The Two Sides escrita por Lee Azuki


Capítulo 1
Capítulo I


Notas iniciais do capítulo

Oi oi gente ^O^ espero que vocês gostem~ Boa leitura ♥



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The Two Sides - Capitulo I - As primeiras linhas

Eu podia ver a neve surgindo do céu esbranquiçado enquanto observava o jardim pela janela do meu quarto. O verde já era coberto quase por completo pelos cristais de gelo, que clareavam a noite lá fora. Por mais que estivesse protegido pelas cobertas, mesmo assim, ainda sentia o gélido sobro do vento percorrer minha espinha.

Era assim também na primavera, no verão e no outono. O frio rondava meu corpo como se dissesse querer se apossar de mim.

“Quando as pessoas morrem o calor do corpo se extingue.”

Então é somente a morte me vigiando?

Não é como se isso me desesperasse, não posso negar que dá um aperto no meu coração porque há somente uma coisa que tenho medo de deixar junto com a minha vida. No entanto, venho acostumando-me a essa idéia, e o outro lado me parece interessante, é algo que desejo desvendar. Deixa-me curioso...

O que será que é possível depois da morte?  

Chamo-me Kim KiBum, mas o médico que cuida de mim costuma me chamar de Key, realmente não sei o motivo mas eu gosto. Sou um paciente com câncer no estágio avançado e por isso estou internado nessa clínica a um bom tempo. O Dr. Kim JongHyun, ou melhor somente JongHyun como ele insiste, diz que ainda tenho chance por mais que seja grave e que tenho que lutar por isso, entretanto já estou tanto tempo aqui que não acredito mais.

Basicamente estou esperando tudo isso acabar de vez.

O crepúsculo tímido que transpassava das nuvens e atingia a parede do quarto, logo foi expulso por uma sombra que surgiu da direção da porta, interrompendo assim meus pensamentos. Logo virei minha cabeça para a entrada do cômodo e encontrei um JongHyun com aquele mesmo sorriso esboçado em seu rosto. Era um semblante que me acalmava de certa forma e que me fazia esquecer por alguns instantes onde estava. Fazia-me até mesmo esquecer ideias que rondavam meu espírito enfraquecido.

- Soube que você insistiu em não ir à sessão de quimioterapia hoje... – disse aproximando-se enquanto retirava o casaco felpudo – Só porque era meu dia de folga? – deixou escapar alguns risos por entre os lábios.

- Exatamente, Doutor... Não era seu dia de folga?

- Resolvi visitar meu paciente preferido – sentou-se na beirada da cama adquirindo uma expressão séria – Porque não quis ir, Key?

Desviei o olhar e passei a encarar novamente a neve que caia silenciosa, questionei-me se deveria dizer, perguntei-me em meio aquela calmaria se seria estranho enquanto meu interior desmoronava aos poucos.

Fitei minhas mãos pálidas, que pareciam suplicar pelo toque dos raios de sol assim como o resto do meu corpo. Respirei fundo ansiando para que as palavras parassem de queimar em minha garganta e fossem ditas, contudo acho que não seria algo que conseguisse fazer e então finalmente disse o mais próximo do que desejava dizer.

- Se você não vai estar comigo, e-eu não tenho motivos pra ir – senti o calor invadir as maçãs do meu rosto ao imaginar aquele olhar sobre mim – Quer dizer... Você faz tanta questão que... JongHyun você sabe que eu não gosto disso e não vejo mais o por que disso, só vou porque você insiste... E...

As mãos cálidas do moreno apertaram de repente as minhas, confrontando o gelo que as predominava. Era como se cada célula do meu corpo recebesse o calor que sua pele transmitia. Aos poucos se espalhava.

Encarei-o e me deparei com seu sorriso novamente.

- Estão mais quentes? – indagou esfregando-as gentilmente, aparentemente ignorando o que eu disse.

Mais quentes?   

“O frio rondava meu corpo como se dissesse querer se apossar de mim.”

