Cavaleiro De Cristal escrita por LBeyond


Capítulo 6
Loja Punk New Shinee ou Vida Nova


Notas iniciais do capítulo

Quase que não sai esse, mas saiu!

Era pra eu postar a uma semana, mas eu sempre ficava sem tempo de editar o betado e nunca dava tempo pra scanear o desenho desse capitulo.

Bem... Personagens novos na área!

Boa leitura...



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Após o beijo de Shelly as coisas pareceram, pela primeira vez na vida, que estavam melhorando. Joshua se recuperava cada vez mais rápido, entretanto, Shelly não o pode mais visitar, por causa de sua chegada em casa com a roupa ensanguentada, não agradou muito os pais de Shelly que, consequentemente, proibiram-na de ir ao hospital ver Joshua.

As férias terminaram neste fim incidente e a triste conclusão: Joshua julgado e inocentado por assassinato e tentativa de assassinato, o mesmo internado com estranhas marcas, Micha desaparecida e Dustin a beira da morte em estado vegetativo no hospital.

Por fim, as férias se foram e as aulas começaram novamente, os alunos voltavam, uns sonolentos e relutantes, outros alegres e entusiasmados. E esse, é claro, não era o caso de Joshua, em nenhum dos pontos. Após o começo das aulas, Joshua ainda ficou uma semana internado, se recuperando de seus ferimentos, e assim, portanto, perdeu uma semana de aula.

Sem Shelly para lhe visitar a única pessoa que ia lá frequentemente era sua tia Lílian. Ia lá quase todos os dias visitá-lo, sempre trajando suas roupas punks: meia calça preta rasgada, shortinho jeans customizado, blusa preta de caveira ou de alguma banda de rock ou algo do tipo; seu cabelo estava diferente: agora estava em um corte repicado e uma franja curta lateral, o que lhe dava um ar lindamente bagunçado, tinha feito mechas loiras, azuis, verdes, roxas, rosas e vermelhas, parecia um arco-íris-punk-estiloso; a maquiagem fortemente preta fazia contraste com seus olhos azuis e a sua personalidade alegre e bagunceira que chegava até ser um tanto infantil.

Sempre fazia Joshua rir com seu jeito palhaço, lhe contava suas novidades e, às vezes, traficava os melhores doces da cidade para Joshua, feitos é claro... pela padaria da cidade, já que Lílian era um desastre na cozinha, por vezes brincava:

– Uhm! Que doces deliciosos! – dizia de boca cheia assim que mordia um pão doce coberto de açúcar - Eu nunca conseguiria fazer doces assim! – afirmava com a boca e os dedos melados de açúcar e mel, o que fazia Joshua rir.

– Joshua seus remédios... – disse Drake entrando pela porta – Ah, não de novo, não! – reclamou ao se deparar com a cena que se tornara comum nas visitas de Lílian – Quantas vezes eu já disse que não pode traficar doces para dentro do hospital!

– Ah, não Drake! – choramingava Lílian – Finge que num viu, vai. Quebra essa!

– Tá bom! Vô fingir que num vi! Ou melhor: eu vou entrar de novo e vocês escondem os doces de modo que eu não veja. Certo? – os dois fizeram que sim – Ok! – ele saiu do quarto e logo tornou a entrar novamente – Joshua seus remédios... E – fez uma pausa – nossa por um momento pensei ter visto vocês comendo doces. Deve ser minha imaginação! – os três desabaram no riso.

Lílian passava muito tempo cuidando de Joshua no hospital. Quando não estava lá ou estava no trabalho em sua loja de artigos de musica ou estava em seus raros momentos que ficava em casa. Muitas vezes chegava até a dormir no hospital para ficar ao lado de Joshua.

Os dois estavam cuidando muito bem de Joshua, Lílian e Drake. Em seu tempo livre, Drake estava sempre no quarto de Joshua rindo, bagunçando e brincando com eles, principalmente com Lílian.

Com as frequentes visitas de Lílian, não era raro ela e a irmã se esbarrarem pelo corredor, o que gerava um clima tenso, já que Dustin também estava internado nesse hospital. Sra. Clarent não aprovava a vida que a irmã mais nova levava e Lílian não gostava do jeito que a irmã tratava Joshua. Gerado o clima tenso, Drake sempre impedia as brigas, desviando a atenção de uma das duas, Sra. Clarent com o estado de Dustin e Lílian com uma nova notícia da banda que eles eram fãs.

O Detetive Orlando só ia visitar Joshua quando tinha alguma noticia sobre o caso de Micha, isso é ele só o visitou uma vez, isso já era pouco antes de Joshua ter alta do hospital.

