Xeque-Mate! escrita por Queen of Hearts


Capítulo 5
Zoe Black


Notas iniciais do capítulo

Desculpem pela demora, mas essas duas semanas foram corridas para mim (culpa do meu período de provas que nunca acaba u.u). Mas estou de volta agora e realmente espero que gostem deste capítulo. Eu gostei, espero que achem o mesmo e aguardo os comentários de vocês.



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Pov Scorpius Malfoy

Irritado. Era assim que me sentia, enquanto esperava aquela aula terminar. Há duas horas que eu estava ali e há duas horas que a sala parecia redirecionar o olhar somente ao meu olho roxo. Potter, que estava ao meu lado, pareceu perceber meu desconforto e deu um jeito de se concentrar nas palavras de Thomas, ignorando os murmúrios à sua volta. Mas ainda existia alguém que parecia ganhar mais atenção do que eu, e fiquei sem saber o que pensar sobre isso.

Aquela garota. Só tive contato com ela poucas vezes, mas em todas às vezes pareceu-me que ela escondia algo, o que não era um ponto a seu favor. Quando éramos pequenos e meu pai progredia em sua rotina de esconder as coisas de mim, conheci um lado dela que nunca soube realmente se era ingênuo ou não, mas naquele tempo me pareceu um tanto assustador...

Era enorme aquele carvalho sob o qual eu estava sentado, mas maiores eram os olhos que observavam meu primo de longe, rodeado por um grupo de crianças que pareciam encantadas por ele. Sempre que o via ficava impressionado com a maneira como conseguia reunir todos a sua volta, seja por admiração, curiosidade ou respeito. Já com o garoto loiro e magrelinho era um tanto quanto difícil algo assim acontecer, principalmente quando se torna tão fácil ver o sorriso raro das garotas. Ah é, quase me esqueci. Os olhos sobre os quais eu falei antes... eram meus.

Levantei dali, irritado, e fui em direção à mansão quando alguém puxou meu braço. Antes que eu pudesse chegar até a porta, virei o rosto para ver quem teria feito isso e a observei pela primeira vez. Ela possuía um sorriso travesso no rosto, me deixando paralisado por um momento, mas quando percebi que ela tentava me puxar para aonde quer que fosse com ela, eu simplesmente a seguir. Éramos apenas duas crianças correndo pelo jardim, para um lugar que eu desconhecia.

Durante todo o caminho, enquanto puxava meu braço, ela ria feliz. Não sabia o motivo de toda essa felicidade, mas sentir o impulso de rir juntamente com ela. Então, eu ouvi sua voz pela primeira vez.

— Você é o Scorpius, não é? — perguntou se virando sorrindo para mim.

— Sim.

— Prazer, Zoe Black, sua anfitriã — respondeu, estendendo a mão para mim.

Apertei-a de volta, e ela continuou a me puxar sorrindo indo para um lugar que para mim ainda era um mistério. Foi quando avistei de longe, uma caixa de papelão logo abaixo de outra árvore. Não contive o impulso de perguntar e quando percebi as palavras já estavam saindo da minha boca.

— Desculpe, mas para onde está me levando?

Ela me olhou com um brilho estranho nos olhos e apontou para caixa. A encarei por alguns segundos e quando percebi já estávamos embaixo da árvore. Ela se agachou até ficar da altura da caixa e a retirou. Nesse momento, observei dois olhos extremamente azuis me encarando e percebi que havia um animalzinho em miniatura ali dentro. Quando ele começou a colocar todo o corpo pra fora, descobri que não passava de um filhote de gato, denominado Isis por ela. Me agachei também ficando da altura da caixa de papelão e a observei sorrindo para a pequena filhote. Foi quando olhei para seus dedos e a observei fazer um sinal de silêncio com o indicador.

— Você precisa guardar isso em segredo — me disse ela —, papai não sabe que cuido de Isis escondida, ele tem alergia a qualquer animal ou simplesmente... não gosta deles. — seu semblante pareceu se fechar por um momento, mas logo ela sorriu novamente. — Mas eu não me importo, pretendo ficar com ela mesmo que papai não queira. Porém preciso que você me ajude a esconder esse segredo Scorpius, senão nunca mais falarei com você.

