Histórias do Tio Kazui escrita por Phinderblast


Capítulo 2
Capítulo 1 - Espadas e espadachins




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Kazui: Hoje, crianças, eu vou contar à vocês uma história que presenciei com estes olhos que a terra há de comer!

Aki: Você sempre diz isso, tio...

Kazui: ... Cof cof, começarei sem demoras...

 

 

Espadas e espadachins

 

Eram dois espadachins: Yume e Kaoran. Estavam juntos desde que eram meros aprendizes que apanhavam de porings. Muitas alegrias, muitas brincadeiras, jamais se separavam. Até o teste para admissão de classe eles não se desgrudavam. Se um caísse no buraco o outro também o fazia. A amizade crescia a cada dia, a cada monstro derrotado, a cada caverna explorada, cada asa de borboleta usada.

“Eu queria uma espada melhor” foi o que suspirou Yume. A garota era de uma beleza payonesa ímpar. Tinha a pele bronzeada, como todos os naturais daquele lugar, tinha também longos cabelos ruivos que caiam em mechas sobre o sobrepeliz que tinha nas costas.

“Tenho dinheiro guardado por causa daquelas ovas de sapo que vendi para um mercador outro dia atrás, compro uma para você”. A pequena espadachim abriu um largo sorriso ao escutar aquilo vindo de seu amigo Kaoran. Lá foram eles para Prontera. Kaoran gastou grande parte de seu dinheiro para comprar uma boa espada matadora para Yume, tanto que não conseguiu comprar mais do que uma simples lâmina para si próprio. Mas ele não ficou triste com aquilo, não não. Sua alegria maior era ver a amiga contente, receber seu abraço de gratidão e juntos saírem mais uma vez para caçar. A jovem ficara mais forte que o seu amigo, era óbvio que uma boa espada fazia muita diferença, no entanto sempre estavam juntos, como sempre havia sido.

“Yume... Preciso falar com você...”. Aos trancos e barrancos Kaoran conversou com sua amiga. Não era de gaguejar, muito menos com a ruiva, mas o que queria dizer não era fácil, nem simples. “Eu te amo, Yume”. Esperava uma reação surpresa da ruiva, mas o surpreso foi ele, por um beijo apaixonado. O coração do espadachim moreno, nascido e criado em Morroc se encheu de felicidade, achou até que seu peito explodiria pois lá já não havia espaço.

Os dias passavam como sonhos. Riam mais que nunca, divertiam-se mais que nunca, amavam-se como nunca antes se amaram. Mas a felicidade é uma ave migratória que da o ar de sua graça por muito pouco tempo. “São apenas alguns dias” foi o que Yume disse ao deixar Kaoran para ir à um lugar mais forte, seu treinamento atrasaria muito se ficasse mais tempo com ele. O jovem entendeu e a deixou ir. “Quem sou eu para impedir?”. Acenou e ficou feliz por vê-la ficar mais forte, ainda mais por ser por sua causa, pela espada que deu a ela.

Mais um tempo se passou e Kaoran sentiu seu peito encher de alegria mais uma vez ao ver aquela visão angelical. Yume estava sentada a beira de um barranco, com a espada matadora ao seu lado. Correu até perto e se sentou ao seu lado. Juntos dividiram as experiências vividas separados e mataram a saudade um do outro. Mas o destino é cruel para com eles. “Tenho que ir de novo”. O espadachim sentiu uma dor onde antes só havia alegria, mas a deixou ir. “Quem sou eu para impedir?” foi o que pensou mais uma vez. Ela tinha que ir, treinar, ficar mais forte. Não era culpa dela se ele era fraco e não conseguia acompanhar seu ritmo. “Se eu arranjar alguém para me ajudar eu posso ficar mais forte mais rápido!”. Uma idéia brilhante do espadachim. Foi até Geffen e procurou por alguém para ajudá-lo. Muito andou, muito esperou e procurou. Enquanto continuava sua busca o rapaz viu no carrinho de um ferreiro uma luxuosa armadura acolchoada. “Vou dar à ela quando nos encontrarmos novamente” e mais uma vez Kaoran gastou grande parte do seu dinheiro em um presente para ela, não tudo, para ele ainda sobrou o suficiente para uma armadura de madeira.