Chegou o tão esperado dia em que Joshua recebeu alta e, como ele previa sua tia Lílian estava lá dando pulinhos de alegria pela saída de Joshua. Ele vestia suas roupas comuns: camisa pólo listrada, calça jeans e seu tênis Adidas. Sua mão esquerda e sua testa ainda estavam enfaixadas por causa das tatuagens que assim que descobertas teimavam em sangrar.

– Oi! Joshua! Joshua! Joshua! – disse rápido e alegremente entres seus saltinhos de alegria enquanto Joshua caminhava em sua direção saindo do hospital.

– Oi Tia Líli. – disse abraçando-a.

Ela vestia um short jeans estampado nele a bandeira da Inglaterra em tons de preto, roxo e rosa pink combinando com seu cabelo, uma meia calça preta rasgada por estilo, uma regata colada onde lia-se “DON’T SAY LAZY _ K-On!” nome da musica de enceramento do anime K-ON, uma bota trek de cano longo preta e luvas listradas preto e rosa que iam até a metade do ante braço. Seu cabelo colorido que lembrava a foto de um cantor japonês chamado Miyavi ou um My Little Pony estava preso em um rabo de cavalo no topo da cabeça. Quem a visse e não conhecesse poderia achar que ela era uma cantora excêntrica de uma girl-band de K-pop.

– Nossa que rapaz crescido! – disse abraçando-o fortemente – É impressão minha ou você cresceu mais nesse hospital. O que o Drake tava te dando naqueles remédios? Fermento! – Joshua riu da piada da tia. Era verdade, ele tinha crescido alguns centímetros no hospital – O que você quer fazer agora? Ir ao parque? Passear de carro? Uhm... Comer comidas gordurosas na lanchonete? – disse em seu tom brincalhão.

– Uma vida nova. Sem sombras do passado. – disse andando em direção ao carro da tia.

– Ai, que serio! – resmungou reclamona – Acho que tem como deixar isso mais divertido! – disse se apoiando no teto do carro – Topa?

– Tá bom. – disse meio desanimado.

– Assim não! Põe animação, vai!

– Tá bom! – disse bem alto.

– Não é “tá bom!”, isso é coisa de gente velha! Diga: Só se for agora! – disse com bastante entusiasmo.

– Então tá! Só se for agora! – disse entrando na brincadeira da tia, abriu a porta e entrou no carro animado.

– Uhul! É isso ai! Vamos nessa! – gritou entrando no carro, ligou o som bem alto de uma banda punk chamada Green Day na musica Holiday, e saiu acelerando.

– Ahm, Tia Líli?

– Sim?

– Só por curiosidade, onde é que a gente vai?

– Hum... segredo!

– Não, é serio tia! Onde agente vai?

– Quando a gente chegar eu te conto. – Joshua bufou e afundou no banco – Ai que isso Joshua! Para de agir feito velho e se diverte um pouco. Acho que você esta passando tempo de mais com seus velhos.

– E pensar que eu vou ter que voltar pra lá... – suspirou.

– Vai lá pra casa! – disse de seria repente após um pequeno silencio.

– O quê? – perguntou confuso Joshua, o que ela queria disser com aquilo?

– Vai lá pra casa, sabe? Morar! – disse.

Joshua ficou com o rosto iluminado só de pensar na possibilidade de ir morar com a tia, e ficou recostado no banco boquiaberto pensando em como seria essa vida. Estava tão entretido que nem viu que a tia tinha parado o carro em frente a uma loja cujo letreiro cheio de caveiras e que inspirava certo receio mostrava: Punk New Shinnee.

– Que lugar é esse tia?

– É o lugar onde a sua nova vida começa! Ta-da! – ele a olhou com uma cara de “fala sério!” – Tá bom! É uma loja de um amigo meu. Mas eu não tava brincando quando disse que sua nova vida começava aqui. Nós vamos ter um banho de loja! – ela o pegou pela mão puxando-o em direção a loja – Vem, meu Shinnee!

– A não tia... eu não to no clima. – disse se fixando no lugar.

– Como assim “no clima” Josh? – ela o olhou e viu Joshua cabisbaixo, com um olhar inseguro fitando os próprios pés - Josh olha aqui pra mim. – disse segurando o queixo dele forçando-o a levantar a vista – Ah, querido – disse manhosa. -, não precisa ter medo de mudanças, mudar é bom, faz bem pra alma. Mudar não é fácil, eu sei, mas... Vamos mudanças não são tão ruins assim. – disse compreensiva.