Eu balancei a cabeça afirmativamente, temendo qualquer coisa do tipo, afinal ela era a primeira pessoa que resolvera falar comigo e que não estava no grupo de fãs de meu primo Charlie Greengrass. Ela segurou a pequena filhote nos braços e retirou uma barra de chocolate do bolso, estendendo a filhote em seguida. Fiquei um tanto apreensivo com isso, aquilo não era alimento para um gato, mas seu sorriso era tão bonito enquanto alimentava a filhote, que preferir me concentrar nele. No entanto, me arrependi disso mais tarde.

~~XXX~~

— Bom dia, Draco. Seja bem-vindo — cumprimentou o homem de smoking perto.

— Agradeço a consideração, Joseph — agradeceu meu pai, educadamente.

Enquanto os observava, fiquei nas pontas dos pés e tentei olhar por trás do homem parado a nossa frente, procurava por ela e finalmente a encontrei, descendo as escadas. Seus olhos estavam vermelhos e parecia ter chorado durante toda a noite, fiquei curioso para saber o que aconteceu, mas quando vi seu olhar de raiva se redirecionar a mim, temi o que viria.

— FOI VOCÊ! — ela apontou o dedo para mim, ainda nas escadas.

Todos se viraram para ela assustados, menos eu que parecia paralisado com o que via. Ela saiu pulando de dois em dois degraus e se adiantou pulando em cima do pai, ainda apontando para mim e falando coisas sem sentidos.

— Foi ele, papai! Ele matou Isis, eu vi. EU VI!

Ainda parado como uma estátua e sentindo todos os olhares se virarem para mim, pude ver seus olhos se encherem de lágrimas e um sorriso de canto se desenhar em seu rosto, ainda escondido no ombro do pai. Logo após, um choro sem fim começou e a única coisa que conseguir falar naquele momento, enquanto sentia o olhar frio de meu pai e do pai de Zoe foi:

— E-eu não fiz isso.

— Mentiroso! — rebateu Zoe, descendo dos braços do pai e ficando de frente para mim.

— Você era o único que sabia sobre ela e eu te disse para não dar aqueles doces para Isis, mas você disse que não tinha problema e eu acreditei! — ela recomeçou a chorar, enquanto eu encarava seu rosto. — Mas ela morreu. Morreu, Scorpius! E a culpa disso é sua!

— Isso não é verdade! — falei um tanto desesperado. Ainda não conseguia acreditar que ela estava me culpando por algo de sua própria natureza. — Era você que dava os doces para ela, e não eu!

‘Tem certeza que podemos dar esse tipo de coisa para ela? — perguntei, a vendo tirar uma varinha de alcaçuz e dando para a filhote, enquanto nos escondíamos de nossos pais.’

‘Claro! Ela gosta, não gosta Isis?’

‘A pequena filhote soltou um miado e abocanhou o doce, nos fazendo sorrir. ’

‘Viu? — ela disse. ’

‘Balancei a cabeça em afirmação. Ela sorriu e eu a acompanhei, se para ela estava tudo bem, então para mim também estava. ’

— Você está mentindo! Papai eu juro que foi ele — voltou a apontar para mim enquanto procurava desesperada os olhos do pai.

— Está tudo bem, Zoe — respondeu Joseph, segurando o ombro da filha — Porém não deveriam ter escondido isso de mim.

— Desculpe, papai — ela abaixou a cabeça e vi em seus olhos uma enorme adoração.

Entendi finalmente o motivo de ela estar me culpando.

— Vamos Scorpius, acho que já causou problemas suficientes por um dia — disse meu pai.

— Mas não fui eu!

— Scorpius! — minha mãe olhou severa para mim. — Já chega. Venha aqui!

Fui em sua direção, cabisbaixo, e ela colocou as mãos em meus ombros, abaixando até ficar de minha altura. Logo em seguida, sussurrou no meu ouvido:

— Eu acredito em você. Apenas fique quieto!

— Obrigada por tudo, Mr. Joseph — ouvi meu pai falar com seu jeito “educado” de consertar as coisas —, mesmo que não tenhamos passado da porta. Mas devido às circunstâncias, acho que podemos conversar outro dia, o que acha?

