Xeque-Mate! escrita por Queen of Hearts


Capítulo 4
Peças de xadrez não tem sentimentos


Notas iniciais do capítulo

Comentem.



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Pov Rose Weasley

Depois que as torres se foram os únicos a ficarem no corredor foram eu e Malfoy. E para a minha “sorte”, o chão em que o loiro ensanguentado estava achava-se frio como um iceberg, mesmo depois do que acabara de acontecer. Abaixando-me e sentando-me ao seu lado o observei dormir tranquilamente enquanto sua respiração reproduzia sons entrecortados seguidos de grunhidos de dor. Sabia que isso era devido ao corte no nariz e pelo que entendi, Malfoy havia quebrado o nariz com um dos socos recebido pela torre dificultando sua respiração. Procurando não deixar sequelas e sem sucesso nenhum, conseguir dar um jeito de consertá-lo, mas não ficou exatamente como antes.

Ainda não conseguia acreditar no que tinha visto. Jamais esperaria ver esse tipo de coisa acontecendo com um Malfoy, mesmo que lá no fundo soubesse que ele iria sofrer por conta das atitudes passadas do ex-comensal Draco Malfoy. A questão é que nunca pensei que chegaria a esse ponto e o observando dormir agora, não conseguia enxergar nada naquele garoto que me fizesse temer ou ter raiva do mesmo. Só conseguia sentir pena e me amaldiçoava por isso, pois sei que Malfoy nunca mais olharia na minha cara se soubesse o que sinto por ele.

Enquanto ainda pensava nessas coisas, o vi se mexer escorado na parede e percebi que tentava falar alguma coisa, mas o único som que ouvir foi um ruído um tanto grogue e passei a observá-lo melhor. Quando ele finalmente mexeu o braço foi que entendi a gravidade do problema. Droga! Como eu não havia percebido aquilo?! Havia um corte enorme em sua mão e Malfoy parecia estar sentindo uma dor insuportável com isso. Me aproximei até ficar da sua altura e olhei para os lados, não havia como eu lançar um accio e não havia nada que eu pudesse transfigurar, uma vez que só tinha a varinha nas mãos, então me restou fazer isso.

Levei as mãos até a parte inferior da saia e rasguei um pedaço da barra, tinha certeza que aquele pedaço serviria. Apontei para a mão de Scorpius e estanquei o sangue com a varinha, depois fiz um curativo com o pedaço de pano e o amarrei em um nó. Percebi que ele passou a respirar mais tranquilamente e cheguei à conclusão de que meu método havia funcionado. Quando vi que já estava tudo bem, pensei em levantar, mas algo me chamou atenção.

Abaixo de sua orelha, bem perto da nuca havia um sinalzinho de nascença ali. Era branco como os cabelos esbranquiçados do loiro, mas em um tom mais claro e só quem chegasse perto o suficiente dele poderia ver. Levei um dedo até o sinal, o tocando cuidadosamente. Lembrava-me o desenho de um país impresso em um mapa, e aquelas pequenas ondulações eram pequeninas como o formato dele. Suspirei, arrastando um dedo por seu rosto e passando o polegar em sua bochecha. Ele era lindo. Não tinha como negar, mas ainda era um Malfoy.

Depois que meu passeio por seu rosto acabou, retirei a mão e a deixei suspensa por um segundo, observando os traços do loiro a minha frente. Só quando pensei que mais nada poderia me prender ali senti sua mão, a mesma em que havia o curativo, e a vi segurar a ponta de meus dedos. Olhei por um momento para as nossas mãos e me assustei quando seus olhos se abriram.

— Oi.

— Oi... — retribuí baixinho vermelha como um pimentão.

Ele me olhou de forma esquisita e descansou o rosto em minha mão. Seus cabelos eram tão macios, pensei. Meu coração acelerou e meu sangue parecia querer me afogar, chegava a doer. Continuei o observando e o vi sorrir. Então ele me fez aquela pergunta.

— Ainda está misteriosamente irritada comigo?

— Não. — respondi. Era verdade, eu não estava e franzi o cenho a menção do misteriosamente.

— Ótimo! — o ouvi dizer.

Ele soltou minha mão e tentou se levantar, ainda parecia meio grogue e cheguei a me preocupar com sua saúde. Como boa monitora que era o ajudei e uma vozinha dentro de mim, irritante, diga-se de passagem, sussurrou dizendo que não era minha obrigação ajudá-lo e que só o estava ajudando por motivos especiais. Ignorei é claro, guiando Malfoy para longe dali.