Ele desviou o olhar da tia. Sabia que mudar não seria fácil, tentar esquecer o que aconteceu seria impossível. Mas tinha que mudar, precisava mudar. Por ele e por Micha!

– Vamos lá? – perguntou, Joshua acenou a cabeça que “sim” decidido, porem com um olhar ainda triste, a tia o puxou pelo braço em direção a loja, desta vez ele cedeu – E melhora essa cara! – disse de repente deixando Joshua confuso – Não pega bem pra mim ser vista com um garoto com cara de velho. – ela o olhou com uma cara brincalhona e pôs a ponta da língua pra fora. Os dois riram da brincadeira.

– Raffs! Cê tá ai? – gritou ao abrir a porta do estabelecimento.

– Em cima! – gritou alguém do segundo piso da loja, um homem desceu pelo poste de bombeiro que saia de um buraco no segundo piso – E em baixo. – Completou o homem.

– E ai, Raffs?

Raffs era um cara alto, quase completamente careca, se não fosse por um moicano azul de uns 20 cm de altura (quem faria isso com o cabelo, Deus do céu?). Trajava roupas de couro preto, enrolado por correntes nas roupas e pelos próprios piercings (quero ver esse cara sair num dia de chuva assim!).

– Salve Líli! – cumprimentou ele – Quem é o boy? – perguntou se referindo a Joshua.

– Raffs, esse é o meu sobrinho Joshua. Joshua, esse é meu amigo Raffs.

– Oi. – disse Joshua timidamente.

– Ave Josh! O famoso Josh! – Joshua ficou confuso, com o famoso, será que a tia falara tanto dele assim para os amigos? - A que devo a visita de duas ilustres pessoas em minha humilde loja?

A loja, pela primeira vez tinha parado para a loja. Seu interior era pintado de cores escuras e fortes. Ao contrario da fachada (que era ameaçadora, diga-se de passagem!), era aconchegante, apesar das caveiras e dos postes de bandas de Rock Pesado. De certa maneira, aquele lugar fazia Joshua se lembrar do quarto de Dustin, só que mais carinhoso e menos hostil.

Raffs e Lílian conversavam entretidos em algum assunto. Joshua foi se afastando dos dois a fim de explorar aquela loja. Andava pelos corredores da loja despreocupado e curioso, olhava cada coisa apreciando cada detalhe, achava incrível como nenhuma coisa era igual à outra naquela loja.

Passeava pelos corredores explorando aquele estranho lugar. Havia um corredor de camisetas, para CDs, pra DVDs, um para artigos raros como: discos de vinil, LPs e outros; havia também uma seção de instrumentos como: guitarras, baixos, baterias, amplificadores de som entre outros acessórios como: cabos, plugs e palhetas.

Nos fundos da loja havia um pequeno cômodo com paredes de vidro, possuindo no solo duas guitarras, uma bateria enorme completa e algumas peças de outras baterias espalhadas, um violão, dois baixos, no teto via-se pendurado pratos do tipo crash, guitarras, violões e baquetas quebradas. Na parede encontravam-se dois violões e uma guitarra, além de uma coleção de baquetas.

Aquilo devia ser uma espécie de santuário ou museu, pois, ao lado que cada instrumento (ou pedaço dele) tinha uma plaquinha de metal e nela inscrita uma data, um nome, uma frase e um pequeno texto.

Joshua caminhou de um lado para o outro olhando aquele santuário que se encontrava bem abaixo da plataforma do segundo piso perto de onde Raffs surgira, olhava cada instrumento perdido em seus pensamentos. Até que o som de passadas fortes o tirou da orbita de seus pensamentos despertando a sua curiosidade, andou em direção à frente a fim de olhar o que havia no segundo piso, que deveria ser onde se encontrava o escritório.

Olhou a procura de alguém no segundo piso. Não via ninguém, logo pensou na possibilidade de Raffs e sua tia terem subido, mas descartou essa idéia ao ouvir a gargalhada dos dois na entrada da loja, ainda conversavam animadamente sobre qualquer coisa. Joshua olhou na direção de onde vinham as vozes dos dois tentando vê-los, mas uma fila de prateleiras o impedia disso.

Sentiu um calafrio repentino e um vento percorrer a sua espinha, sentiu-se observado. Olhou vagarosamente a sua volta. Não havia nada para causar aquele vento, nenhuma janela estava aberta, reparando melhor, não havia janelas para serem abertas. Joshua estranhava aquela sensação. Sua vista passou distraidamente pelo segundo andar e aquele calafrio percorreu seu corpo novamente quando se deparou com um par de olhos arregalados em um tom brilhante azul cristal lhe encarando fixamente, um corpo pálido se escondia por detrás da parede branca, deixando apenas revelar uma mão incrivelmente branca (a ponto de se confundir com a parede) que pousava ao lado do rosto pálido, suas unhas pintadas de branco fincavam na parede, esfarelando a tinta branca. Ele estava encoberto pelas sombras exceto por um pequeno feixe de luz que iluminava uma pequena parte de seu rosto pálido e iluminava seu cabelo branco.