“Eu sou um pouco inexperiente ainda, mas se você me der uma chance...”. E foi em uma conversa assim que o espadachim conseguiu alguém para ajudá-lo, uma maga novata chamada Miharu. Ele comprou para ela uma pequena vareta, o mais simples dos cajados mágicos, usou todo o dinheiro que tinha para isso e ainda precisou pechinchar com o mercador. “Nunca me esquecerei disso, prometo!” disse a jovem Miharu enquanto abraçava impulsivamente Kaoran. “Não é nada demais” respondeu o espadachim, não conseguindo ficar indiferente àquilo e sorrindo ao ver tamanha felicidade com presente tão modesto.

A maga era mais fraca que ele e tiveram que treinar em monstros fracos por um bom tempo. Kaoran lhe ensinava o que fazer, quais magias deveria usar contra quais monstros. Por um bom tempo agiu como um mestre para ela, lhe ensinando as artes de batalha, mesmo não sendo um mago. “Obrigado por tudo sensei, boa noite” era o que Miharu falava toda noite quando se deitavam para dormir. Ela dormia, ele chorava a dor de não ver sua amada Yume por meses.

“Meus parabéns! Já sabe usar suas lanças de fogo em nível máximo!”. Em poucos dias a maga evoluiu o que uma pessoa normal demoraria semanas, graças a Kaoran, tão paciente e prestativo. Agora agiam como uma dupla de iguais, não mais mestre e pupilo, mas Miharu nunca deixou de tratar o espadachim como seu mestre, devia muito à ele. Juntos eram o terror dos insetos gigantes do Monte Mjolnir, ele distraia a atenção dos monstros para que a maga os fulminasse com uma magia mortal e certeira. Finalmente o rapaz estava conseguindo ficar mais forte, por ela, por Yume.

“Sensei, olha, não ela? Yume?”. Com essas simples palavras Miharu conseguiu fazer o coração de Kaoran saltar pela boca. Ele correu com todas as forças que tinha para junto de sua amada, deixando a maga para trás. “YUME! YUME!” bradou para ela. A jovem espadachim, não, cavaleira agora, olhou para trás. Ele a fitou dos pés à cabeça, surpreso, mas extremamente contente. Viu em suas mãos a espada matadora e sentiu um grande orgulho de si mesmo por ter a ajudado tanto. Conversaram por um bom tempo, mas era muita coisa para colocar em dia. A ruiva lhe contava coisas que ele não sabia, sobre lugares que nunca foi, monstros que nunca viu. Ela realmente tinha andado muito e se tornado muito forte... Longe dele... Sentia claramente que ela estava muito mais poderosa que ele, em um nível superior, ele ainda era um mero espadachim matando louva-deus e ela uma cavaleira indo para Niflheim com seu clã. Escutou chamados ao longe, caçadores, bruxos, sacerdotes. Muitas pessoas chamando pelo nome de seu amor. “Preciso ir Kaoran, eles esperam por mim” foi o que ela disse ao se levantar. “Mas eu também esperava por você...” estendeu para ela a armadura acolchoada que guardava havia meses, nem ao menos a tirava da grande bolsa nas costas, para que não pegasse poeira. Yume recusou e apontou para a própria armadura, uma armadura metálica, muito melhor que aquela armadura que ele comprara para ela. “Fique para você, vai precisar mais do que eu”. Ela deu um selinho no namorado e ao som de um “Eu te amo” se foi mais uma vez, deixando para trás um espadachim que tentava conter as lágrimas enquanto acenava sorrindo.

“Você precisa comer, sensei...”. Dias sem passaram depois do encontro com a ruiva. Não importava o que Miharu dissesse, a dor de se sentir fraco só não era pior do que a de saber que mesmo que virasse um cavaleiro ela estaria ainda mais forte. O ciúme que sentia ao lembrar-se daquele bando de guerreiros mais fortes que ele ao lado dela o tempo todo também o deixavam depressivo. “Aqui, comprei pra você”. Ao ouvir a voz tão conhecida de Miharu o rapaz se virou. Em suas mãos estava um grande escudo espelhado, uma pequena fortuna em metal polido. “P-para mim?” gaguejou o rapaz. Estava tão acostumado a dar presentes e ver o sorriso no rosto das pessoas. Quantas e quantas vezes deu suas próprias poções para algum aprendiz, quantas vezes ajudou alguém em apuros. Agora era ele quem recebia algo, mas sentia não ser a primeira coisa que ganhava de Miharu, talvez a primeira material. Um sorriso se desenhou no rosto onde só se encontrava tristeza e melancolia. Miharu abraçou forte o seu mestre e juntos voltaram àquela vida de caçadores de insetos. Agora os dias não eram mais tão maçantes, o céu era mais azul e as noites não tinham lágrimas, talvez Kaoran tivesse se conformado e aceitado tudo.

