Cato

Acordei um tempo depois. Não sentia dor no corpo e nem nada, apenas uma dor de leve na cabeça. Quem estivesse cuidando de mim era bom no que fazia.

Foi pensando nisso que voltei a dormir.

Quando acordei minha visão estava melhor. Via o boliche das sexta-feira em meu redor. Os sofás vermelhos, as pistas, o bar e os locais de troca de sapato. Estava tudo normal e Marvel até jogava uma bola.

O sr. Ollan era socorrista e quando pequeno ensinou tudo ao filho. Com machucados, remédios e tombos como os meus.

Ele havia cuidado bem de mim e com certeza com ajuda. Clove.

Onde estava? Com certeza Marvel havia a mandado para casa já que não a queria. Seria maldade de sua parte já que se não fosse por ela, eu não estaria aqui.

Sinto um pontada nas costas e me viro no sofá. Ele não é tão confortável e o travesseiro também. Seu tecido é áspero que incomoda meus ouvidos.

O travesseiro é preto e cumprido e quando os olho melhor noto que não são travesseiros mas sim pernas. Pequenas pernas vestidas do jeans que me incomodam.

Elas são de Clove que quando me vê abrindo os olhos chama logo por Marvel. Eu a impeço e ela parece entender que quero conversar em particular e que me faça um carinho.

Tiro meu dedo de seu lábio. São frios e me pergunto se todos em Ohio são assim, frios e delicados.

– Oi – A sussurro.

– Oi.

– Me desculpe por isso.

– Isso o que?

– Você sabe estragar sua noite – Me desculpo – aturar Marvel e cuidar de mim.

Clove sorri e me sinto ligeiramente melhor. Ela olha para Marvel e sussurra:

– Primeiro Marvel é um amor e segundo você deu mais trabalho que ele.

Ah é? – A pergunto com careta.

Segundo Clove eu peguei uma rápida febre. Comecei a suar e minha testa ardia. Ela queria me levar para um hospital mas Marvel não a deixou. Roubou alguns cubos de gelo e com um saco, os botou em minha testa. A febre passou e fiquei melhor.

– As mãos de Marvel parecem mágicas – Continua a sussurrar – quinze minutos depois você não gemia nem nada.

Ela começa massagear minha testa e esse é o tipo de carinho que eu precisava.

– Isso é bom.

– Aula Nº12 – Continua a massagear. É bom e me pergunto se era algum truque de Ohio o algo assim.

– Você não lembra?

– Do quê?

– Das aulas Cato.

– Que aulas? – Do que ela estava falando afinal?

– Com o Marvel e o pai – Marvel e o pai, claro que me lembrava mas como ela sabia?

– Marvel me contou tudo. Como foram trancados em um mercadinho e comeram tudo, beijaram suas primeiras garotas ..

– e elas eram gêmeas – A continuo rindo.

– Como já visitaram Ohio e o Festival das Facas juntos lembra?

Rezei para que Clove fosse péssima em guardas nomes e que não nos reconhecesse. De fato ela era horrível. Não falou mais nada e continuou:

– Marvel te tem como irmão Cato. Ele diz que se sente sortudo por te ter mesmo você sendo babaca com as garotas – De certeza o “babaca com as garotas” não viera da boca de agora meu irmão.

– Foi Marvel que disse isso?

– Claro o Marvel – Fala e desconfio.

Óbvio que não foi ele quem disso isso mas também não me interessava, só queria voltar a dormir e foi isso que fiz.

Quando abro os olhos ainda estou no boliche. Clove cochila em meu lado e vendo a televisão de pontos, um relógio no seu canto bate quinze para meia noite.

O boliche fecha sempre a meia noite então tínhamos quinze minutos para vazar dali.

Clove se deita no braço do sofá e sinto pena de a acordar. Dorme um sono profundo e depois de alguns balanços delicados ela desperta, nota onde estamos e me puxa pela mão até a saída.

Damos risadas de nós mesmos e da situação e quando terminam sabia o que devia fazer. Beija-la.

É clichê de encontros um beijo no fim mas como tecnicamente não estamos em um a falo:

– Quer ir em um lugar maneiro?

– É tarde Cato e já devia estar em casa.

Eu a abraço e ela cede. Sussurra um “tudo bem” e depois de a soltar sorrio.

– Ótimo. Eu já volto prometo.

Corro até o local onde geralmente guardo minha bicicleta. Marvel a havia posto no mesmo local de sempre e até que não havia tantos arranhões.

Pego Lola e pedalo até Clove que rápido tira a mão do local de meu beijo.

– Olha Cato acho que não consigo te carregar.

– Muito engraçadinha muito engraçadinha – Debocho e ela se senta na garupa.

– Destino? – Brinco.

– O infinito.

Clove sussurra em meu ouvido que me faz ficar arrepiado. Depois sorri, beija meu rosto e ainda sorrindo volta ao seu lugar.

Começo a pedalar cada vez mais rápido. Clove não liga e pelo ao contrário só ri e soltando o cabelo os deixa ao vento.

Pedalo até a praia próxima e quando chego a areia brinco de zigue-zague. Clove gosta e abre os braços rindo mais. Paro e olho para Clove. Ela está vermelha de tanto ri e parece que não se diverte a tempo.

Ela desce e corre até o mar. Não entra e parece me esperar. Vou até ela que me olha e fala:

– E agora?

– Você entra.

– É minha primeira vez – Responde olhando o mar. Seu cabelo balança e está mais bonita. As roupas e o rosto, está diferente.

– Tem que ser especial – Sussurro a dando a mão.

Nos olhamos de canto e ela continua:

– Com o pé direito não é?

– É – Mas não me parece o suficiente.

É a primeira vez de Clove no mar algo bobo, eu sei mas me falta algo e sei o que é.

A beijo. É um beijo diferente de qualquer outro, sem duvida é melhor e os dois lados corresponde. Ficamos ali beijando até que uma onda bate no pé esquerdo de Clove e nos chama a atenção.

Acabo não ligando e volto á a beijar. Clove larga meus lábios e fala:

– Meu nome é Clovely Still a garota que você não quer.

– Por Deus Clove não estrague tudo – Respondo sua besteira e a puxo para perto.

Clovely se larga e seca fala “para que não prossiga em frente”.