Aquele olhar inspirava certo medo em Joshua, um medo mórbido, chegava a ser quase uma fobia inexplicada. Calafrios percorriam seu corpo como correntes elétricas. Joshua pousou a mão esquerda no braço direito a fim de conter os arrepios que invadiam seu corpo. O medo inspirava de seu corpo, fazendo brotar de sua testa gotas de suor, seus olhos se encheram de lagrimas, mas nenhuma delas ousou a cair.

Inconscientemente, Joshua começou a recuar em passos curtos e lentos, o medo controlava seu corpo. Seus passos estavam trêmulos, queria gritar pedindo socorro, mas voz se recusava a sair, seu corpo todo agia por instinto do medo. Foi quando um esbarrão em alguém, o fez acordar se seus pensamentos com um gemido de medo.

– Josh. Estávamos procurando por você. – disse Raffs fitando o garoto assustado – O que foi? Parece assustado Josh.

– É o que foi Joshua? – perguntou Lílian ao garoto.

Joshua os olhava com pânico nos olhos, a respiração estava descompassada, percebeu que suas mãos trêmulas ainda agarravam fortemente o próprio braço, tratou de soltá-lo e tentar tranquilizar aqueles que lhe olhavam com tanta preocupação.

– Não é nada só... – olhou para trás a procura do individuo que antes lhe olhava – Eu só estava olhando a loja e vocês me assustaram. Só isso.

Líli ainda o olhou, preocupada, mas Joshua assegurou que estava tudo bem, e ela logo desistiu de perguntar, o menino continuaria dizendo que estava bem.

– Então Josh. O que gostou mais na loja? – perguntou Raffs animado.

– A... – pensou Joshua por um instante, o estranho incidente havia lhe tirado toda a concentração – A seção de caveiras. – disse apontando para uma placa com setas de localização dos corredores:

< Seção 1: Intrumentos

< Seção 2: Revistas

< Seção 3: Acessórios Musicais

< Seção 4: CDs, DVDs & Blu-Ray

< Seção 5: LPs, Vinil, Disquetes & Fita Cassete

^ Santuário

> Seção 6: Lembranças

> Seção 7: Caveiras

> Seção 8: Acessórios Moda

> Seção 9: Roupas

> Caixas


De fato não era mentira, apesar de so ter olhado rapidamente aquela seção, foi a que achou mais bonita. Joshua não sabia o porque, mas tinha criado uma estranha admiração por caveiras.

– Então Líli. Você ainda não me disse a natureza de sua visita. – disse gesticulando com as mãos.

– Ah, eu vim trazer o Joshua para um banho de loja. – disse segurando o menino pelos ombros – Vamos dar a ele uma vida nova, e um guarda roupa novo.

– Que ótimo por que nos temos... – a fala de Raffs foi interrompido pelo barulho de algo se quebrando.

– O que foi isso? – perguntou Líli.

– Cris. – disse antes de sai para ver o que havia acontecido – Cris! Cris! Cris! – chamava ele.

Joshua e Lílian seguiram Raffs, pelos corredores atrás do tal Cris. Pararam no corredor que uma placa indicava “Seção 7: Caveiras”. Lá estava, bem no meio do corredor, um garoto de não mais de 15 anos, extremamente branco, cabelo branco com mechas em um azul claro e desbotado, as unhas da mão direita eram pintadas de branco, as da esquerda de cinza, trajava uma bata branca de manga comprida, que ele havia enrolado até o cotovelo. A bata tinha um corte em diagonal que caia do quadril até a metade da coxa, usava também uma calça jeans cinza claro, tênis em um branco impecável e um cachecol cinza que lhe protegia o pescoço branco.

Cabisbaixo fitava os próprios pés, suas mãos estavam em posição como se estivesse segurando algo invisível, logo Joshua viu um vaso cor de rosa quebrado no chão e a areia colorida que antes estava contida dentro do vaso espalhada pelo corredor daquela loja.

O menino foi vagarosamente se encolhendo e aproximando as mãos do corpo, uma mão pousou por cima da outra como se ele estivesse se autocontendo. Seu pé avançou para trás. O silencio predominava e infestava o local. E quando menos se esperava o menino saiu em disparada.