— Entendo e me desculpe por tudo, Draco. Isso não mais se repetirá — respondeu Joseph, e vi Zoe tremer um pouco.

Meu pai balançou a cabeça concordando e logo após sentir a mão de minha mãe sobre meu ombro, ouvi o som da aparatação. No entanto, antes de ser engolido pela escuridão, olhei seu rosto e juro que não vi nem um remorso pela morte de Isis. Aquilo me perturbou, mas procurei esquecer aquele pensamento, procurei esquecer de Zoe.

Depois desse dia, nunca mais vi essa garota de cabelos loiros, olhos azuis e sorriso que por um momento me pareceu estonteante e depois se tornou assustador. Só a reencontrei quatro anos depois, em Hogwarts, uma vez que naquela época tínhamos apenas sete anos. Estávamos no primeiro ano e mais uma vez sentir ser puxado por alguém em direção a uma sala de aula. Não sabia que era ela, até ver seu rosto.

Assim que me vi sozinho com ela naquela sala de aula escura, a primeira coisa que pensei era onde estaria a porta, pois pensava que se não saísse dali, poderia azará-la a qualquer momento. Mas resolvi me pronunciar antes de fazer qualquer coisa que eu poderia me arrepender depois.

— O que quer? — minha voz, mesmo com onze anos, pareceu mais pesada do que de costume.

Ela não respondeu.

Seus olhos se encheram de lágrimas e ela jogou os braços ao redor de mim, chorando. Não tive reação, só deixei meus braços penderem e a ouvir soluçar com o rosto enterrado no meu uniforme. Ela chorava forte, mas eu não podia ser tão bonzinho dessa vez. Fui uma vez e acabei sendo rejeitado pela mesma garota que estava encharcando minha camisa agora.

Ela se soltou de mim, ainda chorando. Levantou a cabeça e eu a encarei.

Voltei a perguntar.

— O que quer?

— Que você me perdoe — respondeu de maneira natural.

A olhei incrédulo e a afastei pelos ombros, enquanto ia em direção à porta. Mas suas mãos seguraram meu braço novamente.

— Por favor, por favor Scorpius. Não fiz aquilo por mal, juro que não fiz.

— Não foi isso que me pareceu.

— Mas é verdade, me perdoe se não posso lhe dizer o motivo. Mas eu me arrependi depois, juro que me arrependi. Por isso, por favor me perdoe. Virei-me para ela novamente e a vi sorri fraquinho, mas pela primeira vez, não ocorreu efeito algum em mim.

— Não sei se posso acreditar nisso.

— Eu só não queria que meu pai soubesse, Scorpius! Ele iria ficar bravo e detesto quando ele fica mais frio do que normalmente é comigo — ela recomeçou a chorar e senti algo parecido com pena. — Não sabia que aquela gata ia morrer, ela parecia gostar dos doces que eu dava ela, mas quando a encontrei novamente, percebi o que tinha feito e não podia deixar que meu pai soubesse disso, por isso a escondi e lhe culpei.

— Meu pai também ficou bravo comigo — contei. — E acabei ficando trancado no quarto por duas semanas sem ir a lugar algum, porque diferente da minha mãe, ele não acreditou em mim. Seu pai ao menos acreditou em você, mesmo sendo mentira!

Ela analisou o meu rosto e vi seus lábios tremerem, fez menção de me abraçar novamente, mas recuou. Simplesmente abaixou a cabeça e encarou os próprios pés. Fiquei olhando para ela, até que a mesma levantou a cabeça e pediu novamente:

— Me perdoe, por favor.

— Ok.

Zoe sorriu para mim.

— Porém, não é como se fôssemos nos tornar melhores amigos de infância, não é? Então acho melhor eu ir, pois ainda não sei onde é meu salão comunal e preciso encontrar o monitor. Você também deveria procurar o seu.

Ela continuou a olhar para mim, mas ignorei, percebi que seu sorriso havia sumido. Me dirigi a porta e a fechei logo em seguida, sem ao menos olhar para trás. Aquilo já havia ido longe demais e eu não precisava de mais um problema.

