Past Vs Future escrita por letycia


Capítulo 20
Capítulo 20 - Estranhos




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Capitulo 20

Estranhos

“Ele ainda te ama”, estas palavras continuavam a abranger todos os meus pensamentos durante os dois dias que se seguiram à minha conversa com Bella. Eu neguei todas as semelhanças que ela apontava entre nós, tentei alegar que ela estava em erro, que aquilo não passava da sua vasta imaginação ou de puras coincidências. O Edward ama a Bella, repeti milhares de vezes a mim, também, na tentativa de que eu me convencesse disso.

Evitava Edward ao máximo. Passava grande parte do meu tempo ou com Jasper e Alice, ou a brincar com a pequena Renesmee sempre que me era permitido. Ou seja, sempre que aquele amigo dos Cullen, o Jacob, não estava presente. Ainda agora em interrogava como é que eles aguentavam aquele cheiro todos os dias. Antes de voltar a Volterra teria que tomar um bom banho, ou mesmo vários, e comprar roupas novas, porque começava a achar realmente que aquele odor começava a entranhar-se nos meus poros.

–Erin, necessitamos de dois sacos de sangue O+ para o paciente do Dr Marshall, rápido. – ouvi passos de corrida em direcção à sala do hospital onde eu me encontrava. Peguei em 5 sacos, coloquei na mala que trazia e saltei pela janela.

Num beco escuro de Seatle, encostei-me a uma parede alta e bebi algum sangue. A minha garganta queimava o suficiente para eu me ter sentido tentada a atacar um humano a caminho do hospital. Já não me alimentava à algum tempo. Tinha tentado mais uma vez a alimentação dos Cullen, mas não tinha resultado. Odiava aquele sabor, e os pelos na minha boca, aquilo não era definitivamente para mim.

Quando já ia no meu segundo saco de sangue, o meu bolso começa a tremer incessantemente. Deixei tocar, não queria que aquele frenesi no meu corpo terminasse, estar privada de sangue tanto tempo não era bom. Só me fazia ansiar por mais e mais, nunca ficando satisfeita por completo.

Já estava no final do quarto saco de sangue, quando o meu bolso voltou a estremecer. Irritada, parei de beber o meu cocktail, e retirei o telemóvel do bolso, sem me dignar a olhar para o ecrã quando atendi.

–Sim? – perguntei furiosa. Não que estivesse chateada, ou coisa do género, mas interromper um vampiro quando este se está a alimentar não é das melhores alturas. Ficamos rabugentos, nada que consigamos evitar.

«Caroline?» – ouvi Angel do outro lado da linha. - «Está tudo bem? Desculpa, estava com um recém-nascido novo. Este foi um pouco mais complicado de acalmar. Ouvi as tuas mensagens, o que se passa?»

–Pois bem, mas deverias ter-te dignado ao menos a ouvir as mensagens, ou o vampiro novo nem 5 minutos pode esperar? – rezinguei eu para o telemóvel. O cheiro do sangue estava a deixar-me mal-humorada. Por momentos Angel não falou.

«Caroline, está tudo bem? Tens-te alimentado?»

–Estava a tratar disso agora mesmo! – arfei, olhando mais uma vez para o saco que ainda se encontrava na minha mão.

«OK, ligo mais tarde! Desculpa!»– Angel, não falou mais, nem esperou uma resposta da minha parte, simplesmente desligou. Guardei o telemóvel no bolso e voltei a devorar o meu banquete.

Estava já a caminho de Forks, quando o sentimento de culpa por ter falado daquela forma com Angel me fez abrandar o passo e ligar-lhe. Depois do meu pedido de desculpas, confessei-lhe sobre as minhas descobertas do passado, nunca revelando que Edward era meu noivo. Isso queria contar quando estivesse a sós com ele. Angel ofereceu-se para regressar a Forks para estar comigo, mas recusei tal oferta, pois iria regressar a Volterra daqui a um mês, mais ou menos. Quando terminei a conversa já estava perto o suficiente da casa dos Cullen, o que me fez acelerar o passo.

Junto a um pequeno riacho perto da casa dos Cullen, estava Edward sozinho, sentado num dos ramos de uma árvore. Não sabia se deveria parar para conversar com ele, ou apenas seguir o meu caminho. Optei pela segunda escolha, seguir o meu caminho, provavelmente ele queria ficar sozinho. Porém ele foi bastante claro que essa não era a sua vontade quando saltou da árvore impedindo a minha passagem.

–Onde estavas? – perguntou Edward numa voz amargurada.

–Fui a Seatle, necessitei alimentar-me. – Tentava fitar os seus olhos, mas estes continuavam baixos.

–Ah! – fez uma pausa, depois finalmente olhou para mim e sorriu. – Desculpa, fico nervoso por não saber onde estás.