– Hei Cris, o que foi que...? – Raffs desistiu de perguntar quando viu que o garoto já não o ouvia – Me desculpem pelo Cris, ele é meio... Perturbado.

– Quem é Cris? – perguntou Líli.

– Cristiano, meu “irmãozinho”. – fez aspas com os dedos quando falou isso.

– Porque “irmãozinho”? – perguntou Líli novamente o imitando.

– Meus pais o pegaram numa casa para menores e como eles viajaram, eu to cuidando dele – Sabe ele é bem difícil, se é que me entende. – disse chutando a areia colorida no chão - Ele é temperamental – chutou -, sensível – chutou -, tímido, albino e já tem mais de 13 anos – chutou novamente -, é difícil arranjar um lar para garotos como ele. – chutou um caco do vaso e uma inscrição em azul refletiu a luz no rosto de Joshua.

– Quantos anos ele tem? – perguntou Líli.

– Quinze. – disse chutando novamente outro caco do vaso que, por sua vez, refletiu uma luz maior que a primeira no rosto de Joshua – Ele vive trazendo essas... Coisas estranhas para dentro de casa. Nem sei onde ele as arranja. Sem falar que ele é meio... Bem, meio... Ele às vezes fala coisas estranhas e diz coisas estranhas e...

– Qual é a diferença? – disse Joshua se intrometendo na conversa.

– A diferença é que às vezes você fala muitas coisas, mas não diz nada. – disse olhando profundamente para Joshua. Logo parou de encará-lo para fitar o segundo piso, ficou em silencio por alguns segundos, ouviu-se um barulho que varias coisas se quebrando – E ainda tem essas vozes... – ele pôs as mãos nos bolsos e continuou ainda fitando o segundo piso onde ainda se ouvia coisas quebrando – Os médicos dizem que ele sofre de esquizofrenia, mas... Num sei... Ele fala dessas vozes como se fosse tão real e ele nem é, bem, como os outros. E se recusa a tomar as medicações porque ele não é louco... – parou de falar e ficou se balançando para frente e para trás, como se refletisse sobre o que ele próprio tinha falado – Mas bem! Desculpe ter ficado aqui de blá-blá-blá com vocês. Então Josh quer uma vida nova? Escolheu o lugar certo para começar ela! Me acompanhem por favor. – disse isso com um tom hilariante prolongando o por.

Joshua foi direcionado à Seção 9: Roupas.

Foram três horas de tira e põe roupa, entra e sai do provador, gostos e desgostos do próprio e de sins e nãos da tia. Pelo rumo que as coisas estavam tomando, Joshua temia que ele saísse da loja com a tia enlouquecida e vinte e uma sacolas de compras. A tia providenciara ao sobrinho, no mínimo, vinte camisetas novas com temas de bandas de rock e caveiras e coisas do gênero; quatro calças jeans customizadas a moda punk, duas jaquetas punks de couro e três tematizadas com animes que a tia gostava: Death Note, Another e Bleach.

Seria “apenas essas poucas compras” se a tia não tivesse entrado “sem querer querendo” na Seção 8: Acessórios Moda e visto um painel de pulseiras de couro e cordões e pingentes e etc, ela não resistiu ao impulso de arrastar o sobrinho para aquele corredor. E escolher para ele dezenas de pulseiras e cordões e pingentes e etc.

Para piorar a situação de Joshua, quando ele estava a experimentar as pulseiras Raffs reparou nas ataduras nas mãos.

– Ah, Josh? – perguntou intrigado como se tivesse se tocado de algo impressionante.

– Uhm?

– Agora que vi. Porque você está com as mãos e a cabeça enfaixada?

– Ah, isso? É que...

– Shinee acabou de sair do hospital. – interrompeu a tia o chamando de Shinee. De onde ela tirou isso?

– Sim, entendo. Mas porque as... – fez sinal com o indicador em zigue-zague na direção da própria testa indicando as... – faixas?

– A mão direita eu cortei no espelho e a esquerda e a testa são machucados que apareceram em mim.

– E você vai ficar usando essas faixas até quando?

– A da mão direita eu vou tirar amanhã junto com os pontos. E as outras duas eu vou ter que ficar usando, por que se eu tiro os ferimentos sangram e...

– Ah, não, não, não, não, não! – interrompeu Raffs.

– O que não, Raffs? – perguntou Líli rindo de todos os nãos ditos pelo amigo.

– Josh não pode continuar usando essas faixas dé-mo-dé. – disse imitando um estilista gay – Eu tenho uma coisa in-crí-vel que vai combinar super com o que você comprou. Vem! – disse puxando Joshua pela mão e saiu rebolando e andando feito um gay.