Cinco anos havia se passado e agora a mesma garota que havia me causado toda aquela confusão, estava sentada na minha frente juntamente com a prima de meu melhor amigo. Mas se no começo ela parecia ser alguma peça alva do xadrez, a via agora como uma rainha negra e pelos olhos irritados da Weasley, parecia que eu não era o único a pensar assim.

Ao pensar na ruiva, minha mão pareceu formigar e me lembrei do acontecimento do dia anterior. Aquela garota era estranha ou talvez... fosse apenas insegura, não sabia ao certo. Em um momento ela estava lá, irritada e magoada comigo sem nenhum motivo aparente e no outro rasgou um pedaço do próprio uniforme para me ajudar a se recuperar de uma briga. Garota estranha. Sorri involuntariamente.

Alguns poucos minutos depois e Thomas já se despedia de nós, parando apenas para arrumar sua pasta em cima da escrivaninha. Rangidos nos quatros cantos da sala foram ouvidos e senti vontade de azarar alguém. Quando escutei um rangido em especial vindo de frente a minha mesa, parei o que estava fazendo e a observei, ela havia aberto a mochila e parecia procurar por algo, mas no momento em que resolveu fechá-la, um livro grosso caiu da mesma por uma fenda na mochila e deslizou até próximo de Thomas.Ela já iria sair, sem ao menos notar essa falha, então me apressei a pegar livro, mas parei quando cheguei perto.

Os Malfoys em quatro gerações possuíram aquele livro e não era algo com que eu pudesse me orgulhar. Olhei para ela sorridente a minha frente, conversando com um aluno e mirei a capa preta daquele guia. Vocês são os mocinhos, certo? Pensei enquanto meu cérebro se esforçava para explicar aquilo, falhando miseravelmente. Porém, quando estendi a mão para pegá-lo, percebi o erro que tinha cometido. Thomas o segurava nas mãos e pude finalmente ler o que estava escrito naquela capa. Meu coração falhou uma batida, não acreditava no que estava lendo.

Guia das Artes das Trevas.

Autores: Lerói Hunter e Ross Cant.

Ano: 1225

“Este livro pertence a Rose Weasley.”

— Qual o significado disto, Srta. Weasley? — perguntou Thomas.

Observei Weasley se virar lentamente para o professor, sorrindo, e ao reconhecer o livro, o sorriso foi sumindo aos poucos. Seu choque era tão grande que senti um impulso de lhe acobertar, mas não tinha como fazer isso, uma vez que seu nome estava escrito em letras simples na capa. Ela olhou para mim desesperada, mas não pude retribuir porque aquilo me afetou de alguma forma.

Talvez eu estivesse mais inconsolável do que a própria garota e tenho certeza que meu rosto estava vermelho e minhas poucas unhas estavam quase perfurando minha mão. Foi quando ouvi aquela risada, baixa e cínica e que provavelmente jamais passaria despercebida por mim. Olhei para o lado e descobrir a origem do riso desdenhoso. Seu sorriso aumentou ainda mais quando percebeu que eu estava olhando, mas ele simplesmente se levantou e passou pela porta, despreocupado.

Quis correr atrás dele e lhe dar um soco, por tudo que tinha feito não só comigo, mas com aquela garota que de maneira alguma merecia algo assim por causa de um capricho idiota ou de uma diversão doentia. No entanto me contive e simplesmente, como minha consciência adorava lembrar, fui fraco demais para fazer qualquer coisa.


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Notas finais do capítulo

Então, o que acharam? Mereço reviews? Recomendações?
Simplesmente me digam o que acharam do capítulo e da nossa mais nova personagem, Zoe Black. Não posso falar nada a respeito dela agora. Terão que tirar suas próprias conclusões, inclusive este capítulo foi especialmente feito para tentar mostrar sua personalidade. Eu sei que ainda preciso de mais alguns capítulos para vocês verem realmente o modo de pensar dela, mas me esforcei bastante para trazer um pouco sobre sua personalidade e espero que tenham gostado do Scorpius criança *-* Adoro escrever sobre quando ele era pequeno hahaha...
Vejo vocês no próximo capítulo.
Beijos#