Histórias do Tio Kazui escrita por Phinderblast


Capítulo 3
Capítulo 2 - A luz no coração de gelo


Notas iniciais do capítulo

Leia os créditos no final, por favor



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/26283/chapter/3

Kazui: Hoje vou contar a vocês uma história de aventura e romance...

Zylon: Aaaaaah, romance de novo? Nãããããoooo D:

Kazui: Ok ok, vou contar da vez que um super aprendiz que conheço encontrou o Maya Macho no formigueiro infernal sem querer e acabou borrando as...

Zylon: Não! Eu quero o romance! DDDD:"

Aki: XD

 

________________________________________________________________________________

A luz no coração de gelo

 

Em Rune-midgard há dois tipos de exército: o real e o feudal. O exército feudal era composto por companhias de pessoas das mais variadas classes, embora em sua grande maioria fossem espadachins e suas evoluções. Tais exércitos são comandados por um lorde feudal, um título passado de geração em geração, mas que podia ser revogado por qualquer um que se julgasse mais forte que o lorde, embora essa regra fosse duramente questionada pelo conselho real. Existem diversos feudos por Rune-midgard, cada um com seu próprio exército, no entanto existia apenas um exército real, trabalhando, obviamente, para o rei Tristan III. Composto unicamente pelos lordes mais bravos e destemidos do reinado, tal exército era pequeno e seleto, embora mais poderoso que muitos exércitos feudais.

Akihiko era um lorde real. Sua ascensão ao posto foi sugerida pelo lorde das Valquírias em pessoa ao rei. Um guerreiro estratégico e que não deixa que as emoções o dominem em momento algum, mesmo durante o ardor da batalha. Akihiko do Coração de Gelo, assim seus antigos colegas de armas o chamavam. Diziam que seu coração rejeitava qualquer emoção, seja ela amizade, rancor, ódio ou amor. Diferente dos cavaleiros rudes e broncos que assomavam as fileiras de batalha, Akihiko era educado e não deixava de prestar ajuda a quem precisasse. Some isso à sua beleza singular e verá quantos corações apaixonados ele já rejeitou.

“Quem é Yami?”. Akihiko nunca ouvira falar de tal nome. Seus colegas diziam se tratar de uma arquimaga negra que cedeu aos poderes negros e, com um pacto com o Senhor dos Mortos de Niflheim, ganhou poderes além de qualquer outra. Agora, liderando um exército de dullahans, lori ruris e mais demônios, avança sobre a cidade fantasma. “E o que há de errado nisso? Os próprios aventureiros do local podem vencê-la, como sempre fazem com episódios semelhantes.”. O lorde não parecia preocupado com aquilo e isso não era surpresa para nenhum de seus colegas; Akihiko nunca demonstrava preocupação com nada, embora estivesse sempre em alerta.