Fechei os olhos, e suspirei, adorava o seu sorriso, adorava o facto de ele se preocupar comigo, no entanto não o podia demonstrar. Se isto continuasse assim Bella iria sofrer, e com isso, o Edward também. E eu não podia premitir que tal acontecesse, não iria aguentar vê-lo sofrer. Reprimi o sorriso que lhe queria demonstrar, reprimi o amor que iria transparecer nos meus olhos, e por muito que doesse, tínhamos que falar, falar a sério. Estava na hora.

–Pois, mas não podes. Edward, tu tens a Bella e a Renesmee, eu…eu não passo de uma ex-namorada. – Edward não sabia o que dizer, não estava á espera daquela reacção da minha parte. Virou-se de costas para mim, e deixou que o peso do seu corpo pendesse apenas para a sua perna esquerda.

–Eu sei, mas é que…é difícil. Eu amo a Bella, nós passamos por tanto para ficar juntos, ela sofreu tanto por minha causa e deu-me a coisa mais preciosa que eu tenho, a Renesmee. Eu amo-as, e elas sabem disso. Mas… - Edward ganhou coragem e virou-se para mim, prendendo o seu olhar no meu. – Mas tu apareces-te, e viras-te o meu mundo todo ao contrário. Tu fazes-me sentir o Edward que morreu em 1918. O Edward que sonhava envelhecer contigo, ter filhos contigo, casar contigo.

Edward passou a sua mão na minha face, o que me fez arrepiar e as minhas pernas começarem a ceder. Se me fosse possível estaria a chorar, queria dizer-lhe que ele me fazia sentir da mesma forma, que queria ficar com ele, que o queria beijar, mas não podia. Não queria que ele sofresse.

–Por mais que eu me sinta assim agora também Edward, tu tens razão. Nós morremos em 1918. – disse apontando para ambos - Não somos os mesmos, ambos mudamos muito. Tu dizes que me conheces? Tu não sabes nada sobre mim, da mesma forma que eu não sei nada sobre ti. Apenas sabemos coisas das nossas vidas humanas, as quais já não existem. Porque morremos!

–Isso não é verdade. Nós estamos aqui. E eu conheço-te! – Ri-me com tal afirmação. Edward segurava agora as minhas mãos, como que a impedir-me de ir embora.

–Então qual é a minha alcunha nos Volturi? – apenas os mais chegados me chamavam “esponja”, ou me conheciam como tal, os mais novos nunca se atreviam a desrespeitar as hierarquias superiores.

–Como se chama a minha melhor amiga? – Jane não era bem a minha melhor amiga, mas era a amiga feminina mais próxima a mim. Provavelmente devido a Angel.

–Qual foi a minha década preferida? Qual a cidade que eu mais gostei de visitar até agora? Qual é o meu hobbie preferido? – Edward não me respondia a nenhuma, apenas se limitava a olhar para mim com uns olhos tristes. – Vês, tu não me conheces! Tu não conheces o meu Eu actual. Apenas conheces a Caroline humana, que nem eu me lembro.

Edward não me respondia, desviou o olhar do meu, no entanto nunca me largou as mãos. Segurava ainda com mais força.

–Por favor, não vás já. – disse por fim voltando a atenção para os meus olhos. – Fica mais uns tempos.

–Não sei Edward. Talvez seja melhor eu ir, talvez seja mais fácil para nós se eu voltar para Volterra. – Não queria voltar, mas talvez fosse o melhor, ou pelo menos fazia um esforço para acreditar que sim.

–Não, eu não te quero perder agora. És tudo que me liga aquele tempo. Por favor, fica.

–Está bem. - Ainda não sabia se ficar era o mais correcto. Era o que eu queria, mas seria o melhor? Após ter confirmado a Edward que iria ficar mais algum tempo, afastei-me dele e segui o meu caminho para a casa dos Cullen, deixando-o para trás.

Na manhã seguinte estava a brincar com a Renesmee ás escondidas, na qual ela se escondia e eu tinha que usar o poder do Demitri para a descobrir. Desta vez ela tinha-se escondido dentro de um armário da cozinha.

–Esta nem foi necessário usar o poder, para além do barulho todo que fizeste deixas-te as panelas todas em cima do balcão. Era fácil descobrir-te. – disse com um sorriso para Renesmee enquanto a ajudava a guardar tudo novamente no seu sítio. O meu telemóvel vibrou, o que me fez correr para a sala em direcção a ele e pude ler no ecrã, Felix. Carreguei no botão para ler a mesagem, esta apenas dizia:

Caroline, tens que te dirigir para o México, alguma coisa se passa lá, tens que ir averiguar, se conseguires dar conta do recado tudo bem, se necessitares de reforços liga, e nós vamos. O teu companheiro de missão já vai a caminho de lá. Despacha-te!

–O que foi? – perguntou Renesmee. Olhei para ela e apenas sorri.


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