A vontade de chorar não pode ser evitada ao ressoar daquelas palavras tão inocentes, no entanto que significaram tanto pra mim. Na verdade eu não sei qual era a sua intenção ao dizê-las, mas eu as interpretei dessa forma.

JongHyun me aqueceria? Livraria-me da morte?

Ele não era um ser divino, nem muito menos possuía um dom que pudesse me curar, mas eu as interpretei dessa forma. Porque de qualquer maneira ele parecia possuir o dom mais belo entre todos. Na verdade ele podia até tê-lo, contudo sempre pensei que era diferente do meu. Um amor diferente do meu. Ele podia amar-me, entretanto somente como um paciente que se tornou um amigo.

Sou um bobo? Talvez eu seja... Por estar apaixonado por ele.

E eu simplesmente sorri em resposta.

-Você acha que a vida é injusta Key? – ao ouvir isso, por mais que não fosse a sua intenção e eu sei que não era, o sorriso se apagou de meus lábios – Concordo com você, ela é. – disse com firmeza, fitando-me intensamente - Mas você já tentou ao menos uma vez... Ler as entrelinhas?

Ler as entrelinhas?

- Deixe-me lhe contar uma história. Peço que você preste atenção.

E como se ele soubesse o que se passava pela minha cabeça, como se soubesse o que se passava no mais profundo fragmento do meu interior, um lugar que nem mesmo eu fui capaz de desvendar, JongHyun começou a proferir as palavras que se não fossem capazes de mudar meu futuro, o fariam com meu presente.

Primavera de 2006

Seis anos atrás

Mais um dia havia começado e mais uma vez eu estava saindo de casa para procurar emprego. Conclui recentemente o curso de Paisagismo e Jardinagem, já que não tive condições de fazer uma faculdade. Cuidar e zelar pela vida sempre foi uma coisa que me fascinava e desejava fazer, e como não poderia fazê-lo com animais e muito menos com seres humanos devido ao meu... Digamos desagrado em relação a sangue e coisas envolvidas com ele... Conclui no mesmo instante, por que não cuidar das flores? Gosto de conversar com elas e elas necessitam dos meus cuidados e eu os faço com prazer, deixando que se espalhem por um espaço o tornando ainda mais belo.

- Omma estou indo! Deseje-me sorte! – elevei o tom de voz para que ela pudesse ouvir.

Estava difícil encontrar um na minha área, então resolvi simplesmente procurar qualquer coisa, por enquanto, afinal a situação não estava fácil e não poderia me dar ao luxo de esperar que o trabalho que eu desejo apareça.

- Boa sorte TaeMin! Tome cuidado viu?

Fui até o metro como de costume para dirigir-me ao centro de Seul. Estavam lotados, praticamente impossíveis de entrar em algum deles. Aquilo era demasiado estranho, já que para o horário eles deveriam estar vazios. Suspirei já desanimado em meio aquela multidão de pessoas e não vi outra solução a não ser esperar o momento que fosse possível adentrar algum vagão.

Passados longos minutos finalmente consegui e cerca de uma hora depois da minha chegada a estação cheguei ao meu destino, e não perdi mais tempo, fui às pressas a cada um dos lugares indicados pelos anúncios de jornal e todos eles diziam que a vaga tinha acabado de ser ocupada ou que já havia passado o horário da entrevista e que eu deveria ser ao menos pontual. Talvez eu não devesse ter saído de casa hoje.

- Parece que tem algo impedindo que as coisas dêem certo – murmurei.

Faltava somente um lugar e eu supliquei internamente para que dessa vez desse certo. Tinha que dar, mas as palavras da noona a minha não correspondiam às minhas expectativas.

- Sinto muito, se você tivesse chegado antes... Na verdade você é perfeito, mas... Acabamos de confirmar a vaga para outra pessoa. Sinto muito mesmo.

- Tudo bem... Obrigado.