– Para Raffs! – disse Líli contendo um ataque de risos – Tu é hetero, esqueceu?

– Sou? – disse ainda imitando um gay – Oh My G-Dragon! – disse levando as mãos ao rosto e fazendo cara de assustado – Como pude esquecer isso? – bateu com a mão de leve na testa, os três riram.

Cena estranha! Se você consegue imaginar um cara alto, forte, de aparência agressiva, porém serena, um moicano macabro na cabeça combinado com o estilo punk imitando um gay mais do que afeminado é, no mínimo estranho beirando a bizarrice. Nada contra, mas é estranho, se não conseguiu imaginar eu não lhe culpo, é estranho de mais para ser imaginado e difícil de se acreditar. Eu não conseguiria imaginar ou muito menos acreditar se não tivesse visto com meus próprios olhos. E... É melhor voltar pra historia antes de ser repreendido de novo e – pigarreio alto – Raffs encaminhou Joshua até o outro lado da Seção 8: Acessórios Moda.

Voi Lá! – disse ele apontando para uma prateleira – Toucas, bandanas, bonés, luvas e faixas customizadas. Você pode por cima das ataduras. Acredite em mim vai combinar com seu novo estilo. – piscou para Joshua estalando a língua e apontando para o mesmo.

Líli escolheu... Quer disser, ajudou Joshua a escolher as toucas, bandanas, bonés, luvas e faixas para ele. Isso mais aquelas outras milhares de compras dos mais pequenos enfeites fúteis. Foi o que Líli comprou para o sobrinho. Depois de pagar o desafio foi levar as compras para o carro. Eram tantas sacolas que Joshua duvidou que coubesse no carro, o que, por um milagre, coube.

O próximo desafio seria: levar as compras para o apartamento dos pais de Joshua no grande centro da cidade e enfrentar as feras.

O apartamento de Joshua ficava num dos prédios habitacionais mais altos da cidade, seu apartamento era na cobertura no ultimo andar. Isso lhe proporcionava uma bela vista da cidade. Mas Joshua trocaria essa vista tão cobiçada da cidade, pela da floresta no seu pequeno quarto no sitio.

Líli estacionou o carro na entrada do prédio. O porteiro abriu a porta para Joshua. O homem baixinho, gordinho, calvo e de meia idade sorriu dizendo.

– Bem vindo de volta Sr. Joshua! – Joshua saiu do carro e suspirou olhando a fachada do prédio – E bom dia para a senhora, Srta. Lílian! – disse ao ver que ela não o esperou abrir a porta dela e já havia pulado para fora do carro.

– Bom dia pra você também JenJen! – disse sorrindo

– Senhorita, acho que prefiro ser chamado de Jenuzio. – disse o porteiro sem jeito.

Nani?!? Poxa, eu gostava do seu apelido. Achei que JenJen combinava com você... – disse desanimada.

– Se assim insiste senhorita eu...

– Num esquenta não Jenu. – disse dando-lhe outro apelido.

– Ora vejo que os dois fizeram compras.

– É, algumas. – algumas. Sei!

– Devo tira-las do carro? – perguntou indicando as compras no banco de trás do carro.

– Claro, seria de grande ajuda. - olhou para cima em direção a fachada do prédio e caminhou poucos passos até o sobrinho que fitava o chão. Passou o braço pelo ombro e aproximou os corpos num abraço – Nee nee Joshiiii! Gostou de voltar pra casa? – perguntou animada.

– Prefiro voltar pro hospital! – disse chateado. (#XATIADO!)

– Que isso Joshinee? Anime-se. Não vai ser tão ruim voltar a morar com seus pais. – disse animadora, mas vendo que o menino continuava tristonho tentou – Hey Joshiiii! – disse se abaixando para ficar na direção dele – Vem morar comigo! – disse sorrindo infantilmente.

– Serio? Agora? – disse animado.

– Siiiiim! – disse alegre – Quer disser, não... – se entristeceu.

– Não? Por quê? – disse incrédulo.

– Porque tenho que convencer os seus pais e sabe como eles são dois advogados chatos! – inflou as bochechas e fez um bico, formando uma cara fofa – Me da um mês que eu convenço eles!

– Promete?

– Prometo! – disse confiante olhando no fundo dos olhos dele - E juro juradinho! – estendeu o punho fechado exceto pelo dedo mindinho esticado.

Os dois se olharam por um estante, Líli ainda com o mindinho estendido a Joshua, ele estendeu seu próprio juntando com o dela, os dois os uniram selando um acordo.

– Prometeu tem que cumprir! – disse Joshua.

– Eu vou! – disse sorridente.