Era verão, mas em Lutie sempre é frio e neva. O rapaz não era mais um espadachim, agora era um imponente templário que enfrentava sem medo um sasquash com mais que o dobro de seu peso e tamanho. Não tinha medo, pois logo atrás dele estava Miharu, uma poderosa bruxa agora. Dizimavam os monstros do inverno constante sem problemas quando Kaoran viu algo inusitado e que agora lhe parecia apenas uma lembrança distante, Yume. “Kaoran!” dessa vez fora a ruiva que o chamara. Estava mais linda que nunca e agora em cima de um grande peco-peco. Desmontou dele e o deixou aos cuidados de outro cavaleiro, junto dela estava dezenas de outras pessoas, seu clã inteiro. “Estávamos enfrentando o Cavaleiro da Tempestade!” disse ela animada, sua euforia era tamanha que o templário mau pôde falar. Ela falou muito, sobre a batalha, sobre as aventuras e mais lugares que o pobre templário nunca sequer passou perto ou ouviu falar. Ele escutou tudo com um sorriso no rosto, sempre afirmando positivamente com a cabeça, embora não entendesse metade das coisas que ela dizia. O imenso grupo estava eufórico e ela não poderia mais ficar ali. “Fico feliz que tenha se tornado um templário” foi a única coisa que disse para ele, não houve beijo, juras de amor ou qualquer coisa do tipo. Tão rápido quanto apareceu a cavaleira se foi, sumindo no horizonte, rindo e se divertindo com aquelas pessoas estranhas. Kaoran suspirou ao ver a cena, ainda se sentia mau. Virou-se de costas, para não ver mais aquilo, aquilo o machucava por dentro. “O importante é que ela não se esqueceu de você”. Levou um susto com aquilo. Miharu estava poucos metros a frente dele, com um ar de tristeza no olhar ao ver o amigo de igual maneira. “Não fique triste de novo, por favor...” ao dizer isso a bruxa não conseguiu conter as lágrimas que desciam teimosas pelo rosto. “Hey, eu não estou triste”. Ela levantou um pouco o olhar que havia caído na tentativa de esconder o choro e viu o templário sorridente em sua frente. Limpou as lágrimas com o curto manto que tinha em torno do pescoço e sorriu de volta.

Divertiam-se mais que tudo, conversavam sempre e viviam várias aventuras. Kaoran ria dos cabelos sujos de lodo de Miharu quando estavam no Mangue Zenai, Miharu ria de Kaoran quando suas botas enchiam de areia na Praia Kokomo. “Tcharam!” exclamou o rapaz ao chegar sorrateiramente atrás da bruxa e lhe estender nas mãos um poderoso cajado cabalístico. “Kaoran! É muito caro!” disse ela, mas não conseguia não demonstrar o entusiasmo em ver o instrumento. “Ele também foi” mostrou o escudo espelhado, agora não tão espelhado assim devido ao uso contínuo, “e você me é cara” e sorriu verdadeiramente, como há muito não fazia. Ela sorriu e aceitou o cajado. “Mas assim você não consegue juntar dinheiro para comprar algo para Yume...” falou um tanto desanimada. “Eu não posso dar à Yume algo que ela queira, mesmo que juntasse dinheiro por mil anos”. Miharu soltou um risinho e concordou, estava feliz demais para falar algo sábio, engraçado ou qualquer outra coisa.