“Ah... Desculpa, desculpa, opa, estou passando...” dizia aquela figura de estatura um tanto baixa para sua idade. Vestia uma vistosa batina de sumo sacerdotisa e tinha dificuldades de passar no meio do caos de mercadores e guerreiros que era Prontera. “Eu sou Akira e vim responder ao chamado do rei.” foi o que disse para poder entrar no castelo. Normalmente qualquer um poderia entrar no castelo de Prontera, até porque era o caminho mais rápido até os castelos feudais, porém ultimamente com a ameaça que Yami fizera ao rei, a vigilância havia reforçado e a guarda real perambulava pelos corredores de pedra. Andou por longos minutos, completamente perdida naquele lugar estranho. “Senhorita... Por favor, onde fica o salão real?” perguntou ela para uma lady jovem de cabelos roxos. “Segue em frente, vira a direita, sobe a escada do lado do pilar central e continue até a grande porta.” Respondeu a lady, sem nem olhar para a garota. “Obrigada, senhorita...” mas antes que Akira pudesse agradecer a jovem, ela já caminhava para longe. No entanto, a sumo ainda pôde escutar uma voz ao longe chamando por aquela lady “Haineko! Sophie Haineko!”. A pequena sumo tremeu ao escutar aquilo. Sua madre superiora contara sobre o monstro em forma humana que freqüentava as muralhas reais e feudais, andando sem rumo e desobedecendo ordens de todos, agindo pela própria vontade e matando qualquer um que queria sem piedade ou remorso. Seu nome era Sophie Haineko, a espadachim monstro. “O que está fazendo aqui?” e esse som, alto e claro ecoou na mente da pequena. Esqueceu-se completamente o que estava pensando na hora, como se aquelas poucas palavras tivessem um efeito paralisante. “Esta é uma área restrita e preciso que se retire, agora.” Fora agarrada pelo braço por uma mão forte e fria, era o toque do metal de sua manopla. “Eu preciso falar com o rei, sou Akira, ele me... Chamou aqui...” e as palavras foram se perdendo em sua boca antes que pudessem encontrar saída. Suas bochechas coraram ao ver a visão do alto lorde que a segurava. Alto, forte e de curtos cabelos grisalhos, que beiravam ao branco total. Chacoalhou a cabeça para voltar a si, estava hipnotizada com aquilo. “Espere! Eu preciso que me escute!”. Não foi fácil convencer que o rei a tinha chamado, isso só aconteceu quando o próprio rei, ouvindo o burburinho dos dois de seu trono, foi até onde estavam. Repreendeu o lorde por tratar sua convidada de maneira rude, Akihiko apenas se desculpou enquanto soltava o braço de Akira.

Ela se sentia extremamente desconfortável ali. Em sua frente estava sentado no trono o rei, em toda sua magnanimidade e realeza; ao olhar em seus olhos a garota se sentia nua e desprotegida, como se ele pudesse ver até o fundo de sua alma em busca dos mais profundos segredos. Atrás dela estavam uma vintena de lordes bem equipados, dentre eles aquele que a segurou pelo braço. Em seu lado direito, sentados, estavam mais três ladys e um lorde. Para o desespero de Akira, uma das ladys era Sophie Haineko. O rei discutia situações que a pobre garota não fazia idéia do que eram. Sentia-se deslocada e sem utilidade ali no meio, se não fosse tão tímida e aquelas pessoas não parecessem tão ameaçadoras já teria perguntado o porquê de estar ali.

“Já está decidido, Akira e o exército real vão combater Yami, e os lordes de Prontera defenderão o feudo. Não podemos nos dar ao luxo de dispensar guerreiros importantes como Sophie, Dratinor ou Mirana, vocês ficam”. Houve burburinhos. Muitos não entendiam o porquê do rei insistir tanto para que aquela frágil sacerdotisa fosse com a guarda real enfrentar a vilã. Ele dispensou a todos, mas pediu que Akira e Akihiko ficassem. “Primeiro vocês terão que procurar por algo” disse o rei. Tristan Gaebolg III era um rei sábio. Seu domínio se estendia das praias noturnas de Comodo até o norte de Aldebaran e ele não poderia admitir uma guerra entre feudos em uma hora tão inoportuna. “Pode ser que percamos guerreiros valorosos na luta contra Yami, mas são sacrifícios necessários para conter uma guerra maior” foi o que disse ao lorde e a sumo. Contou aos dois sobre uma arma lendária: uma espada de nome esquecido e poder idem. Apenas uma pessoa em todo o continente e quem sabe em todo mundo sabia de sua localização, entretanto havia um problema, tal homem estava morto há duzentos anos. “Ele foi o único que a empunhou, agora ela jaz ao seu lado em seu túmulo. Túmulo que ele próprio cavou e apenas ele sabe a localização”. Akihiko disse que encontrar tal arma era fácil se pudessem ir para Niflheim e encontrar o tal morto, mas agora a arquimaga negra dominava os campos gélidos e tal feito era impossível. “Há alguém que pode conversar com os mortos sem ir ao reino de Hell”. Akira escutou com apreensão as palavras do rei. Ele contou sobre uma jovem de cabelos de neve que diziam morar nos arredores de Geffen. Os bardos cantavam sobre a garota que conversava com os espíritos, mas a canção que muitos acreditavam ser crendices era de fato real, ao menos era isso que o monarca dissera para os dois.