– Pronto Srta. Lílian acabei de tirar as compras do carro. Devo ajudá-la a subir as compra para o apartamento dos Clarent?

– Não precisa Jenu. – disse se abaixando para pegar as sacolas de compras.

– Eu insisto. Pelo menos até o elevador. Aliás são muitas compras. – disse pegando um terço das sacolas.

– Muito obrigada Sr. Jenuzio. – disse pegando outro terço de sacolas.

– Eu é que agradeço por ter me chamado pelo nome! – disse gentil.

– Não se acostume! – brincou Lílian – Josh pega essas outras sacolas aqui. – disse indicando o resto das sacolas no chão.

Joshua pegou as sacolas do chão e os três foram juntos até o elevador. Jenuzio depositou as sacolas que carregava no chão do elevador que Lílian e Joshua tinham entrado.

– Prontinho Srta. Lílian. Tenha um bom dia. E bem vindo de volta Sr. Joshua.

– Pra você também Jenu. – gritou Lílian antes da porta do elevador fechar.

Joshua apertou o botão do ultimo andar após por as suas sacolas no chão e soltou um longo suspiro de cansaço, não só físico como mental.

– Ai ai! – suspirou Lílian encostando-se à parede do elevador – Agora é torcer pros seus pais não estarem em casa. – disse.

– Você podia ter perguntado para o Sr. Jenuzio. – criticou.

– Uhm, é verdade. Você tem razão. - disse pensativa.

– Eu sempre tenho razão! – gabou-se.

– Joshua! – repreendeu-o.

– Desculpa! Não resisti! – disse segurando o riso.

A viagem de elevador foi longa até o ultimo andar. A musiqueta do elevador já havia deixado a tia do menino irritada e Joshua incomodado.

– Ô musiquinha chata hein! – bradou Lílian quando a porta do elevador abriu e ela saiu em disparada com sua parte das compras.

– É um pouquinho irritante... – disse Joshua saindo do elevador com o resto das compras.

– Um pouquinho não, muito! – disse já na frente do apartamento dos Clarents.

– Eu tô sem chave. – lembrou Joshua.

– Não se preocupe eu tô com a sua. – disse sacudindo um molho de chaves com um chaveiro de caveira azul claro.

– E ainda tomou liberdade de por um chaveiro. – observou Joshua, enquanto a tia apenas sorriu e girou a chave na porta.

Lílian entreabriu a porta do apartamento e lentamente pôs a cabeça para dentro e como se estivesse em um filme de espiões rolou para dentro do apartamento, olhou o lugar em volta e sussurrou:

– A barra está limpa! – esperou por um tempo – Pode vir Josh. – sem respostas – Josh? Joshua? – se levantou do chão e olhou ao redor, não via o menino em lugar algum – JoshuAAAAA! – se assustou com o garroto passando de repente por ela abrindo uma lata de coca.

– Você podia ter falado logo que eles não estavam em casa em vez de fazer esse teatro de suspense todo. – disse frio enquanto se dirigia até o sofá perto de onde havia deixado sua parte das compras – E pegue a sua parte das compras. Elas não devem ficar lá fora desacompanhadas por muito tempo. – a tia assentiu estupefata - E feche a porta! – ordenou.

Lílian se dirigiu até a porta tirou as compras da porta as pôs para dentro do apartamento e trancou a porta. Quando se virou deparou-se com a figura do menino jogado no sofá, a lata de coca ainda em sua mão direita e a cabeça jogada para trás fitando o teto. Ela ficou durante um tempo em silencio tentando imaginar o que se passava na cabeça do menino.

– Vou arrumar seu guarda roupa e guardar essas compras. – anunciou Líli. Sem respostas por parte do menino – Então, vou indo. – disse animada pegando parte das compras e se dirigindo ao quarto do garoto.

Joshua continuou lá parado fitando o teto, piscando desanimadamente, pensou em beber o resto do refrigerante da lata em sua mão onde gotas de água começavam a condensar e escorrer por fora da lata, mas perdeu a vontade. Ficou lá parado imaginado o que faria da vida daqui pra frente. Seu pensamento foi interrompido pela voz estridente da tia.

– Nyah!!! – praticamente gritou ao adentrar se espreguiçando na sala – Terminei! – disse preguisosa – Muito obrigada por ir lá me ajudar Joshua! – disse sarcástica.

– Desculpa. Me distraí.

– Tudo bem. – ela olhou para as enormes janelas da sala que iaô do teto ao chão e viu o por do sol adentrando no cômodo – Nossa que sol! – exclamou.