Passei a caminhar mirando meus próprios pés e minha longa franja caia sobre meus olhos dando sinais de que já precisava ser cortada. Andei um tanto oscilante, sem saber para onde estava indo, só caminhava meio aéreo, perdido em meus pensamentos. Planejando o que deveria fazer no dia seguinte.

Passado alguns minutos, imagino que poucos, finalmente, ergui minha cabeça na intenção de afastar os fios loiros que incomodavam minha vista e percebi que não sabia onde estava. Em que momento eu entrei por algum lugar diferente? Como aquilo havia acontecido? Procurei algum ponto conhecido, porém foi inútil e ao me deparar com uma bela imagem me perguntei como nunca havia ouvido falar naquele lugar. Uma praça revestida em grande parte por uma linda vegetação.

Tinha belos canteiros de flores e as árvores eram enormes e exuberantes. Como era de se esperar fiquei encantado e decidi por ficar um tempo ali, afinal que mal teria aproveitar da natureza que me cercava depois de um dia tão cansativo e sem sorte. Depois pensaria em como voltar pra casa, afinal não é como se eu tivesse andando quilômetros de distância.

Recostei-me em um banco sob a sombra de uma cerejeira e ali fiquei durante alguns minutos observando tudo ao meu redor. Fechei os olhos para tentar afastar um pouco o cansaço e perdi a noção do tempo até sentir que havia algo diferente ao meu lado no banco. A princípio assustei-me, pois não havia notado nenhuma aproximação, entretanto havia sim um rapaz ao meu lado e bastante concentrado. Estava lendo um livro de forma compenetrada e nem foi percebido por ele que eu o encarava.

Havia tantos lugares para se sentar, porque escolheu logo ao meu lado? Foi meu primeiro pensamento que rapidamente foi abandonado.

Ele tinha cabelos negros e curtos, com uma franja que deixava seu rosto que era tão pequeno ainda mais delicado. Lábios desenhados e porque não dizer carnudos? Olhos grandes e profundos.

Era lindo.

Desviei o olhar confuso e receoso, fechei meus olhos por alguns instantes e os apertei fortemente tentando espantar aquela sensação, aqueles calafrios que estavam preenchendo meu estômago, por mais que fosse uma sensação gostosa não deixava de ser estranha. Da mesma forma que era como se enviasse choques diretos ao meu coração também os transmitia à minha espinha. Atingia-a de forma tão certeira que esses calafrios também causavam um gélido incomum.

Voltei a mirá-lo tentando ainda acostumar-me com aquela sensação.

Ele não estava mais lá.

Havia algo sobre o banco que logo foi pego por minhas mãos e então me levantei depressa. Olhei em volta e o vi bem mais a frente, caminhado na direção dos raios solares, minha visão reclamou do contato com aquele brilho intenso e então instintivamente fechei meus olhos para aliviar a claridade ao mesmo tempo em que gritava por ele para devolver o documento que havia esquecido. Andei alguns passos ainda de olhos fechados e quando voltei a abri-los ele havia sumido novamente. Dessa vez foi definitivo.

- Talvez não tenha me escutado...

Mirei o papel e pude constatar do que se tratava.

Uma oferta de emprego como jardineiro em uma mansão ali perto...

A dos Choi.

Naquele momento eu não sabia ao certo o que encontraria. Nem muito menos o quanto minha vida pacata poderia mudar. Só pensei que aquele dia não tinha sido ruim afinal, e pensando mais atentamente... Tudo me levou a aquele lugar.

Senti a brisa da primavera chocar-se contra meu corpo, olhei na sua direção e vi a bela imagem das flores de cerejeira se espalharem sobre mim em contraste com o Sol que já se preparava para desaparecer. Sol que seria capaz de acalentar um coração que em breve iria se agitar.

Estava sentindo paz.

Mas era por que eu ainda não sabia.


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Notas finais do capítulo

E então? O que acharam? ;A; -q
Obrigada por ler~~ mesmo mesmo ♥