“Vamos para a torre de Thanatos?” perguntou a bruxa, um pouco tímida. O templário coçou o queixo. Era certo que estavam mais fortes e poderiam até subir até lá, mas ainda tinha um certo receio, como se algo o dissesse para não ir. No fim não resistiu aos pedidos da moça e cedeu. O lugar era remoto, o acesso era difícil e subir era ainda pior. Levaram muito suprimento, muitas poções e as melhores armas e armaduras que tinham, que não eram muitas. Dormiam em turnos, um velando pelo sono do outro, pois ali os monstros não davam trégua um segundo e não reconheciam dia ou noite. Estavam cansados de tanto andar e combater, isso porque mal haviam adentrado o quarto andar. “Esse lugar é enorme” concluiu MIharu. Lá se foi uma semana desde que puseram o primeiro pé na torre e no fim do turno de vigilância de Kaoran mais uma vez aquela figura desponta em meio aos monstros selvagens do lugar. “Yume?” Exclamou ao vê-la, como se não acreditasse nos olhos, agora ela era alguém tão distante em seu passado. Foi até a garota, sorridente, mas não se afastou demais da bruxa que ainda dormia serenamente, depositando a confiança em seu protetor. ”Amor!” bradou a ruiva ao ver o templário se aproximar dela. Correu até ele e o abraçou, mas Kaoran se sentiu estranho com aquilo, não era felicidade, não mesmo. Ouviu tudo o que ela tinha a lhe dizer, novamente sobre suas aventuras, as quais ele não deu muitos ouvidos, pois estava mais preocupado em vigiar o redor para ter certeza que um mímico, ancião ou outro monstro não chegaria na surdina para atacar a adormecida bruxa. “Eu queria lhe dar isso” e com essa singela frase o templário se desligou do mundo para encarar à sua frente. Uma grande espada negra e com uma estranha ponta afiada era empunhada pela cavaleira. “É uma executora!” ela disse animadamente. Entretanto não havia tal animação no rosto de Kaoran. “Eu não posso aceitar” ele disse, sem jeito. Yume sorriu. Pensou na hora que o seu amado estava com vergonha de aceitar o presente, afinal era sempre ele quem a presenteava, mas agora ela finalmente poderia recompensar. Insistiu para que ele ficasse com ela, sorria sempre e estava até corada com aquilo, no entanto uma frase do templário fez a sua vermelhidão mudar de felicidade para vergonha. “Eu sou um templário, Yume, não uso espadas grandes.”. A cavaleira se sentiu terrivelmente sem jeito com aquilo. Pensou em como era burra por não ter notado algo tão óbvio e que qualquer cavaleiro ou templário recém formado sabia. “Eu preciso ir agora” e com aquela frase, a mesma que ela usara para se despedir dele da primeira vez, o templário se levantou. Ela o olhou, ainda envergonhada com aquilo, sentia vontade de enfiar a cabeça em um buraco na terra naquele momento. “Por favor, não vá...” ela disse olhando para os próprios pés. “Talvez... Se eu tivesse falado isso da primeira vez que você disse que ia embora... Acho que não terminaríamos assim...”. A ruiva levantou os olhos imediatamente. “Terminar?” disse sem entender direito o que ele queria dizer com aquilo. Suas mãos tremiam e seus olhos lacrimejavam quando escutou seu amado Kaoran conversar com ela. O jovem tinha no rosto aquele sorriso que ela sempre via quando mais nova, algo que ela não via há muito tempo e que só agora lhe trazia uma saudade dos velhos tempos e um sentimento de solidão. “Eu não vou conseguir te alcançar mais, Yume, mesmo que treinasse dia e noite... Eu desisti disso há algum tempo.” Não havia sinal de dúvidas ou tristezas em seu rosto, apenas aquele sorriso. “Eu te libero de qualquer compromisso que tenha comigo, não quero ser sua âncora.”. As lágrimas desciam vertiginosamente pelo rosto da ruiva enquanto escutava atônita a tudo aquilo. “Você não me ama mais?” perguntou à ele, aos soluços. “Eu amo sim, amo muito... Sofria muito quando você ia embora e me deixava... Mas eu não morri e aprendi a viver sem você.”. Aos prantos a garota tentava convencê-lo a mudar de idéia e tudo o que conseguiu foi arrancar um suspiro de pena do rapaz. “Estamos fadados a andar separados o resto da vida.” E Kaoran voltou para perto de sua amiga Miharu. “Kaoran... Kaoran! Não vá! KAORAN!” bradava yume, aos prantos.

“Sensei! Dormi demais, me desculpe!” foi o que MIharu disse ao acordar assustada aos sons da espada do templário tinindo contra um mímico. “Tudo bem, eu estava sem sono.”. Ela sorriu e ele retribuiu. Longe dali, mas no mesmo andar, uma jovem cavaleira chorava a perda de seu amado. Rechaçava monstros com a sua executora enquanto se perguntava onde havia errado. “Eu só queria ser forte para poder retribuir tudo o que me fez, meu eterno amor, meu Kaoran.”.

 

 

 

Kazui: Lembrem-se: Não tenham medo de dizer o que sintam para que depois não terminem como esses dois jovens. Se um dia Yume e Kaoran se encontraram de novo esse que vos conta não presenciou ou soube da história.

Zylon: Que nada, ele ficou com a Miharu, ele gostava dela.

Aki: Não seja bobo! Ele amava Yume! Você não escutou a história não?

Zylon e AKi: Mas como sabe dessa história, Tio Kazui?

Kazui: Sei, pois o clã a que Yume pertencia era o do seu tio Dratinor, Monster Hunters.


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Notas finais do capítulo

Não espero muitos reviews para essa história, apenas uma ja me faria muito feliz