Joshua olhou pela janela e viu o grande sol alaranjado, realmente era bonito, mas nada comparado ao daquele dia nem na beleza nem no receio pensava Joshua. Líli pegou no bolso do short seu relógio de bolso prateado para ver que horas eram (um dos poucos seres da terra que ainda utilizam um relógio de bolso: Lílian).

– Nossa já tão tarde assim? Estranho seus pais ainda não terem chegado. – fechou o relógio e o guardou no bolso novamente – Devem estar presos no transito. É horário de pico.

Joshua olhou para o refrigerante que ainda estava em sua mão, as gotas de água que haviam se formado em volta da lata haviam molhado as suas faixas. Inconsciente levou a lata à boca enquanto a tia falava sobre qualquer alguma coisa sobre a irmã, mas logo se arrependeu de ter bebido o único gole daquela lata, o refrigerante havia esquentado e estava com um gosto horrível.

– Então quer jogar videogame? – concluiu ela sem perceber a careta que Joshua havia feito, que assentiu o que a tia havia dito sem mesmo ter ouvido o que ela falou – Você escolhe. Então que tal... Mario Bross de 1990 ou... Just Dance 4? Por favor, escolha Juste Dance! Por favor, escolha Just Dance! – sussurrou implorando para que ele escolhesse aquele.

– Mario!

– Ai! Mas eu quero o Just Dance! – choramingou.

– Mas você disse pra eu escolher, não disse? – questionou.

– Mas eu queria que você escolhesse Just Dance...

– Eu não estou a fim de dançar hoje. – afirmou desanimado.

– Tá bem! Mas é só porque você é meu sobrinho preferido! – disse desistindo de convencer Joshua.

– Sou seu único sobrinho! – disse frio.

Esse comentário fez Lílian se entristecer e se arrepender de ter feito aquele comentário. Pela primeira vez parou para refletir sobre o que o sobrinho estava sentindo agora.

– Vai por o Mario ou não? Se você por o Just Dance eu juro que vai jogar sozinha. – disse ele descontraído tirando a tia da orbita de seus pensamentos.

– Não se preocupe. Eu vou por o Mario... Pra ele sair de trás do armário! – fez uma piada, para evitar expressar sua preocupação, conseguindo arrancar risos do sobrinho.

Colocado o jogo os dois jogaram até Lílian perceber o céu escuro e as estrelas no chão vindo das janelas da cidade grande se acendendo. Olhou novamente a hora em seu relógio de bolso estranhando a demora da irmã e o marido. Eles nunca se atrasavam sem ao menos avisar à portaria do prédio.

– Seus pais estão muito atrasados. – disse selecionando a próxima fase do jogo – Será que aconteceu alguma coisa?

– Sei lá. – disse Joshua pegando um cogumelo e fazendo seu personagem ficar maior no jogo – Liga pra eles. – sugeriu enquanto se preparava para pegar um Yoshi – Hei! – exclamou ao ver o jogo pausar com seu personagem suspenso no ar bem no meio do pulo.

– Vou ligar pra eles. – anunciou levantando e caminhando até o telefone da sala e discando o numero da irmã.

O telefone chamou, chamou, chamou e por fim caiu na caixa postal do celular da irmã.

– Atendeu? – perguntou Joshua que a olhava sentado no sofá.

– Caixa postal. – respondeu – Vou tentar de novo.

O telefone chamou duas vezes e uma voz fraca atendeu do outro lado da linha.

– Alô?

– Alo? Maninha?

– Lílian? – gesticulou desesperadamente para Joshua avisando que haviam atendido.

– Vocês ainda não chegaram aqui então resolvi ligar. Vocês ainda vão demorar muito? – soluços de som de choro vieram em resposta – Mana? –– um choro desesperado veio do outro lado da linha, Lílian se desesperou – O que foi que aconteceu? Onde vocês estão? Fala comigo! – após um logo silencio do outro lado somente não absoluto pela presença dos soluços, enfim disseram:

– O Dustin... morreu!


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Notas finais do capítulo

Líli é meio Otome, então ela usa algumas espresões em japonês como:

—Nee nee, que é ei ei;

—Nyah, que é o miado do gato no japão;

—etc...

No texto eu faço umas referencias a Boy-Band coreana Shinee, como:

—O nome da loja;

—O apelido do Joshua;

—etc, etc...

Também tem uma menção ao cantor coreano G-Dragon, que de vez em quando eu tenho a mania de falar em vez de: Oh My God, falar: Oh My G-Dragon ou se não isso: Ai Meu Gackt Do Céu, mas isso é para outra ocasião...

Gostaram do novo capitulo que quase não sai???

Onegai deixem reviews!



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