Pov Amy

               Fomos interrompidos por batidas na porta. Desviei o olhar do homem que dizia-se não só meu pai, mas também um deus antigo.

               - Entre- falei. A maître se desculpou pelo incomodo, mas eu mau ouvi, fazendo um analise de minha vida. 

               Se o que ele disse fosse verdade, muita coisa seria explicada. Como o porque eu era diferente dos demais e possuía talentos acima da media para algumas coisas... Ou como eu tinha feito aquilo com os Miller e antes ainda com as pessoas que me adotaram... Acreditar explicaria muita coisa... Mas algo parecia inevitável, eu era fadada a ser odiada... Tinha razão quando pensava que meus pais não me queriam... Afinal, todos os filhos dos deuses eram acidentes.

               - O que ouve?- Hefesto parecia desesperado.- Você está chorando?- nem tinha notado que minha tristeza tinha transparecido.

               - Nada- falei.- Só estava... Pensando.

               Ficamos alguns minutos em silencio enquanto ele me observava atentamente, tentando me desvendar. Acho que ele conseguiu, pois seus olhos se arregalaram e ele ofegou.

               - Di imortales Amy- falou.- Eu juro que não a abandonei porque queria! Eu nunca teria feito isso com você. Acredite em mim, filha! Eu só descobri agora a sua existência. Por favor, escute! Eu vou explicar tudo...

               Eu realmente queria acreditar nele, então ouvi. Durante os próximos quarenta minutos ele falou-me tudo. Sua relação Afrodite, minha mãe, como ela o traia com Ares, o jeito que ele a amava, como achava que não tinha chances, a conversa que tinha ouvido...

               Nessa parte, admito, fiquei com muita raiva. Tanta que eu podia ver alguns dos computador da ala soltando faíscas. 
BUM! (n.a. Não precisam me dizer que minha sonoplastia é péssima). 

               O computador ao meu lado explodiu, queimando. Droga! Eu ia ter de concertar isso.

               - Saco- bufei.- De novo não...

               Eu comecei a arrumar tudo, deu uma pouco de trabalho (também, eu havia conseguido extermina-lo por dentro...), demorei cerca de 15 minutos para terminar tudo. Senti-me sendo observada e vi Hefesto me olhando com extremo interesse, como se tivesse fazendo isso a horas. Do que eu não duvidava, eu ficava meio distraída quando o assunto era tecnologia...

               - O que você está olhando?-perguntei.

               - Você- ele sorriu.- Sempre foi boa nisso?

               - Desde que eu me lembro- sorri.- E isso, com certeza, é muito tempo. Tenho uma ótima memória- completei enquanto ligava o computador.
Comecei a organizar o sistema e, admito, que não resisti a oportunidade de "brincar" um pouquinho.

               - Pode parecer ridículo vindo de mim, mas eu nunca fui muito bom com computadores. A tecnologia com que trabalho é completamente diferente- falou constrangido.

               Olhei-o surpresa.

               - Mesmo?- perguntei.- Sente-se aqui-indiquei a cadeira ao meu lado.- Eu te ensino

               Passamos as próximas 3 horas mexendo nos computadores da sala. Hefesto, meu pai, se mostrou um ótimo aluno e logo estávamos modificando todo o sistema. Claro que eu ainda era melhor, por algum motivo eu sempre fora melhor que qualquer racker, mas ele já era melhor que 98% da população.

               - Pode entrar- falei quando ouvi batidas na porta.

               - Perdoem o incomodo, senhores- pediu.- Mas estaremos fechando dentro de 1 hora.

               - Tudo bem- se apressou em falar Hefesto.- Nós já estamos saindo.

               - Querem que eu traga a conta?- perguntou.

               Fiquei nervosa de repente (de repente. Ahã. Com certeza não teve motivo nenhum... CALA A BOCA CONSCIÊNCIA!)

               Meu pai também pareceu ansioso.

               - Pode trazer- falou.

               Quando ela saiu nos olhamos em silencio. Minutos se passaram antes que um de nós se arriscasse a falar.

               - Você... Ahnn... Tem dinheiro?- perguntei.

               - Só se ela aceitar dracmas de ouro- ele ironizou, eu acho.

               - Ótimo!- exclamei.- Estamos em um dos restaurantes mais caros da cidade, a maîte foi buscar a conta, e não temos dinheiro!

               A porta se abriu e a funcionaria os olhou ameaçadoramente.

               - Aqui está a conta- nos entregou uma pastinha de couro de forma rude.- Qual o método de pagamento?

               - Annn... Bom... Nós tivemos um contratempo, sabe?

               - Acompanhem-me, por favor- falou.

               Nós a seguimos por alguns corredores conhecidos, a caminho da diretoria do estabelecimento. Ela nos abandonou por apenas alguns segundos enquanto falava com alguém dentro da sala, mas não tempo suficiente para que pensássemos em fugir.

               - Ele os aguarda- anunciou a funcionaria.

               A sala era grande e requintada. Diferente da ultima vez em que eu estive aqui, o clima não era nada amistoso. O homem de meia-idade sentado na mesa ao centro incarava meu pai ameaçadoramente, como se mentalizasse o telefone da policia local. Logo atrás dele em uma mesa virada em direção a janela, sentava-se um garoto de uns 16 ou 17 anos que, apesar de estar de costas, eu via que estava se divertindo muito com a situação.

               - Então- começou o cara que devia ser o dono da Lan House- Restaurante.- O que vocês estavam pensando quando entraram aqui sem dinheiro? Queriam roubar os computadores? Danifica-los?

               - Eu vim procurar ela- falou meu pai, casualmente. Ele não parecia nervoso, somente envergonhado pela situação.- Eu não sou daqui- explicou.- Esqueci que o dinheiro que eu possuía não era válido nos EUA.

               - Da onde o senhor é-  perguntou, interessado e desconfiado.

               - Grécia.

               - E você, senhorita- perguntou agora olhando para mim. Parece que ele realmente olhou para mim, pois não parou mais de o fazer; porque os homens sempre me olhavam assim? Demorou bastante para se recompor. - Pelo que eu sei, chegou aqui antes dele. Porque o fez sem ter dinheiro?

               - Eu estava com fome- dei de ombros e ele bufou. O garoto atrás dele se virou e o reconheci.

               - Alan!- falei.

               - Oi- ele disse surpreso. – Quase não acreditei quando ouvi sua voz. Faz tempo que não te vejo.

               - É- suspirei.- A ultima vez foi aqui não?

               - Foi- disse constrangido.- Você salvou minha vida.

               - É sua amiga, Alan?- perguntou o dono do restaurante.

               - É... É aquela garota que concertou o sistema dos computadores daqui... Lembra?

               - Foi ela?!- perguntou.

               - Você contou?- estava realmente impressionada. Ele me chamou para consertar os computadores daqui quando o pai dele viajou. Ele tinha ficado responsável pelo negocio da família e os amigos deles tinham bagunçado tudo...

               - Ele descobriu sozinho- admitiu.- Os computadores ficaram melhores do que estavam quando ele saiu, e acabou desconfiando... Pressionou uma das funcionarias e ela contou... Então me obrigou a trabalhar aqui!

               - Você pagou uma adolescente para mexer nas minhas coisas?- ele parecia furioso.

               - Ela é a melhor, pai! Garanto! Eu só a chamei porque mais nenhum técnico  da cidade sabia mexer nesses computadores...

               - Se ela é tão boa... Acho que pode pagar a conta- ele me olhou.- O sistema precisa ser atualizado... Se você fizer isso para mim, considere a dívida paga!