— Você precisa ir à enfermaria, Malfoy — disse, enquanto o seguia vendo seus passos cambaleantes — e logo depois precisa falar com McGonagall sobre o que aconteceu aqui.

Ele parou de andar.

— I-Isso não é necessário — engasgou.

— O que está querendo dizer? Você ao menos consegue ver seu estado? – rebati, indignada.

— Já lhe disse que não é necessário, Weasley.

O vi me lançar um olhar de soslaio e tentei segurar minha raiva, misturada com minha incredulidade. Respirei fundo e tentei fazer outra pergunta, dessa vez mais objetiva.

— Há quanto tempo isso acontece com você?

Senti como se estivesse levando uma bofetada no rosto quando ele me lançou aquele olhar, cheguei a dar um passo para trás um pouco temerosa. Seu olhar era cortante, mas não abaixei a cabeça. Quando vi que ele não iria responder, só pude dizer a única frase que me veio à mente.

— Você deveria ter mais amor próprio.

— Isso não é da sua conta.

O vi se afastar e meus olhos arderam, irritados, mas não me rebaixaria ao ponto de chorar. Levantei a cabeça e senti uma mão no ombro. Era Alvo.

— Deixe-o, ele só precisa de um tempo.

— Por que ele está fazendo isso? — perguntei que nem uma criança mimada que queria uma resposta convincente.

— Por algo que existe tanto em mim quanto em você — ele levou um dedo até a abertura que havia em minha blusa e parou em um ponto específico. — O orgulho.

Olhei para Alvo pensando sobre o que ele havia acabado de dizer, mas o moreno que antes estava do meu lado agora estava indo embora, e apostei todas as minhas fichas que ele iria atrás de Malfoy. Aquilo me fez ficar um pouco mais contente e o vi levantar a mão, acenando. Retribuí, com o sorriso mais animado que consegui dar o que não passava de um resquício, me fazendo morder os lábios em seguida.

~~XXX~~

Cheguei ao dormitório da corvinal e minha aparência não era das melhores. Todo esse drama definitivamente era demais para mim. E enquanto fechava a porta, ouvi o barulho de algo caindo juntamente com outro barulho ainda maior. Me virei rapidamente para trás, encontrando uma ruiva parecida comigo, só que em tamanho menor, caída no chão.

— Lílian? O que está fazendo?

— E-eu estava... Er... — podia ver que ela escondia algo atrás de si. — Nada. Eu não estava fazendo nada. Mas o que aconteceu com você, Rose?

Vi ela me olhar de cima a baixo e percebi seus olhos se arregalarem a cada detalhe estranho que percebia em mim. Mordi o lábio e tentei me explicar, aquela ruiva sempre conseguia mudar o rumo das conversas e na maioria das vezes sobrava para mim.

— Ah, isso? Bem... tive que ajudar um aluno.

— Tem sangue na sua roupa, Rose.

— Eu sei! — respondi já impaciente. Isso era o de menos, droga! — Vou me limpar e você ainda não respondeu minha pergunta, ruiva.

Observei ela se encolher e se sentar na minha cama com uma caixa de feijõezinhos de todos os sabores. Lílian adorava esses doces, andava pelos quatro cantos do castelo com eles. Nunca soube bem o que ela via nesses feijões, mas já havia me acostumado. Quando voltei do banheiro, encontrei a ruiva deitada em minha cama, de olhos fechados e com a caixa de feijões em uma das mãos. Seus cabelos eram tão longos que parecia ocupar todo o espaço da cama em que estava deitada. Sentei-me na borda da cama e a observei abrir os olhos, ela sorria.

— O que está aprontando ruivinha? — perguntei.

— Não sou ruivinha, Rose. Sou apenas um ano mais nova que você e já disse que não estou aprontando nada.

— Ok, mas tem certeza que não quer me dizer nada? – arqueei a sobrancelha e a vi balançar a cabeça.

— Muito bem então. Agora saia daqui que preciso dormir.

Ela se levantou e foi em direção à própria cama, ficando só eu e meu travesseiro. Todas as outras garotas ainda não haviam chegado, mas já fiz meu trabalho de monitora o suficiente por uma vida. Estava desgastada demais para sequer levantar da cama. No entanto, faltava uma coisa e Lílian sabia o que era.

— Amanhã não deixe de sentar ao meu lado na mesa principal — disse, sabendo que ela estaria escutando. — Sei o que você vai fazer e sei que possui um motivo para isso, no entanto ainda sou sua prima e amiga, então não me jogue para o lado tão rapidamente.