Os guardas reais não tinham hierarquia, mas Akihiko dava as ordens e os outros obedeciam por livre e espontânea vontade, sabiam que ele era o melhor estrategista do grupo. Estavam no estábulo do castelo. Peco pecos bem treinados e armados estavam sendo retirados de suas celas pelos legítimos montadores. “Eu não quero ser um incômodo, posso ir andando”. Nem Akira e nem nenhum dos lordes forram autorizados a usar as Kafras para irem até Geffen, para evitar mal entendidos com o exército da cidade eles deveriam ir andando e evitar penetrar as muralhas. Devidamente montados eles chegariam a capital da magia em poucas horas, não fosse o inconveniente da garota a pé. Os colegas de Akihiko reclamavam que levar uma garota frágil e pequena como aquela era muito perigoso. As armaduras do mais frio metal, tanto dos cavaleiros quanto de suas montarias, certamente iam ferir a garota durante a viagem, mas eles deveriam ser rápidos. “Alguém tem que levá-la, se ninguém quer então ela virá comigo”. Não havia outro jeito, o coração de gelo se livrou da pesada armadura e também livrou seu peco peco dela. “Venha, você vai comigo” e estendeu a mão para ajudar a garota a subir.

A viagem seguiu sossegada por algumas horas. Deviam pegar o caminho mais longo para desviar do feudo de Britoniah, então rumaram para o norte, em direção à cordilheira de Mjolnir. Galoparam pelo vale montanhoso, evitando os monstros selvagens que perambulavam pela cadeia de montanhas. As árvores, mesmo não tendo o porte das suas parentes da Grande Floresta, eram altas e imponentes. Por vezes passavam perto de uma ou outra flor gigante, muito comuns nas regiões mais altas, mas raras ali no sopé. Zangões e rockers vagabundeavam pelos arredores, oferecendo perigo apenas para aprendizes descuidados que se distanciavam demais da cidade. O clima estava ameno e Akira julgava ser atmosfera ideal para uma viagem, não podendo conter a emoção de andar por aquele lugar tão estranho para ela. “Vai chover” concluiu Akihiko. A sumo logo perguntou o porquê dele pensar assim, um clima tão ameno e confortável, poucas nuvens no céu. “Está úmido demais para um lugar de árvores tão espaçadas, o vento sopra do oeste, do rio de Geffen” explicou para ela enquanto gesticulava. Ele parecia bem inteligente e sábio, pensou a garota. Akihiko ajudou a pequena a descer e desmontou de seu peco peco também, amarrando seu arreio em uma árvore próxima. “Peguem a tenda, vamos armar aqui, entre essas árvores”. Akira apenas observava o trabalho apressado e coordenado de todos, não houve mais ordens ou conversas, eles apenas faziam o que tinham que fazer, como se tivessem treinado aquilo por anos a fio, pois tudo fora montado em poucos minutos. Os peco pecos foram amarrados dentro da tenda, que era grande o suficiente para acolher a todos ali, inclusive suas montarias.

