que me tinha morto. Ninguém iria saber que eu tinha entrado na sua casa durante a noite e a tinha forçado a tomar todos os comprimidos que se encontravam na sua farmácia pessoal.

Nina viera a morrer um mês depois, pelas mãos dos Volturi. Foi quando soube que ela já tinha transformado pelo menos um humano por cada cidade que tinha passado e ao fim de pouco tempo abandonara esse novo recém-nascido deixando-o à sua sorte. Foi nessa altura que me juntei à guarda e ano e meio depois vi Caroline pela primeira vez.

A primeira vez que a vi pareceu-me estar a ver Brooke, mas um pouco mais madura. Senti um aperto no peito e uma vontade de me aproximar imediatamente de si. Mas fora avisado para ter todo o respeito pelas capas escuras da guarda e Caroline estava logo a seguir a Angel na hierarquia. Assim como Jane e Alec de quem eu sempre me tentara esconder.

Um dia, enquanto percorria os corredores que davam acesso aos quartos avistei-a. Caroline envergava a sua capa cinza escura. Tinha o telemóvel encostado à orelha mas rapidamente o retirou com um ar aborrecido. Estávamos sozinhos visto que toda a gente se encontrava na sala de convívio. Tinha que meter conversa com ela, era a minha oportunidade.

- Caroline, senhora? – Perguntei a medo. Não sabia como ela iria reagir. Virou-se rapidamente na minha direcção e ficou a observar-me durante uns segundos. Mas o seu rosto estava descontraído.

- Sim, Jayden. Em que te posso ajudar?

Senti o meu coração derreter, se tivesse um. Como era simpática.

- Na verdade, eu só lhe queria dar as boas vindas, esteve muito tempo ausente. Espero que tenha descansado o suficiente nas suas férias. A senhora faz falta aqui para colocar a ordem na guarda.

Quando Caroline me pediu que não a tratasse por senhora, que tinha apenas um ano a menos que eu quase cedi à vontade de a beijar ali mesmo. Mas não a conhecia e não seria de todo sensato beijar uma capa quase negra. Por isso, quando as coisas aconteceram naquele quarto de hotel no México eu nem queria acreditar. Tudo não parecia passar de um sonho e agora ali estava eu. Preso no meu próprio corpo, quase de certo condenado à morte por uma mulher que prefere estar com outro do que comigo. O que é que ele lhe poderá dar que eu não posso?

- Jayden?

Recuperara os meus sentidos. Assim que consegui focar o meu olhar acreditei que já me tivessem morto. Caroline estava à minha frente. Tinha uma mão pousada no meu ombro e o seu rosto estava tão próximo do meu que lhe conseguia sentir o ar frio que expirava a bater na minha bochecha e lábios.

- Estás bem?

Abri a boca para falar mas não consegui emitir nenhum som. Franzi o sobrolho e Caroline virou-se para Alec.

- Deixa-o em paz! O teu serviço aqui acabou, já aqui estou.

- Caroline?! – Consegui, por fim, falar, ainda que com uma voz rouca.

- O que é que foste fazer, Jayden?

- Ora, ora. Vejam quem finalmente apareceu para defender o seu discípulo!?

Aro encontrava-se junto à porta que dava acesso à minha prisão. Levantei-me num piscar de olhos e coloquei-me imediatamente atrás de Caroline.

- O Jayden sabe que errou, Aro. Não voltará a acontecer. Eu aceito total responsabilidade pelo que ele fez! – Naquele momento senti tanto orgulho em Caroline que quase me é impossível descrever. E tanto amor também. Só queria arrebatá-la nos meus braços e beijá-la sem qualquer receio.

- Pois irás sofrer as responsabilidades. – As palavras de Aro fizeram despertar o sinal de alerta de perigo na minha cabeça. Ele estava furioso. – Prendam-na até que decida o que fazer com ela. E a ele também.

- Não! – Preparei-me para lutar mas era tarde de mais. Estava de novo sem a minha visão e audição. Senti que era agarrado e atirado contra o chão.

Quando recuperei de novo os sentidos estávamos os dois fechados numa jaula. Apenas isso não nos deteria mas tínhamos sempre pelo menos dois vampiros da guarda a guardar-nos. Alguns dos guardas pediam perdão com o olhar quando encaravam Caroline, que estava sentada no chão, à minha frente, de costas para mim, sem se mexer. Senti pânico quando a vi tão quieta. O que lhe teriam feito?

- Caroline? – Gatinhei para a sua beira e coloquei-lhe uma mão no fundo das costas. O seu olhar penetrou no meu. A sua cara não continha qualquer expressão mas eu sabia que me estava a ver. – O que é que eles te fizeram?

- Nada. – A sua voz suava calma e controlada. Estava em modo Volturi. O seu modo mais calculista, preparada para uma batalha. – Estás bem? – Perguntou-me ao fim de uns segundos.

- Não. Não estou sabendo que fui que nos meti aqui! Desculpa-me Caroline, eu não sabia que eles me usariam para te preparar uma armadilha. Para te prender.

- Nem tu nem ninguém. – Só quando ouvi a sua voz é que reparei que Angel também se encontrava na mesma jaula que nós. Encostado à parede mais distante, escondido nas sombras eu quase não o conseguia ver.

- E agora? O que vamos fazer? – Perguntei sem qualquer esperança.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E então? Gostaram da historia do nosso vampirinho?? E do nosso vampiro? Era como o imaginavam?
Não se esqueçam de comentar, favoritar e já agora recomendar ;)
Twikisses**



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Past Vs Future" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.