Fechei os olhos com força e me virei para o lado. Sabia o efeito que tinha causado, mas não me sentia bem com isso. Do outro lado, ouvi uma ruiva chorosa e culpada, mas segura em sua decisão. Suspirando, optei por dormir, afinal sempre no The End só sobrava eu e um espaço vazio e não era agora que iria mudar.

~~XXX~~

Primeira aula do dia: Defesa contra as artes das trevas.

Menos para mim. Infelizmente ou felizmente, antes de me dirigir a essa aula precisava ir falar com McGonagall. Malfoy poderia continuar enganando a si mesmo, mas como monitora não deixaria os dois responsáveis por tudo que aconteceu, livres. Após passar pela gárgula, me dirigir a porta de seu escritório e esperei McGonagall me atender. Não demorou muito para ela perceber que eu estava atrás de sua porta e com a voz firme de sempre me mandou entrar.

— O que deseja senhorita Weasley?

— Diretora, venho aqui pedir a suspensão de dois alunos — falei confiante, mas a expressão de McGonagall pareceu não se alterar.

Ela puxou um pergaminho de dentro da pasta e depois olhou para mim, seus óculos refletiram meu rosto sardento.

— Diga os nomes que anotarei neste pergaminho.

Observei-a com atenção. Então ela nem ao menos iria perguntar o motivo? Fiquei um tempo calada e aquilo me pareceu um tanto injusto. Sabia que as duas torres eram culpadas, mas McGonagall não tinha como saber disso ou tinha? Hesitante, resolvi lhe perguntar.

— A senhora não irá me perguntar o motivo da suspensão?

Ela parou com a pena ainda no ar e pareceu refletir. Porém simplesmente me olhou severa e me disse algo que faria qualquer um se sentir culpado por estar desafiando-a.

— Senhorita Weasley, acredita em minha capacidade de escolher monitores?

— Sim.

— Acredita ainda que jamais colocaria alguém da qual não estivesse habilitado e que poderia facilmente burlar as regras enquanto eu não estivesse olhando?

— Sim...

— Mesmo que ele fosse considerado o pior monitor?

— Hã... — hesitei, mas depois me dei conta do que estava fazendo e respondi confiante. — Sim!

Claro que acredito! Você é McGonagall, a mulher que mais admiro nessa escola, pensei e me senti uma retardada. Duvidar dela era mesmo que duvidar de sua escolha em mim como monitora, o que era ridículo. Ouvi sua voz me chamando e voltei a prestar atenção.

— Senhorita Weasley?

— Sim?

— Ainda dúvida de mim?

— Não — disse, e dessa vez era verdade.

Ela sorriu e baixou a mão enrugada para o velho pergaminho, voltando a escrever.

— Só me diga os nomes dos dois alunos.

— Adam Mason e Aidan Jenkins.

— Obrigada. Os dois serão suspensos já que confio em meus monitores — meu rosto ficou vermelho e apenas confirmei com a cabeça. — Agora, acho que a senhora tem uma aula com o senhor Thomas ou estou enganada?

— Não senhora, já estou indo.

Fui em direção à porta, me apressando para sair dali. Não havia lhe contado o motivo da suspensão, não tive coragem e pelo que percebi continuaria a não lhe contar, tudo graças ao orgulho de um “bispo” branco.

Ao chegar à aula de defesa contra as artes das trevas, observei os alunos que se encontravam na sala e pude ver Alvo sentado em uma das últimas carteiras com Malfoy. Ainda na porta, observei o loiro por um tempo e percebi que se fosse qualquer outra pessoa que o observasse veria apenas o Malfoy, mas eu via mais do que isso. Sabia que se não o ajudasse aquele garoto iria se consumir em minha frente.

Após conseguir me mexer, avistei a mesa em que sempre me sentava e esperei para ver quem seria meu par dessa vez. Avistei Thomas entrar na sala e olhei para os lados a espera da pessoa que chegaria atrasada e assim seria obrigada a sentar do meu lado. Porém, quando a vi quis fugir daquela sala, meu ódio era tão grande que precisava de todo o ar que conseguisse para respirar. Entretanto, não tive essa chance e com todo o rancor que possuía a observei se sentar ao meu lado.

Ela se virou sorridente para mim e eu lhe retribuí falsamente, olhando de longe parecíamos melhores amigas de uma vida inteira. No entanto, eu conhecia aquele sorriso e para mim não passava de um demônio que veio a terra para me atormentar.


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Notas finais do capítulo

Bem gente, espero que gostem desse capítulo. Sinceramente não o achei muito bom, mas ainda quero ver a opinião de vocês. Por isso estou a espera dos comentários e quem sabe de uma segunda recomendação? *-*
Espero vocês no próximo capítulo.
Beijos#