“Será que um pobre aventureiro pode desfrutar do aconchego de uma tenda seca antes que os céus desabem sobre minha cabeça?” Não havia muito tempo que tinham acampado ali, mas era tempo o suficiente para a garota notar as nuvens mais espessas no céu, assim como um vento mais frio lamber-lhe face. Akihiko não disse nada para o estranho que aparecera pedindo abrigo, mas um de seus colegas o convidou a entrar com um sorriso no rosto. Só agora a garota havia notado a alegria daqueles homens, que estavam sempre carrancudos, ainda mais quando se referiam a ela ou a missão. Estavam mais contentes, contavam piadas e riam. “Se esqueceram um pouco de mim” pensou ela. “Acho que você nunca viu um bardo ou menestrel na vida, não é mesmo?” Ela ficou um tanto surpresa ao escutar aquilo vindo do lorde ao seu lado, ainda mais acompanhado de um sorriso. Suas bochechas ficaram coradas e ela o olhava com atenção, sempre dizia coisas sábias, poderia aprender muito com ele. “Como eu lhe disse, minha vida era a abadia e Glast Heim... Na abadia apenas noviços e sacerdotes eram meus amigos e na cidade amaldiçoada eram poucos os aventureiros que passavam e se o faziam eram por trajetos distantes do meu.” O rapaz escutava atentamente o que a garota lhe dizia, sua voz era doce e feminina, coisa que estava desacostumado a escutar e que lhe soava como música. Akihiko pôs-se a contar o que sabia sobre os bardos, figuras tão queridas pelas pessoas, mas por muitas vezes subestimada pelos guerreiros. Suas canções tinham uma ponta de magia, pois poderiam mudar o rumo de uma batalha perdida. Eles sabiam de coisas, coisas que ninguém mais sabia, histórias que ninguém mais contava. Diziam que uma vez por ano se encontravam em um lugar secreto e juntos contavam tudo o que sabiam e então transformavam em histórias e canções. A pequena escutava tudo com muita atenção, era uma história maravilhosa. Voltou o olhar para aquela figura tão singela que conversava com um homem, parecia tão normal, seria ele alguém que sabia coisas que nem mesmo Akihiko sabia? “Mas são apenas boatos, eles não negam, mas também não confirmam, quem pode saber o que é verdade e o que é mentira sobre eles? Eu não posso, eu não vi” concluiu Akihiko.

Começou a chover. Não era uma tempestade, apenas uma chuva forte e sem vento. As gotas batiam no tecido grosso da tenda e faziam um barulho surdo e que relaxava, som relaxante até demais. O clima fresco, a chuva, o som da água, tudo era propício para um belo sono, mas não era o que o coração de gelo queria. “Senhor menestrel, toque algo para nos acordar”. A chuva não demoraria muito segundo suas previsões e dormir agora só os deixaria sonolentos mais tarde, ele sabia disso. A sumo bocejava constantemente, ficara ao lado do lorde o tempo todo, escutando histórias incríveis e que sua madre superiora nunca contara. Escutar as palavras do rapaz a acordou imediatamente, queria escutar a “música mágica” que aquele homem poderia fazer. O menestrel estava um pouco afastado de todos, afinando seu instrumento, um tipo de violão estranho. Parecia que ele não tinha ouvido o pedido do lorde, mas era apenas aparência. Tirou seu chapéu da cabeça, revelando os curtos cabelos de um azul celeste ímpar e fitou o casal praticamente do outro lado da tenda. Dedilhou o violão e lhe tirou notas suaves, mas tristes e até um pouco perturbadoras.

Existe uma moça que fala com os mortos

Em sua vida os deuses intercedem

Para encontrá-la não tomem caminhos tortos

Pois sua morada permanece em Geffen

 

Mas, pobre garota, ela tem uma maldição

Quem a procura apenas uma fera encontra

Tal fera de temor enche seu coração

Dia e noite, todo o tempo a pobre jovem amedronta

 

Besta fera selvagem e inumana

Rápida e de ataque mortal

Golpeando a todos em sua fúria insana

Com suas garras e magia letal

 

Todos o olharam, muitos estupefatos. Poderia aquele homem saber de sua missão? “Qual seu nome, meu senhor?” Disse Akihiko, o único que não demonstrava a surpresa de todos. “Kazui... Kazui Leaderholsen, o seu criado” disse o jovem, se levantando e curvando-se exageradamente.

______________________________________________________________________________

Aki: Agora conta aquela do super aprendiz, Tio *-*

Kazui: Claro claro |D

Zylon: Hey! >___> A história não acabou...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

(Zylon tem razão, a história não acabou n_n Era para ser apenas um conto como o primeiro, mas acabou tomando grandes proporções e... Bom, eu e uma escritora muito talentosa, que por um acaso é minha cunhadinha, Hikari, escreveremos o resto em uma fic separada, para não encher essa aqui com capítulos e mais capítulos. Fiquem de olho no meu perfil e no dela e já já verão a fic por lá. Assim que postar eu também coloco o link aqui também, ok? Espero reviews :3)